VER-SUS SOBRAL 2016.2 20 de agosto de 2016 Ultimo dia de vivencia e acordei com o coração apertado, lembrando do primeiro dia e de tudo que eu esperava viver desde o dia em que eu soube que fui aprovado. Bateu uma tristeza, no entanto bateu-me a alegria de saber que estavam sendo os 10 melhores dias de minha vida. Que experiência! Que vivência! Hoje acordamos muito cedo, após o café da manhã partimos para cidade de Acaraú, mas hoje não seria apenas uma vivencia qualquer, seria uma das melhores de minha vida. Percorremos então muitos quilômetros até chegar a comunidade de Queimados, precisamente a tribo indígena dos Tremembés. Fomos recebidos pelo diretor da Escola Diferenciada de Ensino Fundamental e Médio de Queimados. Cleciano Silva relata que saúde de sua tribo é precária, consultas são irregulares, realizadas em locais inadequados, limite de transporte sendo utilizado apenas durante o dia no raio de 2000 km por mês e uma demanda de 68 famílias, onde 48 são atendidas por uma única agente de saúde. Adeptos de uma medicina natural, usam os recursos da medicina convencional em ultimo caso, seus medicamentos são extraídos de ervas e plantas da comunidade, das orações da rezadeira e do poder de cura da pajé da tribo. Cleciano contou um pouco da historia de sua tribo, da imigração de outras terras cearenses como Itapipoca e Itarema por volta de 1888 chegando ate as terras devastadas por queimadas ( dái o nome da comunidade ) na zona rural de Acaraú. Apesar de uma comunidade grande, o cacique da tribo reside em outra comunidade. Listei alguns pontos importantes relatados pelos moradores: religião deles é baseada no catolicismo e umbanda, na educação se enfrenta um grande desafio, por conta da tecnologia os jovens vêm deixado seus costumes e cultura indígena de lado. Porem como pratica do cronograma, algumas atividades culturais como a dança do torem ainda são praticadas na escola. Ainda na educação a contratação de professores apenas temporários representa uma falta de respeito para a comunidade, pois os professores cursaram uma faculdade e os concursos públicos do município não se estendem para a comunidade. A língua de origem questionada por um dos companheiros aos índios revelou para nós mais uma tristeza, já que era algo esquecido nos meados da historia e só visto nas danças e
festas da tribo. A medicina como dito anteriormente é praticamente toda natural e feitas a partir das garrafadas o que representa uma sustentabilidade para a comunidade. Outra fonte de renda são os artesanatos: sacos, bordados e chapéus. E sua sustentabilidade se dá também pelas plantações de arroz, jerimum, batata doce, macaxeira e milho. Finalizando nossa visita na escola provando uma bebida típica deles, o mocororó, similar a uma bebida alcoólica, mas sem o mínimo de álcool. Após a degustação nos dirigimos a uma rezadeira dona Sebastiana Silva que fabricava diferentes garrafadas e mel para as mais diversas doenças. De lá fomos ao almoço na comunidade mesmo na comunidade e que por sinal estava uma delicia. Saciados pelo almoço toda turma foi conhecer a casa da cura, casa de umbanda, um salão ainda em reforma, que foi sofreu atentado, cheio de estatuas e imagens das mais diferentes religiões. A pajé nos recepcionou com muito humildade e respondeu a todas as nossas perguntas. Mas o que mais chamou a minha atenção foi o momento em que ela incorporou algumas entidades e abençoou alguns dos nossos grupos, deixando-nos boquiabertos. Grande momento de espiritualidade e cultura. Terminamos nossa visita aquele povoado com um café da tarde repleto de coisas naturais e logo após nos dirigimos a Sobral onde findamos nosso dia como nosso ultimo jantar. Findamos nosso dia com uma comemoração, firmando a afetividade que construímos, foi um momento cheio de emoções e de planos. Planos esses em que seremos facilitadores desse grande serviço de saúde. Foi uma noite super especial que ficará marcada no coração de todos nós.