FISIOLOGIA DA MAMONEIRA, CULTIVAR BRS 149 NORDESTINA, NA FASE INICIAL DE CRESCIMENTO, SUBMETIDA A ESTRESSE HÍDRICO 1

Documentos relacionados
EFEITOS ISOLADOS E CONJUNTOS DA MAMONEIRA (Ricinus communis L.), EM FUNÇÃO DE NITROGÊNIO E TEMPERATURA NOTURNA EM AMBIENTES DIFERENTES

ALOCAÇÃO DE FITOMASSA NA MAMONEIRA (RICINUS COMMUNIS L) EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA E DA TEMPERATURA NOTURNA EM CÁMARA DE CRESCIMENTO

EFEITO DO HERBICIDA TRIFLOXYSULFURON SODIUM NA MAMONEIRA (RICINUS COMMUNIS L.) CULTIVAR BRS NORDESTINA

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE MAMONEIRA COM SEMENTES SUBMETIDAS AO ENVELHECIMENTO ACELERADO

SELETIVIDADE DO HERBICIDA TRIFLOXYSULFURON SODIUM NA MAMONEIRA (RICINUS COMMUNIS L.) CULTIVAR BRS NORDESTINA


COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO DE PLANTAS DE MAMONA CULTIVAR BRS ENERGIA SUBMETIDA A DIFERENTES ESPAÇAMENTOS E LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

CRESCIMENTO INICIAL DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus communis) EM DIFERENTES POPULAÇÕES

EFEITOS DE DIFERENTES QUANTIDADES DE ÁGUA DE IRRIGAÇÃO E DE DENSIDADES POPULACIONAIS NA CULTURA DA MAMONA

FONTES ORGÂNICAS DE NUTRIENTES E SEUS EFEITOS NO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA MAMONEIRA*

INFLUÊNCIA DO ESTÁDIO DE MATURAÇÃO DA SEMENTE E DA PROFUNDIDADE DE SEMEADURA II: CRESCIMENTO VEGETATIVO

COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE MAMONA SUBMETIDOS A DIFERENTES TEMPERATURAS NOTURNAS: CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO*

FISIOLOGIA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO SUBMETIDO À ADUBAÇÃO SILICATADA

AVALIAÇÃO DA FITOMASSA E COMPRIMENTO DAS RAÍZES DA MAMONEIRA BRS NORDESTINA INFLUENCIADOS PELA FERTILIZAÇÃO ORGÂNICA

EFEITOS DE DIFERENTES NÍVEIS DE ENCHARCAMENTO DO SOLO NO CRESCIMENTO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO - PARTE 2

PERÍODO CRÍTICO DE COMPETIÇÃO DAS PLANTAS DANINHAS NA BRS ENERGIA EM DUAS DENSIDADES DE PLANTIO

FITOMASSA DA MAMONEIRA (Ricinus cumunnis L.) CULTIVAR BRS ENERGIA ADUBADA ORGANICAMENTE

MODIFICAÇÕES NA BIOQUÍMICA DA PLANTA DA MAMONEIRA, CULTIVAR BRS 188 PARAGUAÇU, SUBMETIDA AO ESTRESSE HÍDRICO (DEFICIÊNCIA E EXCESSO) 1

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E TEOR DE ÓLEO DE SEMENTES DAS CULTIVARES: BRS NORDESTINA E BRS PARAGUAÇU SEPARADAS EM CLASSES PELA COR DO TEGUMENTO

PRODUÇÃO DE MUDA DE MAMONEIRA EM SUSTRATOS CONTENDO DIFERENTES RESÍDUOS ORGÂNICOS E FERTILIZANTE MINERAL

COMPETIÇÃO DE PLANTAS DANINHAS E ADUBAÇÃO NITROGENADA NO CRESCIMENTO INICIAL DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus communis)

ADUBAÇÃO DA MAMONEIRA DA CULTIVAR BRS ENERGIA.

EFEITOS DE DIFERENTES NÍVEIS DE ENCHARCAMENTO DO SOLO SOBRE O CRESCIMENTO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO - PARTE 1

AVALIAÇÃO DE LINHAGENS DE PORTE BAIXO DE MAMONA (Ricinus communis L.) EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA EM TRÊS MUNICÍPIOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

INFLUÊNCIA DO ESTÁDIO DE MATURAÇÃO DA SEMENTE E DA PROFUNDIDADE DE SEMEADURA III: FITOMASSA DA MAMONEIRA

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE PATOS-PB

ESTUDO DO PROCESSO DE MATURAÇÃO DA MAMONEIRA II: UMIDADE E FITOMASSA DOS FRUTOS E SEMENTES

ADUBAÇÃO NITROGENADA E QUALIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO E SEUS EFEITOS NA PRODUTIVIDADE E COMPONENTES DE PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO *

FISIOLOGIA E PRODUÇÃO DE FITOMASSA DA MAMONEIRA BRS ENERGIA SOB ADUBAÇÃO ORGANOMINERAL

MANEJO DE PLANTIO E ORDEM DO RACEMO NO TEOR DE ÓLEO E MASSA DE SEMENTES DA MAMONEIRA

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE CAMPINA GRANDE-PB

INFLUÊNCIA DE DIFERENTES ARRANJOS DE PLANTAS EM CULTIVARES DE ALGODÃO HERBÁCEO NA REGIÃO AGRESTE DO ESTADO DE ALAGOAS

EFEITO DA TORTA DE MAMONA SOBRE O CRESCIMENTO DA MAMONEIRA BRS 149 NORDESTINA.

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1573

ADIÇÃO DE TORTA DE ALGODÃO A COMPOSIÇÃO DE DIFERENTES SUBSTRATOS PARA A PRODUÇÃO DE MAMONEIRA

ESTRESSES HIPOXÍTICO E ANOXÍTICO EM PLANTAS DE MAMONEIRA

DESBASTE CONTROLADO DOS RAMOS LATERAIS E POPULAÇÃO DE PLANTAS NA CULTURA DA MAMONEIRA

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS CONTROLADAS

RESPOSTA FOTOSSINTÉTICA DE PLANTAS DE MILHO SAFRINHA EM DIFERENTES ESTÁDIOS E HORÁRIOS DE AVALIAÇÃO

TAXAS DE CRESCIMENTO EM DIÂMETRO CAULINAR DA MAMONEIRA SUBMETIDA AO ESTRESSE HÍDRICO-SALINO(*)

Emergência da plântula e germinação de semente de mamona plantada em diferentes posições

INFLUÊNCIA DE DOSES E TIPOS DE ADUBOS NO DESENVOLVIMENTO DA MAMONEIRA BRS NORDESTINA

COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA EM TERESINA PIAUÍ EM MONOCULTIVO E CONSORCIADOS COM FEIJÃO-CAUPI*

AVALIAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO MANUAL PARA A SEMEADURA DA MAMONEIRA.

ARRANJO DE PLANTAS NO RENDIMENTO DA MAMONEIRA

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1047

DESEMPENHO VEGETATIVO DE CULTIVARES DE MAMONA EM REGIME DE SEQUEIRO NO MUNICÍPIO DE ANGICAL BA

APLICAÇÕES HIPERPRECOCES DE CLORETO DE MEPIQUAT NO ALGODOEIRO HERBÁCEO, CULTIVAR BRS 187 8H, EM CONDIÇÕES DE CASA DE VEGETAÇÃO. IV

MÉTODO PRÁTICO DE DETERMINAÇÃO DA ÁREA FOLIAR DO ALGODOEIRO NO CAMPO

POPULAÇÃO DE PLANTAS NO CONSÓRCIO MAMONEIRA / CAUPI.


COMPORTAMENTO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE MAMONEIRA IRRIGADOS POR GOTEJAMENTO EM PETROLINA-PE

POPULAÇÃO DE PLANTAS NO CONSÓRCIO MAMONEIRA / MILHO.

VARIAÇÃO NO PERCENTUAL DE TEGUMENTO EM RELAÇÃO AO PESO DA SEMENTE DE DEZ GENÓTIPOS DE MAMONEIRA

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA CV. BRS 149 NORDESTINA ATRAVÉS DA PODA EM DIFERENTES DENSIDADES POPULACIONAIS

COMPORTAMENTO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE MAMONEIRA IRRIGADOS POR GOTEJAMENTO EM JUAZEIRO-BA

SISTEMA DE PLANTIO E PRODUTIVIDADE DA MAMONEIRA CULTIVADA EM ÁREA DE SEQUEIRO NO MUNICÍPIO DE CASA NOVA-BA

ALTERAÇÕES NA FISIOLOGIA E NA BIOQUÍMICA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO COLORIDO MARROM E DE RAMOS CURTOS SUBMETIDOS AO ESTRESSE HÍDRICO

ESTUDO DO PROCESSO DE MATURAÇÃO DA MAMONEIRA I: LANÇAMENTO DA INFLORESCÊNCIA

UTILIZAÇÃO DE CASCA, TORTA DE MAMONA E FOSFATO NATURAL NA FERTILIZAÇÃO DE PLANTAS DE MAMONEIRA. Souza Carvalho Júnior

QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO, CULTIVARES BRS VERDE E CNPA 7H, ARMAZENADAS EM CÂMARA SECA

EFEITO DO CLORETO DE MEPIQUAT NO CRESCIMENTO E NA PRODUÇAO DO ALGODOEIRO cv. RUBI

CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) EM FUNÇÃO DE NÍVEIS DE ÁGUA E ADUBAÇÃO NITROGENADA

Revista de Biologia e Ciências da Terra ISSN: Universidade Estadual da Paraíba Brasil

Comunicado Técnico 140

CRESCIMENTO DE PLANTAS DE MAMONEIRA EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO ORGANOMINERAL

TOLERÂNCIA DA CULTURA DO PINHÃO MANSO AO ENCHARCAMENTO DO SOLO

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 2101

CONTRIBUIÇÕES DA MAMONEIRA NA MITIGAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

MACRONUTRIENTES NA FOLHA DA MAMONEIRA EM SOLO COM DIFERENTES DENSIDADES GLOBAL E ADUBADO COM TORTA DE MAMONA*

TESTES PARA AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE ALGODÃO ARMAZENADAS EM CONDIÇÕES AMBIENTAIS

TAXAS DE CRESCIMENTO EM ALTURA DA MAMONEIRA SUBMETIDA AO ESTRESSE HÍDRICO- SALINO(*)

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 715

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES E BIOMETRIA DE PLÂNTULAS DE MAMONA

TEOR DE ÓLEO E RENDIMENTO DE MAMONA BRS NORDESTINA EM SISTEMA DE OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO

TEOR DE CINZAS E MATÉRIA ORGÂNICA DA TORTA DE MAMONA EM FUNÇÃO DO ARMAZENAMENTO EM DIFERENTES EMBALAGENS*

CULTIVO DE MAMONA EM SEQUEIRO EM SOLO ALUVIAL DO SEMI-ÁRIDO 1

AGRONOMIC TRAITS OF BRS 201 HERBACEOUS COTTON IN DIFFERENT PLANT ARRANGEMENTS, WITH AND WITHOUT PLANT GROWTH REGULATOR

CRESCIMENTO DA MAMONEIRA EM ALTURA E DIÂMETRO CAULINAR IRRIGADA COM ESGOTO DOMÉSTICO SOB DIFERENTES NÍVEIS DE REPOSIÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO *

AJUSTE E AVALIAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO DE ACIONAMENTO MANUAL PARA DESCASCAMENTO DOS FRUTOS DE MAMONEIRA DA CULTIVAR BRS ENERGIA

ATIVIDADE DE ÁGUA PARA CONSERVAÇÃO DAS SEMENTES DE MAMONA. Embrapa CNPA,

ADENSAMENTO DE MAMONEIRA EM CONDIÇÕES DE SEQUEIRO EM MISSÃO VELHA, CE

ARRANJO DE PLANTAS PARA LINHAGENS E CULTIVAR DE ALGODOEIRO NO ESTADO DE GOIÁS

Instituto de Ensino Tecnológico, Centec.

CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO EM FUNÇÃO DE DIFERENTES MÉTODOS DE CONTROLE DE ERVAS DANINHAS E DO PREPARO DO SOLO

TOLERÂNCIA À SECA EM GENÓTIPOS DE MAMONA*

ENSAIO REGIONAL DE LINHAGENS E CULTIVARES DE ALGODÃO HERBÁCEO DO NORDESTE

DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DA MAMONEIRA EM FUNÇÃO DA SALINIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO 1 INTRODUÇÃO

INFLUÊNCIA DO ESTÁDIO DE MATURAÇÃO DA SEMENTE E DA PROFUNDIDADE DE SEMEIO I: EMERGÊNCIA DAS PLÂNTULAS E ÁREA FOLIAR DOS COTILÉDONES

CRESCIMENTO INICIAL DA MAMONEIRA EM FUNÇÃO DA DENSIDADE DE PLANTAS DE Brachiaria decumbens*

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1224

POPULAÇÃO DE PLANTAS, USO DE EFICIÊNCIA DA TERRA E ÍNDICE DE COMPETITIVIDADE DO CONSÓRCIO MAMONEIRA / SORGO

INFLUÊNCIA DAS EMBALAGENS NA COMPOSIÇÃO DE NPK DA TORTA DE MAMONA ARMAZENADA*

SINTOMAS DO HERBICIDA PENDIMETALINA SOBRE A MAMONEIRA

Documentos ISSN Setembro,

HERBICIDA DIURON APLICADO EM PRÉ-EMERGÊNCIA E SOBRE AS FOLHAS DA MAMONEIRA. Embrapa Algodão,

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA SOB DIFERENTES DENSIDADE DE PLANTAS NO TOCANTINS UNITINS-AGRO

COMPORTAMENTO DO CRESCIMENTO E DO DESENVOLVIMENTO FOLIAR DE QUATRO GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO SUBMETIDOS A DIFERENTES NÍVEIS DE RESTRIÇÃO HÍDRICA

Transcrição:

659 FISIOLOGIA DA MAMONEIRA, CULTIVAR BRS 149 NORDESTINA, NA FASE INICIAL DE CRESCIMENTO, SUBMETIDA A ESTRESSE HÍDRICO 1 NAPOLEÃO ESBERARD DE MACÊDO BELTRÃO 2, JOSÉ GOMES DE SOUZA 3, JOSÉ WELLINGTON DOS SANTOS 3, JEANE FERREIRA JERÔNIMO 4, FABIANA XAVIER COSTA 5, AMANDA MICHELINE AMADOR DE LUCENA 5 e UILMA CARDOSO DE QUEIROZ 5 RESUMO: Um experimento em condições de casa-de-vegetação foi conduzido em Campina Grande, PB, com o objetivo de verificar os efeitos do estresse hídrico (natureza do estressor e sua duração) na fisiologia da mamoneira, cultivar BRS 149 Nordestina, na sua fase juvenil. Testaram-se sete tratamentos em delineamento de blocos ao acaso com cinco repetições e esquema fatorial 2 x 3+ 1, cujos fatores foram duas condições do estresse hídrico, deficiência e excesso de água e três períodos de duração do estresse, 2, 4 e 6 dias, mais uma testemunha sem estresse. Verificouse que o estresse hídrico alterou significativamente a área foliar, em especial o excesso, que a reduziu em mais de 26% quando comparado com a testemunha. A fotossíntese foi reduzida quando se induziu o estresse hídrico, em especial por anoxia, sendo que a redução foi linear com o incremento do tempo de exposição do estresse. A respiração oxidativa mitocondrial foi alterada menos do que a fotossíntese, pelo estresse hídrico considerando-se os fatores estudados, e a fase inicial das plantas da mamoneira. Termos para indexação: fotossíntese, respiração mitocondrial, anoxia, deficiência hídrica, área foliar, Ricinus communis L. CASTOR BEAN PHYSIOLOGY, CULTIVATE BRS 149 NORDESTINA, IN THE GROWTH SUBMITTED TO WATER STRESS INITIAL PHASE OF ABSTRATC: An experiment in green house conditions was driven in Campina Grande, PB, aiming at to verify the effects of the water stress (nature of the estressor and his duration) in the physiology of the castor been, to cultivate BRS 149 Nordestina, in her jovial phase. Seven treatments were tested in blocks at random with five repetitions and outline of factorial 2 x 3+ 1, being the factors two conditions of the water stress, deficiency and excess of water, and three periods of duration of the stress, 2, 4 and 6 days, one more witness without stress. It was verified that the water stress altered significantly the foliar area, especially the excess, that reduced the same in more than 26% when compared with the witness. The photosynthesis was reduced when the water stress was induced, especially for anoxia, and the reduction was lineal with the increment of the time of exhibition of the stress. The oxidative respiration was affected by treatments. Index terms: photosynthesis, mitocondrial respiration, anoxia, water stress, leaf area, Ricinus communis L. 1 Aceito para publicação em 02 de Dezembro de 2002. 2 Eng. Agr. D.Sc. Embrapa Algodão, CP 174, CEP: 58107-720, Campina Grande, PB, e-mail: nbaltrao@cnpa.embrapa.br 3 Eng. Agr. M.Sc. Embrapa Algodão. 4 Estagiária do Setor de Estatística da Embrapa Algodão. 5 Estudante de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da UFCG e estagiária da Embrapa Algodão. INTRODUÇÃO A mamoneira é uma planta de morfologia e fisiologia complexas, de crescimento dicotômico, polimórfica, e de metabolismo fotossintético C3, ineficiente, com elevada taxa de

660 N.E. de M. BELTRÃO, et al. fotorrespiração, apesar de se tratar de uma espécie que gosta de sol( heliófila ) e que apresenta 12 estádios de desenvolvimento (MAZZANIi, 1983, WEISS, 1983, MOSHKIN, 1986 e BELTRÃO et al. 2001). É um fitossistema de elevado nível de organização morfológico, com forte e penetrante sistema radicular, atingindo profundidades superiores a três metros, podendo chegar a até seis metros (POPOVA e MOSHKIN, 1986) e considerada como sendo uma planta de elevada resistência a seca, e xerófila (AMORIM NETO et al., 2001), porém sensível ao excesso de umidade por períodos prolongados, segundo Hemerly (1981), em especial na fase inicial e na fase de frutificação (SILVA, 1981). Na verdade, há poucas ou quase nenhuma informação sobre o estresse hídrico, por deficiência ou excesso na planta da mamoneira, em particular nas fases iniciais, considerando-se o balanço de dióxido de carbono e a dimensão do aparelho assimilatório, domínio da área foliar. Desta forma objetivou-se, com este trabalho, verificar e quantificar os efeitos do estresse hídrico por deficiência e por excesso na mamoneira, cultivar BRS 149 Nordestina, na sua fase inicial de quatro a seis folhas, 50 dias da emergência das plântulas em condições de casa-de-vegetação, nas variáveis fotossíntese líquida, respiração oxidativa e área foliar. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em condições de casa-de-vegetação pertencente à Embrapa Algodão, localizada em Campina Grande, Paraíba, no ano de 2001. Utilizou-se a cultivar de mamona (Ricinus communis L.) BRS 149 Nordestina, que tem porte médio, ciclo de 235 dias, sementes grandes (média de 68g/100 sementes), frutos semi-indeiscentes e de boa produtividade, acima de 1200 kg/ha de bagas em condições de sequeiro no Nordeste brasileiro (EMBRAPA, 1999). Testaram- se sete tratamentos delineados em blocos ao acaso com quatro repetições, com esquema fatorial 2 x 3 + 1, sendo os fatores: natureza do agente estressor, hídrico, deficiência e excesso, e tempo de duração do estresse (dois, quatro e seis dias), mais uma testemunha absoluta, sem estresse hídrico. O experimento foi estabelecido no dia 19 de junho de 2001, e as avaliações das variáveis (fotossíntese líquida, respiração oxidativa mitocondrial e área foliar por planta) foram tomadas aos 50 dias da emergência das plântulas. A área foliar foi estimada via método de Wendt (1967), com a fórmula log Y = - 0, 346 + 2, 152 log X, sendo Y a área foliar e X o comprimento da folha. A fotossíntese líquida foi estimada com o auxilio de uma sonda de oxigênio, através da metodologia descrita por Walker (1987) com uso de um analisador de oxigênio, bem como a respiração oxidativa, estimada também nas folhas, em discos foliares (retirados da terceira folha a partir do ápice da planta). Nas Figuras 1 e 2 podem ser vistos FIG. 1. Detalhe do disco foliar e equipamento para medição da fotossíntese e da respiração oxidativa. FIG. 2. Vista geral da sonda de oxigênio para medição da fotossíntese e da respiração celular.

FISIOLOGIA DA MAMONEIRA, CULTIVAR BRS 149 NORDESTINA, NA 661 detalhes dos discos foliares e do equipamento usado na determinação da fotossíntese e da respiração. Os dados das variáveis computadas foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade (fator qualitativo) e análise de regressão para o fator quantitativo, de acordo com Gomes (1985). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentados os resumos das análises de variância dos dados das variáveis estudadas, área foliar, fotossíntese líquida e respiração oxidativa mitocondrial, denotando-se efeitos significativos a nível de 1% de teste F para as três variáveis, considerando-se o fator período do estresse e para área foliar e fotossíntese liquida para o fator natureza ou tipo do estresse. A interação entre os dois fatores estudados não foi significativa para as três variáveis, denotando-se independência entre os fatores. Constatou-se ainda, que o efeito médio do experimento (fator ial), diferiu significativamente da testemunha, como pode ser visto na Tabela 1 considerando o contraste fatorial vs testemunha para todas as variáveis estudadas. Na Tabela 2 podem ser verificadas as médias dos tratamentos considerando as variáveis estudadas para cada fator e o contraste entre o fatorial e a testemunha. Para a área foliar o estresse por excesso de água, que leva à hipoxia ou anoxia (LARCHER, 2000) foi bem mais danoso que o estresse por deficiência hídrica, com redução de mais de 25%; fato semelhante ocorreu quando se comparou a testemunha com o efeito médio do fatorial, com redução de 26% na área foliar, independente do tipo do estresse hídrico.na Figura 3 pode ser observada a relação entre o tempo de duração do estresse, independente da natureza do estressor, e a área foliar, com efeito linear e com elevado coeficiente de determinação, baixa alienação.com a redução da área foliar, a produção de assimilados é reduzida e pode ser refletido na capacidade produtiva da planta, caso o estresse leve a um strain plástico, como afirma Levitt (1972). Quanto a fotossíntese líquida verificou-se que o estresse hídrico reduziu bastante esta reação, considerada a principal da natureza e geradora de todas as sustâncias orgânicas. Constata-se na Tabela 2 que a redução da assimilação clorofiliana foi maior quando se permitiu o estresse por excesso de água, causando hipoxia que conduz a planta a profundas alterações no TABELA 1. Resumos das análises de variância dos dados das variáveis área foliar por planta (cm 2 ) aos 50 dias da emergência das plântulas, taxa fotossintética líquida foliar (µ.moles 0 2. m -2. s -1 ) e taxa respiratória foliar (µ.moles 0 2. m -2. s -1 ) ambas aos 50 dias da emergência das plântulas e na 3 a folha a partir do ápice da mamoneira, BRS 149 Nordestina. Campina Grande, PB. 2001. Fontes de V ariação G L Q ua drado M é dio Á re a folia r Fotossínte se R espiraç ão P eríodos de tem po (PT ) 2 40959126,43* 100,01 ** 1,58** T ipos de estresse (TE) 1 5 30 138 13,3 3* 61,17 ** 0,2 4 ns P T x TE 2 7 853 80,0 3 n s 8,02 ns 0,1 7 ns Fatorial vs testem unha 1 43942418,30* * 330,23 ** 0,70* B locos 3 9 784 98,0 7 n s 7,15 ns 1,1 6** Erro 1 8 29 489 60,7 4 3,21 0,1 1 Coeficiente de V ariação C.V.) 18,05 15,38 12,23 ns: Não significativo pelo teste F a 5% de probabilidade. *: Significativo pelo teste F a 5% de probabilidade. **: Significativo pelo teste F a 1% de probabilidade.

662 N.E. de M. BELTRÃO, et al. TABELA 2. Médias dos tratamentos das variáveis área foliar por planta (cm 2 ) aos 50 dias da emergência das plântulas, taxa fotossintética líquida foliar (µ.moles 0 2. m -2. s -1 ) e taxa respiratória oxidativa foliar (µ.moles 0 2. m -2. s -1 ) ambas aos 50 dias da emergência das plântulas e na 3 a folha a partir do ápice, em função dos fatores tipo de estresse hídrico no solo (deficiência e excesso) e duração do estresse na mamoneira, cultivar BRS 149-Nordestina. Campina Grande, PB. 2001. Fa tores P e ríodo s do estresse V a riáveis Á rea fo liar Fo tos sín tese R espiraçã o 2 1 1 3 0 6,7 1 3,1 1 2,9 8 4 8 4 5 7,4 1 1,1 5 2,8 1 6 7 3 9 2,3 6,9 2 2,2 3 T ipo de e stresse h ídric o n o s olo D efic iên cia 1 0 3 8 1,47 a 1 1,8 2 a 2,7 7 a E xc esso 7 7 2 2,8 0 ab 8,9 6 a b 2,5 4 a T este m unh a 1 2 2 5 4,20 a 1 9,1 7 a 3,0 8 a Fa torial 9 0 5 2,1 3 ab 1 0,3 9 a b 2,6 8 ab Em cada coluna para o fator tipo de estresse e a testemunha vs fatorial, médias seguidas de mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para o fator período de estresse, dados quantitativos, análise de regressão e coeficiente de determinação. Área foliar (cm 2 ) 15000 10000 5000 Y = 12966,53-978x r 2 = 92,00 0 0 2 4 6 8 Período de estresse hídrico (dias) Fotossíntese ( moles O 2.m -2.s -1 ) 1 5 1 0 5 0 Y = 16,58-1,5x r 2 =95,70 0 2 4 6 8 Período de estresse hídrico (dias) FIG. 3. Relacionamento entre a área foliar e o tempo de duração do estresse hídrico. Campina Grande, PB. 2001. FIG. 4. Relacionamento entre a taxa fotossíntese e a duração do estresse hídrico. Campina Grande, PB. 2001. seu metabolismo ( LARCHER, 2000), independente da duração do estresse. O estresse hídrico por deficiência também alterou, para menos, a fotossíntese líquida (Tabela 2), fato também verificado por diversos autores em outras culturas como gergelim e algodão herbáceo (SOUZA et al. 1997, SOUZA et al. 2000 e BELTRÃO et al., 2000). Na Figura 4 pode-se observar o relacionamento entre o tempo de duração do estresse hídrico e a taxa fotossintética líquida medida pela evolução do oxigênio, sendo de natureza linear, com baixa alienação e boa determinação, independente da natureza do agente estressor. Este fato evidencia que, mesmo sendo resistente ao estresse hídrico, a mamoneira é na sua fase inicial, muito sensível as alterações do status de umidade e oxigênio no solo, podendo ter a sua produção de assimilados comprometida e dependendo da duração do estresse, de uma maneira plástica. No tocante a respiração oxidativa ou mitocondrial, verifica-se, na Tabela 2 que ela não foi tão sensível quanto à fotossíntese líquida ao estresse hídrico, tanto por falta como por excesso de umidade, porém a tendência foi cair com o aumento da duração do estresse, independente da natureza do agente estressor, pois não houve interação significativa entre os fatores estudados (Tabela 1). Na Figura 5 podese observar o relacionamento entre a duração

FISIOLOGIA DA MAMONEIRA, CULTIVAR BRS 149 NORDESTINA, NA 663 Respiração ( moles O 2.m -2.s -1 ) 4 3 2 1 0 Y = 3,43-0,19x r 2 = 90,85 0 2 4 6 8 Período de estresse hídrico (dias) FIG. 5. Relacionamento entre a taxa respiratória oxidativa e a duração do estresse hídrico. Campina Grande, PB, 2001. do estresse hídrico e a taxa respiratória das folhas da mamoneira, evidenciando-se o que foi relatado anteriormente. De maneira global, podese dizer que estresses hídricos, em especial por excesso no início da vida das plantas da mamoneira podem reduzir o crescimento das plantas por diminuírem a área foliar e a fotossíntese líquida, com redução também da respiração oxidativa mitocondrial. CONCLUSÕES 1. A mamoneira (Ricinus communis L.), cultivar BRS 149 Nordestina é muito sensível ao estresse hídrico na sua fase inicial do desenvolvimento e do crescimento, com quatro a cinco folhas, em especial se o estresse for mais demorado, como por exemplo de seis dias; 2. A área foliar por planta foi bastante reduzida pelo estresse hídrico em resposta ao estresse hídrico, principalmente pelo excesso, devido a hipoxia; 3. A fotossíntese líquida ou aparente foi reduzida linearmente com a duração do estresse hídrico, independente se por excesso ou deficiência de água no ambiente edáfico; 4. A fotossíntese líquida da mamoneira, cultivar BRS 149 Nordestina, foi mais reduzida com o excesso de água no meio edáfico do que quando se permitiu o estresse hídrico por deficiência de água no solo; 5. Na cultivar de mamona BRS 149 Nordestina, na sua fase inicial, com as plantas com quatro a cinco folhas, a respiração oxidadtiva mitocondrial foi reduzida, porém não tanto como a fotossíntese, quando se permitiu o estresse hídrico, por deficiência ou excesso, independente da duração do estresse. REFERÊNCIAS AMORIM NETO, M. da S.; ARAÚJO, A.E. de; BELTRÃO, N.E. de M. Clima e solo. In: AZEVEDO, D.M.P. de; LIMA, E.F. (eds. tec.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. p. 37-61. BELTRÃO, N.E. de M.; SILVA, L. C.; VASCONCELOS, O.L.; AZEVEDO, D.M.P. de; VIEIRA, D.J. Fitologia. In: AZEVEDO, D.M.P. de; LIMA, E.F. (eds. tec.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. p. 37-61. BELTRÃO, N.E. de M.; SOUZA, J.G. de; SANTOS, J.W. dos. Consequências da anoxia temporária radicular no metabolismo do gergelim. Revista de Oleaginosas e Fibrosas, v. 4, n. 3, p. 153-161, ago-dez. 2000. EMBRAPA ALGODÃO (Campina Grande, PB ). BRS 149 Nordestina: nova cultivar de mamona para o Nordeste brasileiro. 1999. (Folder). GOMES, F.P. Curso de estatística experimental. 11ed. Piracicaba: Nobel, 1985. 466p. HEMERLY, F.X. Mamona: comportamento e tendências no Brasil. Brasília, Embrapa-DID, 1981. 69p. (EMBRAPA-DTC. Documentos, 2). LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: Rima Artes e Textos, 2000. p. 341-478. LEVITT, J. Responses of plants to enviromental stresses. New York:. Academic Press, 1972. p. 531-534.

664 N.E. de M. BELTRÃO, et al. MAZZANI, B. Euforbiáceas oleaginosas: tártago. In: MAZZANI, B. Cultivo y mejoriamento de plantas oleaginosas. Caracas, Venezuela: Fondo Nacional de Investigaciones Agropecuarias, 1983. p. 277-360. MOSHKIN, V.A. Ecology. In: MOSHKIN, V.A. (ed.). Castor. New Delhi: Amerind. 1986. p. 54-64. POPOVA, G.M.; MOSHKIN, V.A. Botanical classification. In: MOSHKIN, V.A. (ed.). Castor. New Delhi: Amerind, 1986. p. 11-27. SILVA, W.J. da. Aptidões climáticas para as culturas do girassol, mamona e amendoim. Informe Agropecuário, v. 7 n. 82, p. 24-33, aut. 1981. SOUZA, J.G. de; BELTRÃO, N.E. de M.; SANTOS, J.W. dos. Influência da saturação hídrica do solo na fisiologia do algodão em casade-vegetação. Revista de Oleaginosas e Fibrosas, v.1. n. 1, p.63-71, dez, 1997. SOUZA, J.G. de; BELTRÃO, N.E. de M.; SANTOS, J.W. Fisiologia e produtividade do gergelim em solo com deficiência hídrica. Revista de Oleaginosas e Fibrosas, v.4, n.3, p. 163-168, ago-dez. 2000. WALKER, D. The use of the oxygen electrode and fluorescence probes in simple measurements of photynthesis. Chichester: Oxygraphics,1987. 145 p. WEISS, E.A. Castor. In: WEISS, E.A. Oilseed crops. London: Longman, 1983, p. 31-99. WENDT, C.W. Use of a relationship between leaf length and leaf area of cotton (Gossypium hirsutum L.), castor (Ricinus communis L.), and Sorghum (Sorghum vulgare L.). Agronomy Journal, v.59, p. 485-487, 1967.