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Transcrição:

APELAÇÃO CÍVEL Nº 5013877-90.2012.404.7100/RS EMENTA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. DEMORA NA OUTORGA DE ESCRITURA PÚBLICA DE COMPRA E VENDA. DANO MORAL CONFIGURADO. INDENIZAÇÃO. VALOR. 1.- Os contratos bancários, regra geral, submetem-se à disciplina do Código de Defesa do Consumidor. Súmula nº 297/STJ. 2.- Competia à instituição financeira, além do pagamento, a respectiva baixa da penhora no registro competente. Se a CEF atribuiu tal dever a terceiro, a desídia deste último poderá gerar direito a uma ação regressiva, mas jamais eximirá a CEF dos encargos que lhe são imputados pelo edital. 3.- A fixação do dano moral é ato complexo no qual o julgador deve ponderar a repercussão do dano, a condição econômico-social das partes, a razoabilidade, o caráter punitivo/pedagógico da condenação, a impossibilidade de constituição de enriquecimento sem causa, dentre outros fatores. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 13 de junho de 2012. Juiz Federal SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ Relator Documento eletrônico assinado por Juiz Federal SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ,

Relator, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico verificador 5036888v3 e, se solicitado, do código CRC CF450C22. Sebastião Ogê Muniz Data e Hora: 15/06/2012 11:50 APELAÇÃO CÍVEL Nº 5013877-90.2012.404.7100/RS RELATÓRIO Trata-se de ação ordinária na qual GUARANY IRAPUAN FILHO postula o pagamento de indenização por danos morais e materiais decorrentes de atraso na outorga de escritura pública de compra e venda. vazado: Processado o feito, sobreveio sentença cujo dispositivo foi assim a) julgo extinto o feito sem resolução de mérito em relação ao pedido de condenação da CEF ao fornecimento de escritura de compra e venda, com base no art. 267, VI do CPC; b) julgo procedente o pedido de indenização por danos materiais, para condenar a CEF a ressarcir ao autor as despesas comprovadas às fls. 50/53 dos autos, bem como os débitos de condomínio e IPTU não quitados incidentes sobre o imóvel alienado até novembro de 2009, todos os valores acrescidos de correção monetária pelo IPCA-E/IBGE desde a data em que se tornaram devidos e de juros moratórios de 1% ao mês a contar da citação; c) julgo parcialmente procedente o pedido de indenização por danos morais, para condenar a CEF ao pagamento em favor do demandante no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), a ser atualizado monetariamente pelo IPCA- E/IBGE a partir da prolação desta sentença e acrescido de juros moratórios de 1% ao mês a contar da citação, tudo conforme fundamentação.

A CEF argui, em preliminar, sua ilegitimidade passiva. No mérito, defende que: (a) competia à imobiliária Maier a baixa da penhora no registro competente, não sendo atribuição da CEF esta providência, de modo que os prejuízos sofridos pelo autor ocorreram por culpa exclusiva de terceiro; (b) as cotas condominiais e o IPTU são obrigações propter rem, devendo ser pagas pelo proprietário do imóvel; (c) não praticou ato ilícito que gere o dever de indenizar e (d) o dano moral não está configurado, sendo elevado o valor da indenização. Com contrarrazões, os autos subiram a esta Corte. É o relatório. Peço dia. Juiz Federal SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ Relator Documento eletrônico assinado por Juiz Federal SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ, Relator, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico verificador 5036886v2 e, se solicitado, do código CRC CBE8D2B8. Sebastião Ogê Muniz Data e Hora: 15/06/2012 11:50 APELAÇÃO CÍVEL Nº 5013877-90.2012.404.7100/RS VOTO A preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pela apelante CEF confunde-se com o mérito e, nessa qualidade, será devidamente apreciada.

A questão relativa à aplicabilidade das disposições do Código de Defesa do Consumidor às instituições financeiras está pacificada, estando inclusive sumulada pelo E. Superior Tribunal de Justiça - Verbete nº 297: "O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras". Incidente o CDC ao caso em tela, a responsabilidade civil assume a modalidade objetiva, por força do art. 14, o que torna prescindível perquirir sobre a existência de culpa da ré, mas não afasta a necessidade de se analisar se a conduta levada a efeito e apontada como lesiva teve realmente tal característica. O caput do art. 927 do Código Civil estipula que aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. O art. 186, também do Código Civil, por seu turno, esclarece o que seja ato ilícito: "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito". Assim, para que surja o dever de indenizar é necessário que se comprove a existência de uma conduta voluntária, omissiva ou comissiva, dolosa ou culposa, que cause dano a outrem, devendo essa causa ser adequada à ocorrência do dano (nexo de causalidade). No processo em tela, o autor, ora apelado, participou do Edital de Concorrência Pública nº 025/2008, promovido pela CEF com o escopo de alienar bens de sua propriedade. Foi vencedor da licitação do imóvel nº 54 do edital, adimpliu o preço e o ITBI, mas não recebeu a escritura pública no prazo de até 30 dias após a divulgação do resultado do certame, considerando que pendia sobre o bem uma hipoteca. O fato é incontroverso, considerando que a própria apelante confessa na peça defensiva que outorgou a escritura com nove meses de atraso, apenas em novembro de 2009, não obstante alegue culpa exclusiva de terceiro, qual seja, a Imobiliária Maier. Colaciono excerto da fundamentação da sentença que com precisão dirime a controvérsia: "(...) Nas circunstâncias dos autos, alega o autor que foi comunicado do resultado da licitação em 10/01/2009. Embora não haja prova documental a respeito, a demandada não impugna tal fato, razão pelo qual tenho-o como verídico. De outra sorte, o requerente demonstra o pagamento do ITBI e demais custas necessárias para a lavratura da escritura- obrigações que são impostas ao adquirente pelo item 10.4 do edital- mediante os documentos às fls. 40/43. Entretanto, consoante admissão da própria ré, a escritura só foi entregue à parte autora em novembro de 2009, devido à demora para o averbamento de cancelamento da penhora existente sobre o imóvel a ser alienado.

Ora, ao não cumprir a obrigação que lhe tocava no prazo devido, a CEF deverá responder pelos prejuízos daí advindos ao licitante. Ressalto que é irrelevante o fato de a empresa pública ter comprovado a quitação do débito causador da constrição ainda em novembro de 2008- conforme documentos às fls. 74/75. Isso porque competia à instituição financeira, além do pagamento, a respectiva baixa da penhora no registro competente. Se a demandada atribuiu tal dever a terceiro- no caso, a Imobiliária Maier-, a desídia deste último poderá gerar direito a uma ação regressiva, mas jamais eximirá a CEF dos encargos que lhe são imputados pelo edital. (...)" Grifei Dessa forma, evidente a responsabilidade civil do banco pelo atraso na outorga da escritura pública do imóvel adquirido para moradia pelo autor, o que denota falha do serviço. Como conseqüência do atraso, o autor comprovou despesas com a locação de outro imóvel para residir nos meses de março a agosto de 2009 (ANEXOS PET INI5, fls. 50/53, evento 8). Quanto à responsabilidade da CEF pelos débitos de condomínio e IPTU incidentes sobre o imóvel até a outorga da escritura em novembro de 2009, também está correta e em conformidade com o item 13.4 do edital. Não há como atribuir a responsabilidade ao autor pelo tempo pretérito porque o negócio perfectibilizou-se apenas com a assinatura e entrega da escritura ao adquirente. Portanto, deve a CEF arcar com os débitos de condomínio e IPTU incidentes sobre o bem e não quitados até novembro de 2009, data da entrega da escritura. Outrossim, entendo que o dano moral também restou comprovado. O autor, por conta do ato ilícito praticado pela CEF, ficou desprovido da posse de imóvel adquirido para residência pelo período aproximado de nove meses, necessitando alugar outro imóvel para a finalidade de moradia que, ainda, foi pedido para ser desocupado (ANEXOS PET INI5, fls. 50/55, evento 8). Sendo assim, evidente que os fatos alcançaram uma potencialidade tal que ultrapassaram a barreira do mero dissabor. A fixação do dano moral é ato complexo no qual o julgador deve ponderar a repercussão do dano, a condição econômico-social das partes, a razoabilidade, o caráter punitivo/pedagógico da condenação, a impossibilidade de constituição de enriquecimento sem causa, dentre outros fatores. Sopesando tais circunstâncias, entendo que a indenização arbitrada na sentença, no montante de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) é suficiente e adequada para bem reparar o dano moral, além de não acarretar o enriquecimento sem causa. Mantida a sentença. Quanto ao prequestionamento, não há necessidade do julgador mencionar os dispositivos legais e constitucionais em que fundamenta sua decisão, tampouco os citados pelas partes, pois o enfrentamento da matéria

através do julgamento feito pelo Tribunal justifica o conhecimento de eventual recurso pelos Tribunais Superiores (STJ, EREsp nº 155.621-SP, Corte Especial, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ de 13-09-99). Ante o exposto, voto por negar provimento à apelação. Juiz Federal SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ Relator Documento eletrônico assinado por Juiz Federal SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ, Relator, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico verificador 5036887v2 e, se solicitado, do código CRC 305753AD. Sebastião Ogê Muniz Data e Hora: 15/06/2012 11:50 EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 13/06/2012 APELAÇÃO CÍVEL Nº 5013877-90.2012.404.7100/RS ORIGEM: RS 50138779020124047100 PRESIDENTE : FERNANDO QUADROS DA SILVA PROCURADOR : Dr(a)Domingos Sávio Dresch da Silveira Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 13/06/2012, na seqüência 275, disponibilizada no DE de 31/05/2012, da qual foi intimado(a) o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e as demais PROCURADORIAS FEDERAIS. Certifico que o(a) 3ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO.

RELATOR ACÓRDÃO VOTANTE(S) : Juiz Federal SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ : Juiz Federal SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ Des. Federal CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES : LENZ : Des. Federal FERNANDO QUADROS DA SILVA Letícia Pereira Carello Diretora de Secretaria Documento eletrônico assinado por Letícia Pereira Carello, Diretora de Secretaria, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico verificador 5098053v1 e, se solicitado, do código CRC 34551532. Letícia Pereira Carello Data e Hora: 13/06/2012 19:56