É um título de crédito que se estrutura como ordem de pagamento. Desta forma tem-se origem a três situações jurídicas distintas:



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Transcrição:

TÍTULOS DE CRÉDITO LETRA DE CÂMBIO É um título de crédito que se estrutura como ordem de pagamento. Desta forma tem-se origem a três situações jurídicas distintas: a) Sacador quem emite a ordem; b) Sacado a quem a ordem é destinada; c) Tomador é o beneficiário da ordem. Obs.: As três situações jurídicas distintas não precisam, necessariamente, estar ocupadas por três pessoas diferentes. Desta forma, podem existir as seguintes situações: a mesma pessoa ocupando a posição de sacador e tomador; ou a mesma pessoa ocupando simultaneamente a posição de sacador e sacado. Saque é o ato da criação e de emissão do título de crédito. O saque vincula o sacador ao pagamento da letra de câmbio, ou seja, o sacador ao realizar o saque torna-se codevedor do título. A lei determina requisitos essenciais que a letra de câmbio deve preencher. a) a expressão letra de câmbio inserta no próprio texto do título. Assim, a identificação precisa do título deve ser feita por meio da chamada cláusula cambiária; b) mandato puro e simples, ou seja, não sujeito a nenhuma condição, de pagar quantia determinada; Trata-se de ordem incondicional para pagamento de quantia determinada.

Não se admite que o cumprimento da obrigação mencionada na letra fique sujeito à implementação de qualquer condição, suspensiva ou resolutiva. c) o nome do sacado e sua identificação pelo número de sua Cédula de Identidade, de inscrição no Cadastro de Pessoa Física, do Título Eleitoral ou da Carteira Profissional; O sacado é o devedor principal. d) o lugar do pagamento ou a indicação de um lugar ao lado do nome do sacado, o qual será tomado como lugar do pagamento e como domicílio do sacado. e) nome do tomador, o que quer dizer que não se admite letra de câmbio sacada ao portador; f) Local e data do saque, podendo se a indicação deste local substituída por menção de um lugar ao lado do nome do sacador; g) assinatura do sacador. O sacador não é o devedor principal. O sacador garante a aceitação e o pagamento da letra. Caso o sacado não aceitar a letra ou não pagá-la, pode o tomador voltar-se contra o sacado. Obs.: A época do vencimento deve, também, constar da letra, mas, à sua falta, não se descaracterizará o instrumento como título de crédito porque a lei dispõe que, neste caso, será à vista. Obs.: A despeito de todos esses requisitos pela Lei Uniforme, destaque-se, todavia, que a jurisprudência admite a emissão da letra de câmbio e de qualquer outro título de crédito- em branco ou incompleta. Súmula 387, STF. A cambial emitida ou aceita com omissões ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.

ACEITE DA LETRA DE CÂMBIO Aceite é o ato cambial pelo qual o sacado concorda em acolher a ordem incorporada pela letra. O sacado de uma letra de câmbio não tem nenhuma obrigação cambial pelo só fato de o sacador terlhe endereçado a ordem de pagamento. O aceite é o meio pelo qual o sacado aceita e concorda a cumprir o ordenado na letra, vinculando-se ao pagamento do título. O aceite é ato livre da vontade do sacado. O aceite, portanto, é o ato pelo qual o sacado assume obrigação cambial e se torna o devedor principal da letra (aceitante). O aceite resulta da simples assinatura do sacado lançada no anverso do título, mas poderá ser firmado também no verso, desde que identificado o ato praticado pela expressão aceito ou outra equivalente. O aceite na letra de câmbio é facultativo, porém irretratável. A recusa do aceite produz efeitos relevantes para o sacador e para o tomador, uma vez que ocorrerá o vencimento antecipado do título. Desta forma, pode o tomador exigir do sacador codevedor da letra o seu pronto pagamento. Recusa parcial é quando o sacado aceita a letra parcialmente. Nesse caso, também ocorrerá o vencimento antecipado do título, podendo o tomador cobrar a totalidade do crédito contra o sacador. Há duas espécies de aceite parcial. a) aceite limitativo o sacado aceita apenas parte do valor do título;

b) aceite modificativo o sacado altera alguma condição do pagamento do título. Ex.: altera a data do vencimento. Em ambas as hipóteses acima ocorrem o aceite parcial, mas ocorre, também, recusa parcial do aceite. Nestes casos, o aceitante se vincula ao pagamento do título nos exatos termos de seu aceite, mas se opera o vencimento antecipado da letra de câmbio, que poderá, por isto, ser cobrada de imediato do sacador. Obs.: Há uma forma específica de o sacador se prevenir quanto ao vencimento antecipado da letra, colocando no título a cláusula não aceitável. Tal cláusula impõe ao tomador a obrigação de só procurar o sacado para o aceite na data do vencimento. Outra solução intermediária prevista pela lei é a proibição, pelo sacador, de apresentação da letra para aceite, antes de uma determinada data. Antes dessa data, portanto, é vedada a apresentação do título para aceite do sacado. VENCIMENTO DA LETRA Emitida a letra e realizado o aceite pelo sacado, o título se torna exigível a partir do seu vencimento. Desta forma, há quatro espécies de letras de câmbio. a) letra com dia certo; É a que vence em data preestabelecida pelo sacador, logicamente posterior à data do saque. Assim, no momento da emissão é fixada uma data certa, mencionada no título, em que a letra irá vencer. b) letra à vista;

É aquela que tem seu vencimento no dia da apresentação do título ao sacado. Neste caso, no entanto, a letra não é, a rigor, apresentada a aceite, mas, propriamente, para pagamento. O tomador deverá procurar o sacado até o máximo de 01 ano após o saque. c) letra a certo termo da vista; É a que vence após um determinado prazo, estipulado pelo sacador quando de sua emissão, que começa a correr a partir da vista (aceite) do título. Ex.: a letra vence dois meses após o aceite. O tomador deverá apresentá-la ao sacado para aceite até o prazo de 01 ano após o saque. Obs.: Neste tipo de letra de câmbio, não é possível ao sacador inserir a cláusula não aceitável. d) letra a certo termo da data. Vence após um determinado prazo estipulado pelo sacador, mas que começa a correr não a partir do aceite, mas a partir da própria emissão do título. A letra de câmbio em data certa devem ser apresentadas a aceite, pelo tomador, até o vencimento fixado para o título. Obs.: Apresentado o título ao sacado, este tem o direito de pedir que ele lhe seja reapresentado no dia seguinte, nos termos do art. 24 da LU. É o chamado prazo de respiro.

ENDOSSO É o ato cambiário mediante o qual o credor do título de crédito (endossante) transmite seus direitos a outrem (endossatário). É ato cambiário, pois coloca o título em circulação. Obs.: Títulos nominativos ou nominados ou próprios São os que identificam o seu credor e, portanto, a sua transferência pressupõe, além da tradição, a prática de um outro negócio jurídico. Podem ser: à ordem ou não à ordem. À ordem - circulam mediante tradição acompanhada de endosso. Ex.: letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata etc. A cláusula à ordem pode ser expressa ou tácita. Portanto, basta que não tenha sido inserida a cláusula não à ordem na letra de câmbio para que ela seja transferível por endosso. Não à ordem circulam mediante cessão civil de crédito. Somente quando for inserida, expressamente, a cláusula não à ordem num título de crédito é que ele não poderá circular por endosso, e sim por mera cessão civil de crédito. Endossante ou endossador é o alienante do crédito documentado por uma cambial. Endossatário é o adquirente do título. Efeitos do endosso: a) transfere a titularidade do crédito; b) responsabiliza o endossante, passando este a ser codevedor do título. Portanto, se o devedor principal não pagar, o endossatário poderá cobrar do endossante.

Obs.: Pode o endosso conter a chamada cláusula sem garantia, que exonera expressamente o endossante de responsabilidade pela obrigação constante do título. O endosso deve ser feito no verso do título, bastando para tanto a assinatura do endossante. Caso o endosso, seja feito no anverso da cártula, deverá conter, além da assinatura do endossante, menção expressa de que se trata de endosso. Ex.: Pague-se. Obs.: Em princípio, não há limite quanto ao número de endossos, mesmo em relação ao cheque. Não se admite o endosso parcial. O endosso parcial é considerado nulo. No endosso condicional, a condição inserida na cártula é ineficaz, porque a lei a considera não escrita. Portanto, esse endosso não é nulo. Endosso em branco e endosso em preto Endosso em branco é aquele não identifica o seu beneficiário (endossatário). O endosso em branco transforma a letra, necessariamente sacada nominativa, em título ao portador. O endossatário de um título por endosso em branco poderá transferir o crédito nele representado por mera tradição, hipótese que não ficará obrigado. O beneficiário do endosso em branco pode tomar três atitudes: a) transformá-lo em endosso em preto, completando-o com o seu nome ou de terceiro; b) endossar novamente o título, em branco ou em preto; c) transferir o título sem praticar novo endosso, ou seja, pela mera tradição da cártula. Endosso em preto é aquele que identifica expressamente a quem está sendo transferida a titularidade do crédito.

O título somente poderá circular novamente por meio de um novo endosso. Endosso impróprio O endosso impróprio compreende duas modalidades distintas: a) endosso - caução; b) endosso mandato. Obs.: Endosso próprio é o que transfere a titularidade do crédito e responsabiliza o endossante como codevedor. Endosso impróprio não produz os efeitos do endosso próprio. Endosso impróprio tem a finalidade apenas de legitimar a posse de alguém sobre o título, permitindolhe, assim, o exercício dos direitos representados na cláusula. Ou seja, legitima a posse sobre a cártula exercida pelo seu detentor. Endosso mandato É chamado, também, de endosso-procuração. Por meio do endosso mandato, o endossante confere poderes ao endossatário para agir como seu legítimo representante, exercendo em nome daquele os direitos constantes do título, podendo cobrálo, protestá-lo, executá-lo e etc. Exemplo de expressões: Valor a cobrar ou por procuração, para cobrança Endosso-caução Também, chamado de endosso pignoratício ou de endosso garantia. Caracteriza-se, quando o endossante transmite o título como forma de garantia de uma dívida contraída perante o endossatário.

Uso das seguintes expressões: valor em garantia ; valor em penhor. O endossatário não assume a titularidade do crédito, ficando o título em sua posse apenas como forma de garantia da dívida que o endossante contraiu perante ele. Caso o endossante pague a dívida contraída, portanto, resgata o título; caso, todavia, a dívida não seja honrada, o endossatário poderá executar a garantia e passar, então, a possuir a titularidade plena do crédito. AVAL É o ato cambiário pelo qual um terceiro (o avalista) se responsabiliza pelo pagamento da obrigação constante do título. O avalista ao garantir o cumprimento da obrigação do avalizado, responde de forma equiparada a este. O aval deve ser feito no anverso do título, caso em que basta a simples assinatura do avalista. Caso seja feito no verso da cártula, além da assinatura, deve conter a expressa menção de que se trata de aval. O aval pode ser em branco ou em preto. Aval em branco não identifica o avalizado. Presume-se que foi dado em favor de alguém, no caso da letra de câmbio, presume-se em favor do sacador; nos demais títulos, em favor do emitente ou subscritor. Aval em preto o avalizado é expressamente indicado. Avais Simultâneos X Avais Sucessivos

Avais simultâneos - Também, chamado de coavais. - Ocorrem quando duas ou mais pessoas avalizam um título conjuntamente, garantindo a mesma obrigação cambial. - Aqui, os avalistas são considerados uma só pessoa. Eles assumem responsabilidade solidária. - Caso um deles pague a dívida integralmente ao credor, terá direito de regresso contra o devedor principal relativo ao total da dívida, mas terá direito de regresso contra o outro avalista apenas em relação à sua parte. Avais sucessivos - Também, chamado aval de aval. - Ocorrem quando alguém avaliza um outro avalista. - Todos os eventuais avalistas dos avalistas terão a mesma responsabilidade do avalizado, ou seja, aquele que pagar a dívida terá direito de regresso em relação ao total da dívida e não apenas em relação a uma parte dela. PROTESTO É um ato formal pelo qual se atesta um fato relevante para a relação cambial. O fato relevante pode ser: a) Falta de aceite do título; b) Falta de devolução do título; c) Falta de pagamento do título. O protesto só é indispensável se o credor deseja executar os codevedores (ou devedores indiretos), como é o caso, por exemplo, do endossante. Em contrapartida, se a execução é dirigida contra o devedor principal do título, o protesto é desnecessário. O protesto, também, é necessário para atender a outras finalidades: a) para a propositura de pedido de falência por impontualidade injustificada;

b) protesto que constitui em mora o devedor do contrato de alienação fiduciária em garantia. Obs.: O protesto cambial interrompe a prescrição, desde que feito no prazo e na forma da lei. DUPLICATA -Atualmente, a duplicata é regida pela Lei 5.474/1968 e do Decreto-lei 436/1969. - Uma das principais características da duplicata é o aceite obrigatório. Obs.: É preciso ressalvar, no entanto, que aceite obrigatório não significa de modo algum aceite irrecusável. Ou seja, para que haja recusa é necessária a apresentação de justificativa plausível tais como: a) Não recebimento das mercadorias; b) a existência de vícios nos produtos recebidos; c) entrega fora do prazo estipulado. Estas hipóteses estão previstas no artigo 8º da Lei das Duplicatas. Art. 8º, Lei 5.474/68. O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de: I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco; II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados; III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. - A duplicata é título causal, ou seja, só pode ser emitida para documentar determinadas relações jurídicas preestabelecidas pela sua lei de regência: a) uma compra e venda mercantil, ou b) um contrato de prestação de serviços.

- Desta forma, nenhum outro negócio jurídico admite a emissão de duplicata. - A causalidade da duplicata significa tão somente que ela só pode ser emitida nas causas em que a lei expressamente admite a sua emissão. - Artigo 172, Código Penal prevê como crime a emissão de duplicata em desacordo com a mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade. - A duplicata é título de modelo vinculado, ou seja, só pode ser emitida com obediência rigorosa aos padrões de emissão fixados pelo Conselho Monetário Nacional. - Elementos que deve conter a duplicata: (art. 2º, da Lei das Duplicatas) a) a expressão duplicata (cláusula cambiária) e a cláusula à ordem, que autoriza, como visto, a sua circulação via endosso; b) data de emissão, coincidente com a data da fatura; c) os números da fatura e da duplicata; d) a data do vencimento, quando não for à vista; e) nome e o domicílio do vendedor (sacador); f) o nome, o domicílio e o número de inscrição no cadastro de contribuintes do comprador (sacado); g) a importância a ser paga, por extenso e em algarismos; h) o local do pagamento; i) o local para o aceite do sacado;

j) a assinatura do sacador. Obs.: Não se admite a extração de duplicatas com vencimento a certo termo da vista nem a certo termo da data. A duplicata só pode ser emitida com dia certo ou à vista. Emitida com dia certo é a que vence em data preestabelecida pelo sacador. Emitida à vista tem o seu vencimento no dia da apresentação do título ao sacado. - A duplicata é título estruturado como ordem de pagamento. - É título de crédito emitido pelo próprio credor (vendedor). - Emitida a duplicata, ela deverá ser enviada ao devedor (comprador) para que este efetue o aceite e a devolva. - A recusa do aceite só pode ser feita nos termos do art. 8º, da Lei das Duplicatas. Categorias do aceite da duplicata mercantil: a) Aceite ordinário resulta da assinatura do comprador aposta no local apropriado do título de crédito; b) Aceite por comunicação resulta da retenção da duplicata mercantil pelo comprador, autorizado por eventual instituição financeira cobradora, com a comunicação, por escrito, ao vendedor, de seu aceite. c) Aceite por presunção resulta do recebimento das mercadorias pelo comprador, desde que não tenha havido causa legal motivadora de recusa, com ou sem devolução do título ao vendedor. Nesse caso, o simples fato de o devedor ter recebido as mercadorias sem recusa formal já caracteriza o aceite do título, que se diz, portanto, presumido, provando-se pela mera demonstração do recebimento das mercadorias.

Obs.: Somente terá a recusa do aceite, quando a devolução da duplicata não for assinada e for acompanhada da declaração de recusa do aceite. A recusa na devolução do título ou a sua devolução não assinado são comportamentos que em nada interfere com a responsabilidade do sacado de uma duplicata. - O devedor principal da duplicata mercantil é o sacado, o comprador das mercadorias. - Aval em branco da duplicata prestado em favor daquele cuja assinatura estiver acima da do avalista. Caso a assinatura não esteja assim situada, entende-se que o aval é prestado em favor do comprador. - Avais em branco superpostos consideram-se simultâneos os obrigados são coavalistas do sacador. - A duplicata pode ser protestada por falta de aceite, de devolução ou de pagamento. - Caso o comprador não restitua o título ao vendedor, o protesto se fará por indicações do credor fornecidas ao cartório de protesto. (art. 13, 1º, LD) - A norma jurídica ora mencionada excepciona o princípio da cartularidade, já que permite o exercício de direitos cambiários sem a posse do título. - Triplicata cópia da duplicata, uma segunda via, feita com base nos registros constantes da escrituração que obrigatoriamente o comerciante deve manter. A triplicata pode ser emitida no caso de perda ou extravio. - O comércio costuma emitir triplicata sempre que a duplicata é retida pelo comprador. A rigor tal hipótese não se enquadra no dispositivo legal, mas desde que não importe em prejuízo para as partes, não haverá problemas em se proceder desta maneira.

- O protesto deve ser efetuado na praça de pagamento constante da duplicata e no prazo de 30 dias a contar de seu vencimento. - A inobservância do prazo importa a perda por parte do credor do direito creditício contra os coobrigados, ou seja, contra os endossantes e seus avalistas. - Em relação ao devedor principal do título (sacado- comprador) e seu avalista não é necessário o protesto. - A execução da duplicata possui algumas peculiaridades. A modalidade do aceite praticado define os requisitos de constituição do título executivo. Aceite ordinário assinatura do comprador lançada no campo apropriado da duplicata basta o título de crédito para a constituição do título executivo. O protesto será necessário caso seja contra o coobrigado e facultativo contra o devedor principal. Aceite por comunicação- o título executivo será a própria carta enviada pelo comprador ao vendedor, em que se informa o aceite e a retenção da duplicata. Obs.: A epístola que comunica o aceite somente é documento substitutivo da cártula nas hipóteses de protesto e execução. O aceite por comunicação impede a circulação do título. Não há que se cogitar do protesto como condição, na hipótese, de exigibilidade do crédito cambiário. Ou seja, o vendedor pode protestar a comunicação apenas como forma de forçar o pagamento da duplicata, mas não precisa fazê-lo para ajuizamento da execução. Aceite por presunção o comprador não assina a duplicata, retendo-a ou a devolvendo-a, mas recebendo a mercadoria adquirida. A constituição do título executivo depende da reunião dos seguintes elementos:

a) protesto cambial a duplicata deve ser protestada seja com a exibição do título, seja por indicações. Exibição do título cártula elemento constitutivo do título executivo, devendo ser acompanhada do respectivo instrumento de protesto. Indicações do título somente o instrumento de protesto será elemento do título executivo. b) Comprovante de entrega da mercadoria compreende obrigatoriamente a prova escrita de recebimento da mercadoria pelo comprador. Artigo 15, II, da LD Obs.: Caso o aceite foi regularmente recusado, ou seja, no prazo, forma e pelos motivos da lei, o comprador demonstrando isto em embargos verá desconstituído o título executivo. O STJ é bastante rigoroso na análise da possibilidade de execução de duplicata sem aceite ou seja, aceita por presunção. Exige-se prova inequívoca do recebimento das mercadorias ou da efetiva prestação de serviços. O STJ entende, também, que a duplicata sem aceite, caso não se consiga demonstrar inequivocadamente a entrega das mercadorias, pode embasar o ajuizamento de ação monitória. O comprovante da entrega da mercadoria é elemento constitutivo do título executivo na execução de devedor principal que praticou o aceite por presunção. Ou seja, o comprovante de recebimento das mercadorias adquiridas só é elemento constitutivo do título executivo, juntamente com o protesto, quando se tratar de execução de duplicata, não assinada pelo comprador, promovida contra o devedor principal. Desta forma se a execução é direcionada contra o sacador, isto é, contra o próprio vendedor, no caso de ele ter endossado o título a terceiros, é desnecessária a referida comprovação.

- Competência para o processamento da execução é do juízo da praça de pagamento ou do domicílio do devedor. - A ação de execução prescreve em 03 anos, a contar do vencimento do título contra o devedor principal e seus avalistas; em 01 ano a partir do protesto contra os coobrigados; e 01 ano para o exercício do direito de regresso, contado do dia do pagamento do título.