MÓDULO 2: TIPOS DE PESQUISA Métodos de Pesquisa A pesquisa compreende qualquer atividade criativa e sistemática realizada com o fim de incrementar o acervo do conhecimento científico e o uso desse acervo de conhecimentos para conceber novas aplicações. Para realizar uma pesquisa de cunho científico, é de fundamental importância que o pesquisador tenha uma clara distinção dos diversos tipos de conhecimento e uma sólida fundamentação epistemológica. 2.1 Quanto à natureza 2.1.1 Pesquisa básica Tem como objetivo principal a busca do saber. 2.1.2 Pesquisa teórica Trata-se da pesquisa que é dedicada a reconstruir teoria, conceitos, idéias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos, aprimorar fundamentos teóricos.
Esse tipo de pesquisa é orientado no sentido de reconstruir teorias, quadros de referência, condições explicativas da realidade, polêmicas e discussões pertinentes. A pesquisa teórica não implica imediata intervenção na realidade, mas nem por isso deixa de ser importante, pois seu papel é decisivo na criação de condições para a intervenção. O conhecimento teórico adequado acarreta rigor conceitual, análise acurada, desempenho lógico, argumentação diversificada, capacidade explicativa. 2.1.3 Pesquisa empírica É a pesquisa dedicada ao tratamento da face empírica e factual da realidade; produz e analisa dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e factual. A valorização desse tipo de pesquisa está na possibilidade que oferece maior concretude às argumentações, por mais tênue que possa ser a base factual. O significado dos dados empíricos depende do referencial teórico, mas esses dados agregam impacto pertinente, sobretudo no sentido de facilitarem a aproximação prática. 2.1.4 Pesquisa aplicada Busca de solução para problemas concretos e imediatos. Muitas vezes pesquisas básicas possuem grande importância em nossa vida. É o caso da eletricidade. Quando os primeiros cientistas começaram a pesquisá-la, o único objetivo era a curiosidade. Ligada à práxis, ou seja, à prática histórica em termos de conhecimento científico para fi ns explícitos de intervenção; não esconde a ideologia, mas sem perder o rigor metodológico. 2.2 Quanto aos objetivos 2.2.1 A pesquisa exploratória Na primeira aproximação com o tema, pode buscar descobrir teorias e práticas que modificarão as existentes; recuperar as informações disponíveis para criar maior familiaridade com os fenômenos, descobrir os pesquisadores ou buscar informações para a obtenção de inovações tecnológicas. É feita por meio de: Levantamentos bibliográficos; Entrevistas com profissionais da área;
Visitas a instituições, empresas, etc; Web sites, etc. 2.2.2 A pesquisa descritiva Observa, registra e analisa os fenômenos, sem manipulá-los e é muito utilizada em pesquisas sociais. Procura descobrir a freqüência com que o fenômeno ocorre, sua natureza, suas características, sua relação com outros fenômenos. Em geral, é executada após a pesquisa exploratória e implica a realização de observação sistemática e não participante com o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados (questionário e observação sistemática). 2.2.3 A pesquisa explicativa Visa ampliar generalizações, definir leis, estruturar e definir modelos, relacionar hipóteses existentes e gerar novas, via dedução. Exige maior investimento na síntese, teorização e reflexão sobre o objeto. Busca explicar os porquês e exige aplicação de métodos de modelagem e simulação para reproduzir fenômenos e aprofundar o conhecimento da realidade. Níveis Conhecimento Objetivos Modalidades 2.3 Quanto aos procedimentos
Uma vez entendida a natureza da pesquisa e determinados seus objetivos devese escolher o procedimento para sua execução. 2.3.1 Pesquisa experimental Manipula diretamente as variáveis relacionadas ao objeto de estudo. Busca as causas e efeitos, como o evento ocorre. O cientista cria situações de controle para evitar interferências (o placebo, por exemplo). A pesquisa experimental viabiliza novas descobertas: materiais, componentes, métodos, técnicas e é muito utilizada para obter novos conhecimentos e para a construção de protótipos. Este tipo de pesquisa requer manipulação e coleta de dados imparcial. Experimentar significa: elaborar e formular novos elementos, testar materiais e componentes, simular eventos, inferir e introduzir variáveis, realizar modelagens. Em uma pesquisa experimental, o pesquisador manipula algumas variáveis e então mede os efeitos dessa manipulação em outras variáveis. 2.3.1.1 O que são variáveis? Variáveis são características que são medidas, controladas ou manipuladas em uma pesquisa. Diferem em muitos aspectos, principalmente no papel que a elas é dado em uma pesquisa e na forma como podem ser medidas. Há variáveis dependentes e variáveis independentes.
Variáveis independentes são aquelas que são manipuladas, enquanto que variáveis dependentes são apenas medidas ou registradas. 2.3.2 Pesquisa de laboratório Artificializa a produção do fato ou da sua leitura. É caracterizada por: Interferir artificialmente na produção do fato/ fenômeno/processo. Artificializar o ambiente ou os mecanismos de percepção para que o fato/fenômeno/processo seja produzido/ percebido adequadamente. Permite: Estabelecer padrão desejável de observação. Captar dados para descrição e análise. Controlar o fato/fenômeno/processo. Coletar dados em um espaço curto, obtendo um snapshot do fenômeno. 2.3.3 Pesquisa operacional É a investigação sistemática dos processos de produção. Utiliza ferramentas estatísticas e métodos matemáticos e visa selecionar os meios para produção, comparando custos, eficiência e valores. Aplicações: Controle e produção de estoques; Processos e operações de manufatura; Projeto e desenvolvimento de produtos; Engenharia e manutenção de fábricas; Administração de RH; Gestão e Vendas. Exemplo:
2.3.4 Pesquisa Ex-post-facto (a partir de depois do fato) É uma investigação sistemática e empírica em que o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis independentes, porque os fatos pesquisados já ocorreram e suas manifestações. São intrinsecamente não manipuláveis. Nesse tipo de pesquisa são feitas inferências sobre as relações entre variáveis em observação direta, a partir da variação concomitante entre as variáveis independentes e dependentes. 2.3.5 Levantamento Caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas, cuja opinião se quer conhecer, e por ser um procedimento útil para pesquisas exploratórias e descritivas. Permite o conhecimento direto da realidade, a quantificação, economia e rapidez. Etapas: Seleção da amostra Aplicação de questionários, formulários ou entrevista Tabulação dos dados Análise com auxílio de ferramentas estatísticas 2.3.6 Pesquisa de campo Observa o lugar natural onde ocorrem os fenômenos e utiliza diversos procedimentos de coleta como observações e entrevistas. É realizada onde acontece o fato/fenômeno/processo e coleta de dados pela observação do fato/fenômenos/processo in natura.
2.3.7 Estudo de caso Estudo aprofundado e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado. É adequado para explorar situações da vida real, descrever a situação em que está sendo feita determinada investigação e explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas. Limitações: Falta de rigor metodológico; Dificuldade de generalização; Tempo destinado à pesquisa. 2.3.8 Pesquisa-ação É um tipo de pesquisa social com base empírica, concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Esse tipo de pesquisa é indicado quando há interesse coletivo na resolução de um problema ou suprimento de uma necessidade. Há envolvimento participativo ou cooperativo dos pesquisadores e demais participantes no trabalho de pesquisa. 2.4 Quanto à natureza da informação
2.4.1 Pesquisa quantitativa Considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.). Apesar de criticada por reduzir as relações humanas a números exatos, é utilizada para estudar o homem e a sociedade quando é possível utilizar a mesma metodologia e o mesmo instrumental das ciências naturais. Exemplo: 2.4.1.1 Técnicas quantitativas 2.4.1.1.1 Observação sistemática O observador, munido de uma listagem de comportamentos, registra a ocorrência dos mesmos durante um período de tempo. Para evitar interferências, é comum utilizarem-se câmeras na observação sistemática. 2.4.1.1.2 Questionário É um instrumento ou programa de coleta de dados em que o pesquisador deve saber exatamente o que procura, o objetivo de cada questão. O informante deve
compreender perfeitamente as questões, portanto deve-se conhecer e ter cuidado com o repertório do informante. O questionário deve seguir uma estrutura lógica, do mais simples ao mais complexo. Deve apresentar uma questão por vez e ter linguagem clara. Características: confeccionado pelo pesquisador e preenchido pelo informante; linguagem simples e direta; deve-se condiderar um limite máximo de 30 min para respostas; devem-se determinar as questões mais relevantes e como se relacionam ao item de pesquisa. Os questionários devem ser acompanhados de uma carta de apresentação detalhando: A finalidade do estudo. Como preencher o questionário. Se é preciso identificação pessoal. Como devolver o questionário. 2.4.1.1.3 Entrevistas Partem do encontro entre o pesquisador e o objeto de estudo e servem para coleta de dados não documentados. Possibilitam análises qualitativas e quantitativas. O número de entrevistados depende da variabilidade da informação a obter. O roteiro da entrevista deve considerar a distribuição do tempo por assunto e a formulação de perguntas com respostas descritivas.
2.4.2 Pesquisa qualitativa Considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito, que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem. 2.4.2.1 Técnicas qualitativas 2.4.2.1.1 Observação participante Ocorre por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado. Exemplo: de Carlos Castañeda ( A Erva do Diabo), Oliver Sachs. 2.5 Pesquisa bibliográfica A pesquisa bibliográfica deve anteceder todos os tipos de pesquisas, pois coloca o pesquisador em contato com o que existe sobre o seu tema. É feita a partir de documentos (livros, livros virtuais, cd-rom, internet, revistas, jornais...) e compreende várias etapas: Identificação e localização das Fontes; Consulta aos catálogos das bibliotecas;
Exame de índices de periódicos; Consultas aos abstracts. Há três tipos de fontes de informação: A BUSCA da literatura deverá ser completa, ampla e profunda. A pesquisa bibliográfica possibilita a determinação dos objetivos, a construção das hipóteses e oferece elementos para fundamentar a justificativa ou motivação do tema. Com a revisão bibliográfica, o pesquisador obtém os subsídios necessários para elaborar um histórico da questão, avaliar os trabalhos publicados sobre o tema, avaliar métodos apropriados para coletar e analisar dados e evitar duplicações desnecessárias de estudos já desenvolvidos. Poucas horas gastas nas bibliotecas das grandes universidades poderão economizar muitas horas do pesquisador em laboratórios ou no campo. 2.5.1 Pesquisa documental Assemelha-se à pesquisa bibliográfica, todavia as fontes que a constituem são documentos e não apenas livros publicados e artigos científicos divulgados, como é o caso da pesquisa bibliográfica. A pesquisa documental é realizada em documentos conservados em órgãos públicos e privados de qualquer natureza, com pessoas, anais, regulamentos, ofícios, memorandos, balancetes, diários, cartas pessoais e outros.