CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA CONFEA REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA COORDENADORIA DE CÂMARAS ESPECIALIZADAS DE ENGENHARIA DE AGRIMENSURA - CCEEAGRI PROPOSTA Nº 024/2014 CCEEAGRI ASSUNTO : BRASILIA-DF, 26 A 28 DE NOVEMBRO DE 2014 PROPONENTE : CCEEAGRI DESTINATÁRIO : CEEP Conteúdo mínimo para atender a versão 3 das Normas do INCRA para o Georreferenciamento de Imóveis Rurais. CREA- Os Coordenadores das Câmaras Especializadas de Engenharia de Agrimensura dos Creas e Representantes de Plenário da modalidade agrimensura, reunidos em Brasília-DF, no período de 26 a 28 de novembro de 2014, aprovam proposta com o seguinte teor: a) Situação Existente: Inúmeros são os relatos de que concessões de extensão de atribuições de Georreferenciamento de Imóveis Rurais para profissionais de outras modalidades, fora da modalidade de Agrimensura, tem causado transtornos tanto para os profissionais da Agrimensura quanto para a sociedade. Esta situação foi causada pelo CONFEA que, por decisões plenárias, notadamente, a PL 2087/2004, decidiu aceitar em seu inciso I como requisitos básicos para concessão de extensão de atribuição para Georreferenciamento de Imóveis Rurais, os seguintes conteúdos formativos, totalizando um mínimo de 360 horas: a) Topografia aplicada ao Georreferenciamento; b) Cartografia; c) Sistemas de referência; d) Projeções cartográficas; e) Ajustamentos; f) Métodos e medidas de posicionamento geodésico. Além disso, ainda estabelece, em seu inciso IV, que os profissionais que não tenham cursado os conteúdos formativos, descritos no inciso I, poderão assumir a responsabilidade técnica dos serviços de determinação das coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais para efeito do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais CNIR, mediante solicitação à câmara especializada competente, comprovando sua experiência profissional específica na área, devidamente atestada por meio da Certidão de Acervo Técnico CAT; b) Propositura: CONTEÚDO MÍNIMO GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS Proposta de conteúdo mínimo de conhecimentos para um profissional executar atividades de Georreferenciamento de Imóveis Rurais, de acordo com a 3ª Edição das normas do INCRA. 1- CADASTRO E LEGISLAÇÃO TERRITORIAL - 60 h/a Direito de propriedade A propriedade no Código Civil; Direito Agrário: O Estatuto da Terra; Evolução da estrutura fundiária brasileira; Sistema Nacional de Cadastro Rural- SNCR; Os bens públicos: União, Estados e Municípios; Terrenos de Marinha; Lei dos registros públicos (Lei 6.015/73); Lei 10.267/2001 Sistema público de registro de terras e seu regulamento (Decreto 4.449/2002); Sistema Cartográfico Nacional Legislação sobre aerolevantamentos e 1
padronização (INDE); Introdução ao Cadastro Territorial - Sistemas Cadastrais (Fiscal, Legal e Multifinalitário); Sistemas de Informações Territoriais; O Cadastro Rural no Brasil: SNCR (Sistema Nacional de Cadastro Rural) e CNIR (Cadastro Nacional de Imóveis Rurais); Cartografia Cadastral: conteúdo, precisão, escala. A obrigatoriedade do Georreferenciamento de imóveis rurais foi estabelecida pela Lei nº 10.267/2001 com o objetivo de criar o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais - CNIR e eliminar as sobreposições entre os limites de propriedades rurais. O CNIR tem uma base comum de informações gerenciada conjuntamente pelo INCRA e pela Secretaria da Receita Federal, produzida e compartilhada por instituições públicas federais e estaduais, que são ambas produtoras e usuárias. Além disso, para se registrar um imóvel rural, tornou-se obrigatória a descrição do perímetro do mesmo a partir das coordenadas dos vértices definidores dos seus limites, referenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional determinada pelas normas estabelecidas pelo INCRA, que se encontra em sua 3ª Edição, dando subsídios à regularização fundiária. Portanto, torna-se de fundamental importância o conhecimento de conceitos de Cadastro e Legislação Territorial para o exercício dessas atividades. 2- CARTOGRAFIA 60 h/a Introdução à Cartografia. Definição de Cartografia e Classificação de Produtos Cartográficos. Superfícies e referenciais. Cartometria (Leitura de coordenadas geográficas e planas, mensuração de distâncias, ângulos e áreas). Projeções Cartográficas. Um sistema de projeção é formado por uma rede ordenada de meridianos e paralelos que se utiliza para traçar um mapa sobre uma superfície plana, deste modo, o desafio da Cartografia é a transferência de uma rede geográfica para uma superfície plana, com a maior exatidão possível e com as maiores vantagens possíveis para o fim a que se destinam. A confecção de uma carta ou mapa exige, antes de tudo, o estabelecimento de parâmetros para correlacionar cada ponto da superfície da Terra a um ponto da carta e vice-versa. 3- SISTEMAS DE REFERÊNCIA 90 h/a Superfícies de referência. Sistemas de referência (Elipsoidal, Geocêntrico, Topocêntrico, Sistema Geodésico Brasileiro). Sistemas de coordenadas cartesianas e esféricas tridimensionais. Referencial Celeste (definição e realizações). Referenciais Terrestre (definição e realizações). Precessão, Nutação e orientação da Terra no espaço. Transformação entre referencias terrestre e celeste e vice-versa. As realizações IERS do ITRS (ITRF 88 a atual). Realizações do IGS. Sistema de Tempo (Tempo Sideral e solar, tempo atômico, tempo GPS, tempo dinâmico (TD), TD Baricêntrico, TD Terrestre, TD Geocêntrico, Tempo Universal Coordenado (TUC), etc.). SIRGAS (definição e realização, campo de velocidade). WGS 84 e suas realizações. Com a aprovação da Lei nº 10.267/2001, que exige o georreferenciamento dos vértices limítrofes dos imóveis rurais, ficou evidenciada a importância do conhecimento dos Sistemas de Referência que, geralmente, são sistemas utilizados para descrever a posição de qualquer objeto. Quando é
necessário identificar a posição de uma determinada informação na superfície da Terra são utilizados os Sistemas de Referência Terrestres ou Geodésicos. Estes por sua vez, estão associados a uma superfície que mais se aproxima da forma da Terra, e sobre a qual são desenvolvidos todos os cálculos das suas coordenadas. 4- TOPOGRAFIA 120 h/a Introdução a Topografia. Escalas. Medida de distâncias. Medida de direções. Orientação. Posicionamento planimétrico (poligonação, irradiação, interseção angular e linear, triangulação, trilateração, triangulateração). Cálculo de áreas. Memorial descritivo. Desenho topográfico. Normas Técnicas relacionadas à Topografia. Projeto e execução de levantamentos topográficos associados aos levantamentos geodésicos, empregando processos aplicados às normas técnicas relacionadas à Topografia e ao Georreferenciamento. A Topografia fornece elementos para qualquer projeto ou obra, pelo fato de representar em meio físico ou digital, em obediência à escala de redução, o seu modelo, a sua forma, sua configuração incluindo as benfeitorias que estão em sua superfície, a identificação dos limites de propriedade, ou seja, todos os detalhes (perímetro, edificações, áreas de preservação, cursos d`água, vales, vegetação, etc.). Portanto, no desenvolvimento da disciplina de Topografia deve-se dar especial destaque aos conceitos e métodos, visto que os mesmos ao longo do tempo não se alteram e fornecem conhecimento, base para a resolução de problemas e elaboração de projetos. 5- FOTOGRAMETRIA E SENSORIAMENTO REMOTO 120 h/a Introdução (Sensoriamento Remoto e as áreas de aplicação em Cartografia). Princípios Físicos (energia eletromagnética, o espectro eletromagnético, grandezas radiométricas). Corpo Negro. Princípios básicos (Radiômetros, Espectrôrradiômetros e Imageadores de varredura). Níveis de aquisição de dados (introdução, nível de aeronave e nível orbital, resolução de imagens multiespectrais). Sistema Landsat. Imagens SPOT. Sistemas IKONOS, CBERS, QUICKBIRD. Princípios básicos do radar. Noções de colorimetria. Comportamento Espectral de Alvos. Representação de dados multiespectrais (imagens digitais). Métodos de extração de dados de imagens. Introdução à Fotogrametria. O espectro eletromagnético e a aquisição de imagens. Sensores de imageamento fotogramétrico. Recobrimento aerofotogramétrico. Elementos da geometria de uma foto vertical. Estereoscopia. Paralaxe estereoscópica. Modelo fotogramétrico. Orientação relativa e absoluta analítica. Extração de informações métricas com base no modelo fotogramétrico. Radar aerotransportado; Laser scanner aerotransportado. O uso das técnicas de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto está previsto no manual técnico de posicionamento do INCRA, dessa forma há a possibilidade de se realizar a identificação dos limites naturais e inacessíveis através da utilização de imagens de Sensoriamento Remoto, sendo estas obtidas a partir de sensores em nível orbital ou aerotransportados, obtendo assim de forma indireta, a extração de informações geométricas com exatidão e confiabilidade desde que devidamente avaliadas. Portanto, para o uso dessa técnica é fundamental conhecer os tipos imagens, os métodos de extração e análises estatísticas para validar o método. 6- AJUSTAMENTO DE OBSERVAÇÕES- 120 h/a
Observação e modelo matemático. Princípios e técnicas de propagação. Elipse e Elipsoide dos Erros. Introdução ao ajustamento pelo Método dos Mínimos Quadrados. Ajustamento de Observações Diretas pelos Mínimos Quadrados. Ajustamento de observações indiretas - Método Paramétrico (aplicações em interseção, triangulação, trilateração, poligonação, processos mistos e transformação de coordenadas). Ajustamento de Observações Condicionadas - Método dos correlatos (aplicações em interseção, triangulação, trilateração, poligonação, processos mistos e transformação de coordenadas). Método combinado (aplicações em interseção, triangulação, trilateração, poligonação, processos mistos e transformação de coordenadas). Injunções no método paramétrico e no método combinado. Introdução de novas observações (Introdução; introdução de novas observações no método paramétrico; introdução de novas observações no método combinado). Controle de qualidade do ajustamento na detecção e identificação de erros e adaptação. As determinações geodésicas se caracterizam pela necessidade de realizar observações superabundantes. Além disso, ocorre a viabilidade de usar diferentes tecnologias, como nas técnicas espaciais onde se coloca o sistema GNSS, laser, o VLBI, etc. O resultado final é alcançado a partir de um ajustamento através do Método dos Mínimos Quadrados (MMQ) com pesos adequados para cada uma das tecnologias. Neste sentido, o conhecimento do MMQ é essencial para processar os diferentes tipos de dados e obter um único resultado para os valores das incógnitas. 7- GEODÉSIA 120 h/a Introdução. Geometria do elipsoide. Observações geodésicas (direções, distâncias e desníveis). Coleta e reduções ao elipsoide (angulares e lineares). Normas de levantamento. Métodos de levantamentos geodésicos planimétricos (triangulação, trilateração, poligonação). Transporte e transformação de coordenadas (problemas direto e inverso, transformações de coordenadas e entre referenciais, cálculo de área pelo SGL). A Lei 10267/01 determina que as propriedades rurais devem estar georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro, significando que cada vértice limítrofe deve possuir uma posição definida por coordenadas, latitude e longitude, com seus respectivos valores de precisão. Para a obtenção dessas coordenadas utiliza-se de métodos clássicos como poligonação, triangulação, trilateração ou de técnicas modernas como o sistema GNSS; calculados considerando a curvatura terrestre e sobre uma figura geométrica que mais se assemelha ao formato da Terra. 8- POSICIONAMENTO POR SATÉLITE 120 h/a Posicionamento (conceitos, histórico dos métodos de posicionamento, introdução ao GPS, GLONASS, GALILEO, BEIDOU/COMPASS, etc.). Descrição dos Sistemas de Posicionamento por Satélite (GPS, GLONASS, GALILEO e BEIDOU/COMPASS, Segmento Espacial, Características dos Sinais, Mensagens de Navegação, Arquivos de Observação, Segmento de Controle, Segmento dos Usuários, Situação Atual da constelação GNSS). Observáveis GNSS (fase da onda portadora, pseudodistância). Introdução dos Sistemas de Referência (ITRF, WGS84, SIRGAS, Velocidades). Erros envolvidos no posicionamento GNSS (satélite, propagação do sinal, receptor/antena,
estação). Posicionamento por Satélite (Posicionamento por Ponto, Posicionamento por Ponto Preciso, Posicionamento Relativo (estático,estático rápido, semi-cinemático e cinemático), DGNSS). Sistemas de comunicação do posicionamento por satélite (NTRIP, Rádios, etc.). Integração de levantamentos por satélite e topográfico. Aplicação do Posicionamento por Satélite no Georreferenciamento O posicionamento por satélite é a técnica mais utilizada no georreferenciamento de imóveis rurais, por sua rapidez na execução em campo e pela precisão fornecida. Porém, ao executá-lo é necessário conhecer os diferentes métodos e processos a serem utilizados, bem como os erros envolvidos no posicionamento, de modo que atenda a precisão estabelecida nos valores das coordenadas dos vértices limítrofes e também para a determinação dos vértices de referência. GRADE CURRICULAR GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS 1- CADASTRO E LEGISLAÇÃO TERRITORIAL...60 h/a 2- CARTOGRAFIA...60 h/a 3- SISTEMAS DE REFERÊNCIA...90 h/a 4- TOPOGRAFIA...120 h/a 5- FOTOGRAMETRIA E SENSORIAMENTO REMOTO...120 h/a 6- AJUSTAMENTO DE OBSERVAÇÕES...120 h/a 7- GEODÉSIA...120 h/a 8- POSICIONAMENTO POR SATÉLITE...120 h/a TOTAL...810 h/a c) Cabe ressaltar que, além de ser insuficiente o conteúdo mínimo estabelecido pela PL 2087/2004, com a publicação da 3 a Edição das Normas para o Georreferenciamento de Imóveis Rurais pelo INCRA, ficou impossível aceitar profissionais com o referido conteúdo mínimo, necessitando urgentemente a revisão desses critérios. Além disso, é inaceitável o estabelecido pelo inciso IV, uma vez que, se um profissional necessita de comprovar experiência no referido tema, é porque ele não possui atribuição para o mesmo. Sendo assim, se esse profissional possui uma Certidão de Acervo Técnico - CAT é porque o mesmo se responsabilizou, por meio de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, por serviços que não fazem parte das suas atribuições profissionais, portanto cometendo ato de infração por exorbitância. Considerando a RESOLUÇÃO Nº 1.002/02 DO CONFEA, "Art. 9º No exercício da profissão são deveres do profissional: II - ante à profissão: d) desempenhar sua profissão ou função nos limites de suas atribuições e de sua capacidade pessoal de realização; Bem como, o "Art. 10. No exercício da profissão, são condutas vedadas ao profissional: II - ante à profissão: a) aceitar trabalho, contrato, emprego, função ou tarefa para os quais não tenha efetiva qualificação;" Diante do exposto e considerando que, mesmo com a suspensão da Resolução CONFEA 1010/2005, uma nova resolução deverá ser publicada em breve pelo CONFEA em substituição à referida Resolução 1010/2005, nota-se a necessidade urgente de se definir o conteúdo mínimo que realmente possa conferir aos interessados de outras modalidades, que não
a Agrimensura, a atribuição para executar serviços de Georreferenciamento de Imóveis Rurais para atender às exigências da 3a Edição das Normas do INCRA. Entende-se que, como esta é uma atribuição específica dos Engenheiros Agrimensores e Engenheiros Cartógrafos, a Câmara Nacional Agrimensura deverá estabelecer esses critérios, motivo pelo qual apresenta-se esta proposta, proveniente de estudos realizados por professores e profissionais da referida modalidade e discutida pelas Câmaras Especializadas em Engenharia de Agrimensura dos CREAs. d) Fundamentação Legal: Lei 5.194/66; Lei 10.267/01; Decisão Plenária Confea nº PL-2087/2004. e) Sugestão de Mecanismos de ação: Encaminhar a presente proposta ao Confea para conhecimento da indicação da CCEEAGRI e providências necessarias. Francisco de Sales Vieira de Carvalho Coordenador Nacional da CCEEAGRI