IV Seminário de Iniciação Científica

Documentos relacionados
EFEITO DO ph DA ÁGUA NO EQUILÍBRIO IÔNICO DE ALEVINOS DE Piaractus mesopotamicus. Resumo

EFEITO DA DUREZA DA ÁGUA NA DENSIDADE INICIAL DE CULTIVO E NA PRODUÇÃO DE OVOS DE RESISTÊNCIA DE DAPHNIA MAGNA

SOBREVIVÊNCIA, CRESCIMENTO E ATIVIDADE DE ENZIMAS DIGESTIVAS EM JUVENIS DE ROBALO-PEVA Centropomus paralellus EM DIFERENTES SALINIDADES

PALESTRA CALIDAD DE AGUA

Efeitos da densidade de estocagem sobre a qualidade da água na criação do tambaqui

CARACTERIZAÇÃO DOS PARÂMETROS DE QUALIDADE DE ÁGUA EM VIVEIROS DE PISCICULTURA NO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS, PARÁ

Qualidade da Água para a Aquicultura

Densidade de estocagem de alevinos no cultivo de lambaris

IV Simpósio de Ciências da UNESP Dracena. V Encontro de Zootecnia Unesp Dracena

AVALIAÇÃO PRODUTIVA E ECONÔMICA DE TILÁPIAS SUBMETIDAS A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO EM TANQUES REDE

OXIGÊNIO DISSOLVIDO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS:

QUALIDADE DA ÁGUA E DESEMPENHO DE JUVENIS DE TAMBAQUI CRIADOS EM SISTEMA DE AQUAPONIA

IV Simpósio de Ciências da UNESP Dracena. V Encontro de Zootecnia Unesp Dracena

Análise da condutividade elétrica e do ph em água salobra no cultivo de tilápias

Princípios de qualidade de água. Daniel Rabello Ituassú, M.Sc. Embrapa Agrossilvipastoril Sistema de produção aquícola Nutrição de peixes

Anais. V Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

Avaliação fisicoquímica da água de açudes no Semi-Árido brasileiro

A IMPORTÂNCIA DE MONITORAR A QUALIDADE DA ÁGUA NA PISCICULTURA

Anais. VI Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL HIDROLOGIA APLICADA

QUALIDADE DAS ÁGUAS EM PARQUES AQUÍCOLAS. Dra. Rachel Magalhães Santeiro INCISA Instituto Superior de Ciências da Saúde

ENGORDA DE LAMBARIS, DO RABO VERMELHO E AMARELO, EM DOIS DIFERENTES SISTEMAS DE CULTIVO 1

GANHO MÉDIO DIÁRIO E CONVERSÃO ALIMENTAR APARENTE DE JUVENIS DE PACU

Thiago de Campos Belão

Anais da XIV Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

TOLERÂNCIA DE CULTIVARES DE MAMONEIRA À TOXICIDADE DE ALUMÍNIO EM SOLUÇÃO NUTRITIVA.

Requisitos básicos para o cultivo

EFEITO DE DIFERENTES DENSIDADES DE ESTOCAGEM E NÍVEIS DE ARRAÇOAMENTO NO DESEMPENHO DE PIRACANJUBAS (Brycon orbignyanus) NA FASE JUVENIL* RESUMO

NÍVEIS DE SAÚDE EM TAMBAQUIS ORIUNDOS DE TANQUES DE CRIAÇÃO NO MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA

EFEITOS DO PESTICIDA ATRAZINA SOBRE OS PARÂMETROS HEMATÓLOGICOS DO LAMBARI, Astyanax sp

Aula 2 vídeo 3: Qualidade da água e manejo de viveiros (6 minutos) Imagem Texto Tempo Pessoa respondendo a pergunta

MONOGENÉTICOS PARASITOS DE BRÂNQUIAS DE Hoplias malabaricus (TRAÍRA) E SAÚDE ANIMAL NA AMAZÔNIA OCIDENTAL

Parâmetros de qualidade de água SANEAMENTO AMBIENTAL EXPERIMENTAL TH 758

ASSESORAMENTO TÉCNICO: PARAMÊTROS DE QUALIDADE DE ÁGUA EM SISTEMA DE PROUÇÃO DE TILÁPIA Apresentação: Pôster

A TÓ IO IO GOUVEIA AQUACULTURA

DEJETOS DE SUÍNOS COMO FONTE PROTÉICA. DE PIAUÇU (Leporinus p macrocephalus).

IMPACTOS AMBIENTAIS DA PISCICULTURA DE TANQUE ESCAVADO NO RESERVATÓRIO ITAPARICA, SEMIÁRIDO PERNAMBUCANO

Anais. V Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

PRODUÇÃO DE JUVENIS DE TILÁPIA DO NILO (Oreochromis Niloticus) SOB DIFERENTES DENSIDADES DE ESTOCAGEM EM TANQUES REDE

Benefícios e Desafios da Intensificação da Carcinicultura em Águas Interiores

Notas Científicas Densidade de estocagem de matrinxã (Brycon amazonicus) na recria em tanque-rede

Funções e Importância da Água Regulação Térmica Manutenção dos fluidos e eletrólitos corpóreos Reações fisiológicas e metabólicas do organismo Escassa

QUALIDADE DE ÁGUA: PRÁTICAS DESEMPENHADAS NO ESTÁGIO QUE SERIAM FUNDAMENTAIS PARA A SOCIEDADE; CADEIA PRODUTIVA OU PRODUTORES Apresentação: Pôster

Título da Pesquisa: Palavras-chave: Campus: Tipo Bolsa Financiador Bolsista (as): Professor Orientador: Área de Conhecimento: Resumo

TRANSPORTE SIMULADO DE ALEVINOS DE JUNDIÁ, Rhamdia quelen, POR 12 HORAS EM TRÊS DIFERENTES TEMPERATURAS.

CRIAÇÃO DE BIJUPIRÁ EM SISTEMA DE RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA

INFLUÊNCIA DA MORFOMETRIA DE DOIS VIVEIROS UTILIZADOS NA AQUICULTURA NOS PARÂMETROS DE QUALIDADE DE ÁGUA

MORTALIDADE NO TRANSPORTE DE CURIMATÃ-PACU (Prochilodus argentus) *

ISSN Março, Anais da IV Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

Aquaponia: Produção Integrada de Peixes e Vegetais. Paulo César Falanghe Carneiro 15 e 16/06/2017 Sinop, MT

SELETIVIDADE DO SORGO SACARINO A HERBICIDAS E O TRATAMENTO DE SEMENTES COM O BIOATIVADOR THIAMETHOXAM

LEVANTAMENTO ICTIOPARASITÁRIO DAS PRINCIPAIS PISCICULTURAS DE SÃO LUIS DE MONTES BELOS, CÓRREGO DO OURO E SANCLERLÂNDIA

Avaliação da qualidade da água utilizada nos viveiros de tambaquis (Colossoma macropomum) na região de Cáceres MT

EFEITO DA DENSIDADE DE ESTOCAGEM SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO NEON CARDINAL (Paracheirodon axelrodi).

EFEITO DO ÁCIDO ASCÓRBICO SOBRE O DESEMPENHO ZOOTECNICO DE JUNVENIS DE PACU (Piaractus mesopotamicus)

10.2 Parâmetros de qualidade da água

CULTIVO DE TAMBAQUI EM GAIOLAS DE BAIXO VOLUME: EFEITO DA DENSIDADE DE ESTOCAGEM NA PRODUÇÃO DE BIOMASSA

Solicitação de Aprovação e Autorização de Oferta de Curso. PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO FORMAÇÃO INICIAL e CONTINUADA em PISCICULTURA EM TANQUE-REDE

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE PATOLOGIA DE ORGANISMOS AQUÁTICOS

Aquicultura na Amazônia Ocidental

QUALIDADE DA ÁGUA DE UMA PISCICULTURA EM TANQUES- REDE NO RIO SÃO JOSÉ DOS DOURADOS, ILHA SOLTEIRA SÃO PAULO

AVALIAÇÃO FÍSICA, QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DA QUALIDADE DA AGUA PARA FINS DE PISICULTURA

VARIÁVEIS HIDROLÓGICAS FÍSICO-QUÍMICAS NA CRIAÇÃO DA TILÁPIA-DO-NILO NO SISTEMA RACEWAY COM DIFERENTES RENOVAÇÕES DE ÁGUA

Efeito da temperatura e do oxigênio dissolvido em água salobra no cultivo de tilápia

Construção e M anejo de Tanques em Piscicultura. Z ootec. M S c. Daniel M ontagner

COMPORTAMENTO ALIMENTAR DO MATRINXÃ (Brycon cephalus) NO PERÍODO DE TEMPERATURAS MAIS BAIXAS

NOTAS CIENTÍFICAS. Uso de alimento vivo como dieta inicial no treinamento alimentar de juvenis de pirarucu (1)

3ª Série / Vestibular. As equações (I) e (II), acima, representam reações que podem ocorrer na formação do H 2SO 4. É correto afirmar que, na reação:

IV Simpósio de Ciências da UNESP Dracena. V Encontro de Zootecnia Unesp Dracena

Programa Analítico de Disciplina BAN350 Ictiologia, Limnologia e Piscicultura

Piscicultura de água doce no estado do Ceará. Airton Rebouças Sampaio, Engº Agrº.

AVALIAÇÃO DA TAXA METABÓLICA DO TAMBAQUI (Colossoma macropomum) E DA TILÁPIA-DO-NILO (Oreochromis niloticus)

Análise de experimento fatorial desbalanceado nos ambientes SAS e R

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

Anais da XIII Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

FACULDADE ICESP CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA. Edital 02/ Bolsa de Iniciação Científica

Sub-projeto: Alternativas para alimentação de peixes da Amazônia: uso de subprodutos agroflorestais e resíduos de pescado.

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RESERVATÓRIO DE PEDRA DO CAVALO BA.

COMPORTAMENTO DE RÃ MANTEIGA Leptodactylus ocellatus Linnaeus, 1758 EM GAIOLAS. Palavras-chave: rãs, comportamento, estufas climatizadas, gaiolas.

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA REITORIA CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP

AQUAPONIA: PRODUÇÃO DE TILÁPIA DO NILO (Oreochromis niloticus) E HORTALIÇAS

QUALIDADE DA ÁGUA DE AÇUDES UTILIZADOS NA CRIAÇÃO DE PEIXES EM SISTEMA DE POLICULTIVO UM ESTUDO DE CASO

Palavras-chave:ganho de peso, larvicultura, sistema de recirculação, sobrevivência, tilápia

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE INDÚSTRIA DE FILETAGEM DE TILÁPIAS NA FORMA DE FARINHA E SILAGEM ÁCIDA NA ALIMENTAÇÃO DE LAMBARI (Astianax bimaculatus)

11. Núcleos de conservação de peixes

PRIMEIRO CULTIVO DO Astyanax Bimaculatus EM SISTEMA DE BIOFLOCOS

A água na aquicultura

NITROGÊNIO. Princípios da Modelagem e Controle da Qualidade da Água Superficial Regina Kishi, 7/24/2015, Página 1

TAXA DE DECOMPOSIÇÃO DE ESTERCOS EM FUNÇÃO DO TEMPO E DA PROFUNDIDADE DE INCORPORAÇÂO SOB IRRIGAÇÃO POR MICRO ASPERSÃO

INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA NA CRIAÇÃO HETEROTRÓFICA DO CAMARÃO Litopenaeus vannamei

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE SALMONICULTURA

ANÁLISE BAYESIANA PARA AVALIAR O DESEMPENHO DE LARVAS DE TILÁPIA-DO-NILO, SUPLEMENTADAS COM ALL-G-RICH E AQUATE FISH

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E VIGOR DE SEMENTES EM PROGÊNIES DE CAMUCAMUZEIRO ESTABELECIDAS NO BAG DA EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL

Processos Biológicos para a Remoção de Poluentes

SOBREVIVÊNCIA E CRESCIMENTO DE DOURADO (Salminus brasiliensis) SUBMETIDOS A DIFERENTES DENSIDADES DE ESTOCAGEM E INTERVALOS DE MANEJO EM TANQUES-REDE

Sistemas de cultivo em Piscicultura

Ecologia: definição. OIKOS Casa LOGOS Estudo. Ciência que estuda as relações entre os seres vivos e desses com o ambiente.

Anais. VII Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

Transcrição:

EFEITO DO ph DA ÁGUA NA SOBREVIVÊNCÌA E CRESCIMENTO DE ALEVINOS DE PACU (Piaractus mesopotamicus) Thálita Stefann Ribeiro Nascimento 1,4 ; Cheila de Lima Boijink 3,4 ; Delma Machado Cantisani Pádua 1,5. 1 Bolsista PBIC/UEG 2 Pesquisadora Orientadora 3 Colaboradora 4 Curso de Zootecnia, Unidade Universitária de São Luís de Montes Belos, UEG 5 Professora do Curso de Zootecnia, Universidade Católica de Goiás, UCG RESUMO O ph neutro ou levemente alcalino tem sido recomendado por vários autores para o desenvolvimento de várias espécies de peixes. No entanto, sabe-se que muitas vezes os peixes são expostos a condições adversas de ph em seu meio ambiente, que podem causar distúrbios fisiológicos. Portanto, o presente estudo verificou o efeito do ph da água (5.0, 6.0, 7.0, 8.0, 9.0) na sobrevivência e crescimento de alevinos de pacu. Para isso, exemplares de pacu (n=15) foram mantidos em caixas de 500 L com condições de temperatura controlada (25 C), fotoperíodo natural, aeração constante e expostos a diferente phs por período de 60 dias. Nestas condições foram avaliados: sobrevivência, crescimento em comprimento, ganho de peso, taxa de crescimento específico (G) e coeficiente de variação em comprimento (CV). A sobrevivência dos alevinos em phs alcalinos foi de aproximadamente 23,3% enquanto que nos phs ácidos foi de aproximadamente 80%, havendo uma diferença significativa entre os dados. O desenvolvimento dos alevinos em ph alcalino foi afetado negativamente, sendo que o melhor desempenho foi nos animais submetidos aos phs 7,0 e 6,0. Com isso, conclui-se que alevinos de pacu apresentam um melhor desempenho em ph neutro com tendência a ácido (intervalo de ph 7,0 a 6,0). Palavras-chave: piscicultura, qualidade da água, desempenho produtivo. Introdução O Brasil tem grande potencial para aqüicultura, principalmente por deter recursos hídricos abundantes, ictiofauna privilegiada e praticamente inexplorada. Também apresenta um clima favorável ao crescimento da maioria das espécies (VALENTE, 2000). 78

As condições do meio em que os peixes vivem é de fundamental importância para que ocorra um bom desenvolvimento e sobrevivência dos peixes cultivados, de modo que deve existir sempre uma preocupação com a qualidade da água nos tanques de criação para o sucesso na produção (TAVARES, 1994). Na escolha do local de cultivo devem ser sempre observadas as melhores condições físico-químicas da água as quais ditam se a espécie pode suportar o ambiente de criação ou não. Segundo SENHORINI (1993), a qualidade da água entre outros fatores, pode causar mortalidade, redução no crescimento e doenças. No cultivo de peixes existem muitos fatores que alteram a qualidade da água, como a presença excessiva de fitoplâncton, plantas aquáticas e algas, as quais causam redução da concentração de O 2, aumento de CO 2 e conseqüente redução de ph. O inadequado programa de alimentação também é um fator que favorece a redução da qualidade da água, pois os excessos de resíduos orgânicos são excelentes substratos para bactérias e fungos e servem de alimento a um grande número de parasitas (PAVANELLI et al., 2002). Isto afeta o desempenho produtivo, à saúde e sobrevivência dos peixes. Sendo assim, é de grande importância o estudo da tolerância e sensibilidade dos peixes aos diferentes phs da água de cultivo, assim como observar o desempenho dos peixes nestas condições. O ph é um parâmetro muito importante a ser considerado, já que possui um efeito direto sobre o metabolismo e os processos fisiológicos de peixes e outros organismos aquáticos. A faixa de tolerância de ph para os peixes está compreendida entre 4 e 9, enquanto o índice ideal é entre 6.5-8.0 (WURTS and DURBOROW, 1992). Alterações no ph na água de cultivo pode afetar o funcionamento branquial, o que prejudica o equilíbrio osmótico e a respiração. Valores extremos de ph prejudicam o crescimento e a reprodução dos peixes e, até mesmo, podem causar mortalidade massiva nos sistemas aquaculturais, principalmente nas fases iniciais de desenvolvimento (KUBITZA, 2003). Por outro lado, o ph também é importante porque afeta a toxicidade de vários poluentes comuns (como a amônia) e metais pesados (como o alumínio). Das espécies nativas pouco se sabe sobre a tolerância as variações na qualidade da água. O pacu, Piaractus mesopotamicus, encontrado na América do Sul, com distribuição entre a região Amazônica e bacia Paraná-Paraguai (SEVERI, 1991), é uma espécie tolerante as variações nas características físico-químicas da água. Habita a bacia Amazônica e é encontrado em lagos e planícies aluviais que estão muitas vezes hipóxicos ou mesmo anóxicos. Estes ambientes também estão sujeitos a grandes variações no conteúdo de CO 2 /ph 79

devido à decomposição de considerareis quantias de matéria orgânica em elevadas temperaturas (RANTIN and KALININ, 1996). A produção de pacu tem sido intensificada nos últimos anos dada as características que viabilizam seu cultivo em sistemas artificiais de produção (CASTAGNOLLI, 1992). A escassez de conhecimentos sobre a biologia das espécies e as alterações naturais ou provocadas na qualidade da água conduzem muitas vezes a uma baixa produção, portanto o objetivo do presente projeto é testar a sobrevivência e o crescimento de alevinos de pacu (Piaractus mesopotamicus) em ambientes de ph ácido, neutro e alcalino. Material e Métodos Os animais foram adquiridos de uma piscicultura e transportados para o Setor de Piscicultura UCG (Universidade Católica de Goiânia) e mantidos em tanques de 500 L, com fluxo de água e aeração constante, temperatura de 25 C e fotoperíodo natural para aclimatação, aproximadamente um mês. Os animais foram alimentados ad libitum duas vezes por dia com ração comercial (32% PB). No início do período experimental, os animais foram pesados, medidos e distribuídos em 15 caixas plásticas com capacidade de 500 L. Em cada caixa foram colocados 15 animais (com peso médio de 2,35g e 3,3cm de comprimento), as caixas foram dotadas de aeração e temperatura (25 C) constante. Os animais ficarão 2 dias para aclimatação nas caixas antes de começar o experimento que teve duração de 60 dias. A água foi acidificada pela adição de ácido sulfúrico (H 2 SO 4 ) e alcalinizada com hidróxido de sódio (NaOH). O controle do ph e temperatura será feito através de 4 análises diárias com phmetro. Sempre que necessário, após as análises de ph, foram feitas as correções com H 2 SO 4 para baixar (acidificar) ou com NaOH para aumentar (alcalinizar). Os valores de amônia, alcalinidade, nitrito e dureza da água foram determinados duas vezes por semana. Os valores de oxigênio dissolvido foram verificados com oxímetro digital, também medido duas vezes por semana. Os valores de ph utilizados durante o experimento foram: ph 5.0, 6.0, 7.0, 8.0 e 9.0, com três repetições cada tratamento. A ração oferecida foi extrusada com 32% PB (comercial), à vontade. Diariamente, através de sifonagem, foi feita a limpeza das caixas para retirada dos peixes mortos, excrementos fecais e eventuais sobras de ração. A água retirada das caixas será substituída por outra com ph previamente corrigido, sendo renovada cerca de 10% do volume d água. No final do período experimental foram feitas as seguintes avaliações: - peso médio individual (PMI)/tratamento 80

- comprimento total médio/tratamento - taxa de crescimento específico (G), calculada segundo JOBLING (1994) Fórmula: G = ln wt2 ln wt1 x 100 t Onde: G = taxa de crescimento específico; ln = logaritmo neperiano; wt1 = peso total médio inicial; wt2 = peso total médio final; t = tempo em dias - taxa de sobrevivência final (%) Os tratamentos foram analisados por análise de variância (ANOVA) seguido pelo teste Tukey quando necessário. O nível de significância foi de P < 0,05. Resultados e Discussão A analise da água realizada antes e após a colocação dos animais nas unidades experimentais estão apresentadas na Tabela 1. Observa-se que houve uma variação normal dos parâmetros em função da colocação dos alevinos. Durante o decorrer do período experimental as características físico-químicas da água permaneceram dentro de limites toleráveis pela espécie (Tabela 2), não havendo diferença estatística entre os tratamentos. Sendo assim, os parâmetros analisados de qualidade da água não foram limitantes ao desenvolvimento dos peixes, conforme recomendado por SIPAÚBA-TAVARES (1995), para peixes de água doce de clima tropical. Tabela 1. Média dos parâmetros físico-químicos da água das caixas antes do período experimental. Sem peixe Com peixe ph O 2 (mg/l) T (C ) Alcalinidade CaCO 3 (mg/l) Dureza CaCO 3 (mg/l) Na + (meq/l) K + (meq/l) Amônia (mg/l) 6,96 7,2 24,3 41,4 40 2,0 3,7 0,018 7,30 5,4 25,0 43,7 42 3,6 4,0 0,074 Tabela 2. Média dos parâmetros físico-químicos da água das caixas durante 60 dias experimentais. O 2 Alcalinidade Dureza Na T (C ) + K + Amônia (mg/l) CaCO 3 (mg/l) CaCO 3 (mg/l) (meq/l) (meq/l) (mg/l) 6,1 25,5 41,8 37 1,8 3,5 0,107 81

Quanto ao desempenho produtivo dos animais estão apresentados na Tabela 3. Observa-se que os animais em phs alcalinos tiveram um desempenho prejudicado e nos phs com ácido o desempenho foi melhor. Segundo FLORINDO (2002), tanto o tambaqui (Colossoma macropomum), quanto o pacu apresentam adaptações morfológicas e fisiológicas para suportar águas ácido, principalmente na época da seca. Tabela 3. Efeito do ph da água sobre o peso final (PF, g); ganho de peso (GP, g); taxa de crescimento (TCE, %) e sobrevivência (SBR, %) Características de desempenho produtivo ph PF GP TCE SBR 5.0 5,43 b 2,97 b 0,57 b 73,3 a 6.0 8,21 a 5,73 a 0,87 a 86,7 a 7.0 9,15 a 7,15 a 1,10 a 98,5 a 8.0 3,65 c 1,26 c 0,30 c 33,3 b 9.0 3,02 c 0,43 c 0,07 c 13,3 b Valores, nas colunas, seguidos de letras diferentes, para um mesmo parâmetro, diferem (p>0,05), pelo teste de Tukey. Existe crescente evidência de que os primeiros estágios da vida são os mais sensíveis na vida dos peixes. Muitos trabalhos confirmam que os efeitos do ph da água em peixes depende da idade e dos estágios de desenvolvimento (LLOYD and JORDAN, 1964), até mesmo a curto prazo a variação do ph pode influenciar negativamente a população de peixes. A tolerância e a sensibilidade ao ph difere entre as espécies (DAYE and GARSIDE, 1997). Carpas (Cyprynus carpio), por exemplo, em ph 8.0 apresentaram 11% de mortalidade. Em ph 5.0 ocorreu mortalidade de 32% (JEZIESKA and WITESKA, 1995), diferente que ocorreu com os alevinos de pacu. Com relação à sobrevivência em águas alcalinas, certas espécies sobrevivem, e inclusive se reproduzem em locais com ph próximo de 10 (DANULAT and SELCUK, 1992). Quando teleósteos são expostos a água alcalinas, há uma imediata redução na excreção da amônia, de modo que sua concentração no plasma aumenta (WILKIE and WOOD, 1996). As brânquias também são as mais afetadas quando há um eventual estresse alcalino (altos valores de ph). WILKIE and WOOD (1996), em experiências com salmonideos demonstraram que o ph alcalino da água causa sérios distúrbios na excreção e regulação interna da amônia, balanço ácido-básico e regulação de íons. Conclusão 82

Os dados obtidos no presente estudo permitem concluirmos que o melhor desempenho e sobrevivência de alevinos de pacu, Piaractus mesopotamicus se dá em águas com ph neutro com tendência a ácido (intervalo de ph 7,0 a 6,0). Referências Bibliográficas CASTAGNOLLY, N. 1992. Criação de peixes de água doce. Jaboticabal. FUNEP. 189p. DANULAT, E.; SELCUK, B. 1992. Life history and environmental conditions of the anadromous Chalcalburnus tarichi (Cyprinidae) in the higlyly alkaline lake Van. Eastern Anatolia, Turkey. Arcch Hydrobiol. V. 126, p. 102-125. FLORINDO, L.H. 2002. O papel dos quimiorreceptores de O 2 e CO 2 /ph no controle dos reflexos cardio-respiratórios e da ARS em tambaqui: Respostas a longo prazo durante a hipóxia e a hipercarbia. Tese doutorado. UFSCar. JEZIERKA, B.; WITESKA, M. (1995). The influence of ph on embryonic development of common carp. Arch. Ryb. Pol. Arch. of Polish Fish. v.3, n.1, p.85-94. JOBLING, M. 1994. Fish bioenergetics. Chapman e Hall. 1ºed. London. 309 p. KUBITZA, F. 2003. Qualidade da água no cultivo de peixe e camarões. Jundiaí, SC. Ed. F. Kubitza, 229 p. LLOYD, R.; JORDAN, D.H.M. 1964. Some factors aftecting the resistance of rainbow trout, Salmo gairdneri R. to acid water. Int. J. Air Wat. Pollut. v.8,p. 393-403. PAVANELLI, G.C.; EIRAS, J.C.; TAKEMOTO, R.M. 2002. Doenças de Peixes: Profilaxia, Diagnósticos e Tratamentos. Editora da Universidade Estadual de Maringá. 305p. RANTIN, F.T.; KALININ, A.L. 1996. Cardiorespiratory function and ASR in Colossoma macropomum exposed to graded and acute hypoxia. In: Physiology and Biochemistry of the Fishes of the Amazon, pp. 169-180. Manaus: INPA. SENHORINE, J. A. 1993. Procedimento para criação de larvas de peixes. IBAMA- CEPTA. Pirassununga- São Paulo. Apostila 21p. SEVERI, W. 1991. Aspectos morfométricos e estruturais das brânquias de pacu (Piaractus mesopotamicus - Holmbreg, 1887, Osteichthyes, Serraxalmidae). M.Sc. Thesis. Federal University of São Carlos, SP. Brazil. SIPAÚBA-TAVARES, L.H.S. 1995. Limnologia aplicada à aquicultura. Jaboticabal. FUNEP, 70p. TAVARES, L.H.S. 1994. Limnologia aplicada à piscicultura. FUNEP, Jaboticabal,SP. 70p. VALENTE, W.C. 2000. Aqüicultura no Brasil: bases para um desenvolvimento sustentável. Brasília:CNPq/ Ministério da Ciência e tecnologia, 399p. WILKIE, M.P.; WOOD, C.M. 1996. The adaptations of to fishes extremely alkaline environments. Comp. Biochem Physiol. v113b, p.665-673. WURTS, W.A.; DURBOROW, R.M. 1992. Interactions of ph, carbon dioxide, alkalinity and hardness in fish ponds. Aquaculture program. SRAC-public n.464. 4p. 83