O Efeito do Vento Solar no Campo Geomagnético Terrestre

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Transcrição:

Projecto Com a Cabeça na Lua OASA - Observatório Astronómico de Santana Açores O Efeito do Vento Solar no Campo Geomagnético Terrestre Fundamentos teóricos O Sol influencia um enorme volume de espaço à sua volta. Os gases ejectados e as enormes erupções lançam no espaço e em todo o sistema solar biliões de toneladas de matéria do próprio Sol sob a forma de partículas e radiação, a velocidades enormes que podem atingir os 1200 quilómetros por segundo e que originam o denominado Vento Solar. Este Vento Solar que embebe todo o nosso sistema solar é conduzido pelo campo magnético do Sol (Heliosfera) e deflectido pelo campo magnético terrestre. A Terra tal como íman, porque possui no seu interior um núcleo de ferro, gera um campo magnético. Os efeitos da radiação solar e da corrente de partículas que diariamente chegam à Terra poderiam torná-la inabitável, não fosse a existência da atmosfera que bloqueia a maioria dos raios-x e os ultravioletas. Jactos gigantescos de gás quente (plasma), várias vezes do tamanho do nosso planeta, são lançados da superfície do Sol, formando as chamadas proeminências e filamentos coronais. Proeminência e Fulguração em H-alfa OASA 1/1

Proeminências solares. Imagens obtidas pelo OASA O Vento solar exerce uma pressão sobre o campo magnético terrestre comprimindo-o do lado virado para o Sol e criando uma longa cauda do lado oposto. Este envelope magnético complexo é conhecido como Magnetosfera. Quando as partículas provenientes do Sol (electrões, protões e iões) impactam a Magnetosfera, geram correntes eléctricas e plasmas na camada mais exterior da atmosfera terrestre, a Ionosfera, provocando as Auroras Boreais e Austrais por excitação dos átomos de gás. São estes efeitos que um magnetómetro, o aparelho que nos propomos construir, poderá detectar e medir. Poderás consultar o CDRom intitulado 23º Ciclo Solar, lançado pelo OASA, para obteres mais informações. 2/2

Objectivo Verificar as alterações do campo magnético terrestre e relacioná-las com os fenómenos da actividade solar tais como as fulgurações. O aparelho que vamos construir, pela sua simplicidade, é amplamente utilizado por cientistas amadores que utilizam interfaces electrónicos para medir e obter mais dados quantitativos relativos à evolução diária do campo geomagnético terrestre e mesmo prevê-los. Esta actividade pressupõe a construção de um magnetómetro aplicado como detector de Auroras e baseia-se num artigo publicado pela revista de astronomia amadora Sky and Telescope de Outubro de 1989. Material necessário : 1. Um filme de plástico duro com 80 a 100 mm de diâmetro e 200 mm de altura; 2. 300 mm de fio de nylon fino; 3. 200 mm de fio de cobre; 4. um pequeno espelho (5mm x 10 mm pintado a preto excepto no centro onde deverá existir uma pequena zona espelhada com 1 mm de largura); 5. Uma pequena barra magnetizada com o comprimento de 20 a 30 mm; 6. cartolina e cola; 7. uma escala graduada; 8. uma fonte de luz tal como uma lâmpada ou um pequeno laser; 9. uma superfície de 1m por 0,5 m livre de vibrações locais e distante de interferências eléctricas e magnéticas. Instruções para construção dos modelos 1. Usa o fio de cobre para suportar o magneto da forma como mostra a figura: 2. Amarra um dos extremos do fio de nylon ao suporte de cobre e cola o espelho no cimo do magneto devidamente apoiado no fio de cobre como mostra a figura seguinte: 3/3

3. Cola um rectângulo de cartolina na parte detrás do magneto de modo a parecer-se com a figura: 4. Dobra o filme plástico de modo a fazeres um cilindro cuja forma será mantida pela sua introdução nos anéis de PVC. Suspende o fio de nylon na parte superior deste cilindro de plástico de modo a suspender o conjunto formado pelo magneto, cartolina e espelho: 5. Utiliza uma luz emitida por uma lâmpada ou por um pequeno laser de maneira a que a fonte de luz seja intensa e estreita. 6. Coloca o conjunto numa mesa onde possa estar livre de vibrações e influências eléctricas e magnéticas. Na medida em que irás utilizar este instrumento de medida durante largos períodos coloca-o num local onde possa permanecer por tempo indeterminado. 4/4

Procedimentos de investigação Dado que muitas influências externas podem afectar o funcionamento do Magnetómetro, incluindo a passagem de carros e motas, ferramentas eléctricas, vibrações, etc, este aparelho apenas irá detectar as alterações da direcção do campo magnético e não medi-las de forma quantitativa. 1. Dispões a fonte de luz de modo a produzir uma sinal luminoso brilhante a meio percurso da escala graduada. Faz uma leitura da escala, que poderá ser colada à parede do cilindro plástico, e regista-a com a data e hora da observação. 2. Durante vários dias faz registos cuidando que o aparelho não seja deslocado. 3. De modo a tornar as leituras da escala mais úteis e fáceis de comparar, é melhor converter a desvio do magneto num valor angular. Assim, usando L como a distância do centro do espelho até à escala e S como o valor lido na escala, teremos: D (arcos de minuto) = 1719 x S / L (1) 4. Converte o tempo local em Tempo Universal (TU) e regista-o nessa forma. 5. Relaciona os dados que obtiveste com informação publicada por observatórios solares sobre a actividade solar e a existência de erupções, fulgurações e Ejecções de Massa Coronal que tenham produzido Auroras Boreais. 6. Para teres uma ideia da sensibilidade do Magnetómetro, move em seu redor um outro magneto ou uma barra de ferro a distâncias diferentes e cuidadosamente anota os desvios produzidas. É possível demonstrar a lei do inverso do quadrado da força do campo magnético. 5/5

(1) Aplicando relações geométricas muito simples e a lei da reflecção é possível mostrar que o desvio D no magneto produz uma duplo desvio na escala. Assim em radianos teremos, 2D = S / L ou D = S / 2 x L Convertendo em minutos de arco: D = S / 2 x L radianos Então D = 1719 x S / L Patrocínio da Direcção Regional da Ciência e Tecnologia 6/6