TÍTULO: ICTIOFAUNA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: INVENTÁRIO, ESTRUTURA DA COMUNIDADE E A RELAÇÃO COM ESPÉCIES INVASORAS NA FLORESTA NACIONAL DE IPANEMA

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Transcrição:

Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904 TÍTULO: ICTIOFAUNA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: INVENTÁRIO, ESTRUTURA DA COMUNIDADE E A RELAÇÃO COM ESPÉCIES INVASORAS NA FLORESTA NACIONAL DE IPANEMA CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: ECOLOGIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE PAULISTA AUTOR(ES): LETÍCIA HALCSIK ORIENTADOR(ES): WELBER SENTEIO SMITH

ICTIOFAUNA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: INVENTÁRIO, ESTRUTURA DA COMUNIDADE E A RELAÇÃO COM ESPÉCIES INVASORAS NA FLORESTA NACIONAL DE IPANEMA Letícia Halcsik¹; Welber Senteio Smith². 1. RESUMO A Floresta Nacional de Ipanema está localizada entre os municípios de Capela do Alto, Araçoiaba da Serra e Iperó, a qual possui grande biodiversidade em seus ecossistemas, apesar dos grandes impactos sofridos. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar a composição, a diversidade e a distribuição espacial das espécies de peixes amostradas em seus diferentes ambientes aquáticos. As coletas foram realizadas entre julho de 2012 e junho de 2013 com a utilização de puçá, pesca elétrica e redes de espera com malhas variando de 3 cm a 12 cm entre nós opostos. Foram capturados 1457 exemplares pertencentes a 6 ordens, 15 famílias, 24 gêneros e 28 espécies. Dentre as ordens que foram registradas, Characiformes com 53,57% das espécies e Siluriformes com 25% foram dominantes. Dentre as 28 espécies registradas, as espécies mais abundantes foram Geophagus brasiliensis, Phalloceros reisi, Cyphocarax modestus, Hypostomus ancistroides, Astyanax scabripinnis e Imparfinis mirini com 298, 249, 212, 122, 91 e 82 exemplares respectivamente. A Flona apresenta diversidadede H = 2,50 sendo os pontos com maior índice de diversidade de Shannon-Wiener foi com H = 2,207 e 18 espécies correspondendo a 64,28% do total e o ponto com menor índice de diversidade foi com H = 0,28 com espécies correspondendo a 10,71% do total coletado. Levandose em consideração os dados obtidos, conclui-se que a maior diversidade de espécies encontra-se no Rio Ipanema, ambiente este lótico. A alteração de ambiente lótico para lêntico causa grandes mudanças na estrutura da comunidade de peixes, privilegiando espécies r estrategista em detrimento das espécies k estrategistas. 1

2. INTRODUÇÃO Atualmente são conhecidas aproximadamente 1,8 milhão de espécies de organismos vivos (COX & MOORE, 2002), dos quais aproximadamente 55.000 são vertebrados e, dentre esses, aproximadamente 28.000 são peixes (NELSON, 2006). A grande riqueza de espécies de peixes reflete-se também na sua diversidade morfológica e ecológica (LANGEANI et al., 2007). A maior parte dessa riqueza e diversidade encontra-se em águas tropicais (LOWE-MCCONNELL,1999), particularmente nas águas doces neotropicais, com estimativas recentes de 6025 espécies, constando que 2587 espécies são encontradas no Brasil (OYAKAWA & MENEZES, 2011). Cerca de 391 espécies de peixes de água doce encontradas no estado de São Paulo distribuídas em 10 ordens e 39 famílias (OYAKAWA & MENEZES, 2011). Tão surpreendente quanto a grande diversidade de espécies de peixes no planeta é a sua imensa diversidade de formas, comportamentos e modos de vida, o que permite que essa fauna ocupe os mais variados tipos de ambientes (AZEVEDO, 2004). Este trabalho teve como objetivos inventariar e caracterizar a estrutura da comunidade ictiológica, além de verificar a ocorrência de espécies invasoras. Os rios, riachos e lagoas fazem parte dos diversos ecossistemas que compõe as bacias hidrográficas tropicais e subtropicais e possuem uma vasta complexidade. Essa complexidade acaba muitas vezes pelas ações humanas, que canalizam, represam, devastam as matas ripárias, e jogam lixos nos rios, com ações desse tipo mudam-se as formas estruturais de habitats dos ecossistemas aquáticos, comprometido a cada dia com o crescimento populacional (SMITH & PETRERE JR, 2000). Segundo SMITH (2003) a maior parte da ictiofauna dos riachos é composta por espécies de peixes de pequeno porte (menor que 15 cm de comprimento). Na bacia do rio Sorocaba foram registradas até o momento 24 espécies de peixes que habitam os riachos e córregos da bacia. Esses peixes também podem ser encontrados nas margens de rios maiores. Utilizam estruturas submersas como galhos, troncos e a vegetação como gramíneas, para se abrigar, se alimentar e se reproduzir. 2

Os grandes impactos realizados foram na exploração do metal, quando no final do século 16 ocorreu a descoberta de minério de ferro, juntamente com isso o morro de Araçoiaba sofreu extração de terra para mineração, corte selecionado da mata para servir os fornos da Real Fábrica de Ferro de Ipanema e para o uso da construção civil e naval. E também teve grande exploração da apatita para produção de fosfato, muita atividade agrícola que para implantação ouve derrubada de mata e até os cursos d água com o represamento, como a represa de Hedberg uma das mais antigas do Brasil (SMITH & REGALADO, 2008). 3. OBJETIVOS Inventariar as espécies de peixes nos rios e riachos da Flona de Ipanema. Analisar a estrutura da comunidade ictiológica relacionando com os fatores abióticos. Avaliar as espécies invasoras na Unidade Conservação. 4. METODOLOGIA A área de estudo localiza-se no Estado de São Paulo, entre os municípios de Aracoiaba da Serra, Iperó e Capela do Alto, na unidade de conservação denominada de Floresta Nacional de Ipanema (Figura 1). Possui uma área de 5.069,73 hectares e localizam-se entre as coordenadas 23 25 e 23 27 latitudes sul, 47 35 e 47 40 longitudes oeste, com altitudes entre 550 m e 971 m (SOUZA & MARTOS, 2008). Para a realização das coletas foram efetuadas 20 expedições a campo (com duração de um a dois dias cada), no período de julho de 2012 e junho de 2013. Os métodos aplicados variaram de acordo com o ambiente amostrado. Para a captura dos exemplares, nas lagoas foram armadas redes de espera com malhas de 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12,0 cm entre nós opostos, puçá, peneira e pesca elétrica 3

aplicada nas margens, puçá (aplicado junto à vegetação marginal). Nos riachos, utilizou-se puçá, pesca elétrica e peneira para a captura dos exemplares (DALA- CORTE et al., 2009). Figura 1: Rede hidrográfica da FLONA de Ipanema. 5. DESENVOLVIMENTO Após as coletas, foram obtidas informações como abundância, diversidade, constância das espécies da ictiofauna em cada ponto amostrado. A diversidade de espécies de cada rio será estabelecida para todo o período de estudo, bem como para cada ponto de coleta separadamente; para tal será utilizado o Índice de diversidade de Shannon-Wiener (McCune & Mefford, 1999). Para verificar a constância de ocorrência das espécies, foi utilizada a fórmula de Dajoz (1978), onde são obtidas algumas informações quanto à distribuição das 4

espécies: C = (p / P) x 100 (C é o valor de constância da espécie, p é o número de coletas contendo a espécie estudada e P é o número total de coletas efetuadas). Uma espécie é considerada constante quando apresenta C > 50%, acessória quando 50% C 25% e acidental C < 25%. 6. RESULTADOS Foram capturados 1457 exemplares que estão divididos em 6 ordens, 15 famílias, 24 gêneros e 27 espécies. Dentre as ordens que foram registradas, Characiformes com 53,57% das espécies e Siluriformes com 25% somando 100% do total de espécies. Os resultados encontrados quanto à contribuição das ordens e famílias estão de acordo com os padrões da ictiofauna de água doce do Brasil, onde existem poucos trabalhos relacionando conservação com ictiofauna, diferentemente de outros vertebrados como aves e mamíferos, que possuem um apelo popular muito grande. Tal situação está relacionada com o fato de que, principalmente os peixes de riachos, além de ocorrerem em ambientes bastante restritos, são pequenos, com hábitos crípticos e desinteressantes para pesca. Do ponto de vista ictiológico, há necessidade de que, ao se definir as dimensões de uma Unidade de Conservação, é importante verificar os limites das Bacias Hidrográficas (CETRA et al, 2010). A baixa riqueza específica dos riachos em questão pode estar relacionada ao fato destes ambientes estarem localizados em uma região de cabeceira, (DALA- CORTE et al, 2010) ou fatores abióticos que possam interferir como mudanças sazonais são alterados os parâmetros abióticos que interferem diretamente na dinâmica populacional das espécies, fatores como temperatura médias mais baixas apresentam uma riqueza e abundância menor e vários outros fatores abióticos como luminosidade, PH etds (NASCIMENTO & SMITH 2010). Dentre as 27 espécies registradas, as espécies mais abundantes foram Geophagus brasiliensis, Phalloceros reisi, Cyphocarax modestus, Hypostomus ancistroides, Astyanax scabripinni e Impafinis mirini com 298, 249, 212, 122, 91 e 82 exemplares respectivamente. Algumas das espécies referidas, a maior parte tem 5

porte pequeno, menor que 21 cm de comprimento com ocorrência apenas em riachos e cabeceiras (LANGEANI et al., 2007). Das 28 espécies registradas, verificou-se que apenas quatro são constantes (Astyanax altiparanae, Phalloceros reisie, Geophagus brasiliensis e Hypostomus ancistroides), ocorrendo ainda 7 acessórias (Astyanax fasciatus, Serrapinnus notomelas, Characidium sp., Hoplias malabaricus, Tilapia sp., Tilapia rendalli, Corydoras aeneus) e 17 acidentais (Acestrorhychus lacustris, Astyanax scabripinni, Astyanax sp., Bryconamericus stramineus, Hemigrammus marginatus, Hypossobrycon anisitsi, Steindachnerina insculpta, Cyphocharax modestus, Parodon nasus, Prochilodus lineatus, Gymnotus carapo, Corydoras flaveolus, Imparfinis mirini, Rinelocaria latirostris, Trichomycterus sp., Hisonotus deprissicalda e Synbranchus marmoratus. Embora tenham sido identificadas 27 espécies, acreditase que muitas espécies acidentais (principalmente raras) não tenham sido coletadas, em virtude de sua menor distribuição, atividade, ocorrência e ausência de outros métodos de captura. Com relação a diversidade o ponto que apresentou maior diversidade de espécies foi o rio Ipanema com H = 2,50. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Levando-se em consideração os dados obtidos, conclui-se que a maior diversidade de espécies encontra-se no Rio Ipanema, ambiente este lótico. A alteração de ambiente lótico para lêntico causa grandes mudanças na estrutura da comunidade de peixes, privilegiando espécies r estrategista em detrimento das espécies k estrategistas. Além disso, espécies invasoras estão presentes nos ambientes lênticos da unidade e não são encontradas nos ambientes lóticos, o que evita a ampliação da distribuição de tais espécies pela unidade de conservação. 6

7. FONTES CONSULTADAS AZEVEDO, M. A. (2004). Análise comparada de caracteres reprodutivos em três linhagens de Characidae (Teleostei: Ostariophysi) com inseminação. Tese (Doutorado). UFRGS CASTRO, R.M.C.; MENEZES, N.A. (1998). Estudo diagnóstico da diversidade de peixes do Estado de São Paulo. p 1-13, In: Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil: Síntese do conhecimento ao final do século X, v.6. Vertebrados. São Paulo, Winnergraph FAPESP, Castro, R.M.C. (ed.), Joly, C.A.; Bicudo, C.E.M. Orgs., 71pp. CETRA, M.; SARNENTO-SOARES, L. M.; MARTINS-PINHEIRO, R. F.; Peixes de riachos e novas Unidades de Conservação no Sul da Bahia; Pan-American Journal of Aquatic Sciences (2010), 5 (1): 11-21. COX, C. B. & MOORE, P. D. Biogeography, an ecological and evolutionary approach. Blackwell Science, London, 2000. DALA-CORTE, R. B.; FRANZ, I; BARROS, M. P.; OTT, P. H. Levantamento da ictiofauna da Floresta Nacional de Canela, na região superior da bacia hidrográfica do Rio Caí, Rio Grande do Sul, Brasil, Biota Neotropica, v. 9, n. 2, 2009. LANGEANI, F.; CASTRO, R.M.C.; OYAKAWA, O.T.;SHIBATTA, O.A.; PAVANELLI, C.S.; CASATTI, L. Diversidade da ictiofauna do Alto Rio Paraná: composição atual e perspectivas futuras. Biota Neotropica, v.7, n.3, 2007. LOWE-MCCONNELL, R. H. Estudos ecológicos de comunidades de peixes tropicais. Edusp, São Paulo. 1999. NASCIMENTO, B. M.; & SMITH, S. W.; A ictiofauna da bacia do rio Sarapuí, SP. Brasil (2010). NELSON, J. S. Fishes of the world. John Wiley & Sons, New York. 2006. OYAKAWA, O. T.; MENEZES, N. A. Checklist dos peixes de água doce do Estado de São Paulo, Brasil, Biota Neotropica, v. 11, n. 1, 2011. 7

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