DIREITOS DOS TRABALHADORES URBANOS E RURAIS

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Transcrição:

Dr. Julio Cesar HIDALGO Advogado e Professor de Direito DIREITOS SOCIAIS Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Os direitos sociais são aqueles que visam o bem-estar da pessoa humana, assegurando a liberdade e a segurança do assalariado, sob o aspecto individual e coletivo. A garantia aos direitos sociais visa principalmente proteger os que possuem uma dificuldade maior em valer os seus direitos, como no caso de velhice, infância ou os desamparados, precisando serem tutelados pelo Estado. Apesar de sua importância os direitos sociais não são considerados cláusulas pétreas, podendo ser modificados através de emenda constitucional. DIREITOS DOS TRABALHADORES URBANOS E RURAIS Art. 7 o - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: A Constituição de 1988 foi inovadora quando equiparou o trabalhador urbano ao trabalhador rural, portanto é inócua aqui a discussão sobre as diferenças entre ambos, já que a própria Constituição instituiu entre eles a equiparação de direitos. A única diferença que o texto constitucional impões entre trabalhadores urbanos e rurais no seu artigo 7 o, encontramos no inciso XXIX, que confere prazos prescricionais diferentes no tocante às ações trabalhistas. PROTEÇÃO CONTRA O DESEMPREGO I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; A primeira garantia que encontramos é a manutenção do emprego contra a demissão sem motivo, diferente do que parece, aqui não temos a garantia de estabilidade, mas sim uma proteção contra o arbítrio do empregador. O empregado está protegido contra a despedida arbitrária, ou seja, aquela que não se funda em causa real e séria, como por exemplo, a má conduta, a incapacidade ou inaptidão do empregado. Apesar da aludida lei complementar ainda não ter sido promulgada, a Constituição no seu artigo 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, fixa em 40% (quarenta por cento) o montante que deve ser pago ao empregado demitido sem justa causa, devendo este valor ser calculado sobre o saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. II seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; Página 0

Dr. Julio Cesar HIDALGO Advogado e Professor de Direito Previsto desde a Constituição de 1967, regulamentado pela lei 8.900 de 30 de junho de 1994, o seguro-desemprego tem a finalidade de prover assistência financeira temporária ao trabalhador despedido injustamente ou em virtude de paralisação forçada da empresa. III fundo de garantia do tempo de serviço; O FGTS foi instituído pela Lei n.º 5.107 de 13/09/66, consistindo em um sistema de depósitos mensais que são efetuados pelo empregador em conta bancária vinculada em nome do empregado, sendo que o valor mensal depositado na conta do FGTS é calculado sobre os salários e corresponde a 8% (oito por cento) do mesmo e podendo ser utilizado nas hipóteses previstas em lei. A Constituição inovou quando acabou com a dualidade de regimes que colocava ao trabalhador uma opção que, em verdade, ele nunca exercia, pois o patrão sempre optava pelo regime do FGTS ao invés da estabilidade decenal. XX proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; Embora a mulher tenha conquistado muitos direitos no tocante ao seu trabalho, a dificuldade de conciliar as responsabilidades familiares com as do emprego e a proteção à maternidade, que acaba criando um ônus ao empresário, acarretam a necessidade de que a mulher tenha a sua relação de trabalho protegida através de lei. XXI aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; Este direito é concedido ao trabalhador brasileiro desde 1850, consiste na obrigação que qualquer uma das partes do contrato de trabalho tem de comunicar previamente à outra a sua intenção de rescindir este contrato em data futura e certa. Quanto a sua aplicabilidade ela é em parte prejudicada pela ausência de lei que determine a proporcionalidade do aviso prévio frente ao tempo de serviço, porém o mínimo preceituado de trinta dias não carece de regulamentação fazendo parte dos direitos dos trabalhadores desde a promulgação da Constituição. XXVII proteção em face da automação; A proteção do trabalho frente à automação não tem por finalidade obstruir a modernização dos processos de produção, seu intuito é proteger o trabalhador que tem o seu emprego ameaçado por esta automação. A proteção deverá ser feita, por exemplo, com cursos de reciclagem profissional, aproveitamento em outras atividades ou algum tipo de indenização. SALÁRIO MÍNIMO E PISO SALARIAL IV salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender as suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; O salário mínimo é a menor quantia mensal que um trabalhador pode receber pelo seu trabalho, já sendo previsto no famoso Código de Hamurabi há aproximadamente quatro mil anos, sendo criado no Brasil pela lei n.º 185 em 1936. Página 1

Dr. Julio Cesar HIDALGO Advogado e Professor de Direito Este salário deve ser igual em todo território nacional, não podendo ser utilizado como índice de reajuste ou reajustado mediante algum índice, mas somente por lei. V piso salarial proporcional à extensão e complexidade do trabalho; O piso salarial é o mínimo que determinadas categorias podem receber, tendo se em conta a importância e a complexidade do trabalho. Não são todas as categorias que possuem piso salarial, esta conquista do trabalhador deve ser efetuada através de negociações. PROTEÇÃO DO SALÁRIO VI irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; Todo trabalhador possue o direito de irredutibilidade do seu salário, sendo que este somente poderá ser reduzido em uma pequena parcela, se esta hipótese for benéfica ao trabalhador (a empresa passa por dificuldades econômicas e precisa reduzir o salário dos trabalhadores para que não necessite despedi-los) e autorizada mediante negociação coletiva. VII garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; Aquele trabalhador que recebe um salário variável (comissionado ou que ganha por produção) tem a garantia de que este salário nunca será inferior ao mínimo. VIII décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; O décimo terceiro salário foi criado pela Lei 4.090 de 1962, sendo tratado pela primeira vez, como matéria constitucional, pela atual Carta Magna e consiste no pagamento de 1/12 avos, por mês de serviço do ano correspondente, não deduzidas as faltas ocorridas. X proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; A retenção dolosa do salário, nos termos da legislação penal vigente, caracteriza apropriação indébita. O SALÁRIO E SEUS COMPONENTES IX remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; O trabalhador noturno é aquele executado entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, sendo a hora considerada como de 52, 30 (cinqüenta e dois minutos e trinta segundos), no caso de trabalhador urbano. O trabalhador rural, terá considerado com trabalho noturno aquele executado entre 21 (vinte e uma) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte na lavoura, e entre 20 (vinte horas) de um dia e 4 (quatro) horas do dia seguinte na atividade pecuária. XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, comforme definido em lei; Encontramos esta garantia de participação dos trabalhadores nos lucros das empresas desde a Constituição de 1946, porém desde aquela época os trabalhadores estão esperando a lei regulamentadora deste direito, o que existe hoje é a medida provisória 1.982-69, de 6 de abril de Página 2

Dr. Julio Cesar HIDALGO Advogado e Professor de Direito 2000, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências. A característica principal desta participação é que ela não se vincula a remuneração, ou seja, o seu montante não será considerado, por exemplo, para efeito de cálculo do 13º salário, férias, etc. XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; O salário família, ao menos em teoria, existe para manter o bem estar familiar auxiliando aqueles trabalhadores que possuem filhos menores de quatorze anos, filhos inválidos e de dependentes do trabalhador aposentado por invalidez ou idade. Foi instituído pela Lei 4.266, de 03 de outubro de 1963, sendo pago mensalmente ao trabalhador de baixa renda, assim considerado pelo art. 13 da EC 20/98 àquele que tenha renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais). XXIII adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; Embora o inciso anterior preceitue que o trabalhador deve ser protegido por normas de segurança, saúde e higiene, determinadas funções expõem o trabalhador a riscos e condições desfavoráveis, daí a previsão de um acréscimo visando compensar o risco ou as futuras seqüelas que este tipo de trabalho pode acarretar. A atividade insalubre é aquela que pode prejudicar a saúde do trabalhador, expondo-o a riscos acima dos recomendáveis, quando o trabalhador exerce continuadamente uma função considerada insalubre este faz jus a um adicional, conforme o grau de insalubridade fixado de acordo com as normas do Ministério do Trabalho. O trabalho perigoso ocorre quando o trabalhador expõe a sua vida a um risco acentuado. A penosidade é encontrada em locais de fronteira ou em localidades cujas condições de vida sejam precárias. Convém ressaltar que em regra os adicionais de insalubridade e periculosidade não são acumuláveis, porém o adicional de penosidade pode ser acumulado com qualquer um dos dois. DURAÇÃO DO TRABALHO E HORA EXTRA XIII duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; O tempo normal de trabalho é de oito horas, fixado neste patamar por entender-se que após este limite de horário o trabalhador passa a sofrer um desgaste físico e mental mais acentuado. A distribuição desta jornada durante o período semanal não pode exceder a quarenta e quatro horas semanais, resguardados os dias de descanso. É necessário ressalvar que este inciso refere-se ao trabalho normal, excetuando aqueles que desempenham atividades em que seja da sua essência o cumprimento de horários especiais, como por exemplo, os aeronautas, artistas e atletas entre outros. Os trabalhadores poderão ainda através de acordo ou convenção coletiva de trabalho reduzir a duração da jornada, não podendo nunca, porém, terem esta jornada aumentada. XIV jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; Página 3

Dr. Julio Cesar HIDALGO Advogado e Professor de Direito Há empresas que não param a sua produção trabalhando 24 horas por dia, nestas empresas os empregados ficam sujeitos a horários de trabalho alternados, hora trabalham de manhã, hora trabalham à noite e hora trabalham à tarde. Este sistema de rodízio de horários é muito desgastante para o trabalhador, já que seu relógio biológico nunca esta de acordo com suas atividades. Quando os trabalhadores encontrarem-se neste sistema de horários a sua jornada de trabalho normal será de seis horas diárias, independentemente de haver ou não um intervalo e descanso. XVI remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; Quando o horário trabalhado exceder a oito horas diárias (em dois turnos de quatro horas) ou seis horas diárias (quando em turnos ininterruptos de revezamento) deverá ser pago ao trabalhador um adicional sobre o valor da hora normal, devendo este adicional ser calculado a razão, mínima, de 50% sobre a hora normal trabalhada. Este instituto da hora extra visa coibir a realização do trabalho extraordinário como meio de exploração do trabalhador. PERÍODOS DE DESCANSO E LICENÇA XV repouso semanal remunerado, preferencialmente ais domingos; O trabalhador necessita de um descanso semanal para suas atividades de lazer, familiares e para o seu descanso, a Constituição assegurou que este descanso será remunerado não podendo resultar em qualquer prejuízo ao salário. Este descanso será gozado, por influência religiosa, preferencialmente aos domingos, ficando a cargo do empregador o dia da semana ideal para este benefício. XVII gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; Assim como o descanso semanal remunerado o gozo das férias é necessário para o trabalhador, a fim de que este tenha um período anual de lazer e convívio com sua família. A Constituição assegura o direito à férias, garantindo ainda que estas serão remuneradas com pelo menos 1/3 a mais do que o salário normal. Este um terço é pago a fim de que o trabalhador possa ter uma quantia a mais do seu salário para utiliza-la nas suas horas de lazer. XVIII licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; Importante direito conquistado pelas mulheres, a licença gestante tem como objetivo possibilitar uma recuperação da mulher pós parto e possibilitar que a mesma conviva com seu filho em período integral, nos primeiros meses de vida. Durante os 120 dias de duração da licença a trabalhadora não terá prejuízo nenhum no seu salário, recebendo-o integralmente como se estivesse trabalhando. A licença gestante não deve ser confundida com a estabilidade relativa dada à gestante, prevista no Art. 10, II, b, do Ato das Disposições Constitucionais Provisórias que dispõe: Art. 10, II fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. XIX licença-paternidade, nos termos fixados em lei; Página 4

Dr. Julio Cesar HIDALGO Advogado e Professor de Direito Em harmonia com a licença maternidade o constituinte institui a licença para que o pai passe com sua família os primeiro dias após o parto. Na previsão de que a lei demoraria a ser promulgada o próprio constituinte, no Ato das Disposições Constitucionais Provisórias em seu artigo 10, 1 º, estipulou que até que a lei não resolva por outro prazo a licença paternidade será de cinco dias corridos. Art. 10, 1º - Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX, da Constituição, o prazo da licença-paternidade a que se refere o inciso é de cinco dias. PROTEÇÕES E GARANTIAS AOS TRABALHADORES XXII redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; O empregador tem como obrigação garantir ao trabalhador condições de higiene, segurança e saúde, de forma a garantir a sua integridade física e psicológica. XXIV aposentadoria; A aposentadoria é o direito que os trabalhadores ou servidores possuem de passar para a inatividade e ainda assim receberem uma quantia chamada de provento. Pode ocorrer por invalidez, por tempo de serviço ou por idade. Algumas categorias têm direito ainda a uma aposentadoria especial que é concedida com um tempo de trabalho menor ou com idade menor do que de outras categorias, como por exemplo, aeronautas, professores e operadores de raiosx. XXV assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches e pré-escolas; Institui-se aqui a obrigação do empregador de proporcionar aos filhos de 0 a 06 anos, de seus funcionários, assistência gratuita em creches e pré-escolas, devendo esta assistência ser suprida pelo Estado nos termos do art. 208, IV: Art. 208, CF O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: IV atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; XXVI reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; As disposições contidas nos acordos e convenções coletivas de trabalho fazem leis entre as partes, criando obrigações com peso jurídico. Segundo a CLT convenção é o Acordo de caráter normativo pelo qual dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho. Os acordos coletivos são instrumentos que, diferentemente da negociação coletiva, não obrigam toda uma categoria, mas atingem somente empresas ou grupos de empresas que participaram da negociação. XXVIII seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; O trabalhador tem direito a um seguro contra acidentes de trabalho a ser pago pelo empregador, porém o pagamento deste seguro não exime o empregador da obrigação de indenização, no caso do acidente ocorrer por dolo ou culpa do mesmo. Página 5

Dr. Julio Cesar HIDALGO Advogado e Professor de Direito XXIX ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato; Prescrição é a perda do direito à ação ou reclamação em virtude de ter-se esgotado o prazo assinado pela lei para o seu exercício. O trabalhador urbano e rural possui o prazo prescricional de dois anos, após a extinção do contrato de trabalho, para reclamar judicialmente o pagamento de alguma verba que entenda devida, sendo que pode reclamar ainda o período dos últimos cinco anos. XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; Entende o legislador que até os quatorze anos a criança deve estar na escola, preparando-se para o futuro, e não trabalhando, após esta idade poderá exercer a função de aprendiz de algum ofício. O menor de 18 e maior de 16 anos pode trabalhar, desde que este trabalho não seja noturno, perigoso ou insalubre. ISONOMIA ENTRE TRABALHADORES XXX proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; Mais uma vez encontramos no texto constitucional a isonomia entre os trabalhadores, que com este inciso estão protegidos contra a discriminação no que diz respeito a sexo, idade, cor ou estado civil, não podendo nenhuma destas características ser invocada como elemento discriminante para diferenciar salários, exercício de funções ou critérios de admissão. Este preceito encontra inspiração na Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, que em se art. 23 n.º 02 diz: Toda pessoa tem direito, sem qualquer discriminação, a igual salário por trabalho igual. XXXI proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; Louvável atitude do constituinte que estendeu a proibição de discriminação no que se refere à salário e critério de admissão do trabalhador portador de deficiência. Ressalva a este inciso tem que ser feita quando a deficiência for incompatível com o exercício do cargo, impossibilitando o desempenho de suas funções. XXXII proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; O legislador quis aqui igualar em direitos os trabalhadores que exercem trabalho manual, técnico e intelectual, ou seja, todos têm direito ao 13 º salário, férias, descanso semanal remunerado, etc. XXXIV igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso; Encontra-se aqui a equiparação do trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso, assim conceituado: Entende-se com trabalhador avulso, no âmbito do sistema geral da Previdência Social, todo trabalhador sem vínculo empregatício que, sindicalizado ou não, Página 6

Dr. Julio Cesar HIDALGO Advogado e Professor de Direito tenha a concessão de direitos de natureza trabalhista executada por intermédio da respectiva entidade de classe. (Portaria n.º 3.107, de 07 de abril de 1971, do Ministério do Trabalho e Previdência Social). Temos como exemplo de trabalhador avulso o estivador, os trabalhadores na industria da extração de sal e o vigia portuário, entre outros. TRABALHADORES DOMÉSTICOS Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração a previdência social. Trabalhador doméstico é aquele que se ocupa de atividades da qual não resulta proveito econômico. O empregado doméstico não possui todos os direitos que a lei assegura ao trabalhador urbano e rural, os direitos do art. 7 º que são assegurados aos trabalhadores domésticos são, a saber: IV salário mínimo; VI irrredutibilidade de remuneração; VIII décimo terceiro salário com base na remuneração integral de dezembro de cada ano; XV repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingo; XVII gozo de férias anuais, na forma da lei, com remuneração de um terço a mais que a normal; XXI aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de 30 dias, e direito a indenização nos termos da lei; XXIV aposentadoria. Página 7

Dr. Julio Cesar HIDALGO Advogado e Professor de Direito BIBLIOGRAFIA BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 1999. CUSTÓDIO, Antonio Joaquim Ferreira. Constituição Federal Interpretada pelo STF. São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999. DEZEN JUNIOR, Gabriel. Direito Constitucional. Brasília: Vestcon, 1998. MAGALHÃES, Roberto Barcellos. Comentários à Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1997, v. 1. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros Editores, 1998. SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Comentários à Constituição. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1990, v. 1. Página 8