LINHAS ORIENTADORAS PARA A PREVENÇÃO DE DOENÇAS INFECCIOSAS E TOXICODEPENDÊNCIA EM MEIO PRISIONAL

Documentos relacionados
Substâncias Psicoactivas e Meio Laboral. 9º Congresso Internacional de Segurança e Saúde do Trabalho

DESCRIMiNALIZAÇÃO, 15 anos depois 18/11/2016 1

SINOPSE ESTATíSTICA 2017

SINOPSE ESTATíSTICA 2015

SINOPSE ESTATíSTICA 2016

ESTATÍSTICAS PRISIONAIS

RELATÓRIO ANUAL A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências

II Congresso do SICAD abril/2016

PROJECTO CAMINHO II. (breve descrição e alguns elementos de avaliação)

Estimativa da prevalência e padrões de consumo problemático de drogas em Portugal

2. Tratamento 30. Caracterização e Evolução da Situação - Consumos e Problemas relacionados Tratamento

A toxicodependência é uma problemática que atinge um elevado. número de jovens e de muitas famílias em todas as nossas ilhas.

RELATÓRIOS ANUAIS 2014

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES 2012

2. Tratamento 29. Antes de mais, importa fazer uma contextualização metodológica relativamente aos dados no âmbito deste capítulo do Relatório.

Utentes em Primeiras Consultas, segundo o ano, na Delegação Regional do Norte

A POLÍTICA PORTUGUESA EM MATÉRIA DE DROGAS E SEUS RESULTADOS. Manuel Cardoso. Conselho Directivo IDT

A droga na União Europeia Situação e tendências 2014

Síntese. Consumos e Problemas relacionados

2. Tratamento. Figura 1 - Estruturas Especializadas de Tratamento, por Distrito. Rede Pública e Licenciada (Portugal Continental) 2012

CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS NA POPULAÇÃO ESCOLAR DA EPADRV

31 Ver o Anexo ao Relatório Anual A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências, p ,

CURSO DE AUXILIAR DE ACÇÃO MÉDICA / ASSISTENTE OPERACIONAL

ENCONTRO NACIONAL DE COMUNIDADES TERAPÊUTICAS, UNIDADES DE DESABITUAÇÃO E CENTROS DE DIA I.D.T.

Relatório Anual. A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências. Parte A - Caracterização e Evolução da Situação SICAD.

Relatório Anual 2014

Câmara Municipal de Braga. ! Câmara Municipal de Braga Gabinete de Acção Social

Estratégia Nacional para o Envelhecimento Activo e Saudável Contributo da OPP

A República Portuguesa e a República de Cuba, adiante denominadas «Partes»:

intervenção social em trabalho de rua

Antes de mais, importa fazer uma contextualização metodológica relativamente aos dados deste capítulo do Relatório.

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES 2015

QUAR QUADRO DE AVAL LIAÇÃO E RESPONSABILIZAÇÃO 2013 ANO: Ministério da Saúde

11 20 ANUAL RELATÓRIO

Programa de Intercâmbio de Militares da CPLP para Formação e Investigação em Saúde Militar

Ser focalizados num grupo específico, que apresente factores de risco ligados ao uso/abuso de substâncias psicoactivas lícitas e ilícitas;

Prisão-Escola de Leiria

Projecto Jovens anos

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES 2011

Luana Malheiro Antropologa Membro do Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Substâncias Psicoativas - UFBA

SINOPSE ESTATíSTICA 2017 Medicamentos SINOPSE ESTATíSTICA 2017

As organizações de saúde

INTERVENÇÃO NO ÂMBITO DA DISCUSSÃO DO RELATÓRIO SOBRE A TOXICODEPENDÊNCIA Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Senhor Secretário Regional

Sinopse Estatística. Portugal Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências. Divisão de Estatística e Investigação

Lei n.º 45/96, de 3 de Setembro Altera o Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro (regime jurídico do tráfico e consumo de estupefacientes)

Direcção de Serviços da Qualidade Clínica Divisão da Segurança Clínica

Política Nacional sobre drogas. Leon Garcia- Diretor de Articulação e Projetos

UNIDADES DE DESABITUAÇÃO PÚBLICAS

AUTORIDADES REGULADORAS FARMACÊUTICAS: SITUAÇÃO ACTUAL E PERSPECTIVAS Relatório do Director Regional. Rapport du Directeur régional RESUMO

Comunicado de Imprensa:

A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências

Programa de identificação precoce e prevenção da infecção VIH/Sida direccionado a utilizadores de Drogas

INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO

Sexagésima sexta sessão Adis Abeba, República Federal Democrática da Etiópia, 19 a 23 de Agosto de 2016 PROGRAMA DE TRABALHO

Plano Nacional de Saúde Contributo da Ordem dos Farmacêuticos

Consultor Dr. Mário Pádua. Equipa técnica de acompanhamento CMO: Lurdes Poeira Cristina André Júlia Cardoso Marta Camilo Isabel Matias

SOB EMBARGO até às 11h00, Hora da Europa Central/Bruxelas, de

3. Heroína / Opiáceos

Programa de identificação precoce e prevenção da infecção VIH/Sida direccionado a utilizadores de Drogas

TEMA: AS DROGAS MATAM MAS AS MÁS POLÍTICAS MATAM MAIS INTENSIFICAÇÃO DE RESPOSTAS EQUILIBRADAS E INTEGRADAS PARA O CONTROLO DE DROGAS EM ÁFRICA

Quadro de Avaliação e Responsabilização (QUAR) - SIADAP 1 - Ministério da Saúde

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. Bruxelas, 6 de Junho de 2011 (08.06) (OR. en) 11050/11

Senhor presidente da Assembleia Senhoras e Senhores Deputados Senhor Presidente do Governo Senhora e Senhores Membros do Governo,

Padrões de comportamentos de saúde na população jovem do Concelho de Oeiras: Educação, Consumos, Saúde e Sexualidade

REDE SOCIAL DE SERPA DIAGNÓSTICO SOCIAL OUTUBRO 2007 ANEXOS. População com Deficiência

O reaparecimento da MDMA: aumento do consumo e produtos de dosagem elevada

SUMÁRIO EXECUTIVO. Relatórios Anuais A Situação do País em matéria de Drogas e Toxicodependências. A Situação do País em matéria de Álcool

Prof. Coordenador - Escola Sup. de Enfermagem do Porto. Presidente da Sociedade Port. de Enf. de Saúde Mental

Situação e tendências das drogas ilícitas na EU:

Associação Nacional de Controlo de infecção

O Futuro do SNS. Ministério da Saúde. 26 de Outubro de 2011

RELATÓRIO DE ACTIVIDADES 2016

PLANO NACIONAL DE SAÚDE

3. Doenças Infecciosas 44

Comunicado de Imprensa:

Ministério da Saúde Conselho Nacional do Internato Médico Internato Médico Formação Geral

Perfil de Saúde e Plano Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo Um ponto de situação. Reunião de Delegados de Saúde Caldas da Rainha

SUMÁRIO EXECUTIVO. Relatórios Anuais A Situação do País em matéria de Drogas e Toxicodependências. A Situação do País em matéria de Álcool

Plano Nacional de Saúde

O Perfil do Psicólogo na Administração Local

ACÇÃO INTERSECTORIAL PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DAS DOENÇAS. Mesa-Redonda ÍNDICE DESAFIOS

Comunidades Terapêuticas Públicas

QUADRO DE REFERÊNCIA E PROGRAMA DE MONITORIZAÇÃO COMPLEMENTAR NO DOMÍNIO ÁGUA

- Plano Nacional de Saúde

Estudo sobre o Consumo de Álcool, Tabaco e Droga Portugal/2003

SINOPSE ESTATíSTICA 2015

Avaliação dos Programas de Saúde nos Cuidados de Saúde Primários

PPDA PARECER RELATIVO À MONITORIZAÇÃO DA EEM MEDIDAS 28, 30 E 33

P R EMIER MINISTRE. Missão interministerial de luta contra as drogas e os comportamentos de. compreender INFORMAR. impulsionar COORDENAR

Definição. Nova Substância Psicoativa (NSP)

2. O projeto de conclusões foi apresentado e analisado durante as reuniões do GHD de 18 de abril e 22 de maio de 2012.

Projecto Vitalidade XXI. FIPA Federação das Indústrias Agro-Alimentares. Conclusões do estudo. A Indústria Alimentar e os Estilos de Vida Saudáveis

RELATÓRIO ANUAL 2013

Linhas orientadoras de funcionamento do Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno

RELATÓRIO ANUAL A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO

Os Cuidados de Saúde na Rede Social Solidária. Instituto da Segurança Social, I.P. Centro Distrital do Porto

5. Outras Drogas e Policonsumos

Transcrição:

LINHAS ORIENTADORAS PARA A PREVENÇÃO DE DOENÇAS INFECCIOSAS E TOXICODEPENDÊNCIA EM MEIO PRISIONAL SETEMBRO, 2006

Missão do Grupo de Trabalho Caracterização Avaliação Tendências de evolução Identificação das actuais necessidades Identificação de modelos de funcionamento

Metodologia Visitas de campo 25 EP 10182 Reclusos (79%) 1970 Preventivos 8212 Condenados Audição de várias Entidades Consulta de documentação nacional e internacional Ponderação de Orientações e de Recomendações OMS; CE; NU; OEDT; etc.

Características mais marcantes Marginalização familiar e social Baixa escolaridade Reduzida ou nula formação e experiência profissional Degradação do estado físico e mental Consumo de substâncias psicoactivas Aumento da idade média

Distribuição etária (%) 16 18 1,1 19 20 3,0 21 24 11,5 25 29 19,8 30 39 33,8 40 49 19,9 50 59 7,5 60 e + 3,4

Habilitações literárias (%) Não sabe ler nem escrever 5,24 Sabe ler e escrever 5,63 1º Ciclo Ensino BásicoB 37,2 2º Ciclo Ensino BásicoB 23,2 3º Ciclo Ensino BásicoB 17,6 Secundário 7,2 Frequência universitária ria 1,5 Superior 0,9 Outros cursos 0,1 Informação não disponível 1,4

Crimes (%) Contra o património 32,6 Relativos a estupefacientes 27,1 Contra as pessoas 26,2 Contra os valores e interesses da vida em sociedade 9,1 Outros 5,0 14% dos condenados são estrangeiros

Consumo de substâncias psicoactivas 40% consumidores: 52,5% consome haxixe 47,5% policonsumidora: 31,8% consome cocaína 30,5% consome heroína 43,5% toma medicação psicotrópica

Consumidores entrados (01/10/2005 a 31/01/2006) 2113 entrados 728 (34,4%) são consumidores de droga 161 (7,6%) sindroma de abstinência

Doenças infecciosas (%) VIH 3,6 VIH + Hepatites 5,7 Hepatite B 3,4 Hepatite C 19,6 Hepatite B + C 1,9 Total patologia infecciosa 34,2 Situação em 31/12/2005

Tratamento da toxicodependência nos EP estudados 4130 consumidores 808 em tratamento (19,6%) 575 em tratamento de substituição 548 metadona 27 subutex 180 em alas livres de droga 53 em programa de antagonista

Droga Patologia mental Patologia infecciosa Problemas emergentes Patologias associadas ao envelhecimento Reduzidas competências cognitivas e sociais Hábitos de vida pouco saudáveis Práticas de comportamentos de risco Desadequação do parque penitenciário Efeito patogénico da privação de liberdade

Princípios fundamentais da intervenção em saúde Humanidade Igualdade Eficácia cia Avaliação Programas específicos Global, integrada e não disruptiva

Linhas orientadoras A intervenção em doenças infecciosas e toxicodependência tem de estar integrada no Plano Global de prestação de cuidados de saúde à população prisional.

Linhas orientadoras Este plano deve orientar-se por: Igualdade de cuidados entre o meio livre e o meio prisional. Normalização de procedimentos. Implementação de boas práticas. Racionalização de meios. Identificação de canais operacionais de articulação entre o meio prisional e o meio livre. Maior eficácia cia e eficiência.

Linhas orientadoras Definição de Regiões Penitenciárias de Saúde que disporão, de forma articulada e/ou complementar, dos meios logísticos e técnicos t necessários para garantir os cuidados adequados a toda a população prisional, incluindo os relativos às s doenças infecciosas e à toxicodependência.

Linhas orientadoras Aproveitar o tempo de reclusão para promover a aquisição de estilos de vida saudáveis, implementando programas de prevenção da doença e de promoção da saúde, entre os quais os de redução de riscos e de minimização de danos.

Linhas orientadoras Desenvolver programas de formação contínua nua do pessoal interno e externo implicado nas actividades especificas do Plano.

Linhas orientadoras Dispôr de conhecimento epidemiológico continuado sobre a situação sanitária em meio prisional.

Linhas orientadoras Reforçar as medidas de combate à entrada e à circulação de estupefacientes, substâncias psicotrópicas picas e outras de uso ilícito, nos EP.

Linhas orientadoras Monitorização e Avaliação do PLANO DE ACÇÃO NACIONAL PARA COMBATE À PROPAGAÇÃO DE DOENÇAS INFECCIOSAS EM MEIO PRISIONAL.