UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS GUILHERME AUGUSTO VEROLA MATAVELI

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS GUILHERME AUGUSTO VEROLA MATAVELI MAPEAMENTO DA EVOLUÇÃO URBANA DE POÇOS DE CALDAS ENTRE 1986 E 2010 E TENDÊNCIAS FUTURAS ALFENAS/MG 2011

GUILHERME AUGUSTO VEROLA MATAVELI MAPEAMENTO DA EVOLUÇÃO URBANA DE POÇOS DE CALDAS ENTRE 1986 E 2010 E TENDÊNCIAS FUTURAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Geografia pela Universidade Federal de Alfenas. Orientadora: Rúbia Gomes Morato. ALFENAS/MG 2011

GUILHERME AUGUSTO VEROLA MATAVELI MAPEAMENTO DA EVOLUÇÃO URBANA DE POÇOS DE CALDAS ENTRE 1986 E 2010 E TENDÊNCIAS FUTURAS A Banca examinadora abaixo-assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Geografia pela Universidade Federal de Alfenas. Aprovado em: Professora: Dra. Rúbia Gomes Morato Instituição: Universidade Federal de Alfenas Professor: Dr. Fernando Shinji Kawakubo Instituição: Universidade Federal de Alfenas Professor: Dr. Ericson Hideki Hayakawa Instituição: Universidade Federal de Alfenas Assinatura: Assinatura: Assinatura:

Dedico à minha família e amigos pelo apoio na realização deste trabalho.

AGRADECIMENTOS À Universidade Federal de Alfenas pela oportunidade de ensino oferecida. Aos meus pais pelo apoio incondicional. À minha orientadora e amiga Dra. Rúbia Gomes Morato pelo carinho e atenção demonstrados durante todo o desenvolvimento do trabalho. Aos docentes do curso de Geografia da Universidade Federal de Alfenas. Aos amigos de todos os momentos João Vitor, Michel, Rodrigo, Bruno, Eduardo e Rafael.

Sou um pouco de todos que conheci, um pouco dos lugares que fui, um pouco das saudades que deixei, sou muito das coisas que gostei. Entre umas e outras errei, entre muitas e outras conquistei. (Ramon Hasman)

RESUMO O uso de Sensoriamento Remoto e o Geoprocessamento mostra-se atualmente como uma forma extremamente eficiente quanto ao acompanhamento e monitoramento de mudanças no uso da terra e no meio ambiente devido à ampla gama de recursos oferecidos pelas referidas Geotecnologias, como imagens de satélite, para a análise espacial. As técnicas do Sensoriamento Remoto, do Geoprocessamento e da Coremática mostraram-se como ferramentas úteis para atingir os objetivos previamente traçados, pois a partir da aplicação das mesmas foi possível avaliar as alterações do município de Poços de Caldas em relação ao uso da terra entre os anos de 1986 e 2010, assim como compreender a dinâmica urbana do município e elaborar mapas através dos quais foi possível identificar alterações da quantidade de vegetação e no uso e ocupação da terra na área de estudo entre os anos já citados.no que se refere ao uso da terra as mudanças foram significativas. A área urbana cresceu consideravelmente, passando de 2,6% para 7,1% da área total do município. Outro fator que chama a atenção é a queda nas áreas destinadas à pastagem e a agricultura, o que mostra uma mudança no perfil econômico do município. Sobre as alterações na quantidade de vegetação, nota-se um certo aumento de áreas com um valor mais alto no índice Normalized Difference Vegetation Index (NDVI), áreas representadas por tonalidades de verde mais escuras, mas isso não significa necessariamente o aumento das áreas de mata nativa; esse incremento de áreas mais verdes está ligado ao avanço da silvicultura. Quando se trata mais especificamente da área urbana, é possível compreender como a expansão ocorreu através da análise do corema. Pode-se notar que o núcleo a partir do qual a cidade se desenvolveu, correspondente ao centro da cidade, apresenta a maior densidade demográfica, assim como o padrão socioeconômico mais elevado e a maior concentração de serviços. A partir do centro urbano a expansão ocorreu em direção ao Leste, ao Oeste e ao Sul seguindo, respectivamente, as vias de expansão Avenida Wenceslau Braz, Avenida João Pinheiro e Avenidas Vereador Edmundo Cardillo e Alcoa. Palavras-chave: Sensoriamento Remoto. Geoprocessamento. Corema. Poços de Caldas.

ABSTRACT The use of Remote Sensing and Geoprocessing shows up today as an extremely efficient way to monitor and track changes in land use and the environment due to the wide range of features offered by the said Geotecnologies, such as satellite images, for spatial analysis. The techniques of Remote Sensing, Geoprocessing and the Chorematic proved to be useful tools to achieve the objectives previously outlined, as from the application of the same techniques was possible to evaluate the changes in the municipality of Poços de Caldas in relation to land use between 1986 and 2010, as well as understand the dynamics of the urban area and prepare maps through which it was possible to identify changes in the amount of vegetation and land use and occupation in the study area between the years cited above. Land use changes were significant. The urban area has grown considerably, from 2.6% to 7.1% of the total area of the municipality. Another factor that draws attention is the decline in the areas intended for grazing and agriculture, which shows a change in the economical activities of the municipality. About changes in the amount of vegetation, there is a certain increase of areas with a higher value in the Normalized Difference Vegetation Index (NDVI), areas represented by darker shades of green, but that does not necessarily mean an increase in areas native forest, the increase of green areas is linked to the advancement of silviculture. When it comes specifically from the urban area, it is possible to understand how the expansion occurred through analysis of Chorem. It may be noted that the nucleus from which the city developed, corresponding to the center of the city, has the highest population density, as well as the highest socioeconomic level and the largest concentration of services. From the urban center expansion occurred towards the East, West and South following, respectively, the expansion routes of Wenceslau Braz Avenue, João Pinheiro Avenue and Avenues Vereador Edmundo Cardillo and Alcoa. Key words: Remote Sensing. Geoprocessing. Chorem. Poços de Caldas.

SUMÁRIO Introdução...10 Objetivos...11 Justificativa...12 Área de Estudo...13 Revisão de Literatura...17 Metodologia...21 Resultados e Discussão...26 Conclusões...33 Referências Bibliográficas...34

10 INTRODUÇÃO O uso de Sensoriamento Remoto e o Geoprocessamento mostra-se atualmente como uma forma extremamente eficiente quanto ao acompanhamento e monitoramento de mudanças no uso da terra e no meio ambiente devido à ampla gama de recursos oferecidos pelas referidas Geotecnologias, como imagens de satélite, para a análise espacial. Essas mudanças são causadas, principalmente, pela intensificação da expansão urbana, sendo que esse processo é mais evidente nas cidades médias, como é o caso da área de estudo, e quase sempre ocorre de maneira desordenada culminando em alterações das condições naturais e ocupação de áreas que deveriam ser preservadas. O Brasil vem passando, desde a década de 1970, por um processo de expansão urbana considerável, sendo que na grande parte dos municípios brasileiros o crescimento urbano ocorre de forma desorganizada, sem que exista um planejamento quanto à conservação do patrimônio ambiental. Encontrar formas de conciliar o desenvolvimento urbano com a conservação do meio ambiente é uma tarefa árdua para os planejadores, já que a conservação de condições ambientais favoráveis não implica somente na manutenção da fauna e da flora nativa, mas também tem incidência direta sobre a qualidade de vida da população. O Sensoriamento Remoto dispõe de um conjunto de técnicas eficaz para pesquisas relacionadas ao monitoramento de mudanças ambientais. Por meio do processamento digital de imagens é possível confeccionar mapas dando ênfase sobre o tema a ser estudado, criando assim as condições necessárias para entender a área de estudo dentro de uma perspectiva previamente definida. Dentro do contexto apresentado as técnicas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento mostraram-se como ferramentas úteis para atingir os objetivos previamente traçados, pois a partir da aplicação das mesmas foi possível avaliar as alterações do município de Poços de Caldas em relação ao uso da terra entre os anos de 1986 e 2010, assim como elaborar mapas através dos quais foi possível identificar alterações da quantidade de vegetação e no uso e ocupação da terra na área de estudo entre os anos já citados.

11 OBJETIVOS OBJETIVO GERAL Apresentar uma análise sobre as mudanças no uso da terra no município de Poços de Caldas entre 1986 e 2010 e apontar tendências futuras de crescimento urbano. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Produzir mapas de uso da terra do município de Poços de Caldas para os anos de 1986 e 2010. -Produzir mapas de NDVI do município de Poços de Caldas para os anos de 1986 e 2010. -Produzir um corema apresentando as tendências de crescimento urbano do município de Poços de Caldas.

12 JUSTIFICATIVA Nos últimos anos é notável a expansão urbana na área de estudo, o que pode ser observado através do surgimento de novos bairros e loteamentos; crescimento esse que deve ocorrer de forma ordenada para que a população tenha uma infraestrutura adequada. Dentro do contexto apresentado torna-se necessário entender como ocorreu o crescimento urbano e como o mesmo tende a ocorrer no futuro, sendo a pesquisa útil como subsídio ao planejamento urbano. Cabe ao geógrafo utilizar os conhecimentos adquiridos durante a sua formação para tentar melhorar a qualidade de vida da população, sendo que a pesquisa procura atender a esse ideal. A oportunidade de poder oferecer à população uma melhoria quanto à infraestrutura urbana é gratificante, pois o geógrafo, diferentemente de outros profissionais, visa primeiramente o lado social.

13 ÁREA DE ESTUDO A cidade de Poços de Caldas está localizada na região sudoeste do estado de Minas Gerais (Figura 1), fazendo divisa com o estado de São Paulo e distância aproximada de 470 km do Rio de Janeiro; 460 km de Belo Horizonte e 250 km de São Paulo. Por estar mais próxima da capital paulista, Poços de Caldas está mais inserida na rede de influência de São Paulo do que na rede de influência da capital mineira, sendo que o município possui mais semelhança com os municípios do interior de São Paulo do que com os municípios do interior mineiro. Figura 1: Localização do Município de Poços de Caldas no estado de Minas Gerais

14 Por ser o município que apresenta a economia mais desenvolvida do sudoeste de Minas Gerais, a cidade é um pólo de atração regional, sendo receptora de migrantes de cidades próximas, como Bandeira do Sul e Campestre, que buscam oportunidades de emprego em um centro maior. Na economia merecem destaque as atividades de mineração, turismo e o setor secundário. Outro fator de atração de migrantes é a qualidade de vida, já que Poços de Caldas está sempre situada entre os melhores IDHs de Minas Gerais e também do Brasil (melhor IDH do estado de Minas Gerais, 0,841, e 66 melhor do Brasil segundo o PNUD; baseado nos dados do Censo 2000). Essa classe de migrantes é oriunda principalmente dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e possui um poder aquisitivo maior. Atualmente a cidade possui população de 152.496 mil habitantes (IBGE, 2010), sendo que o maior crescimento populacional ocorreu entre 1960 e 2000 (Figuras 2 e 3). Ano População Absoluta 1960 38.843 1970 57.565 1980 86.972 1991 110.152 2000 135.627 2010 149.667 Fonte: Plano Diretor de Poços de Caldas e IBGE Figura 2: Crescimento Populacional de Poços de Caldas entre 1960 e 2010

15 Fonte: Plano Diretor Municipal e IBGE Figura 3: Evolução da População do Município de Poços de Caldas entre os anos de 1960 e 2010 Um ponto que merece destaque é o imenso patrimônio ambiental da área de estudo; a vegetação é caracterizada por dois tipos principais: campo e floresta tropical. Os campos são constituídos de gramíneas rústicas e elementos arbustivos baixos; a floresta tropical apresenta vegetação arbustiva e herbácea. Devido à altitude ocorrem pinheiros em pequenos agrupamentos ou isolados. Também merecem destaque as áreas exploradas pela mineração que foram reflorestadas (Plano Diretor de Poços de Caldas-MG, 1992). Atualmente é possível perceber visualmente uma queda na quantidade de áreas de mata preservada no município. Como pôde ser percebido a área de estudo apresenta desenvolvimento acelerado e um patrimônio ambiental relativamente alto (Figura 4), o que pode ser considerado um desafio, pois encontrar formas de promover esse desenvolvimento e manter as características ambientais e a qualidade de vida é uma missão difícil de ser cumprida.

16 Fonte: Vôo Livre Poços Figura 4: Fotografia mostrando a relação direta entre a área urbana e o meio ambiente conservado em Poços de Caldas

17 EXPANSÃO URBANA REVISÃO DE LITERATURA O uso de técnicas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento em estudos relacionados à expansão urbana é extremamente eficiente, como salientam CHAO et al (1998), LÓPEZ et al (2001), MORATO et al (2003), e ROSSINI e FORESTI (1998). CHAO et al (1998) apresentam em seus estudos sobre a expansão urbana de Havana o uso de fotografias aéreas e imagens multiespectrais para a interpretação do espaço. A utilização dessa metodologia se mostrou eficaz como apoio aos estudos de planejamento e análise de áreas de grande porte que possuem pouca informação disponível. LÓPEZ et al (2001) apresentam um estudo de caso sobre a cidade de Morelia, no México, e a relação existente entre a expansão urbana e as mudanças que essa implica sobre a paisagem; os autores aplicam intensamente as técnicas de Geoprocessamento e utilizam métodos estatísticos para identificar áreas urbanas com tendência a crescer. MORATO et al (2003) utilizam em seus estudos sobre a expansão urbana da cidade de Embu fotografias aéreas e explicam detalhadamente as metodologias aplicadas para a confecção da Carta de Uso da Terra. O uso de fotografias aéreas se mostrou eficiente, mas sua utilização se limita a pequenas áreas. ROSSINI e FORESTI (1998) em seu trabalho sobre a expansão urbana de Limeira-SP mostram que as técnicas de Sensoriamento Remoto e os recursos oferecidos pelo Geoprocessamento são de grande utilidade para a análise da expansão urbana. O uso de recursos do Geoprocessamento foi útil na elaboração dos mapas e na avaliação qualitativa e quantitativa do crescimento urbano devido à rapidez no acesso, manipulação e análise da informação geográfica.

18 ALTERAÇÕES NA QUANTIDADE DE VEGETAÇÃO No que diz respeito à avaliação de perdas na quantidade de vegetação o índice de vegetação selecionado para mensurar tal perda foi o NDVI. O NDVI, Normalized Difference Vegetation Index, é o índice de vegetação mais utilizado atualmente, devido à sua fácil aplicação e eficácia. Ele é calculado usando as bandas do vermelho (R) e do infravermelho próximo (NIR) em imagens de satélite, sendo a equação NDVI=NIR-R/NIR+R aplicada no cômputo do NDVI. A vegetação absorve uma elevada parcela da luz vermelha incidente, provocando uma baixa reflectância na faixa espectral correspondente ao vermelho; em contrapartida, ela reflete uma grande parcela da energia relativa ao infravermelho (Figura 5). O NDVI é aplicado diretamente sobre cada par de pixels (R, NIR), produzindo um valor pertencente ao intervalo [ 1, 1]. Quanto mais próximo de 1 maior é a certeza de estar se tratando de um pixel de vegetação.(jensen, 2000)

19 Fonte: JENSEN (2000) Figura 5: Comportamento espectral da vegetação Os valores mais altos de NDVI estão associados ao maior vigor da vegetação; a vegetação apresenta intensa absorção devido à clorofila na região do vermelho e intensa energia refletida na região do infravermelho próximo causada pela estrutura celular das folhas, sendo assim quanto mais alto o valor do NDVI maior é a certeza de ser um pixel correspondente à vegetação. As rochas, o solo exposto e as áreas urbanas apresentam reflectâncias similares nas bandas R e NIR, fazendo o valor do índice NDVI nesses casos se aproximar de zero. Já a água e as nuvens refletem mais na banda do vermelho do que no infravermelho, causando assim valores negativos quanto ao NDVI. (HOLBEN,1986) DEMARCHI et al (2011) apresentam uma análise temporal do uso do solo no município de Santa Cruz do Rio Pardo-SP, assim como a utilização do índice de vegetação (NDVI) para

20 identificar alterações na cobertura vegetal. Para os autores, a classificação supervisionada por máxima verossimilhança (MAXVER) mostrou-se eficiente e capaz de apontar mudanças na cobertura do solo; já o NDVI apresentou-se como um índice de vegetação adequado para determinar diferenças de vegetação na área de estudo quanto à densidade de cobertura e vigor vegetativo. COREMÁTICA Quanto à Coremática, ou Teoria dos Coremas ou Teoria da Modelização Gráfica, BRUNET (1993), geógrafo francês criador da base teórica da Coremática, define corema como a estrutura elementar do espaço geográfico, que se representa por um modelo gráfico. A Coremática seria, então, a gramática dos coremas; a ciência e arte do tratamento dos coremas e da interpretação das estruturas espaciais pelo reconhecimento e pela composição dos coremas. A Coremática é um modo de representação de origem francesa ainda pouco utilizado no Brasil, que oferece uma tentativa rigorosa de aplicação do método dedutivo, na medida em que a partir de um determinado espaço X e de uma distribuição espacial Z se propõe trabalhar hipóteses de em torno de um tema para deduzir as implicações teóricas de cada uma e examinar suas interações. É um método quase experimental que permite verificar essas implicações, combinando-as com as características do espaço real (DELER, 1998). Como exemplos da aplicação da Teoria dos Coremas pode-se citar DELER (1998), que utiliza uma representação coremática baseada em sete estruturas cuja combinação expressa muito bem as especificidades do espaço regional Inca; o autor chegou à conclusão de que a Coremática oferece um aporte valioso para a análise regional e para a busca de um explicação coerente e reveladora das estruturas de um determinado sistema geográfico. Já THÉRY (2007) em seus estudos sobre o território paulista apresenta como as estruturas gerais do território brasileiro, analisadas através do método coremático, se comportam sobre o território paulista. Tais informações foram combinadas a fim de construir um modelo do território paulista; os resultados mostraram uma semelhança entre os modelos na escala nacional e estadual.

21 METODOLOGIA MAPAS DE USO DA TERRA As imagens trabalhadas, correspondentes aos anos de 1986 e 2010 e localizadas na órbita 219 ponto 075, foram adquiridas no site do INPE (www.inpe.br) e capturadas pelo satélite Landsat 5 sensor TM com 30m de resolução espacial; o processamento digital foi feito no Sistema de Informação Geográfica (SIG) Ilwis versão 3.4 (http://52north.org/). As etapas primordiais do processamento (Figura 6) consistiram no pré-processamento (importação, recorte, criação do sistema de coordenadas e correção geométrica da imagem para reamostrar os pixels em relação à base cartográfica de referência), realce (manipulação de contraste, filtragem espacial e confecção de composições coloridas) e classificação (reconhecimento dos objetos de interesse para pesquisa a partir da delimitação de áreas homogêneas adotando-se um conjunto de métodos de classificação de padrões).

22 Figura 6: Etapas do Processamento Digital das Imagens O início do processamento consistiu na importação das imagens para o Ilwis 3.4. Após a importação as bandas foram recortadas, a fim de enfatizar a área de estudo. O próximo passo aplicado foi a criação de um sistema de coordenadas com as informações contidas na carta topográfica do IBGE de Poços de Caldas 1:50000. Na sequência aplicou-se o aumento de contraste (strech), com a finalidade de apresentar as informações contidas nas imagens de uma forma mais claramente visível ao intérprete, o que facilita muito a classificação das imagens. O próximo passo foi a confecção de composições coloridas em RGB (red, green, blue) com diferentes sequências que podem ser exploradas, possibilitando a escolha do melhor modo para fazer a análise interpretativa da região estudada, expondo assim diferentes cores para diferentes comportamentos espectrais dos alvos na imagem. A composição escolhida foi a RGB 543, já que ela demonstrou-se a mais adequada para o estudo. A etapa seguinte do processamento consistiu na correção geométrica da imagem, a fim de aumentar a precisão geográfica na área de estudo; o método utilizado para o georreferenciamento

23 foi o de pontos de controle, que consiste em encontrar pontos identificáveis na imagem e em uma base cartográfica conhecida (CROSTA, 1992). Foram selecionados 30 pontos de controle para cada cena. Após o georreferenciamento as imagens foram reamostradas, para determinar o valor dos pixels no grid corrigido. O método de interpolação escolhido foi o vizinho mais próximo, onde o pixel assume o valor mais próximo de seu centro (CROSTA, 1992). Para a confecção dos mapas de uso da terra foram definidas como classes de uso água, área urbana, solo exposto, mata, silvicultura, pastagem e agricultura, para as quais foram selecionadas amostras visando a classificação com o algorítimo MaxVer. O referido método de classificação considera a ponderação das distâncias entre as médias dos níveis digitais das classes cujas amostras de treinamento são definidas pelo usuário, utilizando parâmetros estatísticos e ajuste segundo uma distribuição gaussiana. Para que esta classificação seja precisa o suficiente, é necessário um número razoavelmente elevado de pixels para cada amostra de treinamento. (DEMARCHI et al. 2011) Após a classificação os mapas obtidos foram recortados tendo como base o limite municipal do município de Poços de Caldas. Os erros encontrados na classificação automática foram corrigidos por meio de edição na tela. MAPAS DE NDVI Primeiramente foram aplicadas as mesmas etapas de pré-processamento descritas anteriormente. Os mapas de NDVI foram calculados de forma automática no Ilwis, através da seguinte fórmula: NDVI=NIR-R/NIR+R, onde NIR corresponde à banda do infravermelho próximo e R à banda do vermelho; cabe ressaltar que para o cálculo do NDVI as bandas não podem estar com aumento de contraste. Para obter um maior detalhamento da área de estudo os mapas foram recortados tendo como base o limite municipal de Poços de Caldas. Por fim foi criada uma representação atribuindo cores a determinados intervalos inseridos dentro do NDVI, a fim de facilitar a percepção de mudanças no índice quando comparados os mapas. Cabe ainda ressaltar que as duas imagens utilizadas foram obtidas na mesma época do ano (entre os meses de maio e julho), a fim de evitar confusões durante a comparação do NDVI nas duas datas estudadas.

24 Visando realçar as informações contidas nos mapas foi desenvolvido um layout para cada um dos mapas de uso da terra e NDVI confeccionados de acordo com os princípios da Cartografia Temática contendo as informações básicas para o bom entendimento de um mapa: título, legenda, norte geográfico, grid de coordenadas, escala gráfica, fonte e autor. COREMA Quanto à confecção do corema o software utilizado foi o CorelDRAW, que consiste em um editor de figuras que possibilita a criação de vários produtos, como desenhos artísticos e mapas. Em um primeiro momento foram definidos os símbolos que seriam utilizados para representar a densidade demográfica, o padrão socioeconômico, as principais vias, o anel de montanhas que limita o crescimento urbano em direção ao norte e as principais funções urbanas. Foi escolhido para representar tais dados a representação utilizada por DJAMENT-TRAN e GRATALOUP (2010) no artigo E pluribus urbibus una Modéliser les trajectories de villes, publicado na revista M@ppemonde. Anteriormente à utilização do CorelDRAW criou-se um esboço, baseado na análise empírica, de como seria a dinâmica urbana do município de Poços de Caldas em formato analógico (figura 7), utilizando como base o mapa das principais vias existentes no município disponível na revisão do Plano Diretor de 2006.

25 Figura 7: Esboço utilizado para a confecção do Corema Depois de finalizado o esboço, o mesmo foi convertido para o formato digital através do escaneamento a fim de servir como base para a confecção do corema final (Figura 8). Por fim os contornos do esboço foram digitalizados e os símbolos pré-definidos foram atribuídos ao corema, respeitando a localização espacial das entidades representadas para assim se chegar ao modelo simplificado que é o corema.

Figura 8: Contornos digitalizados que deram origem ao Corema 26

27 RESULTADOS E DISCUSSÃO No que se refere ao uso da terra as mudanças foram significativas, como é possível notar através da comparação dos mapas do uso da terra de 1986 e 2010 (Figura 9). A área urbana cresceu consideravelmente, passando de 2,6% para 7,1% da área total do município (Figura 10). Figura 9: Mapas de uso da terra do município de Poços de Caldas para os anos de 1986 e 2010

28 Figura 10: Mudanças na distribuição das classes de uso da terra no município de Poços de Caldas para os anos de 1986 e 2010 O crescimento urbano ocorreu principalmente em direção ao Sul do município, onde surgiram bairros populares, e ao longo da Avenida João Pinheiro, no Oeste do município, uma via de expansão que tem tendência a se desenvolver ainda mais em um futuro próximo devido à implantação do campus da UNIFAL-MG nessa região. A área central também passou por uma intensificação da rede urbana, e o desenvolvimento urbano também ocorreu ao longo da Avenida Wenceslau Braz, na região Leste, onde também surgiram vários bairros de classe baixa. Vale ainda dizer que a expansão urbana não foi em direção ao Norte devido a um impedimento físico: a Serra de São Domingos, como pode ser observado através do mapa hipsométrico (Figura 11) e do modelo tridimensional do relevo do município de Poços de Caldas (Figura 12), construídos a partir dos dados do Shuttle Radar Topography Mission (SRTM)

29 Figura 11: Mapa Hipsométrico do município de Poços de Caldas Figura 12: Modelo Tridimensional do relevo do município de Poços de Caldas

30 Outro fator que chama a atenção é a queda nas áreas destinadas à pastagem e a agricultura, o que mostra uma mudança no perfil econômico do município. A principal atividade econômica desenvolvida atualmente é a mineração, responsável direta pelo aumento das áreas de solo exposto em mais de 100%; a indústria cresceu consideravelmente aliada à atividade mineradora e também ao ramo alimentício, com a presença de multinacionais como a Danone e a Ferrero Rocher. O turismo também constitui uma importante atividade econômica, sendo a fonte de renda de grande parte da população. Sobre as alterações na quantidade de vegetação, como é possível observar nas imagens de NDVI dos anos de 1986 e 2010 (Figura 13), as áreas que apresentam cores que tendem do verde claro para o verde escuro indicam maior densidade de vegetação. Nota-se um certo aumento de áreas com um valor mais alto no índice NDVI, áreas representadas por tonalidades de verde mais escuras, mas isso não significa necessariamente o aumento das áreas de mata nativa; esse incremento de áreas mais verdes está ligado ao avanço da silvicultura, principalmente na região Sudoeste do município. Também contribui para esse incremento o reflorestamento de antigas áreas de mineração, que são recuperadas através do plantio de eucalipto e pinus nas áreas degradadas pela atividade de extração de minérios. Outro fator determinante para a mudança no NDVI foi a expansão urbana, como pode ser observado na comparação dos mapas de uso da terra do município de Poços de Caldas entre os anos de 1986 e 2010, as áreas mais recentemente antropizadas apresentaram queda no índice de vegetação. Outro fator para a alteração do NDVI foi a construção da represa do Cipó, já que as áreas de água apresentam valores negativos ou próximos de zero.

31 Figura 13: Mapas de NDVI do município de Poços de Caldas para 1986 e 2010 Quando se trata mais especificamente da área urbana, é possível compreender como a expansão ocorreu através da análise do corema (Figura 14). Pode-se notar que o núcleo a partir do qual a cidade se desenvolveu, correspondente ao centro da cidade, apresenta a maior densidade demográfica, assim como o padrão socioeconômico mais elevado e a maior concentração de serviços. A partir do centro urbano a expansão ocorreu em direção ao Leste, ao Oeste e ao Sul seguindo, respectivamente, as vias de expansão Avenida Wenceslau Braz, Avenida João Pinheiro e Avenidas Vereador Edmundo Cardillo e Alcoa. As regiões mais próximas ao centro, por terem uma ocupação mais antiga, apresentam densidade demográfica e padrão socioeconômico médios,

32 com excessão dos bairros Jardim Novo Mundo, Jardim Europa I e Jardim Europa II, que apresentam densidade demográfica média e padrão socioeconômico alto. As áreas mais periféricas foram urbanizadas em período mais recente, sendo esse o motivo, aliado à distância do centro urbano (concentrador dos serviços essenciais), a explicação para a baixa densidade demográfica. Já o menor valor dos lotes e, novamente, a distância do centro urbano nessas áreas explica o padrão socioeconômico baixo. Quanto às indústrias cabe ressaltar que as mesmas se localizam nas proximidades das vias de expansão por questões estratégicas e logísticas, já que as vias de expansão apresentam uma maior facilidade de escoamento da produção. Cabe ainda dizer que a área sem informações sobre a densidade demográfica mais ao Sul do município corresponde ao Distrito Industrial, sendo assim as informações sobre o padrão socioeconômico não se aplicam a essa localidade. A partir do corema também é possível obter uma ideia de como ocorrerá a expansão urbana no futuro. As áreas médias serão adensadas nos sentidos Leste, Oeste e Sul, porém esperase que o principal eixo de expansão seja na porção Oeste ao longo da Avenida João Pinheiro, já que o novo campus da UNIFAL-MG foi instalado recentemente nessa região. Outro fator que deve causar o adensamento urbano no Oeste é a construção, já em andamento, de uma nova via, que ligará as duas principais vias da cidade. As áreas de densidade baixa também tendem a se adensar, porém esse fenômeno deve ocorrer em um período mais longo de tempo.

Figura 14: Corema do município de Poços de Caldas 33

34 CONCLUSÕES Através da análise das informações obtidas pode-se concluir que as mudanças no uso da terra e na quantidade de vegetação no município de Poços de Caldas entre 1986 e 2010 foram causadas por dois fatores principais: a expansão urbana, com o aumento da área urbana do município em mais de 200%, e a mudança no perfil econômico, através da exploração da terra para a extração mineral, o que explica o aumento de áreas de solo exposto e a queda nas áreas destinadas às atividades de agricultura e pecuária, e a inserção da atividade de silvicultura no município. As técnicas de mapeamento do uso da terra e de NDVI mostraram-se eficazes dentro dos objetivos estabelecidos, já que seu emprego possibilitou avaliar as condições da área de estudo quanto a alterações na vegetação e no uso da terra, assim como elaborar mapas identificando as áreas que sofreram as maiores alterações. Isso torna evidente a importância do Sensoriamento Remoto e o Geoprocessamento como ferramentas para o planejamento. O corema apresentou-se como uma forma extremamente eficiente e simples de representar a dinâmica da área urbana, sendo que o mesmo superou as expectativas previamente estabelecidas. Ainda foi possível demostrar de forma objetiva as tendências de crescimento urbano no município, qualificando a utilização da Coremática como um importante método para os estudos sobre o crescimento urbano. Cabe ainda ressaltar que o crescimento do município de Poços de Caldas deve ser compatibilizado com a conservação da vegetação, a fim de promover a sustentabilidade da fauna e da flora e garantir uma melhor qualidade de vida para a população.

35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRUNET, Roger; FERRAS, Robert; THÉRY, Hervé. Les mots de la Géographie, dictionnaire critique. 3 éd. Montpellier, Paris: RECLUS, La Documentation Française, 1993. BURROUGH, P.A. Principles of geographical Information Systems for Land Resources Assessment, Oxford, Claredon Press, 1986. CÂMARA, G.; BARBOSA, C. C. F.; DAVIS. C.; FONSECA, F. Conceitos Básicos em Geoprocessamento.In: CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO, A. M. V; PAIVA, J. A.; D ALGE, J. C. L. (Orgs.) Geoprocessamento: teoria e aplicações. Disponível em <http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro>. 34p. CHAO, R. G. C.; ALMEIDA T. I. R.; BRANCO, F. C.; TERUIYA, R. K.; SILVA, A. C. N.; ARAÚJO, C. C.; LIOTTE, S. V. Dinâmica urbana a partir de dados multitemporais e multisensores: o caso de Havana, Cuba. Anais IX Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 1998. CROSTA, A. P. Processamento digital de imagens de Sensoriamento Remoto. Campinas: Unicamp, 1992. 164p. DEMARCHI, J. C.; PIROLI, E. L.; ZIMBACK, C. R. L. Análise temporal do uso do solo e comparação entre os índices de vegetação NDVI e SAVI no município de Santa Cruz do Rio Pardo- SP usando imagens LANDSAT-5. RA E GA, Curitiba v. 21, p. 234-271, 2011. DELER, J. P. La coremática, un modo de representación de las estructuras y dinámicas del territorio al servicio del análisis regional. In: Revista de Geografia Norte Grande, 25 pág. 91-100, 1998. DJAMENT-TRAN, G.; GRATALOUP, C. E pluribus urbibus una Modéliser les trajectoires de villes. M@ppemonde, abr. 2010. Disponível em: <http://mappemonde.mgm.fr/num28/articles/art10401.htm>l

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10 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS GUILHERME AUGUSTO VEROLA MATAVELI MAPEAMENTO DA EVOLUÇÃO URBANA DE POÇOS DE CALDAS ENTRE 1986 E 2010 E TENDÊNCIAS FUTURAS ALFENAS/MG 2011