Introdução ao Livro de Isaías - Entra governo, sai governo e Deus permanece soberano

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Transcrição:

Introdução ao Livro de Isaías - soberano Entra governo, sai governo e Deus permanece O livro recebe o nome de seu autor, que é a transliteração do hebraico Yesha`-Yahu, que significa Javé salva. Seu valor para o cristianismo é muito grande, pois o Novo Testamento faz mais de 400 citações de seu conteúdo. Sua mensagem foi a principal voz profética de denúncia na segunda metade do século VIII a.c. (740-700). O ministério de Isaías começa no ano da morte do rei Uzias (Is. 6:1-3) em 740 a.c. e passou pelos reinados de Jotão, Acaz e Ezequias. Foi contemporâneo dos profetas Amós e Oséias (Reino do Norte - Israel) e Miquéias (Reino do Sul - Judá). De acordo com 2 Crônicas, Isaías foi responsável por escrever os atos de Uzias, indicando que, além do ofício profético, Isaías também possuía a atribuição de escriba da corte de Judá. A tradição judaica diz que Isaías também passou pelo reinado de Manassés (696-642 a.c.) quando foi martirizado, tendo sido serrado ao meio (ver apócrifo Assunção de Isaías). Talvez este seja o fundamento de Hebreus 11:37. Na segunda metade do século VIII a.c., do ponto de vista da política internacional, o Antigo Oriente Médio viu a ascensão do Império Assírio como potência regional. Os capítulos 1 a 39 estão dentro deste contexto histórico-político. Tiglate-Pileser, o rei assírio, conquista o Norte da Síria. Para que as outras pequenas nações não tivessem o mesmo destino, a Assíria exige o pagamento de tributo. Dentre essas nações ameaçadas estavam Israel, governada por Menaém (2 Rs. 15:19ss) e Judá, governada por Uzias (ou Azarias). Em 734 a.c., Tiglate-Pileser empreendeu uma expedição à Palestina, e algumas nações juntaram-se contra ele. Este conflito é chamado de guerra siro-efraimita. O rei Peca, de Israel, juntou-se às outras nações contra a Assíria, mas Acaz, de Judá, recusou-se a participar. Quando Judá negou sua participação no combate contra a Assíria, as outras nações resolveram atacar o rei Acaz para eliminar a descendência davídica e colocar um rei que aceitasse participar da coalizão contra Tiglate-Pileser (2 Rs. 15:37; 16:5; Is. 7:1). Nesta época, o rei Acaz rejeitou o conselho de Isaías e buscou a ajuda da própria Assíria contra estas nações (2 Rs. 16:7-9). Então, em 732, o rei assírio conquistou a região norte do Jordão, Damasco, capital da Síria, os quais foram incorporados ao Império Assírio e ainda exilou muitos israelitas para a Assíria (2 Rs. 15:29). Após esta tomada parcial da região, Oséias é posto como rei no lugar de Peca (732 a.c.). Tiglate-Pileser morreu neste meio tempo (727 a.c.) e Oséias rebela-se contra Salmaneser V ao recusar-se a pagar tributo ao mesmo tempo que procura o Egito para uma aliança contra a Assíria (2 Rs. 17:4). Mais tarde, a Assíria ataca Israel, captura o rei, e, após um

cerco de 3 anos, consegue conquistar Samaria, a capital de Israel, o Reino do Norte. Era o ano de 722 a.c. quando os israelitas foram levados cativos para a Assíria e Israel foi repovoado com outras nações, inclusive babilônicos. Esta crise vai servir de fundamento para os oráculos dos capítulos 7 a 14. Algum tempo mais tarde, a Assíria, agora governada por Senaqueribe, ainda comanda algumas batalhas contra os povos da região Norte da Palestina e não consegue chegar em Judá até o ano de 701 a.c. Senaqueribe conquista Edom, Moabe e Amon e os força a pagar tributo. Nesta época o rei Ezequias, de Judá, entra na coalizão antiassíria, que termina com a destruição de algumas de suas cidades fortificadas e o cerco a Jerusalém (2 Rs. 18:13-16). Ezequias, contrariamente ao seu pai Acaz, confia em Deus e o exército assírio foi eliminado. Portanto, esta foi uma época de incertezas e ameaças político-econômicas, já que a Assíria deportava os povos vencidos, fazendo com que, desta maneira, perdessem sua identidade social e independência política. Caso a nação conquistada optasse pela não deportação, havia o pagamento compulsório de tributo à Assíria, tornando-se então um vassalo deste Império agressivo e dominador. Entretanto, para os hebreus, o problema era muto mais teológico do que propriamente politico e econômico, pois a terra onde viviam era fruto da promessa de Javé feita a seu ancestral Abraão, além de ser um dos fundamentos da Aliança estabelecida entre eles. Estrutura de Isaías Os oráculos de Isaías podem ser agrupados da seguinte maneira: 1 Julgamento com Promessa - 1 a 39 1 Acusação - 1 a 5 2 Chamado de Isaías - 6 3 Período assírio - 7 a 39 1 Assíria: castigo e renovo - 7 a 12 2 Sentenças contra as nações - 13 a 23 3 Oráculos apocalípticos contra as nações - 24 a 27 4 Sentença e salvação de Jerusalém - 28 a 35 5 Crise assíria e transição para período babilônico - 36 a 39 2 Consolo com julgamento - 40 a 66 1 Oráculos sobre a restauração do exílio e julgamento da Babilônia - 40 a 48 2 O consolo do Servo de Javé - 49 a 55 3 A justiça e as transgressões das nações - 56 a 59

4 A glória pós-exílica - 60 a 66 Os estudiosos se dividem quanto à unidade do livro de Isaías devido à diferença de contexto histórico e estilo literário. Todos são unânimes em atribuir a Isaías os capítulos 1 a 39. Contudo, para alguns, os capítulos 40 a 66 foram escritos por outro autor que quis aproveitar o prestígio que o profeta Isaías possuía. Para outros ainda, os capítulos 56 a 66 foram produzidos por um terceiro autor. Outro problema, do ponto de vista literário, é que o livro narra o chamado de Isaías após o início dos seus oráculos nos capítulos 1 a 5. Alguns acreditam que estes capítulos são uma introdução ao chamado de Isaías que ocorre no capítulo 6, pois muitos dos oráculos de acusação tem seu fundamento nesta seção do livro. Os capítulos 7 a 12 assinalam a falta de confiança de Acaz em Javé, entretanto isso não anularia a Aliança estabelecida com o povo de Israel, pois seu Reino seria estabelecido após o julgamento (caps. 9 e 11). A soberania de Javé sobre as nações é demonstrada nos capítulos 13 a 23, que asseveram que os movimentos políticos não eram fruto do acaso. Mesmo com a vitória da Assíria na conquista de Israel e Damasco os hebreus deveriam confiar em Deus, pois os capítulos 24 a 27 fecham afirmando o livramento de Israel e a derrota dos seus inimigos. Os capítulos 28 a 33 enfocam o período do rei Ezequias nos últimos quinze anos. A nação estava ameaçada e Ezequias fazia aliança com o Egito, demonstrando, dessa forma, a incapacidade da nação de confiar em Javé. Por isso a tônica dos oráculos é de acusação e maldição. O capítulo 33 encerra com o livramento dos justos em Sião e os capítulos 34 e 35 tratam sobre o castigo sobre os inimigos de Israel. O clamor de Ezequias a Javé pelo livramento de Senaqueribe é o tema dos capítulos 36 e 37, marcando o fim da crise assíria com certa dose de ironia com a demonstração do grande poder do Deus de Israel. Os capítulos 38 e 39 marcam a transição do período assírio para o babilônico. Ezequias é curado de sua doença, reafirmando sua condição de um rei temente a Deus. Quando o rei da Babilônia envia mensageiros para transmitir suas felicitações a Ezequias pela recuperação, este mostra todos os tesouros do palácio. Este acontecimento serviu de base para o oráculo de 39:6-7 que dizia que Judá seria levada cativa à Babilônia. Este trecho serve de introdução à virada temático-literária do livro de Isaías no capítulo 40.

A crise narrada entre os capítulos 40 a 55 trata sobre o exílio babilônico que foi mencionado em 39:6-7. Neste ponto somos levados ao futuro, em outra circunstância e lugar. Aqui, o julgamento dos 1 a 39 já aconteceu, conforme 42:21-25 e 50:1 e o fim da punição divina é anunciado (40:1-2). Se cremos que este trecho foi escrito por Isaías, no século VIII, ele fala para os exilados na Babilônia. Logo, devemos nos perguntar se esta profecia fazia sentido para o público de Isaías no século VIII. Há duas razões principais pelas quais podemos responder afirmativamente: 1 O objetivo era afirmar a soberania divina na história, pois o exílio aconteceu não pela incapacidade de Javé em livrar seu povo, mas para a execução de seu propósito na história. Afinal, ele já havia livrado a Jerusalém de Senaqueribe, portanto Deus poderia fazer o mesmo agora, se fosse apenas uma questão de demonstrar a capacidade divina de livramento. 2 Os oráculos relatados nos capítulos 1 a 39 teriam um efeito maior no povo se houvesse a garantia da restauração. Javé não deixaria de cumprir suas promessas, e, após o julgamento a restauração seria uma realidade. Portanto, este trecho trazia ao povo fé e esperança. Os capítulos 40 a 55 ainda tratam sobre o livramento futuro dos exilados, o trabalho de um "Servo" para a execução do plano de Javé e a restauração política e espiritual de Israel. Aqui, os deuses pagãos são desafiados a apresentarem seus planos para as nações na história, e são, de certa maneira, ridicularizados. Para finalizar, os capítulos 56 a 66 vão ainda mais além e dirigem-se aos judeus que retornaram do exílio. O texto geograficamente está situado novamente em Jerusalém, mais especificamente no Templo (56:7; 60:10-13; 61:3-4; 62:1). Não há como determinar se o período pós-exílico é o de Ageu-Zacarias e Zorobabel ou Malaquias e Esdras- Neemias cinquenta anos depois. Os temas mais recorrentes, neste trecho, são a glória futura de Israel e a vingança contra os inimigos. Propósito e conteúdo O livro do profeta Isaías aborda os seguintes conceitos: Javé é o único deus verdadeiro Javé mostra sua soberania no castigo e livramento do povo da aliança Javé é um deus que não admite comparação

Isaías poderia ser considerado também um profeta pré-clássico, pois servia de conselheiro para o rei, tal como os profetas clássicos eram. Todavia, ele é considerado um profeta clássico, pois sua mensagem tinha as características da profecia clássica, tais como: acusação contra o povo promessa de exílio castigo divino cumprimento da aliança esperança para o futuro Dentro desta abordagem clássica os temas que mais se destacam em Isaías são: Nomes dos filhos como sinais Nos capítulos 7 a 9 temos 4 nomes de filhos que representam também um significado dentro do programa divino para o povo de Israel na história, conforme tabela abaixo: Nome Significado Referência Sear-Jesube Um remanescente voltará 7:3 Maher-Shalal-Hash-Baz Rapidamente até os despojos, agilmente até a pilhagem 8:1-3 Emanuel Deus conosco 7:14; 8:8-10 -- -- 9:6 O Servo Sofredor Isaías menciona um Servo, que executará os planos divinos para a nação de Israel. O Servo está descrito nas seguintes passagens: 42:1-7; 49:1-9; 50:4-11 e 52:13. Israel, em algumas oportunidades é chamado de servo de Deus (41:8; 44:1) e Ciro também assume um papel importante no livramento de Israel, entretanto, as características atribuídas ao Servo vai além do que se diz sobe Israel ou Ciro. As funções do Servo, descritas por Isaías, estão muito próximas ao que se diz sobre o futuro rei davídico em outros trechos do livro (cap. 11 e 55:3-5). Embora Isaías não diga que o Servo seja explicitamente o Messias os escritores do NT interpreta a profecia desta maneira. O Santo de Israel

Este é o título que Isaías mais utiliza para referir-se a Javé. Ele não o faz apenas para ressaltar a santidade de Deus, mas também para demonstrar a fatalidade das ofensas feitas por Israel a Javé. Desta forma, Isaías demonstra que os julgamentos apontam para a reconciliação entre Javé e Israel promovida pelo Servo graças ao seu amor por seu nome (43:22-28). Redentor Isaías ressalta Javé como Redentor de Israel mais de dez vezes, todas entre os capítulos 40 a 66, ou seja, na parte exílica e pós-exílica do livro. Isaías fala desta característica como uma ação já realizada seguindo o padrão literário encontrado nesta seção dos seus escritos. Escatologia A escatologia é o estudo da parte final do programa histórico de Deus. A ênfase deste estudo em Isaías está no Reino de Deus, isto é, o futuro de Israel, centrado em Jerusalém. Neste Reino a paz e prosperidade são abundantes e todos irão a Jerusalém para ter conhecimento. Um descendente de Jessé estará no governo, mas o assunto não é tão explorado em Isaías, pois a ênfase está no governo de Javé e o aspecto do monoteísmo absoluto realçado por Isaías, antes mesmo do cativeiro babilônico. (24:23; 33:22;43:15; 44:6).