COMPORTAMENTO DE UM SENSOR ÓPTICO ATIVO VARIANDO SUA VELOCIDADE

Documentos relacionados
Universidade de São Paulo USP. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ESALQ

REFLECTÂNCIA ESPECTRAL DO ALGODOEIRO EM RESPOSTA À ADUBAÇÃO NITROGENADA. Cotton spectral reflectance in response to nitrogen fertilization

Sensoriamento remoto na detecção de deficiência de nitrogênio em algodoeiro

Agricultura de Precisão no Manejo Conservacionista do Solo e o Manejo do Nitrogênio

Resposta espectral do feijão-caupi submetido a diferentes manejos de adubação

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS

Comportamento espectral do algodoeiro à diferentes níveis de adubação nitrogenada

Uso de Sensores para o Conhecimento de Padrões do Estado Nutricional do Milho para o Manejo Localizado de Nitrogênio 1.

Interferências metodológicas nos valores de NDVI: Posicionamento do sensor e área amostral

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Agricultura de Precisão situação e tendências

Comparação entre leituras de reflectância de cana-de-açúcar a partir de sensor orbital e sensor proximal ativo

SENSORIAMENTO REMOTO INTRODUÇÃO E ÍNDICES DE VEGETAÇÃO

Uso de sensor ótico ativo aplicado ao manejo de nitrogênio em trigo

Sensoriamento Remoto Aplicado à Geografia

ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DO CULTIVO DE MILHO EM SERGIPE, COM AUXÍLIO DE NDVI/EVI- SENSOR MODIS, NO PERÍODO DE

ANÁLISE TEMPORAL DO USO DA TERRA UTILIZANDO ÍNDICES VEGETATIVOS NA CHAPADA DO APODI CE

Capacidade de um sensor ótico em quantificar a resposta da cana-de-açúcar a doses de nitrogênio

3 Simpósio Internacional de Agricultura de Precisão

V SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental) V Realizado dias 20 e 21 de agosto de 2016 na ESALQ-USP, Piracicaba-SP.

ANÁLISE DA DINÂMICA DA COBERTURA VEGETAL ATRAVÉS DOS ÍNDICES DE VEGETAÇÃO NDVI E SAVI NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DAS ONÇAS-PB

Dinâmica das Áreas de Vegetação do município de Cândido Sales

DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA UTILIZANDO UM SISTEMA DE DEPOSIÇÃO DE SEMENTES POR FITA.

UMA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO ESPECTRAL DE FOLHAS DE PLANTAS EM FUNÇÃO DE DOSES CRESCENTES DE P2O5

Uso de sensores no manejo da adubação nitrogenada

Definição de sensoriamento remoto. Professor: Enoque Pereira da Silva

Comunicado Técnico. Uso de Sensores no Diagnóstico da Necessidade da Adubação Nitrogenada na Cultura do Milho. Introdução. Material e Métodos

Radiometria e Princípios de Sensoriamento Remoto Hiperespectral

Quantificação de falhas de plantio em cana-de-açúcar utilizando um sensor ótico ativo

Como hacer mas eficiente la mejora en el uso del N

Sensoriamento Remoto I Engenharia Cartográfica. Prof. Enner Alcântara Departamento de Cartografia Universidade Estadual Paulista

Agricultura de Precisão

Fundação de Apoio e Pesquisa e Desenvolvimento Integrado Rio Verde

DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO ATRAVÉS DE IMAGENS METEOSAT-8

SIMULAÇÃO DE BANDAS DO SENSOR MSI/SENTINEL-2 EM LAGOS DA AMAZÔNIA E RIO GRANDE DO SUL

Fundamentos de Sensoriamento Remoto

DESENVOLVIMENTO DA CANA-DE-AÇUCAR (Saccharum spp.) SOBRE DIFERENTES NÍVEIS DE TRÁFEGO CONTROLADO

Avaliação de dados de sensoriamento remoto de diferentes períodos na estimativa da produtividade e altura final do trigo (Triticum aestivum, L.

Análise de Risco em Sistemas de Informações Geográficas Aplicada ao Zoneamento Agroclimatológico de Culturas: Resultados Preliminares

EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE UM POLIFOSFATO SULFORADO (PTC) NO ALGODOEIRO EM SOLO DE GOIÂNIA-GO *

Agricultura de Precisão em Citros Mapeamento de Produtividade e Adubação em Taxas Variáveis

EXTRAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE NUTRIENTES PELA CULTURA DO SORGO FORRAGEIRO. C. A. Vasconcellos, J. A. S. Rodrigues, G.V.E. PITTA e F.G.

CRESCIMENTO DE CLONES DE

Mecanização e a agricultura de precisão

PARCELAMENTO DA COBERTURA COM NITROGÊNIO PARA cv. DELTAOPAL E IAC 24 NA REGIÃO DE SELVÍRIA-MS

PMI 3331 GEOMÁTICA APLICADA À ENGENHARIA DE PETRÓLEO

EFEITOS DA FUMAÇA SOBRE A DETERMINAÇÃO DO NDVI MARCELO LIMA DE MOURA LÊNIO SOARES GALVÃO

LARGURA DE APLICAÇÃO DE PRODUTOS DE COBERTURA: Linhas FULL e FULL N MAX: Ureia + Sulfato de Amônia

CARACTERIZAÇÃO E DELIMITAÇÃO DE CLASSES DE MANEJO DA FERTILIDADE DO SOLO UTILIZANDO ESPECTRORRADIOMETRIA Relatório Técnico Parcial

PRODUTIVIDADE DA BATATA, VARIEDADE ASTERIX, EM RESPOSTA A DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO NA REGIÃO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ-SC

ANÁLISE DO ÍNDICE DE VEGETACAO SAZONAL PADRONIZADO A PARTIR DE IMAGENS DO SPOT VEGETATION E ESTIMATIVAS DE PRECIPITAÇÃO PADRONIZADA DO TRMM

AVALIAÇÃO DA SUCESSÃO DE CULTURAS E NITROGÊNIO NA PRODUTIVIDADE DE ALGODOEIRO EM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO RESUMO

UTILIZAÇÃO DE SENSORIAMENTO REMOTO PROXIMAL NO AJUSTE DA ADUBAÇÃO NITROGENADA DO ALGODOEIRO

AGRICULTURA DE PRECISÃO: ESTADO ATUAL E PERSPECTIVAS FUTURAS

COMPORTAMENTO ESPECTRAL DE ALVOS

APLICAÇÃO DE NITROGÊNIO EM TAXA VARIÁVEL EM TRIGO 1

Sensoriamento Remoto Aplicado à Geografia

Influência do ângulo de visada na resposta espectral da cultura do feijão (Phaseolus vulgaris L.)

ADUBAÇÃO NITROGENADA DE SOQUEIRA EM TAXA VARIÁVEL: Avanços e Desafios

II SIMPAGRO da UNIPAMPA

Produtividade de Matéria Seca de Capim Brachiaria brizantha cv. Marandu, com residual de 4 Toneladas de Cama Aviária e Diferentes Doses de Nitrogênio.

INCIDÊNCIA DA RADIAÇÃO SOLAR EM PLANTAS DE ALGODOEIRO SOB TRÊS DIFERENTES ESPAÇAMENTOS ENTRELINHAS (*)

ANÁLISE DE ÍNDICES DE VEGETAÇÃO NA GESTÃO DE IMAGENS CAPTURADAS POR DRONES

UTILIZAÇÃO DO MEDIDOR PORTÁTIL DE CLOROFILA PARA A RECOMENDAÇÃO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM COBERTURA EM ALGODÃO

Índice de vegetação, teor de clorofila e eficiência de uso de nitrogênio por híbridos de milho.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MA TO GRO S SO DO SUL

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ

RESPOSTA ECONÔMICA DA CULTURA DO ALGODOEIRO A DOSES DE FERTILIZANTES *

Fundamentos do Sensoriamento Remoto. Disciplina: Sensoriamento Remoto Prof. Dr. Raoni W. D. Bosquilia

LAVAGEM DE REGULADOR CRESCIMENTO EM FOLHAS DO ALGODOEIRO EM FUNÇÃO DE DOSES *

ADUBAÇÃO NPK DO ALGODOEIRO ADENSADO DE SAFRINHA NO CERRADO DE GOIÁS *1 INTRODUÇÃO

Sensoriamento Remoto: Imagens orbitais e resoluções. Patricia M. P. Trindade; Douglas S. Facco; Waterloo Pereira Filho.

Normas Dris para Avaliação do Estado Nutricional de Cultivares de Soja Convencional e Transgênica

Uso de sensores para recomendação de nitrogênio. Eng. Agrônomo Dr. Fabricio Povh

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2010)

COMUNICADO TÉCNICO ISSN Nº 51, dez.2001, p.1-9

Anais 6º Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, Cuiabá, MT, 22 a 26 de outubro 2016 Embrapa Informática Agropecuária/INPE, p.

TÍTULO: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ACELERÔMETRO PIEZO-ELÉTRICO (AC) E PIEZO-RESISTIVO (DC) DURANTE MEDIDA DE CHOQUE EM ENSAIO DE QUEDA LIVRE.

Geoprocessamento e sensoriamento remoto como ferramentas para o estudo da cobertura vegetal. Iêdo Bezerra Sá

PMI 3331 GEOMÁTICA APLICADA À ENGENHARIA DE PETRÓLEO

16 EFEITO DA APLICAÇÃO DO FERTILIZANTE FARTURE

CORRELAÇÃO DE ÍNDICES ESPECTRAIS COM LEITURAS DE SPAD EM MUDAS DE OLIVEIRA (Olea europaea L.)

3 COMPARAÇÃO DE CLASSES NDVI UTILIZANDO IMAGENS ESPACIAIS NA REGIÃO DOS CAMPOS GERAIS

RESUMOS DE PESQUISA RESUMOS (Artigos Completos)... 72

Uso de Imagens de Satélite para o Estudo do Uso da Terra e Sua Dinâmica

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

Satélites Artificiais da Terra

Universidade de São Paulo. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz USO DE CLOROFILÔMETROS EM CANA-DE-AÇÚCAR

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Universidade de São Paulo. Planejamento de Experimentos

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

POPULAÇÃO DE PLANTIO DE ALGODÃO PARA O OESTE BAIANO

Produtividade de Matéria Seca de Capim Brachiaria brizantha cv. Marandu, com residual de 8 Toneladas de Cama Aviária e Diferentes Doses de Nitrogênio.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO EM ENGENHARIA AGRONÔMICA

Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão- ConBAP 2014 São Pedro - SP, 14 a 17 de setembro de 2014

Sensoriamento Remoto: Radiometria espectral e técnicas de análise de espectros. Patricia M. P. Trindade; Douglas S. Facco; Waterloo Pereira Filho.

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL VALORIZA. VALORIZA/Fundação Procafé

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 888

DINÂMICA DO POTÁSSIO NO SISTEMA SOJA-MILHO EM ÁREA DE ALTA PRODUTIVIDADE EM SORRISO-MT.

Transcrição:

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO USP ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ - ESALQ Departamento de Engenharia Rural COMPORTAMENTO DE UM SENSOR ÓPTICO ATIVO VARIANDO SUA VELOCIDADE Marcos Nascimbem Ferraz Orientador: José Paulo Molin PIRACICABA Estado de São Paulo Brasil Outubro 2007

COMPORTAMENTO DE UM SENSOR ÓPTICO ATIVO VARIANDO A VELOCIDADE RESUMO: O teor de nitrogênio das culturas está fortemente associado à reflectância espectral, portanto é possível avaliar o teor desse nutriente nas plantas através de técnicas de sensoriamento remoto, podendo estimar a quantidade que a cultura necessita para evitar desperdícios. Utilizando um sensor ótico capaz de ler a reflectancia e determinar o NDVI (índice de vegetação da diferença normalizada) é possível avaliar em tempo real a necessidade desse nutriente e automatizar a aplicação em taxa variada sem a necessidade de geração de mapas de fertilidade. Para essas aplicaoes esses sensores passaria a ser montados em veículos aplicadores de fertilizantes e nesse caso conhecer a influência da velocidade de deslocamento é de grande importância. Este trabalho teve como propósito avaliar um desses sensores em diferentes velocidades visando à utilização do mesmo em uma máquina agrícola. INTRODUÇÃO As culturas em geral respondem fortemente aos teores de nitrogênio disponíveis no solo, e a agricultura moderna está sobre pressão para evitar o aumento do nitrogênio aplicado nas culturas, pois quando o suprimento de N excede a necessidade da cultura, o excesso é perdido por escorrimento superficial e lixiviação, podendo contaminar ecossistemas aquáticos e o lençol freático (Wood et al., 1993). Essa perda de nitrogênio para o meio ambiente representa também uma perda econômica para os agricultores visto que o nitrogênio é o nutriente de obtenção mais cara. Entretanto, uma redução inapropriada no suprimento de nitrogênio poderia resultar em redução de produtividade e, por conseqüência, perda econômica. Por isso é preciso estimar a quantidade exata que a cultura necessita para evitar desperdícios. O sensoriamento remoto é a ciência e a arte de observar um alvo sem ter contato físico com o mesmo. Baseando-se apenas na interpretação deste alvo com a radiação eletromagnética (Lillesand & Kiefer, 1995) gera informações que podem, dentre outros, estimar a quantidade de nitrogênio nas culturas, visto que as propriedades espectrais, reflectância e transmitância das folhas são afetadas pela deficiência de nitrogênio (Blackmer et al., 1996), sendo a refletância

espectral inversamente correlacionada com a quantidade de nitrogênio nas plantas. A maioria dos estudos indica que uma reflectância das folhas de aproximadamente 550 nm tem uma boa correlação com o conteúdo de nitrogênio das folhas. O índice de vegetação da diferença normalizada (NDVI Normalized Difference Vegetetion Index) surgiu com o trabalho de Rouse et al. (1973), que encontraram uma relação entre medidas espectrais de duas bandas que melhor resolvia o problema das interferências do solo na resposta da vegetação. O NDVI está altamente correlacionado com o teor de nitrogênio nas plantas. O método de sensoriamento remoto ativo torna possível avaliar em tempo real algumas características da cultura, como, por exemplo, diagnosticar níveis de nitrogênio, além de possibilitar a automação do sistema mecanizado de aplicação de fertilizantes e variar a quantidade de fertilizante aplicado sobre a cultura sem a necessidade de geração antecipada de mapas de fertilidade. A proposta deste trabalho foi avaliar os resultados obtidos com o sensor trabalhando em diferentes velocidades, para verificar se há diferenças significativas nas leituras obtidas, visando à viabilidade de se utilizar este sensor em uma máquina agrícola. EXPERIMENTO 1 ENSAIO UTILIZANDO PARCELAS DE ALGODÃO COM DIFERENTES NÍVEIS DE DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA OBJETIVO ESPECÍFICO Avaliar o comportamento de um sensor ótico ativo em diferentes doses de nitrogênio aplicadas no algodão e a reflectância espectral da cultura, trabalhando com o sensor em diferentes velocidades de deslocamento e parado. MATERIAIS E MÉTODOS As leituras foram realizadas em uma área experimental instalada no Departamento de Produção Vegetal da USP/ESALQ, em Piracicaba (SP), cultivada com algodão da variedade Delta Opal, para avaliar o efeito de diferentes doses de nitrogênio sobre refletância do algodoeiro. O experimento teve um total de 20 parcelas resultante de quatro repetições e cinco tratamentos de doses de nitrogênio (0, 50, 100, 150 e 200 kg.ha -1 de N). Cada parcela possuia 4 linhas de 5,0 m,

sendo descartada uma linha de bordadura de cada lado da parcela e 0,5 m nas outras duas extremidades. Desta forma, os dados foram coletados em 2 linhas de 4,0 m de comprimento. O sensor utilizado para coleta de dados foi o GrenSeeker (NTech Industry Inc., Ukiah, CA) que trata-se de um sensor óptico ativo, com dois LEDs que emitem a luz em dois comprimentos de onda, vermelho (660 nm) e infravermelho próximo (780 nm), e a luz refletida é captada pelo detector. A partir da refletância obtida nos dois comprimentos de onda, o sensor calcula automaticamente o índice de vegetação NDVI. A altura de trabalho do sensor, segundo recomendação do fabricante, é entre 1 e 0,12 m de distância entre o sensor e o alvo. No sistema estático, foi avaliado, dentro de cada parcela 20 plantas (cinco em cada linha). Como as linhas são de 4 m, a cada 0,4 m foi feita uma leitura durante 15 segundos. A coleta em movimento foi feita caminhando com o sensor em todas as linhas de forma continua e em três velocidades previamente calibradas (1m/s; 1,14m/s e 4m/s) (Figura 1). Foi feita a estatística (Teste de Tukey ) para cada tratamento separadamente. Figura 1: Coleta dos dados na área de algodão como parte do experimento 1.

RESULTADOS Os dados da análise estatística sao apresentados na Tabela 1. Observa-se que que para algumas doses de nitrogênio, houve diferença significativa entre as diferentes velocidades (200Kg há - 1,150Kg há -1 e 50Kg há -1 ) Tabela 1: relação das médias de NDVI nas 4 velocidades com 8 repetições. 200 kg.ha -1 de N V1 0.871772 a V1 0.871772 a V2 0.859756 ab V2 0.859756 a V3 0.859089 ab V3 0.859089 a V4 0.843734 b V4 0.843734 a 150 kg.ha -1 de N V1 0.860367 a V1 0.860367 a V2 0.856004 ab V2 0.856004 ab V3 0.861049 a V3 0.861049 a V4 0.830285 b V4 0.830285 b 100 kg.ha -1 de N V1 0.85482 a V1 0.85482 a V2 0.85670 a V2 0.85670 a V3 0.84355 a V3 0.84355 a V4 0.83194 a V4 0.83194 a 50 kg.ha -1 de N V1 0.86165 a V1 0.86165 a V2 0.84846 a V2 0.84846 ab V3 0.84837 a V3 0.84837 ab V4 0.80759 b V4 0.80759 b 0 kg.ha -1 de N V1 0.81980 a V1 0.81980 a V2 0.79959 a V2 0.79959 a V3 0.78983 a V3 0.78983 a V4 0.76312 a V4 0.76312 a a,b : médias com a mesma letra não são diferentes estatisticamente pelo Teste de Tukey. Legenda: V1= modo estático; V2= 1m/s; V3= 1,14m/s; V4= 4m/s.

Os resultados podem ser visualizados na figura 2, que apresenta os gráficos de cada tratamento nitrogenado separadamente, onde cada linha representa uma velocidade diferente. NDVI NDVI 1 0,96 0,92 8 4 0,76 0,72 8 4 1 0,96 0,92 8 4 0,76 0,72 8 4 1) 2) 3) 1 2 3 4 5 6 7 8 repetições 1 2 3 4 5 6 7 8 repetições NDVI NDVI 1 0,96 0,92 8 4 0,76 0,72 8 4 1 0,96 0,92 8 4 0,76 0,72 8 4 4) 5) 1 2 3 4 5 6 7 8 repetições 1 2 3 4 5 6 7 8 repetições NDVI 0,96 0,92 8 4 0,76 0,72 8 4 1) 1 1 2 3 4 5 6 7 8 repetições Figura 2: Gráficos representando a variação da velocidade para cada dose nitrogenada ; 1) 0 Kg há -1 2) 50 Kg há -1 3) 100 Kg há -1 4) 150 Kg há -1 5) 200 Kg há -1 Observa-se uma grande variação na leitura do aparelho mesmo em uma mesma velocidade, demonstrando a heterogeneidade das parcelas, tanto por razões fisiológicas do algodão, quanto por falta de estabilidade na operação de leitura do NDVI.

CONCLUSÃO Os resultados são diferentes para cada tratamento de adubação utilizado no experimento, por ter sido efetuado no campo, o experimento pode ter sofrido outras influências como variação na altura do sensor, heterogeneidade das parcelas, e até erros de alvo. Como o sensor foi carregado manualmente, apresentou pouca estabilidade, podendo ocorrer movimentação em altas velocidades. EXPERIMENTO 2 ENSAIO UTILIZANDO ALVOS MORTOS E VELOCIDADE CONTROLADA COM TRATOR. OBJETIVO ESPECÍFICO O objetivo deste experimento foi avaliar a reflectância de três tipos de superfície com o sensor ótico montado sobre um trator submetido a cinco velocidades de deslocamento, de modo a avaliar se há diferença significativa das leituras do sensor nas diversas velocidades sobre os diferentes alvos. MATERIAIS E MÉTODOS As leituras foram realizadas em uma área do departamento de Engenharia Rural da USP/ESALQ, em Piracicaba (SP). A área foi dividida em três parcelas de 10 metros de comprimento por 0,75 metros de largura. Na primeira parcela, utilizou-se o próprio asfalto da rua para servir de alvo; na segunda parcela o alvo utilizado foi um pano TNT* de cor verde e na terceira parcela o pano TNT* verde e o asfalto foram alternados (um metro de pano, um metro de asfalto e assim sucessivamente) com a finalidade de forçar variações na taxa de NDVI. Foi utilizado o mesmo sensor do experimento anterior, porém, desta vez ele foi acoplado em um trator Massey Ferguson 4x2 5285, a 1 metro de altura do chão (alvo), para garantir o máximo de estabilidade do equipamento. Na medição de velocidade foi utilizado um sensor de giro na roda e os dados de velocidade foram confirmados pelas leituras do GrenSeeker (NTech Industry Inc., Ukiah, CA) que produz 10 leituras por segundo.

Foram feitas as medições passando com o sensor a seis velocidades diferentes (0,433 ms -1 ; 0,785 ms -1 ; 1,552 ms -1 ; 2,286 ms -1 ; 3,535 ms -1 ; 6,216 ms -1 ) por todas as parcelas realizando 3 repetições por velocidade. Os dados foram então separados por alvo e foi feito teste de Tukey para cada alvo e para todo o percurso, que engloba todas as parcelas em uma unica leitura. Obteve-se assim quatro superfícies (alternado TNT e asfalto, somente TNT, somente asfalto e todo o percurso) que foram analisadas separadamente. Figura 3: A- Parcelas; B- Sensor de giro instalado na roda; C e D GrenSeeker acoplado ao trator. RESULTADOS Em nenhuma das superfícies houve diferença significativa na leitura do NDVI nas diferentes velocidades, como pode ser observado na Tabela 2.

Tabela 2: relação das médias de NDVI nas 6 velocidades com 3 repetições. SUPERFÍCIE 1 - alternado V1 0.37335 a V1 0.37335 a V2 0.37008 a V2 0.37008 a V3 0.36849 a V3 0.36849 a V4 0.36983 a V4 0.36983 a V5 0.37759 a V5 0.37759 a V6 0.36838 a V6 0.36838 a SUPERFÍCIE 2 TNT verde V1 0.57693 a V1 0.57693 a V2 0.57584 a V2 0.57584 a V3 0.56825 a V3 0.56825 a V4 0.57531 a V4 0.57531 a V5 0.58318 a V5 0.58318 a V6 0.58002 a V6 0.58002 a SUPERFÍCIE 3 asfalto V1 0.109413 a V1 0.109413 a V2 0.114488 a V2 0.114488 a V3 0.112135 a V3 0.112135 a V4 0.111487 a V4 0.111487 a V5 0.111289 a V5 0.111289 a V6 0.109514 a V6 0.109514 a SUPERFÍCIE todo percurso V1 0.341070 a V1 0.341070 a V2 0.343489 a V2 0.343489 a V3 0.332554 a V3 0.332554 a V4 0.344730 a V4 0.344730 a V5 0.354230 a V5 0.354230 a V6 0.354036 a V6 0.354036 a a,b : médias com a mesma letra não são diferentes estatisticamente pelo Teste de Tukey. Legenda: V1= 0,433 ms -1 ;V2= 0,785 ms -1 ;V3= 1,552 ms -1 ; V4= 2,286 ms -1 ;V5= 3,535 ms -1 ;V6= 6,216 ms -1 A figura 4 apresenta os gráficos de cada superfície utilizada, onde o eixo X corresponde as diferentes velocidades utilizadas, e o eixo Y á média do NDVI, obtida nas três repetições.

1) 2) N D V I 0,9 5 0,75 0,7 5 0,55 0,5 0,45 0,4 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 0,433 0,785 1,552 2,286 3,535 6,216 VELOCIDADE N D V I 0,9 5 0,75 0,7 5 0,55 0,5 0,45 0,4 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 0,433 0,785 1,552 2,286 3,535 6,216 VELOCIDADE 3) 4) N D V I 0,9 5 0,75 0,7 5 0,55 0,5 0,45 0,4 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 0,433 0,785 1,552 2,286 3,535 6,216 VELOCIDADE N D V I 0,9 5 0,75 0,7 5 0,55 0,5 0,45 0,4 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 0,433 0,785 1,552 2,286 3,535 6,216 VELOCIDADE Figura 4: Gráficos representando a variação do NDVI com a velocidade para cada superfície, 1) alternado TNT e asfalto,2) somente TNT,3) somente asfalto e 4) todo o percurso. Neste experimento, além das parcelas homogêneas, houve um maior controle das velocidades e da estabilidade do equipamento. O sensor não apresentou diferença de leitura mesmo a velocidades altas. Pode-se dizer que as diferenças obtidas no experimento um foram devido a erros de estabilidade, porém a nível de campo, a estabilidade ideal pode ser difícil de ser alcançada. CONCLUSÃO

O aparelho apresentou bom desempenho em um experimento mais controlado, mostrando que mesmo a velocidades elevadas para operações agrícolas comuns é capaz de medir detalhadamente o NDVI da cultura obtendo médias semelhantes às obtidas em velocidades menores. CONSIDERAÇÕES FINAIS O experimento 2 apresentou resultados mais confiáveis devido ao nível de controle das velocidades, estabilidade do equipamento e também por ter sido efetuado com alvos mortos. No experimento 1 os resultados podem ter sido influenciados pela falta de estabilidade do sensor sobre as plantas, bem como razões fisiológicas do algodão e devido a um alvo não regular, mostrando que cuidados devem ser tomados quanto a estes padrões. O equipamento demonstrou ser confiável para o uso em veículos mesmo em velocidades elevadas, mas novas investigações devem ser conduzidas, especialmente em alvos reais e em condições com melhor controle experimental. BIBLIOGRAFIA READ, J.J; WHALEY, E.L; TARPLEY, L.; REDDY, R. Evaluation of a hand-held radiometer for field determination of nitrogen status in cotton. American Society of Agronomy Special Publication Number 66.p. 177-195, 2003. MONTOMIYA A. V. A.; MOLIN J. P.; DIAS C. T. S. LIMA V. P. T.; CHIAVEGATO E. J.; FRASSON F. R.; Sensoriamento remoto na detecção da deficiência de nitrogênio em algodoeiro; UEMS, Cassilândia MS e ESALQ/USP, Piracicaba SP. LILLESAND, T.M. & KIEFER, R.W. Remote Sensing and Image Interpretation. 3ª ed., John Wiley & Sons, Inc, New York, 1995. WOOD, C.W.; REEVES, D.W.; HIMELRICK, D.G. Relationship between chlorophyll meter readings and leaf chlorophyll concentration, N status, and crop yield: a review. In: Proceedings of the Agronomy Society of New Zealand, v.23, p.1 9, 1993. BLACKMER, T.M.; SCHEPERS, J.S.; VARVEL, G.E.; WALTER-SHEA, E.A. Nitrogen deficiency detection using reflected shortwave radiation from irrigated corn canopies. Agronomy Journal, v.88, p.1 5, 1996. ROUSE, J.W.; HAAS, R.H.; SCHELL, J.A.; DEERING, D.W. Monitoring vegetation systems in the great plains with ERTS. In: Earth Resources Technology Satellite-1 Symposium, 3., Washington, D. C., Proceedings. NASA, Goddart Space Flight Center, 1973. v.1, p.09-317, (NASA SP-351), 1973.