Estudo da Lagoa de Albufeira

Documentos relacionados
Batimetria de todo o sistema lagunar

Monitorização dos parâmetros físicoquímicos

Relatório Técnico EVOLUÇÃO RECENTE DA PRAIA DO ALFEITE DO ESTUÁRIO DO TEJO

Caracterização do regime de ventos no litoral

Integração do LiDAR Terrestre em Hidrografia

Relatório e mapa de perímetro de manchas de dragagem Entregável a. Estudo da Lagoa de Albufeira

Caracterização da precipitação na Região Hidrográfica do Tejo. Estudo do litoral na área de intervenção da APA, I.P. /ARH do Tejo. Entregável

Estudo de incidências ambientais nos fatores bióticos e abióticos; matrizes de impacto Entregável a

Séries temporais de dados de velocidade de corrente integrada na coluna de água, séries temporais de valores de velocidade de escoamento superficial

Caracterização do clima de agitação na zona de rebentação nas praias-piloto

Estabelecimento de critérios e metodologias para a avaliação e verificação da linha da máxima preia-mar de águas vivas equinociais

Caracterização do regime de extremos do nível do mar. Estudo do litoral na área de intervenção da APA, I.P. /ARH do Tejo. Entregável

Relatório da visita à Costa da Caparica. 9 de Julho de 2012

Caracterização do regime de marés

Evolução morfo-sedimentar de praias estuarinas

Cartas de diferenças entre levantamentos sucessivos. Estudo da Lagoa de Albufeira. Entregável 3.1.3a

Estudo da adequabilidade das faixas de risco/salvaguarda definidas no POOC em vigor para a Costa da Caparica

APRECIAÇÃO DAS ALEGAÇÕES APRESENTADAS EM SEDE DE AUDIÊNCIA PRÉVIA À EMISSÃO DA DECISÃO SOBRE A CONFORMIDADE AMBIENTAL DO PROJETO DE EXECUÇÃO

Riscos de inundações fluviais e estuarinas

Caracterização do clima de agitação ao largo

Análises laboratoriais da água da Lagoa de Albufeira Entregável a. Estudo da Lagoa de Albufeira

Carta de diferenças topo-hidrográficas: zonas assoreadas/erodidas Entregável a

REVISÃO DA RESERVA ECOLÓGICA NACIONAL DO CONCELHO DE LOULÉ

ANÁLISE MORFO-SEDIMENTAR

NOTA EXPLICATIVA DOS DADOS RECOLHIDOS NO ÂMBITO DOS TRABALHOS DE

Estudo e Análise da Vulnerabilidade Costeira face a cenários de subida do NMM devido às alterações climáticas

Ciências de Informação Geográfica TOPOGRAFIA TOPOGRAFIA

Perfil de Água Balnear do Bom Sucesso

Relatório Técnico Campanha MOLINES VI 28 e 29/09/2015 e 02/10/2015

Lista de Figuras. Figura 1.1 Localização geográfica do estuário do rio Curimataú... 2

Evolução morfológica dos sapais do estuário do Tejo face à subida do nível médio do mar

Estudo do litoral na área de intervenção da APA, I.P. /ARH do Tejo. Entregável a

Relatório Técnico Campanha MOLINES Drenagem Urbana

Análise do Nível Médio do Mar nas Estações da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia RMPG 2001 a 2015

Hidráulica Marítima. Hidráulica Marítima (HM) ou Costeira ( Coastal Engineering ) :

BEACH SAND CODE. Relatório Técnico nº 11 Campanha CODES III (Salgado) 25 de Outubro de 2010

BEACH SAND CODE. Relatório Técnico n.º 15 Campanha CODEAR I (Foz do Arelho)

RELATÓRIO DE LEVANTAMENTOS DE CAMPO RESERVA DE JACARENEMA BARRA DO JUCU VILA VELHA

Relatório Técnico. Campanha MORFEED XIII 29/05/2013. Ana Rilo, Paula Freire, Isabel Caçador, César Andrade, Conceição Freitas e Tiago Silva

INUNDAÇÃO NA RIA DE AVEIRO E NO ESTUÁRIO DO MONDEGO

Reyes-Pérez, Y.A. Tese de Doutorado 51

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Evolução morfodinâmica da região das Barras do Tejo Entregável f

Perfil de Água Balnear do Mar

MODELO CONCEPTUAL DE EVOLUÇÃO DO ESTUÁRIO DO TEJO RESULTADOS PRELIMINARES

Perfil de Água Balnear da Foz do Arelho Lagoa

RELATÓRIO DE AÇÕES DE FISCALIZAÇÃO 1º Trimestre 2015

A ARH do Tejo, I.P., enquanto Promotora. de Instrumentos de Gestão Territorial

Localização e logs das sondagens, boletins dos resultados analíticos e interpretação quanto ao grau de contaminação dos sedimentos Entregável

Relatório Técnico Campanha MorFeed VI 12/10/2011

GALGAMENTO DO QUEBRA-MAR POENTE DE ALBUFEIRA: COMPARAÇÃO ENTRE O MODELO NUMÉRICO SPH E MEDIÇÕES DE CAMPO

BEACH SAND CODE & BEACH TO CANYON

Nota Técnica nº 001/2014/ SGI-ANA Documento nº 00022/2014. Em 02 de janeiro de Ao Sr. Superintendente de Gestão da Informação

Relatório Técnico Campanha MOLINES V 20 e 21/03/2015

5. Batimetria Aplicada

Qualidade da água das ribeiras afluentes à Lagoa de Albufeira Entregável a. Estudo da Lagoa de Albufeira

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DO TRECHO LITORAL ENTRE AS EMBOCADURAS DOS RIOS MONDEGO E LIS

Administração da Região Hidrográfica do Algarve. Olhos de Água CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO PTCV9U

Muehe, D../Revista Brasileira de Geomorfologia, Ano 5, Nº 1 (2004)

Curva de vazão de 2004/2005 do rio Tejo na secção do Tramagal

LEVANTAMENTO BATIMÉTRICO NO PORTO DE FORTALEZA

Perfil de Água Balnear da Formosa

Caracterização das evoluções morfológicas e volumétricas da praia de S. João da Caparica Entregável 2.3.b. Estudo de caso da Costa da Caparica

Relatório Técnico Campanha MOLINES I de 31/01/2014 a 3/02/2014

Riscos Naturais e Planos Municipais de Emergência. Pimenta Machado, Lara Carvalho, Nuno Vidal ARH do Norte, I.P. Vila Real, UTAD, 29 Setembro 2010

Análise da evolução da linha de costa em litoral baixo arenoso nos últimos 50 anos

BEACH SAND CODE/DETI/MOWADI

LEVANTAMENTO TOPO-HIDROGRÁFICO NO RIO GUADIANA, NA SECÇÃO DE VAZÃO DA ESTAÇÃO HIDROMÉTRICA DE MONTE DA VINHA

Relatório Técnico Campanha MOLINES Drenagem Urbana

Riscos Costeiros. Identificação e Prevenção. Óscar Ferreira (com a colaboração de muitos)

Ernesto José Rodrigues Cardoso de Deus. Curriculum Vitae

1 Introdução. VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010

Águas. Superficiais: Disponibilidades Hídricas. Quantidade de Água disponível no Planeta. Dependem de:

Análise da evolução da linha de costa nos últimos 50 anos caso especial da Costa da Caparica Entregável b

Relatório Técnico Campanha MOLINES IV 09/09/2014, 10/09/2014, 11/09/2014

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SENSORIAMENTO REMOTO DIVISÃO DE PROCESSAMENTO DE IMAGENS

Rede de pontos das praias-piloto

Perfil de Água Balnear da Ribeira ou dos Pescadores

Administração da Região Hidrográfica do Algarve. Fuseta-Ria CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO PTCQ3X PERFIL DE ÁGUA BALNEAR IDENTIFICAÇÃO DA ÁGUA BALNEAR NOME

Perfil de Água Balnear de Peniche de Cima

UNIVERSIDADE DO ALGARVE FCMA Engenharia do Ambiente, 4º ano. DEGRADAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO SOLO

LOCALIZAÇÃO DO NOVO TERMINAL DE CONTENTORES NO BARREIRO

BEACH SAND CODE. Relatório Técnico n.º 16 Campanha CODET I (Soltróia) 27 de Março de 2012

Perfil de Água Balnear do Algodio

AMPLIAÇÃO DO PORTO DE PESCA DE RABO DE PEIXE

Ex. mo Senhor Vice-Presidente da APA, I.P.

Perfil de Água Balnear do Molhe Leste

LOCAL Em frente ao acesso à praia. CARACTERÍSTICAS DA ÁGUA BALNEAR Costeira/ Costa atlântica mesotidal moderadamente exposta

MNT: MODELAGEM NUMÉRICA DE TERRENOS

Rio Guaíba. Maio de 2009

Lista de exercícios Aluno (a):

MONITORIZAÇÃO BATIMÉTRICA DE ALBUFEIRAS - ALBUFEIRA DA VIGIA -

Dinâmica de uma bacia hidrográfica

Perfil de Água Balnear de São Bernardino

Administração da Região Hidrográfica do Algarve. INATEL-Albufeira CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO PTCV7T

PROJECTO DE EXECUÇÃO LANÇO A IP8 NÓ DE RONCÃO (IC33) / NÓ DE GRÂNDOLA SUL (IP1) GEOLOGIA E GEOTECNIA

Administração da Região Hidrográfica do Algarve. Pescadores CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO PTCV7X PERFIL DE ÁGUA BALNEAR IDENTIFICAÇÃO DA ÁGUA BALNEAR NOME

Relatório Técnico Campanha MOLINES Drenagem Urbana

Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Conselho Diretivo DESPACHO N.º 1/CD/IPMA/2014

Programa de Medições Hidrodinâmicas no Litoral Sul do Estado de São Paulo (Brasil)

Transcrição:

CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO NO LITORAL ABRANGIDO PELA ÁREA DE JURISDIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO TEJO Estudo da Lagoa de Albufeira Estudo da dinâmica da barra de maré e das suas relações com a agitação marítima incidente e as marés Batimetria de todo o sistema lagunar Junho 2013

CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO NO LITORAL ABRANGIDO PELA ÁREA DE JURISDIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO TEJO Este relatório corresponde ao do projeto Consultoria para a Criação e Implementação de um Sistema de Monitorização do Litoral abrangido pela área de Jurisdição da ARH do Tejo, realizado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), para a Agência Portuguesa do Ambiente, I.P. / Administração da Região Hidrográfica do Tejo (APA I.P. /ARH do Tejo). AUTORES Maria da Conceição Freitas (1)(2) Ana Rita Pires (1)(2) André Pacheco (4) César Andrade (1)(2) Rui Taborda (1)(3) Alphonse Nahon (5) André Fortunato (5) (1) Departamento de Geologia (FCUL) (2) Centro de Geologia da Universidade de Lisboa (3) Centro de InvestigaçãoLATTEX/IDL (Instituto Dom Luiz) (4) Universidade do Algarve (5) Laboratório Nacional de Engenharia Civil

CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO NO LITORAL ABRANGIDO PELA ÁREA REGISTO DE ALTERAÇÕES Nº Ordem Data Designação 1 Dezembro de 2010 2 Versão inicial Revisão geral de formatos e de conteúdos 4

CRIAÇÃO C E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO NO LITORAL ABRANGIDO PELA ÁREA Índice 1 INTRODUÇÃO...... 7 2 METODOLOGIA...... 8 3 RESULTADOS...... 9 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 11 5

CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO NO LITORAL ABRANGIDO PELA ÁREA 6

CRIAÇÃO C E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO NO LITORAL ABRANGIDO PELA ÁREA 1 Introdução A descrição topo-hidrográfica dos sistemas lagunares constitui informação fundamental para a compreensão da dinâmica hidrológica, morfológica e sedimentar aí operante, bem como para a respetiva modelação, numérica ou física. No que respeita à Lagoa de Albufeira, não são conhecidos levantamentos topo-batimétricos da totalidade do espaço lagunar, embora Quintino (1988) apresente uma figura de localização das estações de amostragemm que inclui algumas linhas de contorno batimétrico (Figura 1), obtidas por interpolação de sondas de profundidade, estimadas em relação ao plano de água existente no momento de realização das campanhas de campo. Ribª da Apostiça z Bico dos Corvos Ocano Atlântico Boca Velha Bico D. Fernando 3 13 10 8 Ribª da Aiana 2 Ribª da Ferraria Ribª da Sachola 0 500m Figura 1. Esboço da batimetria da Lagoa de Albufeira (adaptado de Quintino, 1988, in Freitas e Ferreira, 2004). Em comparação com estruturas similares do litoral nacional, a laguna de Albufeira é invulgarmente profunda: a profundidade máxima em 1988 rondava 13 m no corpo oeste da Lagoa Grande e 2 m na zona central da Lagoa Pequena, tendo o canal de ligação entre ambas menos de 2 m. No entanto, a espessura da coluna de água varia consideravelmentee no tempo, pelo que, com a barra fechada e em anos de pluviosidade elevada, esta pode exceder (embora excepcionalmente, como no inverno de 1990 Freitas & Ferreira, 2004), 20 m na Lagoa Grande e 6 m na Lagoa Pequena. Junto às margens, o declive dos fundos era mais abrupto, bem como na zona terminal (interna) dos depósitos interiores, vizinhos da embocadura lagunar. 7

CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO NO LITORAL ABRANGIDO PELA ÁREA No âmbito deste trabalho, foi proposta a obtenção de um levantamento topo-hidrográfico da barreira e sistema lagunar, em situação de barra fechada (tarefa 3.1.1), com resolução espacial adequada à modelação numérica da propagação da maré e que constitua descrição da situação de referência contra a qual serão avaliadas modificações posteriores. 2 Metodologia Para a realização da carta topo-batimétriccampo que compreenderam a realização de levantamentos batimétricos no interior da laguna da Lagoa de Albufeira efetuaram-se trabalhos de e levantamentos topo-hidrográficos nas margens da laguna, na barreira arenosa e zonas adjacentes. Estes trabalhos foram em parte realizados no âmbito do projeto de investigação PTDC/MAR/65585/2006, DETI Dinâmica de barras de maré efémeras, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. O levantamento batimétrico no interior da laguna foi efetuado pelo Centro de Investigação dos Ambientes Costeiros e Marinhos da Universidade do Algarve (CIMA/UALG) nos dias 23 e 24 de março de 2010. A informação batimétrica foi obtida com recurso a equipamento GPS-RTK Trimble 5800, com uma estação-base estabelecida num ponto de referência conhecido e previamente georreferenciado e com uma estação móvel acoplada a uma eco-sonda monofeixe montada numa embarcação. Utilizou-se o software Hypack 2008 (Coastal Oceanography Inc.) e procedeu-se da posição do transdutor relativamente à superfície livre do plano de água. O GPS e a eco- à inserção dos desfasamentos verticais da alturaa da antena sonda foram sincronizados a 1Hz, permitindo a correção de maré em tempo real e navegação assistida ao longo de transectos previamente planeados. Os levantamentos topográficos foram realizados pelas equipas do Centro de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CeGUL) e do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) com recurso a Estação Total (Leica TC4 700) e a GPS-RTK (Leica GPS900 e TOPCOM Hiper-pro), com apoio em pontos do terreno previamente referenciados e cotados. O levantamento da barreira arenosa (barra de maré fechada) foi efetuado nos dias 19, 23 e 26 de março de 2010, e o da margem norte e sul da laguna nos dias 23 de novembro e 12 de dezembro de 2010, respetivamente. O conjunto de todos os dados batimétricos e altimétricos foi processado em ambiente ArcGis da ESRI, tendo sido construído um Modelo Digital de Elevação (MDE), com resolução horizontal de 2 m, utilizando a krigagem como método de interpolação espacial, por ser o que forneceu melhores resultados. Os resultados são referidos ao nível médio do mar (NMM) de Cascais (1938) zero hidrográfico (ZH) localizado 2.08 m abaixo do NMM e ao sistema de coordenadas ETRS89. 8

CRIAÇÃO C E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO NO LITORAL ABRANGIDO PELA ÁREA 3 Resultados Os resultados obtidos (Figura 2) permitem detalhar a informação anterior. O espaço lagunar apresenta profundidades crescentes para jusante. A área correspondente aos depósitos interiores, junto à barra de maré, e ao canal de ligação entre a Lagoa Pequena e a Lagoa Grande são as zonas menos profundas, com cotas entre -2 e + 2 m (NMM), e maioritariamente acima do nível médio do mar ( Figura 3, Figura 4). No último caso, a baixa resolução das sondas associado a uma coluna de água pequena e a secção estreita, pode ter influenciado a qualidade da interpolação batimétrica. O estrangulamento que liga a Lagoa Grande e a Lagoa Pequena pode ficar praticamente seco em maré vazia quando a barra está aberta, impossibilitando a navegação, mesmo por barcos de pequena dimensão e desprovidos de quilha, embora subsista sempre um canal muito estreito que assegura a conexão hidráulica. Figura 2 Batimetria da Lagoa de Albufeira (2010). Elevações relativas ao NMM Cascaiss (1938). O corpo mais profundo é a elipse oeste da Lagoa Grande, com profundidades máximas entre 12 e 12.5 m (NMM) no extremo poente, junto ao sopé do talude interno dos depósitos interiores, onde a transição abrupta para os fundos se faz através de uma superfície de precipitação ( Figura 4), configurando uma estrutura do tipo delta de Gilbert. A maior parte desta elipse apresenta profundidades entre 10 e 12 m (NMM), sendo igualmente esta a profundidade do canal de ligação das elipses oestee e leste da Lagoa Grande. O perfil transversal 2 ( 9

CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO NO LITORAL ABRANGIDO PELA ÁREA Figura 4) sugere um contorno assimétrico do fundo, com cotas mais baixas junto à margem esquerda. Figura 3 Batimetria da Lagoa de Albufeira (2010) discretizada em classes de 2 m. Elevações relativas ao NMM Cascais (1938). A elipse leste da Lagoa Grande exibe maioritariamente profundidades entre 8 e 10 m (NMM), apresentando declive forte no seu extremo interno, onde as cotas sobem para valores de 0-2 m (NMM) nas proximidades do delta da ribeira de Aiana e do canal de ligação à Lagoa Pequena. Toda a margem da Lagoa Grande é, em geral, bastante declivosa. A Lagoa Pequena é, na generalidade, pouco profunda (-2 m NMM), apresentando maiores profundidades junto à margemm sul (-6 m NMM); é possível que estes valores estejam algo sobrestimados nesta região onde, devido a razões de acessibilidade, a densidade das sondas é reduzida. A batimetria da Lagoa de Albufeira não sofreu alterações significativas nos últimos 22 anos. As áreas mais sensíveis deste pontoo de vista são as menos profundas: Lagoa Pequena e canal de comunicação desta com a Lagoa Grande; bancos arenosos da zona da embocadura. Neste contexto, os levantamentos batimétricos de todo o sistema devem ser efetuados com periodicidade de 10 a 15 anos e as áreas sujeitas a maior alteração deverão ser objeto de levantamentos quinquenais. 10

CRIAÇÃO C E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO NO LITORAL ABRANGIDO PELA ÁREA Figura 4 Perfis topo-hidrográficos longitudinal e transversais da Lagoa de Albufeira, traçados a partir do MDT. 4 Referências bibliográficas Freitas, M. C. e Ferreira, T. 2004. A Lagoa de Albufeira. Geologia. Instituto da Conservação da Natureza/Centro de Zonas Húmidas, pp. 11-52. Quintino, V. 1988. Structure et cinétique comparées des communautés de macrofaune bentique de deux systèmes lagunaires de la côte ouest du Portugal: Obidos et Albufeira. These de Doctorat de l'université Paris VI, 333 p. 11

CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO NO LITORAL ABRANGIDO PELA ÁREA 12