Calagem e gessagem na cultura dos citros. Prof. Dr. José Eduardo Creste Presidente Prudente - SP
Produtividade: Pomar A:70 ton/ha Pomar B:10 ton/ha 52 fatores influenciam a produção vegetal: 07 deles são incontroláveis 45 deles são controláveis
Fatores que influenciam: Temperatura umidade solo fertilizantes genética Luz manejo METABOLISMO DA PLANTA defensivos Densidade plantio irrigação Práticas culturais
O que é produtividade? É o maior número de frutos...
O que é produtividade?... com o maior peso...
Produtividade é consequência de: (maior número de ramos + fixação de flores e frutos) > fotossíntese
1 Constituição de um solo O solo possui uma constituição complexa e heterogênea de íons, dentre os quais fazem parte os nutrientes e outros elementos químicos
2 Conceitos de um solo ideal?
2 Conceitos de um solo ideal O que é um solo ideal? Qual é o melhor tipo de solo para a citricultura?
2.1. Considerando-se o equilíbrio catiônico no solo a) Considerando-se a Capacidade de Troca Catiônica (CTC). % Valor Ca/CTC 60 Mg/CTC 15 K/CTC 5
2.1. Considerando-se o equilíbrio catiônico no solo b) Considerando-se a Relação entre Ca e Mg no solo: Relação Ca/Mg Interpretação 1 a 3 Baixa 4 a 6 Normal 7 a 10 Alta > 10 Muito Alta Guardiola (1992)
3. Construindo a fertilidade de um solo É possível???? Sim, é possível!!!!!
4. Parte I O ph do solo O que é ph? O que ele nos mostra? Como o ph afeta o desenvolvimento das plantas e a produtividade?
O ph, índice que indica o grau de acidez do solo. Talvez seja um dos parâmetros mais importantes ligados ao uso eficiente de fertilizantes.
5. Conceitos ph é a representação logarítmica da concentração de H + do solo
5. Conceitos ph é a representação logarítmica da concentração de H + do solo Por exemplo: ph = 6 (significa 0,000001 Molar ou 10-6 ) ph = 5 (significa 0,00001 Molar ou 10-5 ) No ph 5, a concentração de H + é 10 x maior que no ph 6.
6. Classificação da acidez do solo em função do ph ph Classificação < 5,0 Fortemente ácido 5,0 a 5,5 Ácido 5,51 a 6,0 Medianamente Ácido 6,1 a 6,9 Pouco Ácido 7,0 Neutro
7. Origem da acidez a) Os solos podem ser naturalmente ácidos Talhão ph M.O. P resina Al 3+ H+Al K Ca Mg SB CTC V% S CaCl 2 g/dm 3 mg/dm 3 mmol mg/dm 3 c /dm 3 _ X-1 4,1 22 4 9 28 1,3 3 1 6 34 17 8 x-2 4,1 19 3 8 27 0,8 2 1 4 31 12 2
7. Origem da acidez b) Uso de fertilizantes nitrogenados (NH 4 ) 2 SO 4 + H 2 O 2NH + 4 + SO 4-2 2NH + 4 + SO 4-2 + 4O 2 2NO 3 - + 4 H + + 2H 2 O + SO 4 -
c) Uso de fertilizantes nitrogenados (uréia) CO(NH 2 ) 2 + H 2 O (NH 4 ) 2 CO 3 b) Uso de fertilizantes nitrogenados (NH4) 2 CO 3 2 NH 3 + CO 2 NH 3 + H 2 O NH 4 + + OH- 2NH 4 + + 3O 2 2NO 2 - + 4 H + +2H 2 O 2 NO 2 - + O 2 2 NO 3 -
b) Uso de fertilizantes nitrogenados b1) Efeito acidificante dos nitrogenados Para cada Kg de N Kg de CaCO 3 Sulfato de Amônio 5,35 Uréia 1,80
b) Uso de fertilizantes nitrogenados b2) Efeito basificante dos nitrogenados Para cada Kg de N Kg de CaCO 3 Nitrato de Cálcio 1,35 Nitrato de Potássio 2,00
Disponibilidade 8. O ph afeta: a) Solubilidade e disponibilidade dos nutrientes 12 10 8 Cu, Fe, Mn e Zn Al Ca, Mg e K Mo 6 4 N, S e B P 2 0 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 ph
b. Absorção dos nutrientes pelas plantas
b1.absorção do N em função do ph. 100 80 60 40 20 4,5 5 5,5 6 6,5 7 0 N
B2.Absorção do P em função do ph. 100 80 60 40 20 4,5 5 5,5 6 6,5 7 0 P
b3.absorção do K em função do ph. 100 80 60 40 20 4,5 5 5,5 6 6,5 7 0 K
b4.absorção do Ca em função do ph. 100 80 60 40 20 4,5 5 5,5 6 6,5 7 0 Ca
b5. Absorção do Mg em função do ph. 100 80 60 40 20 4,5 5 5,5 6 6,5 7 0 Mg
b6. Absorção do S em função do ph. 100 80 60 40 20 4,5 5 5,5 6 6,5 7 0 S
c. % da produtividade de algumas culturas em função do ph do solo. ph Cultura 4,7 5,0 5,7 6,8 7,5 Milho 34 73 83 100 100 Aveia 77 93 99 98 100 Alfafa 2 9 42 100 100 Soja 65 79 80 100 93 Trigo 68 76 89 100 99 Fonte: EMBRAPA
d. Correlação entre Saturação por bases e ph ph Fonte: Raij et al (1983). V%
e. Quantidade de íons tóxicos na solução do solo (Al +3, Mn +2 e metais pesados) O alumínio (Al +3 ) é o principal elemento tóxico associado à acidez dos solos. Ele é tóxico! O Al +3 é tóxico! Raízes grossas e sem ramificações
e1. Efeito do alumínio no desenvolvimento. Al (mg/lt) Cravo (raiz) Swingle (raiz) Cravo (altura) Swingle (altura) 0 7,9 5,0 28,0 16,8 7,5 6,2 2,6 26,3 12,7 15,0 6,3 2,4 27,5 12,1 22,5 5,2 2,1 25,4 11,2 30,0 4,9 2,1 22,6 11,2 Fonte: SANTOS et al (2005)
f. O ph afeta a atividade de diversos microorganismos importantes no solo.
9. Qual é o ph ideal para a cultura dos citros? a) Quem afirmou? b) Como é o comportamento dos diferentes portaenxertos?
10. Como avaliar o ph do solo? 10.1. Análise de solo 0 a 20 cm de profundidade??; Projeção da copa???; Subdividir em 20 sub-amostras; Procurar realizar uma por talhão.
10.2. Amostragem de 20 a 40 cm: Pode mostrar perdas de nutrientes (lixiviação); Pode mostrar presença de alumínio em profundidade.
Amostragem: Importante saber e fazer:
11. Correção da acidez do solo A correção da acidez do solo pode ser realizada pelo uso de materiais corretivos, os quais, em sua composição, deve ter a presença de Cálcio ou Magnésio.
10.1. O que é o calcário? É o produto da moagem da rocha calcária! CaCO 3 MgCO 3
10.2. Reação do calcário no solo: CaCO 3 MgCO 3 + H 2 O Ca +2 + Mg +2 + HCO 3- +OH - H + (solução do solo) + OH - H 2 O ou Al +3 + 3 OH - Al(OH) 3
10.3. Tipos de calcário: Calcário % MgO. Dolomítico > 12 Magnesiano 5 a 12 Calcítico < 5
10.4. Porcentagem de micronutrientes no calcário Nutriente g/ton Co 2 a 47 Cu 10 a 42 Fe 2466 a 33110 Mn 334 a 1150 Mo 0,3 a 1,4 Zn 13 a 46
10.5. Características dos corretivos: a. Poder Neutralizante (PN) Indica a capacidade potencial do corretivo em neutralizar a acidez do solo. Dependente dos teores de CaO e MgO.
10.5. Características dos corretivos: b. Reatividade (RE) É a velocidade de ação de um corretivo no solo. É dependente da granulometria do corretivo.
10.5. Características dos corretivos: c. Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT). Permite ajustar a quantidade do corretivo recomendado à qualidade dos materiais disponíveis.
c.1. Classificação dos diferentes tipos de calcário quanto ao PRNT. PRNT Classificação D > 90 C 75,1 a 90 B 60,1 a 75 A 45 a 60
10.5. Características dos corretivos: d) Solubilidade Produto Solubilidade (g.lt -1 ) CaCO 3 0,014 MgCO 3 0,106 Ca(OH) 2 1,850 Mg(OH) 2 0,009 CaSiO 3 0,095 CaSO 4 2,5
d1. Questão prática: Baixa solubilidade Dependente de umidade Dependente de contato com o solo
e. Efeito Residual: É o tempo de da duração correção realizada.
e.1.efeito Residual: Os calcários mais finos reagem mais rápido no solo, mas seu efeito é mantido por um período menor.
11. Objetivos da calagem: Neutralização de H + e Al +3 ; Fornecimento de Ca e Mg; Aumentar a disponibilidade de P, S e Mo; Diminuir disponibilidade de Boro; Diminuir disponibilidade de Cu,Fe, Mn e Zn; Aumentar disponibilidade de N e K.
11.1. Efeito do cálcio no desenvolvimento do sistema radicular Ca (ppm) Altura (cm) Densidade raiz (cm/cm3) Peso MS raiz (g) 100 31,0 1,36 0,32 200 34,6 2,53 0,57 Fonte: CRESTE et al (1995)
11.2. Desenvolvimento radicular e produtividade Embleton et al (1959).
12.Metodologias de cálculo da necessidade de calcário. a. Neutralização do Al 3+ trocável, proposto por Kamprath (1969); b. Aumento do ph pelo método SMP (soluçãotampão), descrito por Volkweiss e Ludwig (1976);
12.Metodologias de cálculo da necessidade de calcário. c. Aumento da saturação de bases, preconizado por Raij et alii (1985): NC = CTC x (V f - V i) x f 10 x PRNT
13.Metodologias de cálculo da necessidade de gesso (CaSO 4.2H 2 O). a. NG = 6 x teor de argila (g/kg) b. NG = 0,25 x NC
Respostas dos citros á calagem Resultados de pesquisa
14.1 Exemplo número 1 Autor N o safras S. Calc C.Calc Ganho Paro 2 19,7 22,2 86 Casarim 2 35,9 40,7 118 Lima 2 33,0 34,8 44 Luz 3 17,9 19,4 37 Rego 4 12,4 12,6 5 Boaretto 6 54,0 55,0 25 Fonte: Boaretto, 1996.
14.2. Resposta em produção da Valência/Cravo, aos 5 anos de idade. Calcitico Dolomítico ton/ha Ton/há 0 3 6 9 Média 0 14.9 20.1 18.7 14.9 17.1 3 21.6 18.8 18.7 16.6 18.9 6 17.2 21.4 21.4 19.5 19.3 9 20.2 25.3 26.3 17.7 20.6 Média 18,4 19,4 21,2 17,2 19,0
14.3. Resposta em produção da Valência/Cravo, aos 6 anos de idade. Calcitico Dolomítico ton/ha Ton/há 0 3 6 9 Média 0 23.8 38.9 39.5 38.1 35.7 3 30.2 33.6 37.4 38.5 34.9 6 37.0 34.3 44.5 36.9 38.2 9 36.1 36.9 35.9 40.2 37.2 Média 31.8 35.9 39.3 38.4 36.5
14.4.Efeitos do Ca na produção de Valência (cx/pl). Kg Ca (Kg/ha) ph 0 112 224 448 Média 4,0 0.1 0.2 1.0 0.5 0.5 5,0 1.2 1.1 1.3 1.0 1.1 6,0 1.8 1.6 2.1 2.5 2.0 7,0 0.2 2.2 2.5 2.6 1.9 Média 0.8 1.3 1.7 1.6
ton/ha 14.5. Efeito da calagem sobre a produtividade. 60 50 40 30 20 10 Sem Com 0 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Idade
14.5.1. Diferença na produção em 11 anos. 350 300 250 200 150 Sem Com 100 50 0 Ton/ha
14.6. Efeito da calagem na entrelinha. Calc V% N P K Ca Mg S 0 18 28,2 1,5 9,3 31,8 2,4 4,6 3 26 27,6 1,5 8,4 31,6 3,3 4,5 6 41 27,9 1,6 8,0 32,8 32,8 4,6 9 60 27,7 1,5 7,7 31,5 31,5 4,1 Fonte: Anjos e Sobral, 2010
14.7. V% após 12 meses da aplicação de calcário Trat PC PD CG CF 1/3 3/3 0 a 5 55 68 62 61 52 74 5 a 10 50 47 47 50 45 57 10 a 20 20 a 40 41 25 32 33 31 34 19 13 16 15 14 18
14.7. Ensaio de calcário e gesso em limoeiro. C G N P K Ca Mg S Cu Fe Mn Zn MS IBN t/ha 0 0-1,3 0-2,4 0,7-0,2 0,8 0,3 1,0-0,1 1,3-0,3 8 47,6 0 1-0,9 0,1-3,8 0,6 0,5 1,7 0,3 0,8 0,1 1,2-0,4 9,8 46,6 0 2-0,7 0-3,9 0,7 0,3 2,1 0,3 0,7-0,1 1,2-0,5 10 47,0 0 3-1,5-0,1-2,7 0,3-0,5 3,5 0,2 0,6-0,5 1,2-0,6 11 44,5 1 0-0,6 0,2-3,0 0,6 0,5 0,9-0,2 0,4 1,2 0,2-0,1 7,8 45,6 1 1-1,0 0,2-3,0 0,5 1,1 1,1 0,2 0,7-0,1 1,1-0,1 8,3 49,9 1 2-1,2 0-2,4 0,4-0,1 1,7 0,1 0,5 0,1 1,2-0,4 7,6 45,7 1 3-0,8 0,1-3,3 0,6-0,1 3,0 0,1 0,3-0,6 1,1-0,4 10 49,4 2 0-0,6 0,2-3,1 0,6 0,6 0,3 0,4 0,6 0,0 1,2-0,2 7,4 46,6 2 1-0,9 0,3-2,8 0,5 0,1 1,5 0,2 0,6-0,5 1,2-0,3 8,6 48,3 2 2-1,1 0,1-3,3 0,5-0,2 3,2 0,3 0,6-0,8 1,1-0,3 11 48,5 2 3-1,3 0-4,2 0,6 0,2 3,3 0,1 0,5 0,1 1,3-0,7 12 48,9
Plantio calagem gessagem fosfatagem potássio orgânicos micronutrientes Objetivo: promover sistema radicular e crescimento da planta.
Área total ou em faixas.
15.O uso racional de corretivos pode ser resumida nos seguintes tópicos: 1. Interpretação da análise de folhas e solo; 2. Cálculo e recomendação de calagem e gessagem; 3. Acompanhamento visual do pomar a nível de campo; 4. Busca de melhores fontes; 5. Aplicação.
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