DOENÇA PERIODONTAL, HIPERTENSÃO E PROTEÍNA-C REATIVA

Documentos relacionados
TÍTULO: EFEITO DA TERAPIA PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICA SOBRE O CONTROLE GLICÊMICO EM INDIVÍDUOS COM DIABETES TIPO2 E PERIODONTITE CRÔNICA: ENSAIO CLÍNICO

ODONTOLOGIA PREVENTIVA. Saúde Bucal. Periodontite. Sua saúde começa pela boca!

EPIDEMIOLOGIA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL ESTUDO POPULACIONAL NO MUNICÍPIO DE TRÊS LAGOAS - MS

INTER-RELAÇÃO ENTRE A OBESIDADE E DOENÇA PERIODONTAL: UMA REVISÃO DA LITERATURA ATUAL

RELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS SÉRICOS DE COLESTEROL-TOTAL E PCR-AS COMO FATOR DE RISCO CARDIVASCULAR EM TRABALHADORES DE EMPRESA PRIVADA

PERFIL CLÍNICO E BIOQUÍMICO DOS HIPERTENSOS DE MACEIÓ (AL) de Nutrição em Cardiologia (Ufal/Fanut/NUTRICARDIO )

PROMOÇÃO DA SAÚDE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM FATIMA DO PIAUÍ.

PREVALÊNCIA DE SÍNDROME METABÓLICA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS

TÍTULO: OS MARCADORES BIOQUÍMICOS NO DIAGNÓSTICO DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

^CÂMARA MUNICIPAL DE GABINETE DO VEREADOR DR. PORTO (PORTINHO)

PREVALÊNCIA DA HIPERTENÇÃO ARTERIAL SISTEMICA EM IDOSOS PERTENCENTES AO GRUPO DE CONVÍVIO DA UNIVERSIDADE ABERTA A MATURIDADE EM LAGOA SECA-PB.

Farmaceutica, Graduada pela Universidade Regional do Estado do Rio Grande do Sul, 3

TÍTULO: CONSCIENTIZAÇÃO E EDUCAÇÃO SOBRE HIPERTENSÃO ARTERIAL À POPULAÇÃO FREQUENTADORA DA ASSOCIAÇÃO DA TERCEIRA IDADE DE AVANHANDAVA

ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR

Protocolo de Prevenção Clínica de Doença Cardiovascular e Renal Crônica

PALAVRAS-CHAVE grau de dependência a nicotina, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica.

Influência das doenças periodontais sobre as cardiopatias coronarianas

PRO MATRE Ant n icon o c n ep e ç p ão ã o e m e m situa u ç a õe õ s e e s e pe p c e iai a s Is I abel l L.A.. A C. orrêa

Doutoramento em Actividade Física e Saúde

PROJETO DE EXTENSÃO DE REABILITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA

PERFIL E ESTRATIFICAÇÃO DE USUÁRIOS HIPERTENSOS DA UNIDADE DE SAUDE DA FAMÍLIA

RESUMO OBESIDADE E ASMA: CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL DE UMA ASSOCIAÇÃO FREQUENTE. INTRODUÇÃO: A asma e a obesidade são doenças crônicas com

DOENÇA PERIODONTAL VERSUS PARTO PREMATURO DE BEBÊ DE BAIXO PESO

INVESTIGAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA SÍNDROME METABÓLICA EM UNIVERSITÁRIOS

EXCESSO DE PESO, OBESIDADE ABDOMINAL E NÍVEIS PRESSÓRICOS EM UNIVERSITÁRIOS

ANÁLISE DO PERFIL DOS HIPERTENSOS DE JOÃO PESSOA/PB

RESUMO SEPSE PARA SOCESP INTRODUÇÃO

RASTREAMENTO DE PRESSÃO ARTERIAL E GLICEMIA

CPL Tiago Joaquim Rodrigues Bernardes. Professora Doutora Patrícia Coelho. Mestre Alexandre Pereira

COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL EM PACIENTES QUE ADERIRAM A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA PARA O CONTROLE DA HIPERTENSÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade B Apresentação de resultados de ações e/ou atividades

AUTOPERCEPÇÃO E GRAVIDADE DAS DOENÇAS PERIODONTAIS 1 AUTOPERCEPTION AND SEVERITY OF PERIODONTAL DISEASES

Avaliação da proteína C reativa em pacientes portadores de gengivite e periodontite crônica generalizada

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

Na hipertensão arterial

Sepse Professor Neto Paixão

INDICADORES BIOQUÍMICOS DA FUNÇÃO RENAL EM IDOSOS

PERFIL DOS PACIENTES HIPERTENSOS EM UMA UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

Outras Anemias: Vamos lá? NAC Núcleo de Aprimoramento científico Hemograma: Interpretação clínica e laboratorial do exame. Jéssica Louise Benelli

Hipoalbuminemia mais um marcador de mau prognóstico nas Síndromes Coronárias Agudas?

FERNANDA CIOGLIA DIAS GONTIJO PLAUSIBILIDADE BIOLÓGICA PARA A ASSOCIAÇÃO DE RISCO ENTRE DOENÇA PERIODONTAL E DOENÇA CARDIOVASCULAR

ATENÇÃO FARMACÊUTICA HUMANIZADA A PACIENTES HIPERTENSOS ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY

ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR ENTRE HIPERTENSOS E DIABÉTICOS DE UMA UNIDADE DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA.

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

COLESTEROL ALTO. Por isso que, mesmo pessoas que se alimentam bem, podem ter colesterol alto.

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 26. Profª. Lívia Bahia

TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA DO ORIENTADOR CADASTRADO NO SIGEP/CP/PROPE: PLANO DE TRABALHO DO ALUNO

DÚVIDAS FREQUENTES NO EXAME CARDIOLÓGICO NO EXAME DE APTIDÃO FÍSICA E MENTAL

15. CONEX Resumo Expandido - ISSN PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM SAÚDE BUCAL PARA CRIANÇAS CARENTES EM PONTA GROSSA

HIPERTENSÃO DIABETES ESTEATOSE HEPÁTICA

INDICADORES DE SAÚDE E GRAU DE DEPENDÊNCIA DE NICOTINA EM PACIENTES DO PROJETO EDUCANDO E TRATANDO O TABAGISMO NO PERÍODO DE 2017

RISCOS CARDIOVASCULARES E PERIODONTITES NO PACIENTE DIABÉTICO

EXCESSO DE PESO E FATORES ASSOCIADOS EM IDOSOS ASSISTIDOS PELO NASF DO MUNICÍPIO DE PATOS-PB

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FARMÁCIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 3. Profª. Tatiane da Silva Campos

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS FATORES DE RISCO PARA DOENÇA CORONARIANA DOS SERVIDORES DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

parte 1 estratégia básica e introdução à patologia... 27

HIPERTENSÃO ARTERIAL: QUANDO INCAPACITA? Julizar Dantas

RCG 0376 Risco Anestésico-Cirúrgico

INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA

III Jornadas do Potencial Técnico e Científico do IPCB

Isabel Cardoso, Filipa Guerra, Ana Pinto, Violeta Alarcão, Milene Fernandes, Sofia Guiomar, Paulo Nicola, Evangelista Rocha

Introdução: A obesidade é uma doença crônica multifatorial, caracterizada pelo

PULPOPATIAS 30/08/2011

Gildásio Gomes Moura Júnior¹; Nayane Castro Bittencourt²; Hélder Lamuel Almeida Mascarenhas Sena³; Pedro Nascimento Prates Santos 4

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA FARMACOLÓGICA E NÃO FARMACOLÓGICA EM IDOSOS COM HAS DO CCI EM JOÃO PESSOA-PB

LEVANTAMENTO DOS FATORES DE RISCO PARA OBESIDADE INFANTIL E HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA ENTRE ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE REDENÇÃO-CE

HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA

PALAVRAS-CHAVE Escore de Framingham. Atenção Básica. Cuidado. PET- Saúde.

Há algum contraceptivo com maior risco cardiovascular??? XII CONGRESSO DE GINECOLOGIA ENDÓCRINA

CLASSIFICAÇÃO E EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS PERIODONTAIS

PLANO DE ENSINO PPC 2010

PREVALÊNCIA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL E PERFIL DE SAÚDE EM UMA AMOSTRA DA FEIRA DE SAÚDE DO CENTRO UNIVERSITÁRIO LUSÍADA RESUMO

GISELE QUEIROZ CARVALHO

INTRODUÇÃO À PATOLOGIA GERAL

PERFIL NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE DOENÇAS EM PACIENTES ATENDIDOS NO LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA DA UNIFRA 1

Editorial. Maria Isabel de C. de Souza Ricardo G. Fischer German Villoria

Avaliação da glicemia e pressão arterial dos idosos da UNATI da UEG-GO

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

CIRURGIA PERIODONTAL

CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE. SUBÁREA: Educação Física INSTITUIÇÃO(ÕES): FACULDADES DE DRACENA

COMO MEDIR A PRESSÃO ARTERIAL

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE COLESTEROL TOTAL POR MEIO DE EQUIPAMENTO PORTÁTIL

Artigo Original. Valor de p. Variável n = 36 n = 80

AÇÃO DE INTERVENÇÃO SOCIAL EM SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO MUNICÍPIO DE GRÃO MOGOL MINAS GERAIS

INSUFICIÊNCIA DE VITAMINA D E RISCO CARDIOVASCULAR EM IDOSOS

J. Health Biol Sci. 2016; 4(2):82-87 doi: / jhbs.v4i2.659.p

CAPITULO I INTRODUÇÃO

Definição. Definição. Características clínicas e laboratoriais. Características Clínicas e Microbiológicas. Doença Periodontal Agressiva:

ONTARGET - Telmisartan, Ramipril, or Both in Patients at High Risk for Vascular Events N Engl J Med 2008;358:

INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO INTERVALADO E CONTÍNUO NA RESPOSTA PRESSÓRICA DE INDIVÍDUOS QUE PRATICAM CORRIDA DE RUA

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA).

41 ANOS DE EXISTÊNCIA. 942 Médicos Cooperados 71 mil clientes. 1ª Sede Praça Carlos de Campos

Diferenciais sociodemográficos na prevalência de complicações decorrentes do diabetes mellitus entre idosos brasileiros

CONSUMO DE ÔMEGA 3 EM HIPERTENSOS DE MACEIÓ-AL

Transcrição:

DOENÇA PERIODONTAL, HIPERTENSÃO E PROTEÍNA-C REATIVA Fernanda Amorim Helfenstein 1 ; Julita Maria Freitas Coelho 2 ; Johelle de Santana Passos 3 ; Isaac Suzart Gomes-Filho 4 1 Bolsista FAPESB, Graduanda em Odontologia, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: Fernanda_helfenstein@hotmail.com. 2 Orientadora, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: julitamaria@gmail.com. 3 Participante do Núcleo de Pesquisa, Prática Integrada e Investigação Multidisciplinar, Departamento de Saúde, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: johpassos@gmail.com. 4. Participante do Núcleo de Pesquisa, Prática Integrada e Investigação Multidisciplinar, Departamento de Saúde,Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: isuzart@gmail.com PALAVRAS-CHAVE: Doença periodontal; Proteína-c reativa; Doença cardiovascular; Hipertensão; INTRODUÇÃO A doença periodontal (DP) é uma infecção crônica, multifatorial associada a microorganismos anaeróbios 1, com níveis de prevalência elevados 2, sendo a segunda maior causa de patologia dentária na população humana de todo o Mundo 3. Ocorre em função do acúmulo de bactérias sobre a superfície externa dos dentes, resultando em desequilíbrio entre a agressão bacteriana e outros fatores externos e a capacidade de defesa do organismo 4-5. Através da corrente sangüínea, essa resposta inflamatória estabelecida, junto com fatores de crescimento tecidual, pode afetar a função de sítios distantes da boca, como o fígado. Em resposta, os hepatócitos induzem lipogênese e produzem proteínas de fase aguda, tais como a proteína C reativa (PCR) 6. Essa proteína é um marcador de fase aguda da inflamação extremamente sensível e não específico e produzido em resposta a muitas formas de injúria além da periodontite, como outras infecções, trauma, e hipóxia 7. Recentemente, tem sido demonstrado que mesmo discretos aumentos da PCR já podem ser considerados um fator de risco cardiovascular, independente de outros já conhecidos, inclusive com prognóstico em síndromes coronarianas agudas, e sua habilidade para prever futuros eventos cardiovascular, em homens e mulheres 8, 9-11. aparentemente saudáveis O alicerce deste trabalho encontrou respaldo nas fortes evidências sugerindo a utilização da PCR como um importante fator de risco/marcador de distúrbios coronarianos futuros 8-9, o que tem aumentado o interesse no seu estudo. No entanto essa

temática ainda não é muito esclarecida e nem comprovadamente aceita, dessa forma devido certas divergências de resultados, este estudo justificou-se da necessidade de se testar a relação entre parâmetros clínicos periodontais e níveis de proteína-c reativa, visto que ao elucidar tal temática estaremos contribuindo significativamente com os órgãos responsáveis para o controle e prevenção da doença cardiovascular e periodontite, problemas frequentes na população mundial. METODOLOGIA A metodologia empregada para tal avaliação foi de um estudo tipo transversal, com dados secundários, em uma amostra de 359 indivíduos com 40 anos ou mais, sendo 181 homens e 178 mulheres de um estudo previamente realizado. Desse total, 144 eram internados por primeiro evento de infarto agudo do miocárdio (IAM), 80 indivíduos internados por outras causas que não IAM ou angina; 135 participantes comunitários. Salienta-se que o projeto original, que gerou esses dados ora estudados, obteve parecer favorável para seu desenvolvimento do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Feira de Santana (Protocolo Nº 025/2004), e que todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Para obtenção de características, aplicou-se um questionário a cerca de suas condições sócio-demográficas, hábitos de vida, bem como sobre sua saúde geral e bucal. Na etapa clínica foram realizados exame periodontal completo e avaliação antropométrica, enquanto na bioquímica, os níveis de PCR, perfil glicêmico e lipídico e um hemograma foram obtidos para averiguar algum quadro que pudesse sugerir processo infeccioso e/ou inflamatório, mediante exame de sangue. Foi considerado como diagnóstico de periodontite crônica o individuo que apresentassem 4 ou mais dentes, com 1 ou mais sítios com profundidade de sondagem maior ou igual a 4 mm, com perda de inserção clínica maior ou igual a 3 mm, e presença de sangramento ao estímulo, no mesmo sítio 12. O indicativo de pressão sistólica foi a partir do aparecimento dos ruídos de pressão diastólica e o desaparecimento dos mesmo 13. Considerou-se hipertenso aqueles indivíduos com pressão arterial > ou = a 140/90 mmhg. Na avaliação da associação entre periodontite crônica e PCR foram estimados o oddsratio (OR) como medida de associação e seus respectivos intervalos de confiança a 95%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados observados referente à presença de periodontite, identificou-se 91 indivíduos com a doença e 268 sem a referida doença. Os dados sócio-econômicos indicaram que os indivíduos mais afetados pela periodontite crônica foram aqueles com idade abaixo dos 59 anos (57,1%), com nível de escolaridade > 4 anos (59,3%) e com hipertensão (65,9%) (Tabela 1). Em relação à condição da pressão arterial foi detectado um elevado percentual de hipertensos no grupo estudado, acometendo mais da metade dos participantes. Destaca-se que, dentre os portadores de Doença Periodontal, 65,9% eram hipertensos contra 58,4% com condição periodontal satisfatória (Tabela 1). Já as características clínico-laboratoriais e da co-relação da condição periodontal entre grupos com e sem periodontite, mostrou que as médias de PCR (2,6mg/L vs 1,8mg/L), profundidade de sondagem (2,9 mm vs 2,5 mm), nível de inserção clínica (4,3mm vs 3,6mm), sangramento à sondagem (28,7% vs 12,4%), foram maiores nos indivíduos com periodontite. Nessas medidas, as diferenças mais significativas foram encontradas para nível de PCR, PS, NIC e SS (Tabela 2). Tabela 01- Características sociodemográficas e de estilo de vida dos participantes do estudo, segundo condição periodontal (n=359), Salvador-Bahia, Brasil, 2010. CARACTERÍSTICAS Idade (anos) < 59 59 Escolaridade COM PERIODONTITE (n=91) n (%) 52 (57,1%) 39 (42,9%) SEM PERIODONTITE (n=268) n (%) 134 (50,0%) 134 (50,0%) > 4 anos de estudo 54 (59,3%) 139 (51,9%) Hipertensão

Não 31 (34,1%) 112 (41,6%) Sim 60 (65,9%) 156 (58,4%) Tabela 02- Características clínico-laboratoriais e condição periodontal dos participantes do estudo, segundo condição periodontal, Salvador-Bahia, Brasil, 2010. (n=359) CARACTERÍSTICAS COM PERIODONTITE (n= 91) SEM PERIODONTITE (n= 268) PCR (mg/l; média±dp) 2,6 ± 2,6 1,8 ± 2,7 PS (mm; média±dp) 2,9± 0,7 2,5 ± 0,5 NIC (mm, média±dp) 4,3± 1,4 3,6 ± 1,0 SS (%,média±dp) 28,7± 18,0 12,4±14,8 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da análise dos resultados deste estudo obteve-se uma associação positiva entre Periodontite e níveis elevados de Proteína C-Reativa (PCR), considerando a plausibilidade biológica de que mediadores inflamatórios são liberados na periodontite e apresentam a capacidade de estimular as células hepáticas a produzirem proteína C- reativa. Na medida em que se ampliam às pesquisas, aumenta-se a confiança nos estudos que têm considerado que a doença periodontal seja um possível fator de risco para doenças cardiovasculares. REFERÊNCIAS 1. BEZERRA, C., et al, The c-reactive protein role in the relationship between periodontal and cardiovascular disease, R. Periodontia - Março 2008 - Volume 18 - Número 01 2. PETERSEN, P. E, OGAWA, H. Strengthening the prevention of periodontal disease: the WHO approach. J Periodontol 2005 Dec; 76(12):2187-93.

3. ALMEIDA, R. F., et al. Associação entre doença periodontal e patologias sistêmicas. RevPortClin Geral 2006;22:379-90. 4. LOSS, B. G., CRAANDIJK, J., HOECK, F. J., WERTHEIM-VAN DILLEM, P. M. et al. Elevation of systemic markers related to cardiovascular diseases in the peripheral blood of periodontitis patients. J Periodontol, 2000; 74: 1528-1534. 5. JETTE, A.M., FELMAN, H.A., TENNSTEDT, S.L. Tobacco use: a modifiable risk factor for dental disease among the elderly. Am J Public Health, 1993; 83(9): 271-276. 6. SEYMOUR, G. J, FORD, P. J, CULLINAN, M. P., LEISHMAN, S. et al. Relationship between periodontal infections and systemic disease. ClinMicrobiol Infect 2007; 13:3-10. 7. GLURICH, I. Systemic inflammation in cardiovascular and periodontal disease: comparative study. ClinDiagnLabImmunol 2002; 9(2): 425-32. 8. D'AIUTO, F., PARKAR, M., ANDREOU, G., SUVAN, J. et al. Periodontitis and systemic inflammation: control of the local infection is associated with a reduction in serum inflammatory markers. J Dent Res 2004; 83(2):156-60. 9. HERZBERG, M.C., MEYER M.W. Dental plaque, platelets and cardiovascular diseases. Ann Periodontol 1998;3:151-60. 10. KALDAHL, W. B, KALKWARF, K. L, PATIL KD, MOLVAR MP, DYER JK. Longterm evaluation of periodontal therapy I: response to 4 therapeutic modalities. J Periodontol 1996 Feb;67(2):93-102. 11. NAUGLE, K, DARBY, M. L, BAUMAN, D. B, LINEBERGER, L. T, POWERS R. The oral health status of individuals on renal dialysis. Ann Periodontol 1998; 3: 219-23. 12. GOMES-FILHO, I.S; CRUZ, S.S; REZENDE, E.J.C. Exposure measurement in the association between periodontal disease and prematurity/low birth weight. J ClinPeriodontol 2007; 34:957-963. 13. Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arq. Bras. Cardiol. vol.89 no.3 São Paulo Sept. 2007.