Adimplemento e Extinção das Obrigações 1. Do pagamento O pagamento é o cumprimento dado a uma obrigação, em dinheiro ou coisa. Entre as obrigações referentes ao pagamento, vários pontos devem ser citados e lembrados para ser usados, caso haja necessidade durante seu trabalho. 1.1. De quem deve Pagar Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição do mesmo. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando esse for feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la. 1.2. Daqueles a quem se deve Pagar O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo (suposto como legítimo) é válido, ainda provado depois que não era credor. Não tem validade o pagamento, cientemente, feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu. 1.3. Do Objeto do Pagamento e Sua Prova O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor dessa e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial. O devedor que paga tem direito a quitação regular e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada. A quitação designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou
quem por esse pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. Quando o pagamento ocorrer em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução. 1.4. Do Lugar do Pagamento (art. 327 do CC) Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles. Dívida quérable - que deve ser reclamada, paga no domicílio do devedor. Dívida portable ou portável, que deve ser paga no domicílio do credor. Regra geral - Sendo o contrato omisso prevalecerá o domicílio do devedor como lugar do pagamento. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel ou em prestações relativas a imóvel, far-seá no lugar onde situado o bem. Ocorrendo motivo grave para que não se efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor, relativamente ao previsto no contrato. 1.5. Do Tempo do Pagamento Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que o devedor teve ciência desse. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou definido no Código Civil, nos seguintes casos: desde que no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; se os bens hipotecados ou empenhados forem penhorados em execução por outro credor; se cessarem ou se passarem a ser insuficientes as garantias do débito e o devedor se negar a reforçá-las. 2. Pagamento em Consignação (art. 334) A palavra consignar tem diversos sentidos. Dentre eles, consignar significa registro por escrito; assinalar, fazer notar; benzer-se com o sinal da cruz.; confiar algo aos cuidados de outrem; entregar mercadoria em depósito; entregar algo ao controle de outrem. Consignação é o ato ou efeito de consignar em qualquer um dos sentidos.
Na área jurídica, Consignação significa a entrega ou depósito judicial ou extrajudicial, em mãos de um terceiro, ou em estabelecimento, ou caixa pública, que o devedor faz da quantia em dinheiro ou da coisa que constitui o objeto da obrigação, seja porque o credor se recusa a receber, seja por outros motivos determinados em lei. Pode o devedor efetuar o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, sendo o ato considerado pagamento, extinguindo-se a obrigação. O pagamento pode ser feito em consignação nos seguintes casos: se o credor não puder ou recusar, sem justa causa, receber o pagamento dar quitação na devida forma; se o credor não for ou não mandar receber a coisa no lugar, no tempo e condição devidos; se o credor for incapaz de receber; for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; se pender litígio sobre o objeto do pagamento. Para que a consignação tenha força de pagamento é imprescindível a observância dos requisitos do pagamento, ou seja, feita observando a identidade do credor, a prestação deve ser integral e efetuada na época acordada, ou se feita com atraso, acompanhada dos encargos da mora. Por fim, deve ocorrer no lugar estipulado para o pagamento. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito. 3. Do Pagamento com Sub-Rogação Sub-rogar tem o significado de trocar, substituir, colocar uma coisa ou pessoa no lugar de outra. A sub-rogação deve ser declarada expressamente no contrato, não se presumindo. Ocorre quando o credor recebe o pagamento de terceiro e lhe transfere todos os seus direitos. Ela transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores. Ela pode ser pessoal ou real. Na sub-rogação pessoal, a dívida é paga por um co-devedor ou terceiro interessado. Na sub-rogação real, substitui-se a coisa devida. A sub-rogação também pode ser legal ou convencional. A sub-rogação legal resulta de uma definição jurídica e se manifesta nos casos em que o credor paga a dívida do devedor comum; em que terceiro efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel, em que terceiro interessado paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. A sub-rogação convencional decorre de estipulação de vontades entre o credor e terceiro ou entre o devedor e terceiro.
4. Da imputação do Pagamento Imputar o pagamento significa indicar o que se está pagando. Ocorre quando a pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, indica a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos. São requisitos a dualidade ou pluralidade de dívidas, a identidade do credor e devedor, débitos de natureza igual e suficiência de pagamento para qualquer das dívidas. ACRESCENTAR Se não houver imputação no momento da quitação, essa se fará primeiro das dívidas líquidas e vencidas. E se todas forem líquidas e vencidas ao mesmo tempo, far-seá da mais onerosa. 5. Da dação em Pagamento Dação em pagamento é o ato de pagar com algum bem uma dívida em dinheiro. É a entrega pelo mutuário de imóvel hipotecado ao agente financeiro, ou de devedor a credor, correspondente ao que deveria ser pago em moeda. O credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa. Mas, o credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida. A coisa dada em pagamento, mesmo que diversa do estipulado, pode extinguir a obrigação desde que o credor concorde com a substituição. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda. Se for título de crédito, a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros. Credor evicto é aquele que perdeu um bem, em conseqüência de reivindicação feita pelo verdadeiro dono. 6. Da Novação Novação é a renovação de contrato ou obrigação judicial. É a substituição de uma obrigação por outra. É a extinção de uma dívida anterior por uma nova que é criada. A novação ocorre pela substituição do sujeito ativo ou do sujeito passivo ou do objeto da obrigação, surgindo uma nova relação jurídica, que extingue e substitui a anterior. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento desse. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor que o aceitou o direito de ação regressiva contra o primeiro, salvo se ele obteve por má-fé a substituição.
A novação extingue os acessórios e garantias da dívida sempre que não houver estipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que não foi parte na novação. Anticrese é um tipo de contrato em que o devedor entrega um imóvel, transferindo-lhe o direito de auferir os frutos e rendimentos para compensar uma dívida. É uma consignação de rendimento. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consentimento com o devedor principal. Não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas, exceto as obrigações simplesmente anuláveis. 7. Da Compensação Compensar significa estabelecer ou restabelecer o equilíbrio; conter algo opondo-lhe efeitos contrários; contrabalançar um mal, um prejuízo. Compensação é o ato de compensar. Juridicamente, a compensação é uma modalidade de extinção de obrigação recíproca. Se duas pessoas forem, ao mesmo tempo, credores e devedores uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto se provier de esbulho, furto ou roubo, se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos, ou se uma for de coisa não suscetível de penhora. As partes podem, de comum acordo, estipular a exclusão da compensação, ou, ainda, no caso de renúncia prévia de uma delas. 8. Da Confusão Em determinados negócios pode ocorrer o fato de uma mesma pessoa ser identificada como credor e como devedor. A esse fato, dá-se o nome de confusão. Ex. Quando o proprietário de um bem dominante passa a deter a propriedade de um bem financiado pelo primeiro. Se na mesma pessoa as qualidades de credor e devedor forem confundidas, a obrigação será extinta. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela. Cessando a confusão logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior. 9. Da Remissão das Dívidas Remissão é o ato de remir, perdoar, relaxar, pôr a caminho de novo. Juridicamente, remissão é o ato pelo qual o credor dispensa graciosamente o devedor de pagar a dívida. É um ato de liberalidade do credor, e bilateral, pois depende da concordância do devedor. A remissão pode ser total ou parcial, e pode produzir os mesmos efeitos que a transação. A remissão da dívida extingue a obrigação, mas não pode prejudicar terceiro.