Aula 06. Observe-se o seguinte quadro comparativo entre as modalidades de intervenção de terceiros no CPC/73 e no CPC/15:

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Transcrição:

Turma e Ano: MASTER A 2016 Matéria: Novo Código de Processo Civil Comparado e Comentado Professor: Rodolfo Hartmann Monitor: Victor Giusti Aula 06 Intervenção de terceiros (art. 119 e ss., do CPC/15) Observe-se o seguinte quadro comparativo entre as modalidades de intervenção de terceiros no CPC/73 e no CPC/15: CPC/73 Assistência Denunciação da lide Chamamento ao processo Oposição Nomeação à autoria CPC/15 Assistência Denunciação da lide Chamamento ao processo Incidente de desconsideração da personalidade jurídica Amicus curiae Percebe-se, portanto, que o CPC/15 inclui como modalidade de intervenção de terceiro dois institutos já conhecidos no ambiente acadêmico e prático, quais sejam, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e o amicus curiae. É importante salientar que o novo CPC não extingue a oposição, apenas passa a tratá-la como procedimento especial de jurisdição contenciosa (arts. 682 a 686, CPC/15). A oposição, na verdade, é uma ação, que é proposta pelo opoente em relação aos opostos e possui natureza petitória, ou seja, busca-se o reconhecimento do domínio. Quanto à nomeação à autoria, importante destacar que esta não era muito utilizada sob a égide do CPC/73; a nomeação à autoria buscava corrigir uma ilegitimidade passiva (o que poderia conduzir à extinção do processo sem resolução do mérito), diante de duas hipóteses: (i) Art. 62, do CPC/73: Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor. Em relação a este dispositivo utilizava-se o exemplo da ação de usucapião proposta em face do caseiro (detentor da coisa) e não do proprietário. Contudo, visto que para a propositura da ação era necessária a apresentação do RGI, o qual contava com o nome do proprietário do imóvel, não se poderia

considerar plausível que a ação fosse, em seu primeiro momento, proposta em face do detentor, fato que esvazia consideravelmente a aplicação desta norma. (ii) Art. 63, do CPC/73: Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de instruções de terceiro. Urge salientar, ainda, que para que houvesse a saída do réu primitivo e a entrada do novo réu deveria haver (a) a concordância do autor da ação, tal como (b) a concordância do nomeado, instituto denominado dupla concordância. Neste sentido, percebe-se que, além das poucas hipóteses de cabimento da nomeação à autoria (arts. 62 e 63, do CPC/73), permitir que o nomeado recusasse a nomeação era mais um fato que fadava o instituto ao insucesso, visto que sempre haveria recusa. O novo CPC extingue o instituto da nomeação da autoria, embora mantenha e aprimore a sua razão de ser, permitindo que, diante de qualquer hipótese de legitimidade, o réu, em preliminar de contestação, nomeie aquele que entender como o correto para compor o polo passivo da lide. Importante ressaltar que, agora, a nomeação não necessita mais da anuência do nomeado para se concretizar, mas tão somente da anuência do autor, que, acolhendo a alegação, deverá emendar a inicial, procedendo à substituição do polo passivo, e reembolsar as despesas e pagar honorários ao procurador do réu excluído. Confira-se a regulamentação da matéria: Art. 338, do CPC/15 Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, 8º. Art. 339, do CPC/15 Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.

1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338. 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. Observe-se que o 2º do dispositivo acima permite, ainda, que o autor proceda à inclusão do réu indicado no polo passivo da lide, sem substituir um pelo outro; é uma hipótese de litisconsórcio passivo facultada ao autor diante de uma potencial dúvida quanto ao réu contra o qual quer demandar. Assistência (arts. 119 a 124, do CPC/15) No caso da assistência, poucas coisas foram alteradas, devendo ser destacadas as mudanças de nomenclatura que provocaram melhoras na abordagem da matéria. Como exemplo desta melhora de redação pode-se citar o art. 121, do CPC/15, que extermina o termo gestor de negócios (anteriormente utilizado no art. 52, do CPC/73) e o substitui por substituto processual. Outro ponto positivo do novo CPC é a divisão, em seções, da regulamentação da assistência em (a) disposições comuns, (b) assistência simples e (c) assistência litisconsorcial. Do ponto de vista técnico, tal divisão é extremamente benéfica, pois esclarece os limites das normas e evita possível confusão quanto à sua aplicação à respectiva modalidade de assistência. Denunciação da lide (arts. 125 a 129, do CPC/15) À luz do art. 70, do CPC/73, a denunciação da lide reputava-se obrigatória, menção que não é feita pelo novo CPC. Salienta-se, contudo, que a jurisprudência considerava como obrigatória somente a denunciação da lide em caso de evicção (art. 70, I, do CPC/73), visto que a denunciação da lide presta-se a garantir um direito de regresso. O art. 456, do CC, previa que para exercer os direitos que resultam da evicção deveria ser observada a lei processual, ou seja, era obrigatória a denunciação da lide. Neste sentido, é importante perceber que o art. 125, do CPC/15, exclui a palavra obrigatória e que o art. 1.072, II, do CPC/73 revoga o art. 456, do CC. Portanto, a denunciação da lide é uma faculdade; desta forma, ainda que não feita, não é perdido o direito de regresso, podendo o demandante pleitear, através de ação própria, este direito. Destaca-se, ainda, que eram três as hipóteses de denunciação da lide, sob a égide do CPC/73, agora há somente duas, não foi mantida a do art. 70, II, que tratava de questões relativas à posse,

no que tange ao possuidor direito em relação ao possuidor indireto, hipótese que estaria abrangida pelo art. 125, II. No caso de denunciação da lide a fim de que seja possível exercer direitos resultantes da evicção, é de ressaltar que o novo CPC extermina a possibilidade de denunciação per saltum, anteriormente permitida pelo art. 456, do CC. Em linhas gerais, a denunciação per saltum significa que, nos casos em que o adquirente, denominado evicto, quiser exercer os direitos resultantes da evicção, poderá notificar qualquer componente da cadeia negocial, ou seja, o alienante imediato ou alienantes mediatos, ampliando, portanto, essa garantia. 1 À luz do novo CPC, a denunciação da lide somente poderá ser feita ao alienante imediato, sendo que este somente poderá realizar uma única denunciação sucessiva ao seguinte componente da cadeia negocial. O último denunciado, neste caso, não poderá realizar nova denunciação, devendo exercer seu direito de regresso por meio de ação autônoma, ex vi do art. 125, 2º, in fine. Art. 125, do CPC/15 Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo. 1º O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida. 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma. Outra novidade do novo CPC é aquela trazida pelo seu art. 128, parágrafo único. O professor explica que tal disposição deve ser aplicada, principalmente, aos casos em que se trata de denunciação da lide a seguradoras. Nestes casos, a vítima propõe a ação em face daquele que lhe 1 Disponível em: https://jus.com.br/artigos/17266/a-denunciacao-per-saltum-e-sua-aplicacao-no-processocivil-brasileiro. Acesso em: 15 de maio de 2016.

causou determinado dano e este último, agasalhado por um contrato de seguro, denuncia a lide à sua seguradora. Caso seja julgado procedente o pedido da ação principal, é permitido ao autor (vítima) requerer o cumprimento da sentença em relação ao denunciado (seguradora), nos limites da condenação deste na ação regressiva. Ou seja, caso se trate de dano de R$100.000,00 e o contrato de seguro cubra apenas R$30.000,00, o autor somente poderá executar R$30.000,00 em face da seguradora. Chamamento ao processo (arts. 130 a 132, do CPC/15) O novo CPC não inovou em relação a esta matéria. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica (arts. 133 a 137, do CPC/15) Tal instituto já era aplicado no âmbito de varas cíveis, federais, juizados especiais etc., por exemplo antes mesmo do início de vigência do novo CPC, contudo, visto que não havia regulamentação quanto à sua forma, prevalecia o princípio da liberdade das formas (expresso pelo art. 188, do CPC/15), ou seja, era facultado ao magistrado aplicar a forma que melhor se ajustasse ao processo. Muitos juízes, sob a égide do CPC/73, realizavam, nos próprios autos, uma desconsideração provisória da personalidade jurídica, citando-se o sócio e postergando-se o contraditório e, após a produção de provas e feitas as alegações pertinentes, decidiam, em caráter definitivo, se a personalidade jurídica seria desconsiderada ou não. Portanto, como não havia forma previamente estabelecida, era normal que a desconsideração fosse feita nos próprios autos. O novo CPC, regulamentando a matéria, estabelece que (i) deve ser formado um apenso (incidente), (ii) que este apenso suspende a tramitação do processo, (iii) o sócio será citado, devendo se defender (contraditório prévio) e, (iv) se a alegação de desconsideração se der em primeiro grau, o juiz proferirá decisão interlocutória provendo ou não a desconsideração. Tal decisão poderá ser atacada mediante agravo de instrumento, ex vi do art. 1.015, IV, do CPC/15. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica no âmbito dos Juizados Especiais: A desconsideração da personalidade jurídica tem sido feita, de forma sistemática, pelos juizados. Deve-se atentar, entretanto, que, à luz art. 10, da Lei 9.099/95 2 - dispositivo que abrange 2 Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio.

qualquer tipo de juizado, em razão da existência de um microssistema, tem-se que não será admitida qualquer forma de intervenção de terceiro no âmbito dos juizados. Portanto, diante da inclusão do instituto no rol de intervenções de terceiro, seria vedado o incidente de desconsideração da personalidade jurídica nos juizados especiais? Não. Com fulcro no art. 1.062 3, do CPC/15, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica também se aplica aos juizados especiais. O professor Rodolfo Hartmann sustenta que, ainda que o incidente de desconsideração da personalidade jurídica possa ser feito também no âmbito dos juizados, não deve ser realizada nos moldes dos arts. 133 a 137, do CPC/15 4. 1º argumento: os Juizados Especiais devem ser céleres, o que vai de encontro à regulamentação do CPC/15, que é burocrático e moroso. 2º argumento: contra a decisão que desconsidera a personalidade jurídica cabe agravo de instrumento, ex vi do art. 1.015, IV, do CPC/15, sendo que os Juizados Especiais não comportam agravo de instrumento. Salienta-se, ainda, que a legislação finalmente consagrou prática já admitida pela jurisprudência, qual seja, a da desconsideração inversa da personalidade jurídica, à luz do art. 133, 2º, do CPC/15. Confira-se: Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. Amicus curiae (art. 138, do CPC/15) Embora este instituto seja fundado em um caráter democrático, de ampla participação de indivíduo ou entidade com representatividade adequada para posicionar-se acerca do tema discutido na lide, o professor sustenta que, na prática, os amici curiae intervêm no processo pautados em algum interesse próprio, buscando beneficiar-se pelo resultado final. O novo CPC, contudo, em linhas gerais, ainda acredita que o amicus curiae é desinteressado. Frente a esta característica de desinteresse, o amicus não pode recorrer. 3 Art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-se ao processo de competência dos juizados especiais. 4 Para se aprofundar no tema, confira o artigo Algumas considerações sobre a aplicação do NCPC nos Juizados Especiais, publicado pelo professor Rodolfo Kronemberg Hartmann. Disponível em: http://www.impetus.com.br/artigo/950/algumas-consideracoes-sobre-a-aplicacao-do-ncpc-nos-juizadosespeciais. Acesso em: 15 de maio de 2016.

Há duas exceções a esta impossibilidade de recorribilidade, quais sejam, quando se trata da oposição de embargos de declaração e quando o amicus curiae objetiva recorrer da decisão que julgar incidente de resolução de demandas repetitivas. Art. 138, do CPC/15 Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do 3o. 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae. 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. Quanto a esta última hipótese ( 3º), cumpre tecer algumas considerações: O Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas IRDR (regulado pelo art. 976 e ss., do CPC/15) é inspirado no modelo alemão e estabelece que um Tribunal de Justiça, por exemplo, pode fixar tese jurídica, por meio de precedente, em relação à região que ocupa, inclusive no que tange aos Juizados Especiais. Salienta-se, também em relação à força dos precedentes, que ainda sob a égide do CPC/73, havia uma forma de criação de precedente que se denomina assunção de competência, mecanismo este mantido pelo CPC/15, mas que não é utilizado na prática processual. Por fim, cumpre ressaltar que, uma vez que determinada matéria é tratada em âmbito de Recurso Especial Repetitivo (STJ) ou Recurso Extraordinário Repetitivo (STF), não cabe sua discussão em âmbito de IRDR, visto que não faria sentido estabelecer precedente regional quando já se teria um precedente nacional. Pois bem. A interposição de recurso pelo amicus curiae em face de decisão que julga IRDR se justifica pelo art. 983, do CPC/15, que regulamenta esta matéria. O dispositivo reza: O relator ouvirá as partes e os demais interessados, inclusive pessoas, órgãos e entidades com interesse na

controvérsia (...), percebe-se, portanto, que o amicus curiae é sinalizado como interessado na controvérsia, razão de ser da possibilidade de recorrer da decisão que versa sobre esta. Poderes, deveres e responsabilidade do juiz (art. 139 e ss., do CPC/15) Art. 139, do CPC/15 Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindolhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; II - velar pela duração razoável do processo; Já no art. 139, II, pode-se perceber deslize técnico do CPC/15, que em seu art. 4º dispõe que as partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, tendo o art. 139, II, se referido à duração razoável do processo. Está, portanto, de acordo com a Constituição Federal de 1988, mas não de acordo com o próprio CPC/15. III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias; IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; É importante atentar à utilização da palavra preferencialmente do dispositivo, ou seja, a autocomposição não será feita exclusivamente por conciliadores ou mediadores judiciais. A realização de audiência de mediação e conciliação, portanto, poderá continuar a ser realizada pelo juiz. VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;

É possível que o juiz inverta a ordem de oitiva das testemunhas, por exemplo. Tal prerrogativa é reproduzida no art. 361, do CPC/15 5, também se utilizando da expressão preferencialmente. VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais; VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquirilas sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais; Os vícios passíveis de convalidação devem ser ponderados, não podendo ser convalidados vícios graves, tal como ocorria sob a égide do CPC/73. 5 Art. 361. As provas orais serão produzidas em audiência, ouvindo-se nesta ordem, preferencialmente: