Educação Espírita Infanto-Juvenil

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E S P I R I T I S M O P A R A C R I A N Ç A S Educação Espírita Infanto-Juvenil 1º ciclo, 6-9 ANOS 3º ano

PROGRAMA ORIENTADOR PARA A EDUCAÇÃO ESPÍRITA DE CRIANÇAS E JOVENS 1º ciclo- 6-9 ANOS 3º ano Versão 0 16/09/2015 Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 2

GRELHA DE REVISÃO Aqui apresentam-se as revisões ocorridas neste documento, desde a data da sua primeira publicação. Data da revisão Conteúdo Página(s) Versão Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 3

NOTA INTRODUTÓRIA Devido à extensão do programa e para facilitar a consulta do mesmo, o Programa Orientador para a Educação Espírita referente ao 1º ciclo, encontra-se dividido por anos de estudo e será disponibilizado numa coleção de 4 livros. 1º Ciclo 1º Ano 6 anos 2º Ano 7 anos 3º Ano 8 anos 4º Ano 9 anos A divisão dos anos de estudo por idades tem como objetivo, facilitar a organização do trabalho ao nível da criação de estratégias adequadas a cada faixa etária (Estratégias de Ação, p.13). Deverá o Educador estudar o programa na sua totalidade para poder adequar os conteúdos e estratégias de ação, à realidade do seu grupo de trabalho, que nem sempre poderá obedecer a esta organização. Neste documento serão apresentadas de forma geral as linhas orientadoras para a Educação Espírita, no 1º ciclo, e, especificamente a programação referente ao 3º ano. Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 4

ÍNDICE ÍNDICE... 5 I. INTRODUÇÃO... 6 II. APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA ORIENTADOR PARA A EDUCAÇÃO ESPÍRITA DE CRIANÇAS E JOVENS... 8 DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA... 9 III. CARACTERIZAÇÃO PSICOLÓGICA DA CRIANÇA... 10 6-9 ANOS... 10 IV. PLANO CURRICULAR - 3º Ano... 12 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO... 13 V. PLANIFICAÇÃO E CALENDARIZAÇÃO ANUAL... 17 7-9 ANOS... 17 VI. RECURSOS DISPONÍVEIS... 20 VII. PLANIFICAÇÕES SEMANAIS (SEQUÊNCIA DE ACORDO COM A CALENDARIZAÇÃO)... 22 VIII. MATERIAIS DE APOIO - 3º Ano... 22 ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS PARA O EDUCADOR... 23 Módulo V - Consciência... 23 Módulo VI - Dor... 26 Módulo VII - Morte... 29 Módulo VIII - Perdão... 32 IX. CONTACTOS DE APOIO... 36 X. BIBLIOGRAFIA... 37 Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 5

I. INTRODUÇÃO Ao olhar atentamente a vida de hoje, percebemos, extasiados que, sem dúvida, vivemos um tempo de grandes realizações da inteligência, como é de notar no exemplo da exploração do espaço infinito, através de satélites, que de pontos longínquos do Universo nos enviam fotografias maravilhosas capazes de nos fazer refletir sobre quem somos. Mas, nesse olhar atento, percebemos também, com profunda tristeza, que a acompanhar as gloriosas conquistas da inteligência, habita a presença gritante das grandes catástrofes sociais, relacionais e afetivas (homicídios, suicídios, toxicodependências das mais diversas ordens, desde as que são socialmente aceites como o álcool, o abuso de fármacos, o cigarro; até àquelas que reconhecidamente são intoleráveis para a saúde pública). A partir destes olhares, onde constatamos a imensa solidão que ocupa o espaço íntimo do Homem do século XXI e pelo estudo da Codificação, percebemos que é urgente educar a nova geração, para que esta veja os acontecimentos da vida terrena sobre vários ângulos, reflita sobre o que está nos bastidores de cada situação vivencial, treine a abertura ao debate interior, ao levantamento de perguntas e à procura de respostas para as situações inesperadas, em vez da reação impulsiva nascida na prisão dos medos, das inseguranças, dos preconceitos ou da preguiça de pensar. Percebemos que educar, à luz do Espiritismo, é abrir espaço para que cada criança tenha coragem para apostar nos seus sonhos, projetos, compromissos, guardados na sua alma, à espera de serem descobertos, e concretizados no período da atual vida terrena. Como anuncia o Codificador no livro A Génese : A época atual é de transição; confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto intermédio, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhes são peculiares. Têm ideias e pontos de vista opostos as duas gerações que se sucedem. Pela natureza das disposições morais, porém, sobretudo das disposições intuitivas e inatas, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo. Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior. Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as ideias progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração. cap. XVIII- item 28 A necessidade da criação de um Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens, impõese! Com o programa que ora apresentamos, cumpre a Federação Espírita Portuguesa, o dever de auxiliar o movimento Espírita com as ferramentas necessárias para que de forma pedagógica, sistemática e lúdica, adequado à nossa realidade e cultura, possam as nossas crianças e jovens usufruir do estudo da Doutrina Espírita. Este programa, pensado e preparado para a nova geração, contribuirá na mudança de atitude necessária aos tempos que vivemos, rumo aos caminhos de Jesus! No dizer de Bezerra de Menezes, pela psicografia de Divaldo Franco, Cabe-nos contribuir em favor da iluminação das consciências em desenvolvimento e do carácter das gerações novas, mediante os lúcidos conhecimentos espíritas, fomentando-lhes a paz e a conduta reta, de modo que a violência e os impulsos Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 6

que procedem do passado as más inclinações, conforme o conceitua o preclaro codificador -, se transformem em atividades educacionais prioritárias. Tamanha é a importância da mudança na valorização da alma, que Sócrates (470 ac), já era assistido por essa preocupação tomar o maior cuidado com a alma e menos com esta vida, que não representa mais que um instante perante a eternidade (ESE, Resumo da Doutrina de Sócrates e Platão, item VII). O Cristo trouxe-nos a Lei de Amor, pela qual devemos aprender a reger a nossa vida valorizando os bens da alma em detrimento dos bens materiais. Através do Espiritismo pelo concurso dos espíritos superiores, podemos ter uma maior compreensão de todos estes valiosos ensinamentos e da importância da nossa reforma intima como nos traz Santo Agostinho ao fim de cada dia, interrogava a minha consciência, passava revista o que havia feito e perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria tido motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, lembrasse todas as ações que praticara durante o dia e se perguntasse o que fez de bem ou o mal, pedindo a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, adquiriria uma grande força para se aperfeiçoar, porque, acreditai-me, Deus o assistirá. (Livro dos Espíritos, Qt. 919ª) São todos estes ensinamentos que servirão de fio condutor para o presente trabalho de educação e crescimento moral, não só para as crianças mas também para os Educadores que com elas trabalharão. Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 7

II. APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA ORIENTADOR PARA A EDUCAÇÃO ESPÍRITA DE CRIANÇAS E JOVENS Este programa foi pensado de acordo com as capacidades e necessidades das crianças e jovens, seguindo os níveis de exigência e as valências estabelecidas pelo Ministério da Educação, para o ensino em Portugal. O presente projeto visa colocar à disposição dos educadores espíritas, orientações, materiais de apoio e de registo bem como diferentes recursos didáticos, pensados para cada um dos módulos que o compõem e adequados aos vários escalões etários, respeitando o seu perfil de desenvolvimento psicológico, cognitivo e social. O Programa Orientador de Educação Espírita contempla, 3 ciclos a partir dos 6 anos: 1º ciclo dos 6 9 anos 2º ciclo dos 10 11 anos 3º ciclo 12-14 anos. O programa para o primeiro ciclo divide-se em duas partes: 4 módulos englobando 4 grandes temas gerais do conhecimento espírita, para o 1º ano, ano preparatório, referente aos 6 anos, e 12 módulos de estudos espíritas e um módulo de cariz moral com base no Evangelho, para 7-9 anos. O programa para o 2º e 3º ciclo é igualmente composto por 12 módulos de estudos espíritas e um módulo de cariz moral com base no Evangelho, desenvolvido de acordo com a faixa etária a que se destina (tabela 1 e tabela 2). Tabela 1 - Quatro módulos para a faixa etária dos 6 anos - 1º ano, ano preparatório QUEM SOU? EU E DEUS EU E OS OUTROS EU E A NATUREZA Desenvolvimento do programa do 1º ciclo 1º ano, ano preparatório, referente a 6 anos. Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 8

Tabela 2 Doze módulos de estudos espíritas, comuns aos três ciclos de ensino DEUS ESPÍRITO CORPO INSTINTO CONSCIÊNCIA DOR MORTE PERDÃO ORAÇÃO CARIDADE PROGRESSO AMOR O estudo das temáticas do Evangelho para os três ciclos de ensino são: 1º ciclo referente a 7-9 anos: Estudo das Parábolas de Jesus e Efemérides Cristãs com base no livro Eu e Jesus Coleção Espiritismo para Crianças edições FEP 2º ciclo 10-11 anos: Aprofundamento das Parábolas de Jesus e Efemérides Cristãs (nova dinâmica de estudo) 3º ciclo 12-14 anos: Estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo (adaptado) DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA 1º ciclo referente a 7-9 anos 1º ano de estudo: Quem sou?; Eu e Deus; Eu e os Outros; Eu e a Natureza. 2º ano de estudo: Deus; Espírito; Corpo; Instinto; Parábolas e Efemérides Cristãs: Parábola do Semeador, dos Talentos e Efeméride do Natal e Páscoa. 3º ano de estudo: Consciência; Dor; Morte; Perdão; Parábolas e Efemérides Cristãs: Parábola do Credor e Devedor, Parábola da Figueira Seca e Efeméride do Natal e Páscoa. 4º ano de estudo: Oração; Caridade; Progresso; Amor; Parábola do Bom samaritano, as Parábolas do Mau Rico e do Festim das Bodas encontram-se adaptadas no capítulo Aprendendo com Jesus ; Efemérides Cristãs: Efeméride do Natal e da Páscoa. Estudo sobre a liberdade e Direitos Humanos. Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 9

Os conteúdos e competências gerais de cada módulo estarão apresentados no capítulo III Plano Curricular, e desenvolvidos nas planificações semanais como orientações pedagógicas para o Educador. As propostas de estudo apresentadas neste programa revelam-se desafiadoras, trazendo novas pistas para que a criança/jovem possa dar passos seguros no seu processo de autodescoberta, pensando, questionando e discernindo os valores do homem revigorado nos ideais de Jesus. Dando resposta às exigências atuais, coloca-se à disposição de todos o presente Programa, disponibilizando novas ferramentas e reutilizando outras, em prol de um melhor desempenho das tarefas do educador, levando as nossas crianças e jovens ao estudo da Doutrina Espírita, cujos princípios se fundem na moral cristã, capazes de orientar todo o processo de renovação do Homem: aperfeiçoamento moral, ético, afetivo, intelectual e social. III. CARACTERIZAÇÃO PSICOLÓGICA DA CRIANÇA 6-9 ANOS Apesar de se considerar que o desenvolvimento infantil segue percursos próprios, isto é, cada criança atinge os marcos de crescimento ao seu ritmo, estes obedecem a um padrão universalmente observado. Desta forma, é possível estabelecer metas e padrões do desenvolvimento infantil, quer na sua vertente cognitiva, social ou moral, para determinadas faixas etárias. Este enquadramento, apesar de ter como base os princípios epigenéticos do desenvolvimento humano, tem igualmente como base os princípios da Doutrina Espírita. Como tal, devemos entender a criança como um Espírito que detém conhecimentos, experiências e débitos que poderão potenciar ou minorar as suas aquisições, fornecendo elevada heterogeneidade aos grupos com os quais lidamos. Ainda relativamente ao desenvolvimento humano, considera-se que este se encontra dividido em estádios que se sucedem de forma contínua, caracterizados por aquisições que devem ser realizadas num determinado período de tempo. Todos os indivíduos passam pelos estádios na mesma sequência, que se considera invariável, contudo fazem-no a ritmos diferentes. Há também que considerar que apesar de os indivíduos terem característica do estádio de desenvolvimento correspondente à sua idade, têm apetência para preferir raciocínios do estádio seguinte, que expressa de forma clara a tendência de aperfeiçoamento e crescimento que caracteriza os Espíritos. No que concerne ao desenvolvimento psicossocial de uma criança entre os 7 e os 8 anos idade, está enquadrada no determinado período das operações concretas. Este período estende-se desde os 7 anos (altura em que caracteristicamente as crianças abandonam o período pré-operatório) até aos 12 anos sensivelmente. Tradicionalmente considera-se que neste estádio a criança organiza o seu pensamento. Até este momento o seu pensamento era desorganizado, não tinha barreiras realistas, levando-as a acreditar tanto no real como no fantástico, sendo que estas duas perspetivas se misturavam com facilidade. A partir desta idade adquire-se a irreversibilidade do tempo, a noção de causa-efeito e da experimentação (tentativa e erro); as noções de espaço, tempo, peso, e outras medidas passam a ser constantes e Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 10

organizadoras da perceção. A experiência que melhor ilustra este período de pensamento é a do copo de água. Oferecendo dois copos de água, constantes em volume, mas com formas diferentes, a crianças no estádio pré-operatório tendem a escolher o que aparentemente parecer ter mais água. Nesta fase, as crianças já são capazes de compreender que independentemente do formato do copo, a quantidade de água é idêntica. Operacionalizando, está nesta fase, facilitado o trabalho da aquisição das regras e a compreensão das mesmas como sendo elementos estruturados da nossa vida em sociedade. Será relativamente simples para a criança nesta fase, entender e trabalhar as leis morais, de forma concreta. O seu pensamento estrutura-se ao máximo e sentem que é securizante a existência de um sistema de regras que possa regular o seu comportamento. A contestação surgirá mais tarde, quando começarem a criar hipóteses futuras com base nessas regras. Poderá existir já esta tendência, contudo não terão a maturidade suficiente para compreender as consequências futuras, apenas as imediatas. Esta visão muito estrita da realidade pode levar a que sejam demasiado centrados nestes sistemas normativos, chegando a ser cruéis na forma como percebem os desvios à norma. Como tal, o trabalho da tolerância pela expressão do próximo é essencial nesta fase, para que seja facilmente interiorizada no estádio seguinte. A moral é decorrente destes aspetos. Normalmente a autoridade é vista como a detentora de força, poder ou outra expressão de autoridade que seja concreta. O trabalho deve ser feito no sentido de expandir a compreensão da moral como sendo dependente de verdades universais que devem ser aplicadas consoante as circunstâncias e os envolvidos, sem desvirtuamento das leis. Este é um verdadeiro desafio para estas crianças que se prendem, literalmente, a regras concretas e imutáveis. No campo social, começam lentamente a preferir a companhia dos pares (amigos e outros elementos de referência de idade próxima), para já sectorizado por sexo. O trabalho em grupo pode assim ser privilegiado, o que até então seria mais complexo de alcançar. Relativamente ao campo psicossexual, esta fase é caracterizada por um período de latência sexual, ainda que este estádio não se sobreponha perfeitamente ao estádio desenvolvido por Freud. Contudo, crianças entre os 7 e os 8 anos tendem a sentir alguma repulsa por temas ligados às relações homem-mulher, preferindo a exploração da noção de amizade e a construção das mesmas. O instinto sexual ainda está adormecido e a curiosidade ainda não é primordial nestas idades. A abordagem de temáticas deste campo poderá por isso estar dificultada. Em suma, entre os 7 e os 8 anos a crença num mundo regido por leis claras e precisas está implementada, levando a que a criança tenha, inclusive, alguma rigidez no pensamento. O trabalho em torno das leis está portanto facilitado, mas a construção da ideia de energia, Deus, e outros constructos abstratos e não observáveis poderá agora revelar-se mais difícil. A postura contestatária poderá surgir na intenção do ver para crer. O trabalho em grupo começa agora a ser possível e em breve será o preferido. Há campo para trabalhar a noção do outro e dos seus direitos, ainda que seja complexa a noção de empatia. Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 11

IV. PLANO CURRICULAR - 3º ANO MÓDULO V - Consciência MÓDULO VI Dor CONTEÚDOS Vontade Arrependimento Leis que regem o Universo Leis físicas e Leis morais Consciência e responsabilidade Leis Divinas: Adoração Trabalho Reprodução Conservação Destruição Sociedade Progresso Igualdade Liberdade Justiça, Amor e Caridade Qualidades e defeitos O Espírito e as suas conquistas Causas atuais da dor A dor como remédio Consequências dos nossos erros A consciência atua sempre O arrependimento como início da correção A expiação As provas Dor física e dor moral O amor como remédio ideal O auto-perdão A reparação COMPETÊNCIAS GERAIS Compreender que a vontade é atributo do Espírito. Identificar semelhanças e diferenças de comportamento e caráter dos indivíduos. Compreender a necessidade da autoanálise. Compreender o arrependimento como gerador de mudança, necessário à construção da própria felicidade. Reconhecer a importância da reforma íntima. Compreender que as leis divinas ou naturais funcionam como guias que sustentam o equilíbrio do Universo e da vida humana. Perceber que somos responsáveis pelo uso do nosso livre arbítrio e que sofremos as consequências das nossas ações. Reconhecer as características do Homem de Bem e a sua importância como modelo comportamental. Compreender que os vícios e as qualidades morais são inerentes ao Espírito e não ao corpo físico. Identificar na vontade do Espírito a possibilidade de conquistar o bem. Compreender o egoísmo como fonte de todas as misérias terrenas. Compreender que todos os nossos atos têm consequências. Perceber a dor como aviso do Espírito que adoeceu e ao mesmo tempo um grande remédio para a alma. Perceber que o arrependimento vem com a tomada de consciência e que após o arrependimento vem a expiação, como consequência da falta cometida, seja na vida presente ou seja após a morte, na vida espiritual, ou ainda uma nova existência corpórea, até que os traços da falta tenham desaparecido. Compreender a diferença entre a dor física e a dor moral. Compreender a necessidade do auto perdão. Compreender a importância e a necessidade de reparar o mal que se faz através do bem. Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 12

MÓDULO VII - Morte MÓDULO VIII - Perdão De regresso a casa Retorno da alma ao mundo dos Espíritos O princípio vital O perispírito, origem e propriedades Escala Espirita O Livre Arbítrio As escolhas As emoções e os sentimentos A comunicação Melindre Perdão Ciúme Auto perdão Rever a constituição trina do ser humano em comparação com o fruto: Espírito, perispírito, corpo. Adquirir consciência dos sinais inerentes ao processo natural de envelhecimento do ser humano, que culmina na morte física, o desencarne. Explicar o fenómeno da morte do Corpo físico como o retorno da alma ao mundo dos Espíritos que ela havia deixado temporariamente, nunca perdendo a sua individualidade. Perceber o Princípio Vital como força motriz dos corpos orgânicos: Seres humanos; Animais; Plantas. Compreender que quando o corpo físico deixa de ser capaz de absorver o princípio vital pára de funcionar, dando-se a morte física. Adquirir consciência da necessidade de cuidar do corpo e da alma para uma vida sadia enquanto encarnados na Terra. Compreender a origem da matéria e do perispírito a partir do FCU e os vários estados da matéria. Perceber as diferentes ordens de Espíritos e as suas qualidades. Estas vão sendo adquiridas através da aquisição do conhecimento e da moral no processo evolutivo do ser rumo à perfeição. Reconhecer a Terra como planeta escola e tomar consciência dos efeitos dos nossos comportamentos para uma vida saudável na Terra e no Mundo Espiritual. Compreender a necessidade de trabalhar a nossa reforma íntima, para conquistarmos valores e virtudes para que a nossa imagem espiritual se torne a cada dia mais bonita e leve. Constatar a realidade da liberdade na vida do ser humano. Reconhecer no homem a capacidade de prever as consequências dos seus comportamentos. Compreender que a inteligência racional permite distinguir o bem do mal, ter vontade própria e a capacidade de refletir acerca das alternativas para o seu comportamento. Compreender e identificar os sentimentos de melindre e ciúme. Perceber a importância de não ceder a uma lógica de melindre e/ou agressividade perante a frustração. Perceber que só o desenvolvimento de forças internas (autoestima, autoaceitação e generosidade) permite ao ser humano pensar as emoções e corrigir as suas más tendências. Compreender o que é o perdão e o auto perdão. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO 1- ESCOLHA DE EDUCADORES Tendo em conta a grande importância da formação das crianças e jovens, cabe a todas as Casas Espíritas organizar a Educação Espírita para Crianças e Jovens com o mesmo cuidado e rigor com que se preparam as demais atividades. Desta forma, o trabalho deve iniciar-se por uma escolha adequada dos trabalhadores. Estes, além dos conhecimentos doutrinários necessários para a condução do trabalho, e, se possível conhecimentos ao nível da pedagogia devem ser motivados e orientados para a realização de uma Educação Espírita rica em conteúdos e afetos, voltada para as atuais caraterísticas do público-alvo, suas necessidades e interesses. Desta forma, tentando dar resposta às atuais necessidades e interesses das crianças cada vez mais enérgicas e em alguns casos precoces, o Educador, para além da preparação doutrinária e pedagógica Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 13

acima referida, terá que ser um apaixonado pelo serviço, de modo a tornar-se agente motivacional, elemento que irá auxiliar as crianças neste estudo tão revelador. Diremos mesmo que, o Educador, terá obrigatoriamente que recuperar a criança que há em si e reaprender a sonhar: o gosto pela descoberta, a vontade de sentir/perceber as pequenas coisas, de se admirar e entusiasmar ao abrir o baú das bugigangas para preparar um mini cenário, ao contar uma história envolvendo o espaço, ou mesmo usando as novas tecnologias, para de forma afetiva e com harmonia fazer parte integrante do grupo. Só assim conseguirá compreender os olhares, os gestos mais pequenos, criar empatia com os seus pupilos fazendo diferente e bem, procurando não cair no formato habitual de aulas. Este aspeto relativo ao perfil do Educador é importante, pois ao estudar este Programa, a leitura que deverá fazer das planificações que apresentamos como orientações de aula, não deverá ser estanque. De acordo com o grupo/ condições, o Educador deverá ser capaz de seguir as orientações pedagógicas/conteúdos criando dinâmicas diferentes sempre que for necessário e útil ao grupo que dirige. A adequação da planificação à sua realidade é, assim, imprescindível. Para este trabalho, bem como para os demais trabalhos nas Casas Espíritas, é necessário uma preparação atenta e responsável. 2 - FORMAÇÃO DE GRUPOS A Formação dos grupos, no que diz respeito à junção de idades numa mesma sala, estará dependente das condições físicas do espaço, do número de educadores e do número de crianças. Desta forma, cada Casa Espírita organizará os seus grupos de trabalho, podendo trabalhar cada faixa etária separadamente ou juntar grupos dentro de um mesmo escalão etário. O ideal será criar grupos etários separados (grupo de 7, grupo de 8, grupo de 9, etc.), utilizando o Programa que abarca cada faixa etária. Mas, a nossa realidade nem sempre o permite, assim, é necessário ter em conta que sempre que se fazem grupos mistos, (7/8 + 9; 7 + 8/9 ou 7/8/9) necessitamos uma maior atenção e preparação de aulas com especial cuidado. Pois, embora o Programa seja o mesmo, os temas e atividades já suscitam outras respostas bem diferentes, o que é natural, e deve ser bem orientado e aproveitado pelo educador, uma vez que é possível retirar uma mais-valia do trabalho de grupos etários heterogéneos, na aprendizagem feita da troca de saberes entre pares. 3 SOBRE OS CONTEÚDOS Os conteúdos doutrinários serão trabalhados desde o início da aula: 3.1. Os conteúdos doutrinários serão trabalhados desde o início da aula, mais propriamente desde a chegada à Casa Espírita. O abraço, a receção calorosa, o convite para ouvirem uma nova música, ou o desafio de uma frase, ou um poema ou curta mensagem (adaptada à linguagem infantil) irá auxiliar a serenar e a preparar o grupo para uma hora de estudo dinâmico, divertido, sério e refletivo. Nesta fase de Harmonização e introdução ao estudo é necessário auxiliar para que todas as crianças participem, para que se sintam bem-vindas, integradas e à vontade para fazerem os comentários e apresentarem as suas reflexões que deverão ser aceites e ouvidas por todos. Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 14

3.2. As atividades didáticas propostas e/ou outras adequadas à faixa etária da criança serão desenvolvidas de acordo com o espaço físico e disponibilidades de cada grupo de estudo: Dramatizações, percursos pela natureza, peddy-paper, pintura, atividades experimentais, exercícios propostos bem como momentos de reflexão e convívio, que possibilitem um estreitar de laços fraternos entre o educador e o grupo, bem como a aquisição sólida e raciocinada dos conteúdos trabalhados. SOBRE A DINÂMICA DAS AULAS 3.3. Neste Programa são apresentadas orientações de aulas (planificações em anexo) na tentativa de melhor contribuir para a organização dos conteúdos a trabalhar, contudo, é importante dinamizar estas aulas para que se tornem não apenas momentos de aquisição, mas de partilha, de crescimento, e, que a criança se sinta motivada para a frequência das mesmas, afastando-as do modelo rígido de sala de aula. Na Educação Espírita devem ser valorizados todos os sentimentos manifestados pela criança, deve haver tempo para os abraços e estreitar de laços verdadeiramente fraternos. O espaço deve ser alegre e o mais informal possível. Questões como a disciplina/assiduidade e comportamento também devem ser tidos em conta na Educação Espírita como em todos os trabalhos sérios dos quais se perspetivam frutos. Na reunião inicial com os pais, os mesmos devem ser alertados para a importância da assiduidade e pontualidade das crianças, não só pelo constrangimento no trabalho que se está a desenvolver, mas como forma de as preparar para as responsabilidades da vida. Crianças saudáveis, são crianças enérgicas, alegres e que com alguma facilidade estabelecem conversas paralelas perdendo a atenção do trabalho realizado. Nestas situações, em que se gera burburinho e alguma agitação deve o Educador voltar a captar a atenção das mesmas, tentando sempre evitar expressões inibidoras de cunho negativo como calem-se, estejam quietos, não volto a avisar. Diante dessas circunstâncias o Educador pode combinar previamente com o grupo palavras mágicas ou gestos serenos que os farão motivar de novo para o estudo. 4 - AUTODESCOBERTA O trabalho de autodescoberta/reforma íntima acontece ao longo de todo o estudo, porém no sentido de melhor o potenciar, no final de cada sessão, é feita a síntese da aula e o convite à reflexão e análise de atitudes e pensamentos durante a semana. No decorrer do trabalho e com um maior conhecimento das caraterísticas de cada elemento do grupo, poderá o educador pontualmente, sentir a necessidade de abordar algum tema que se faça pertinente no momento (ex: perda de um familiar ou amigo, situação de divórcio dos pais, bullying, tendências auto lesivas, depressivas, ). Nesta situação cabe ao Educador reorientar a aula no sentido que se faz urgente, apresentando o tema que considera necessário abordar naquele momento. Este trabalho poderá desenrolar-se através do diálogo em grupo ou distribuindo por cada criança uma tira de papel com uma palavra ou frase ou apresentando imagens e convidando à reflexão e discussão do tema. É importante que o educador transmita aos pais ou encarregados de educação, bem como ao dirigente da Casa Espírita, os sentimentos, emoções ou comportamentos manifestados pela criança em causa. E qual o trabalho feito na Educação Espírita no sentido de a ajudar. Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 15

Deve ainda chamar a atenção, sempre que necessário, para o recurso a outro tipo de ajudas mais específicas, dentro ou fora da casa espírita. Deverá o Educador ter em conta a sensibilidade das crianças nestes casos, de forma a saber ultrapassar algum momento mais constrangedor ou sentimentos de inquietação que possam surgir. A aula deverá terminar de forma serena, saindo todos consolados com a aprendizagem. A mestria do educador está na capacidade da sua observação, da auscultação apoiada na sua intuição e no apoio espiritual para conseguir ir ao encontro das necessidades espirituais do grupo que acolhe. Para tal, é importante que o mesmo mantenha hábitos de estudo (Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita), para a sua preparação enquanto educador e para a sua própria reforma e crescimento espiritual reeducar-se para educar. 5 PARTICIPAÇÃO NAS TEMÁTICAS DO MOVIMENTO ESPÍRITA NACIONAL Anualmente haverá um tema que poderá ser desenvolvido por cada Centro ao longo do ano e posteriormente apresentado no CONCESP. Esta iniciativa visa a aproximação dos Centros no desenvolvimento de um trabalho comum. 6 RELAÇÃO PAIS/EDUCAÇÃO ESPÍRITA CRIANÇAS E JOVENS Antes de iniciar o Programa com as crianças e/ou jovens e no decorrer do mesmo, é necessário promover encontros com os pais e encarregados de educação, a fim de partilhar os conteúdos e melhor potenciar todo o trabalho. Algumas diretrizes para o Encontro com Pais e Encarregados de Educação: 1. Apresentação da criança e dos pais (sugestão: jogo de apresentação (Anexo I)) 2. Necessidade da Educação Espírita 3. Programa Orientador de Educação Espírita (para a faixa etária) 3.1. Temáticas gerais 3.2. Estratégias 4. Importância da reforma-íntima (autorreflexão) 5. Assumir o compromisso os pais deverão ser informados sobre a importância da assiduidade e pontualidade, solicitando-lhes que em caso de não comparência avisem antecipadamente sempre que possível. 6. Marcação do próximo encontro, que deverá acontecer no final de cada período, onde será feito o balanço do trabalho desenvolvido e apresentados os conteúdos a trabalhar no período seguinte. Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 16

V. PLANIFICAÇÃO E CALENDARIZAÇÃO ANUAL 7-9 ANOS Tabela 3 Calendarização anual CALENDARIZAÇÃO DAS AULAS DE ESTUDOS ESPÍRITA PARA O 3º ANO DO 1º CICLO data nº aula 1 Aula de apresentação pais e alunos conteúdos Observações 2 Rever a Parábola do Semeador 3 Consciência - 1ª aula- Revisão para preparação do tema 4 Consciência - 2ª aula- O Bem e o Mal/Vontade/Arrependimento/Livre arbítrio 5 Consciência - 3ª aula- A Consciência e as leis divinas 6 Consciência - 4ª aula- Noções Básicas leis morais: Adoração, Trabalho, Reprodução, Conservação 7 Consciência - 5ª aula- Noções Básicas leis morais: Destruição, Sociedade, Progresso, Igualdade, Liberdade, Justiça Amor e Caridade 8 Efeméride do Natal/ A nossa Consciência e o Natal 9 Efeméride do Natal/ A nossa Consciência e o Natal 10 ACTIVIDADES DE CONSOLIDAÇÃO ou DE PREPARAÇÃO PARA O NATAL 11 ACTIVIDADES DE CONSOLIDAÇÃO ou DE PREPARAÇÃO PARA O NATAL 12 ACTIVIDADES DE CONSOLIDAÇÃO ou DE PREPARAÇÃO PARA O NATAL FÉRIAS DO NATAL 13 Dor - 1ª aula - Revisão: Deus, a Natureza e o Homem 14 Dor - 2ª aula - Qualidades e defeitos/ O Espírito e as suas conquistas Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 17

CALENDARIZAÇÃO DAS AULAS DE ESTUDOS ESPÍRITA PARA O 3º ANO DO 1º CICLO data nº aula conteúdos Observações 15 Dor - 3ª aula - Causas atuais da dor: combate ao egoísmo 16 Dor - 4ª aula - A Dor - grande remédio 17 Dor - 5ª aula - Arrependimento/ Expiação/Provas/ Dor física e moral 18 Dor - 6ª aula - O Auto perdão e a Reparação 19 Morte - 1ª aula - Corpo Físico, Espírito e Perispírito 20 Morte - 2ª aula - Retorno da alma ao mundo dos Espíritos 21 Morte - 3ª aula - O Princípio Vital 22 Morte - 4ª aula - Perispírito - origem e propriedades; Escala Espírita 23 Páscoa - Estudo sobre a Ressurreição / atividades FÉRIAS DA PÁSCOA 24 Perdão - 1ª aula - Livre arbítrio; As escolhas 25 Perdão - 2ª aula - As Emoções e os Sentimentos; A comunicação 26 Perdão - 3ª aula -Agressividade, Frustração; Perdão e Auto perdão 27 Perdão - 4ª aula - O Perdão e o exemplo de Jesus 28 ACTIVIDADES DE CONSOLIDAÇÃO 29 Parábola do Credor e Devedor 30 Parábola do Credor e Devedor 31 Parábola da Figueira Seca 32 Parábola da Figueira Seca Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 18

CALENDARIZAÇÃO DAS AULAS DE ESTUDOS ESPÍRITA PARA O 3º ANO DO 1º CICLO data nº aula conteúdos Observações 33 ACTIVIDADES DE CONSOLIDAÇÃO - TEATRO/ CANTO/ POESIA/ Voluntariado ETC 34 ACTIVIDADES DE CONSOLIDAÇÃO - TEATRO/ CANTO/ POESIA/ Voluntariado ETC 35 ACTIVIDADES DE CONSOLIDAÇÃO - TEATRO/ CANTO/ POESIA/ Voluntariado ETC 36 ACTIVIDADES DE CONSOLIDAÇÃO - TEATRO/ CANTO/ POESIA/ Voluntariado ETC Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 19

VI. RECURSOS DISPONÍVEIS Tabela 4 Recursos disponíveis 7 9 anos 3º ano Livro: Coleção Espiritismo para crianças PPT Outros Livros Filmes Músicas Dor Consciência O que é a Consciência? Pensamentos que fazem Crescer O que é a Dor? Pensamentos que fazem Crescer 5 aulas 6 aulas Livro dos Espíritos Evangelho Segundo o Espiritismo Panela de pressão subterrânea https://www.youtube.com/watch?v=jagzna2og20 As profissões O que é ser voluntário O nascimento de uma girafa João-de-barro construindo a sua casa Formação de um vulcão Ajuda ao próximo Madeira, levada do Rei S. Jorge Sempre que faço o bem De volta ao mundo espiritual Morte O que é o Morte? Pensamentos que fazem Crescer 4 aulas Perdão O que é o Perdão? Pensamentos que fazem Crescer 4 aulas Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 20

Tabela 5 Outros recursos disponíveis como apoio aos módulos de ensino Livro: Coleção Espiritismo para crianças Outros Livros Filmes Músicas Parábola do credor e do devedor Eu e Jesus Evangelho Segundo o Espiritismo Pensamentos que fazem Crescer Efeméride da Páscoa Parábola da Figueira Seca Efeméride do Natal Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos (3º ano) P á g i n a 21

VII. PLANIFICAÇÕES SEMANAIS (SEQUÊNCIA DE ACORDO COM A CALENDARIZAÇÃO) Foram elaboradas planificações semanais para os diferentes módulos, parábolas e efemérides, as mesmas encontram-se em anexo por forma a agilizar a sua utilização por parte dos educadores. VIII. MATERIAIS DE APOIO - 3º ANO Orientações pedagógicas param os educadores (por módulo). Anexos I. Jogo de Apresentação II. Planificação do módulo V Consciência a) Atividade: Possibilidades da inteligência b) Imagens referentes à Lei de Adoração c) Imagens relações familiares na espécie humana e na espécie animal d) Imagens de fenómenos naturais III. Planificação da Efeméride de Natal a) Exercícios exploratórios da Efeméride de Natal para debate IV. Planificação do módulo VI Dor a) Exercício de visualização criativa V. Planificação da Efeméride da Páscoa a) Exercícios exploratórios da Efeméride da Páscoa b) Exercícios exploratórios da Efeméride da Páscoa para debate VI. Planificação do módulo VII Morte VII. Planificação do módulo VIII Perdão a) Comportamentos instintivos dos animais VIII. Planificação da Parábola do Credor e Devedor IX. Planificação da Parábola da Figueira Seca a) Exercício exploratório da Parábola da Figueira Seca Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos P á g i n a 22

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS PARA O EDUCADOR MÓDULO V - CONSCIÊNCIA Objetivos gerais a atingir pelo educando: 1. Reconhecer a presença de Deus em nós. 2. Compreender que somos Seres pensantes, dotados de Consciência e livre arbítrio 3. Compreender o que é o exame de consciência. 4. Compreender o arrependimento como força impulsionadora de mudanças íntimas 5. Compreender as leis divinas, presentes em tudo e em todos. O Educador deve esclarecer sobre: 1. O que é a Lei Divina ou natural? O que se deve entender por lei natural? A lei natural é a lei de Deus; é a única necessária à felicidade do homem; ela indica-lhe o que ele deve fazer ou não fazer. E ele só se torna infeliz porque afasta-se dela. (L.E., pergunta 614) 2. De todas as leis de Deus, qual é a mais importante? Qual é a que encerra todas as outras? Toda a lei de Deus está encerrada na máxima do amor ao próximo, ensinada por Jesus? Certamente essa máxima encerra todos os deveres dos homens entre si; mas é necessário mostrar-lhes a aplicação, pois de contrário podem negligenciá-la, como já o fazem hoje. Aliás. A lei natural compreende todas as circunstâncias da vida e dessa máxima refere-se apenas a um dos seus aspetos. Os homens precisam de regras precisas. Os preceitos gerais e muito vagos deixam muitas portas abertas à interpretação. (L. E., pergunta 647) 3. O que é a consciência? A consciência é a voz de Deus em nós. Onde está escrita a Lei de Deus? Na consciência. (L. E., pergunta 621); Deus proporcionou a todos os homens os meios de conhecerem a sua lei? Todos podem conhecê-la, mas nem todas a compreendem; os que melhor a compreendem são os homens de bem e os que desejam pesquisá-la. Não obstante, todos um dia compreenderão, porque é necessário que o progresso se realize. (L.E., pergunta 619) Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos P á g i n a 23

4. Como é que sabemos o que é correto fazer e o que não é correto? Como é que se pode distinguir o bem do mal? O bem é tudo o que está de acordo com a lei de Deus e o mal é tudo o que dela se afasta. Assim, fazer o bem é conformar-se à lei de Deus; fazer o mal é infringir essa lei. (L.E., pergunta 630); O homem tem meios para distinguir por si mesmo o bem e o mal? Sim, quando ele crê em Deus e quando o quer saber. Deus deu-lhe inteligência para discernir um e outro. (L.E., pergunta 631); O homem, que e sujeito a errar, não pode enganar-se na apreciação do bem e do mal e crer que faz o bem quando na realidade está a fazer o mal? - Jesus disse-vos: vede o que quereríeis que vos fizessem ou não: tudo se resuma nisso. Assim não vos enganareis. (L.E., pergunta 632). 5. Como é que cada um de nós pode trabalhar a sua consciência? Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal? Um sábio da Antiguidade vos disse: Conhece-te a ti mesmo. (L. E., pergunta 919); Compreendemos toda a sabedoria dessa máxima, mas a dificuldade está precisamente em se conhecer a si próprio. Qual o meio de se chegar a isso? Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: no fim de cada dia interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e me perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria tido motivo para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a conhecer-me e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que todas as noites lembrasse todas as suas ações do dia e se perguntasse o que fez de bem ou de mal, pedindo a Deus e ao seu anjo guardião que o esclarecessem, adquiriria uma grande força para se aperfeiçoar, porque acreditai-me, Deus o assistirá. Formulai, portanto, as vossas perguntas, indagai o que fizestes e com que fito agistes em determinada circunstância, se fizestes alguma coisa que censuraríeis nos outros, se praticastes uma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda isto: se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento. Ao entrar no mundo dos Espíritos, onde nada é oculto, teria eu de temer o olhar de alguém? Examinai o que pudésseis ter feito contra Deus, depois contra o próximo e por fim contra vós mesmos. As respostas serão motivo de repouso para a vossa consciência ou indicarão um mal que deve ser curado. (L. E., pergunta 919 a) 6. Da lei da Adoração Em que consiste a adoração? - Na elevação do pensamento a Deus. Deste, pela adoração, aproxima o homem a sua alma. (L.E., pergunta 649); Qual o caráter geral da prece? A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar Nele; é aproximar-se dele; é pôr-se em comunicação com Ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir, agradecer. (L.E., pergunta 659) Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos P á g i n a 24

7. Da Lei do Trabalho A necessidade do trabalho é Lei da Natureza? R: O trabalho é Lei da Natureza, por isso mesmo constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos. (L.E., pergunta 674); Por trabalho só se devem entender as ocupações materiais? R: Não; o Espírito trabalha, assim como o corpo. Toda a ocupação útil é trabalho. (L.E., pergunta 675) 8. Da Lei da Reprodução É Lei da Natureza a reprodução dos seres vivos? - Evidentemente. Sem a reprodução, o mundo corporal desapareceria. (L.E., pergunta 686); Que se deve pensar dos usos, cujo efeito consiste em obstar à reprodução, para satisfação da sensualidade? - Isso prova a predominância do corpo sobre a alma e quanto o homem é material. (L.E., pergunta 694) 9. Da Lei da Conservação O uso dos bens na Terra é um direito de todos os homens? -:Esse direito é consequente da necessidade de viver. Deus não imporia um dever dar ao homem o meio de consegui-lo. (L.E., pergunta 711); Como pode o homem conhecer o limite do necessário? -: Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa. (L.E., pergunta 715) 10. Da Lei da Destruição É Lei da Natureza a destruição? - Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos. (L.E., pergunta 728); Poder-se-á ligar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição? - É o instinto de destruição no que tem de pior, porquanto, se, algumas vezes, a destruição constitui uma necessidade, com a crueldade jamais se dá o mesmo. Ela resulta sempre de uma natureza má. (L.E., pergunta 752) 11. Da Lei da Sociedade A vida social está na Natureza? - Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação. (L.E., pergunta 766); Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família? - Uma recrudescência do egoísmo. (L.E., pergunta 775) 12. Da Lei do Progresso O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual? - Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente. (L.E., pergunta 780); Por que não efetua a civilização, imediatamente, todo o bem que poderia produzir? - Porque os homens ainda não estão aptos nem dispostos a alcançá-lo. (L.E., pergunta 792) Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos P á g i n a 25

13. Da Lei da Igualdade Perante Deus, são iguais todos os homens? - Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez Suas leis para todos. Dizeis frequentemente: O sol luz para todos e enunciais assim uma verdade maior e mais geral do que pensais. (L.E., pergunta 803); É Lei da Natureza a desigualdade das condições sociais? - Não; é obra do homem e não de Deus. (L.E., pergunta 806) 14. Da Lei da Liberdade Haverá no mundo posições em que o homem possa jactar-se de gozar de absoluta liberdade? - não, porque todos precisais uns dos outros, assim os pequenos, como os grandes. (L.E., pergunta 825); Tem o homem o livre arbítrio de seus atos? - Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre arbítrio, o homem seria máquina. (L.E., pergunta 843) 15. Da Lei de Justiça, de Amor e Caridade Como se pode definir justiça? - A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais. (L.E., pergunta 875); Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? - Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas. (L.E., pergunta 886) MÓDULO VI - DOR Objetivos gerais a atingir pelo educando: 6. Compreender o que é e o porquê da dor; 7. Compreender que os vícios e as qualidades morais são inerentes ao Espírito imortal; 8. Compreender que a fatalidade não existe na vida moral e que somos os construtores da nossa vida; 9. Concluir que perante o erro, o arrependimento trará caminhos para a reeducação da alma. O Educador deve esclarecer sobre: 1. Compreender que os vícios e as qualidades morais são inerentes ao Espírito e não são fraqueza da carne: a carne não tem pensamento, nem vontade, jamais prevalece sobre o Espírito, que é o Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos P á g i n a 26

ser pensante e dotado de vontade, mas é o Espírito que dá à carne as qualidades correspondentes aos seus instintos, como um artista imprime na sua obra material o selo do seu génio. 2. Identificar na vontade do Espírito a possibilidade de conquistar o bem - "O bem é tudo o que está de acordo com a lei de Deus e o mal é tudo o que dela se afasta. Assim, fazer o bem é conformar-se à lei de Deus; fazer o mal é infringir essa lei." (L. E., pergunta 630) 3. Compreender que a fatalidade não existe na vida moral e que a dor pode ter a sua causa na atualidade ou em existências anteriores: a justiça divina rege os destinos humanos e, como tal, as tribulações têm sempre origem na imprevidência das nossas escolhas. - Não é Deus, quem lhe impõe as tribulações da vida como castigo? Nada acontece sem a permissão de Deus, porque foi Ele quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Perguntareis agora por que Ele fez tal lei em vez de tal outra. Dando ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda responsabilidade de seus atos e das suas consequências; nada lhe estorva o futuro; o caminho do bem, está a sua frente, como o do mal. Mas se sucumbir ainda lhe resta uma consolação, a de que nem tudo se lhe acabou para ele, pois Deus na sua a bondade, permite-lhe recomeçar o que foi malfeito. É necessário distinguir o que é obra da vontade de Deus e o que é da vontade do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós quem o criastes, mas Deus; tivestes, porém, a vontade de vos expordes a ele, porque o considerastes um meio de adiantamento; e Deus o permitiu. (L. E., pergunta 258.a) - Há uma fatalidade nos acontecimentos da vida, segundo o sentido ligado a essa palavra? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados, e nesse caso em que se torna o livrearbítrio? A fatalidade não existe senão para a escolha feita pelo Espírito, ao encarnar-se, de sofrer esta ou aquela prova; ao escolhê-la, ele traça para si mesmo uma espécie de destino, que é a própria consequência da posição em que se encontra. Falo das provas de natureza física, porque, no tocante às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o seu livre-arbítrio sobre o bem e o mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir. Um bom Espírito ao vê-lo fraquejar, pode correr em seu auxílio, mas não pode influir sobre ele de ponto a subjugar-lhe a vontade. Um Espírito mau, ou seja, inferior, ao mostrar-lhe ou exagerar um perigo físico pode abalá-lo e assustá-lo, mas a vontade do Espírito encarnado não fica por isso menos livre de qualquer entrave." (L. E., pergunta 851) 4. Perceber que a dor não é necessariamente o indício de uma falta, pois, muitas vezes, é uma prova escolhida pelo próprio Espírito antes de reencarnar para acelerar o seu adiantamento. Muitas dificuldades são ao mesmo tempo expiações do passado e provas que preparam o futuro. Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos P á g i n a 27

-"No estado errante, antes de nova existência corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai acontecer durante a vida terrena? Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre-arbítrio. (L. E., pergunta 258) 5. Compreender o egoísmo como o maior obstáculo à felicidade, filho do orgulho, monstro devorador de todas as inteligências e o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem dirigir as suas armas, as suas forças e a sua coragem pois ele é a fonte de todas as misérias terrenas. - Entre os vícios, qual o que podemos considerar radical? Já dissemos muitas vezes: o egoísmo. Dele deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe egoísmo. Por mais que luteis contra eles, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade. Quem nesta vida quiser de aproximar da perfeição moral deve extirpar do seu coração todo o sentimento de egoísmo, porque é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as outras qualidades. (L. E., pergunta 913) 6. Explicar que o arrependimento ocorre quando a consciência reprova e mostra uma imperfeição, o que permite ao Espírito, caso seja sincero e tenha o propósito firme de se modificar, adiantar-se ainda na vida presente. O arrependimento é uma disposição para a mudança, mas é necessário reparar o mal praticado. "- Qual a consequência do arrependimento no estado corpóreo? - Adiantar-se ainda na vida presente se houver tempo para a reparação das faltas. Quando a consciência reprova e mostra uma imperfeição, sempre se pode melhorar." ( L. E., pergunta 992) 7. Perceber que após o arrependimento vem a expiação, isto é, os sofrimentos físicos e morais que são a consequência da falta cometida, seja desde a vida presente ou seja após a morte, na vida espiritual, ou ainda uma nova existência corpórea, até que os traços da falta tenham desaparecido. "- A expiação realiza-se no estado corpóreo ou no estado de Espírito? - Ela cumprese na existência corpórea, através das provas a que o espírito é submetido, e na vida espiritual pelos sofrimentos morais decorrentes do seu estado de inferioridade." (L.E., pergunta 998) 8. Compreender que a reparação consiste em praticar o bem para aquele mesmo, a quem se fez o mal e aquele que não repara os seus erros nesta vida, por fraqueza ou má vontade, tornará a encontrar-se, numa outra existência com as mesmas pessoas que ofendeu, e em condições escolhidas por ele mesmo para poder provar-lhes o seu devotamento, fazendo-lhes tanto bem quanto o mal que havia feito. - "Podemos nós, já nesta vida, resgatar as nossas faltas?- Sim, Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens 1º ciclo 6-9 anos P á g i n a 28