Diário de campo - Vale do Paraíba - Giovana Golovatei de Campos

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Raphael Figueiroa Zagalo
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Diário de campo - Vale do Paraíba - Giovana Golovatei de Campos Dia 1: Pouco tempo antes de chegar à cidade de Bananal, nos reparamos com um rio, no qual podemos perceber a grande seca que nos afeta

Podem-se perceber, na imagem abaixo, os mares de morros citados, eram nessas regiões que eram dispostas em fileiras as imensas plantações de café.

1 Diário de campo - Vale do Paraíba - Giovana Golovatei de Campos Dia 1: Pouco tempo antes de chegar à cidade de Bananal, nos reparamos com um rio, no qual podemos perceber a grande seca que nos afeta bastante recentemente. A paisagem é transformada e surgem os mares de morros, montanhas que se parecem com meias laranjas. Podem-se perceber, na imagem abaixo, os mares de morros citados, eram nessas regiões que eram dispostas em fileiras as imensas plantações de café. Nossa primeira parada foi à fazenda Pau D'alho, que se tornou uma grande produtora de café em meados do século XIX e foi tombada como patrimônio histórico da cidade pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc). Foi possível distinguir a casa grande da senzala doméstica, a qual era muito distinta das outras já estudadas, pois esta era separada em "quartos", onde os escravos eram separados em suas respectivas famílias lá criadas. A preservação da fazenda foi dada apenas pela perspectiva da arquitetura e da disposição dos ambientes da fazenda, também em relação a essa disposição, foi possível perceber a casa grande localizada no canto da fazenda, sendo assim possível a vigilância de todo o ambiente externo. A senzala era construída no alto da montanha,

2 longe da estrada, impedindo a fuga dos escravos e posicionada em um lugar específico para a boa visualização do dono da fazenda nos escravos. Na cidade de São José do Barreiro, foi onde pudemos ter nosso primeiro contato com um cidadão das bem conhecidas Cidades Mortas (cidades que pertenciam ao Vale do Paraíba e decaíram com a queda do ciclo do café), citadas por Monteiro Lobato em No rancho de São José do Barreiro, conversamos com o proprietário do restaurante, que nos contou a história da cidade, de quando os tropeiros iam lá para comer e reabastecer seus mantimentos para o resto da viagem até o porto de Paraty, onde revendiam o ouro. O morador também nos explicou sobre as poucas oportunidades que o jovem tem para o ensino superior e posteriormente para chances de um bom trabalho. Estes, após completar o ensino médio, são enviados para cidades vizinhas, como Cruzeiro, para melhores oportunidades. No final da tarde, nos dirigimos ao nosso hotel, o qual também era uma fazenda muito bem situada da região, a fazenda Boa Vista, que fora cenário para algumas novelas que retratavam a época. No final do dia tivemos uma discussão na qual expomos nossa nova perspectiva sobre as senzalas, que antes achávamos que era algo muito mais violento, nada aconchegante, muito mais sofrimento do que realmente era. Nossos pré-conceitos foram substituídos pela imagem real do que era vivido naquela época, pois os donos precisavam da força física daqueles escravos para produzir em grande escala produtos de qualidade, e se os maltratassem, não teria o lucro desejado. Dia 2: O segundo dia de viagem se iniciou com uma visita à fazenda Resgate (imagem ao lado). Ao chegar, já pudemos perceber a diferença entre ela e a outra anteriormente visitada, em relação à preservação e a qualidade de vida dos moradores de lá. A fazenda Resgate pertenceu ao Capitão Hilário Gomes Nogueira, que a comprou em Após ter passado por alguns

3 proprietários, a fazenda passou a pertencer a Manuel De Aguiar Valim, o principal proprietário, foi o mais importante fazendeiro de Bananal. Em 1855, contratou o pintor espanhol José Vilaronga para fazer parte da reforma da fazenda. A fazenda fora preservada em uma perspectiva de manter o dia-a-dia dos moradores de lá, o interior dos cômodos foram mantidos exatamente como eram antes, para demonstrar a rotina e seus afazeres. Após o almoço, tivemos a chance de conversar com moradores da cidade do Bananal, através de seus discursos podemos perceber a real situação atual da cidade. Infelizmente, há uma grande falta de recursos para a saúde, e como dito antes, o jovem não tem a mínima condição no mercado de trabalho. Os moradores entrevistados, sem exceção, disseram ter trabalhado em fazendas. Porém, entre alguns aspectos ruins da cidade, os entrevistados elogiaram a segurança da cidade, disseram ser uma região bem calma e que todos os moradores se ajudam se preciso. Igreja de Bananal, centro da cidade De volta à fazenda Boa Vista, estávamos a espera de um grupo de Jongo de Guaratinguetá (SP). O Jongo é uma manifestação cultural, uma dança de origem africana dançada ao som de tambores, como o caxambu. Era praticada originalmente pelos escravos de uma fazenda à noite nas horas livres. Suas cantigas podem ser duplamente entendidas, ou seja, seu primeiro significado é o que você realmente escuta, o significado real da palavra, que no caso era o que os escravos queriam que o barão e sua família ouvissem. Porém, há outro

significado, era também uma forma de comunicação entre os escravos e sua situação. As canções podiam falar mal dos barões e de sua forma de produção e este não ia perceber.

A Maxion é lider no mercado por conta de sua eficiencia e pontualidade nas entraga.

4 significado, era também uma forma de comunicação entre os escravos e sua situação. As canções podiam falar mal dos barões e de sua forma de produção e este não ia perceber. Dia 3: Logo de manhã, fomos para a cidade de Cuzeiro, onde se localiza a Indústria Maxion, a maior produtora de rodas e chassis do mundo, ela exporta para mais de 85 paises. A Maxion é lider no mercado por conta de sua eficiencia e pontualidade nas entraga. Na visita, pudemos ver parte da linha de produção, e tivemos a oportunidade de assistir maquinas de alta tecnoligia trabalhando. Podemos concluir que o Vale do Paraíba perdeu seu valor com a desvalorização do café, isso tem um grande impacto atualmente nessas cidades. A infraestrutura fora perdida e as oportunidades que antes existiam, agora são inexistentes. A região, com grande importância antigamente para o país, foi esquecida, a única coisa que dizem valer a pena ser lembrada é seu passado que lucrou muito para o Brasil.

5 Esse estudo do meio nos trouxe novas perspectivas de vida, da história do nosso país que pouco tínhamos. Nossos pré-conceitos foram derrubados ou, em certos momentos, aprimorados. Vivenciamos experiências envolvendo aspectos culturais, sociais e tivemos a chance de ver a evolução tecnológica em nosso país e tivemos a oportunidade de ter contato com algumas das maiores fazendas de café do Brasil.

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