Roteiro Cinematográfico (Curta-Metragem) A MARCHINHA. Argumento e Roteiro. Erico Gomes. Primeiro Tratamento. Maio de 2011

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Transcrição:

Roteiro Cinematográfico (Curta-Metragem) A MARCHINHA Argumento e Roteiro de Erico Gomes Primeiro Tratamento Maio de 2011 CONTATOS: (19) 3469-5296 / 9733-3295 MSN: erico-gomes@hotmail.com Skype: erico.gomes1 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

CENA 01 - TELA ESCURA - CRÉDITOS INICIAIS. Vemos os CRÉDITOS INICIAIS. Enquanto os créditos aparecem, ouvimos uma mulher que chama por um homem. VOZ FEMININA (V.O.) Vamos, meu bem! Estou louca pra brincar! Quero pular a noite inteira... Vemos então o TÍTULO DO FILME: "A MARCHINHA". CENA 02 - FOCO NOS OLHOS. FADE IN - Continuamos a ouvir a voz feminina. Agora, um homem passa a responder; Foco em dois olhos fechados. Vemos os olhos que se mexem rapidamente - estão no estado de R.E.M. do sono. VOZ FEMININA (V.O.) Vamos logo, meu bem! Vamos nos atrasar!

2. O (V.O.) Quem está falando? VOZ FEMININA (V.O.) Como quem está falando? Sou eu, meu bem! E vamos logo que eu não quero chegar atrasada ao clube... O (V.O.) Meu bem, você voltou... VOZ FEMININA (V.O.) Sim... E vamos brincar juntos... O (V.O.) Mas, eu não te vejo... Cadê você? De repente, ouvimos o barulho de um despertador. Vemos que os olhos se abrem por conta do barulho. Ficam paralisados, esbugalhados.

3. CENA 03 - INT. CASA DO - QUARTO - NOITE. O dono dos olhos acorda (de sobressalto). Foco no rosto de um homem, todo suado, esbaforido. CENA 04 - INT. CASA DO - QUARTO - NOITE. Plano aberto - ambiente. No quarto vemos a disposição de poucos móveis, um quadro antigo de um casal e uma cama, também de casal, bem no centro. Vemos também no canto do cenário uma porta que está fechada. O homem está sentado na cama. Ele aparenta ter mais de 60 anos, branco, baixa estatura e calvo. Está só de cueca. Vemos que sua expressão é de assustado. Passa a mão no rosto pra acordar de vez, dá um profundo suspiro e vira-se pra se levantar. CENA 05 - INT. CASA DO - QUARTO - NOITE. Plano debaixo da cama do homem - seus pés descalços tocam o chão. Ele caminha. A câmera acompanha os seus pés que vão em direção à porta. Vemos a porta se abrir. Ouvimos o homem acionar o interruptor. Luz acende. Ainda em plano baixo, câmera mostra a porta completamente aberta, vemos que se trata de um banheiro.

4. CENA 06 - INT. CASA DO - BANHEIRO - NOITE. Vemos um espelho, todo trincado. O homem está lavando o rosto na pia - Ouvimos apenas o barulho da torneira (água corrente), homem lavando o rosto. Depois, ele se levanta e fica se olhando no espelho trincado. Vemos esse homem de costas para a câmera, se contemplando no objeto. Junto a essa imagem, ouvimos apenas o gotejar da torneira mal fechada da pia. CENA 07 - INT. CASA DO - QUARTO - NOITE. Plano baixo. Vemos as barras da calça do homem e os sapatos. Ele está sentado na cama, terminando de calçar os sapatos. CENA 08 - INT. CASA DO - QUARTO - NOITE. Vemos o homem vestindo um casaco surrado. Depois, ele sai, apagando a luz. Black out.

5. CENA 09 - EXT. RUA - FACHADA DA CASA DO - NOITE. Vemos o homem fechando várias trancas. Depois, muito sério, ele olha ao redor. Está suando. Enxuga o suor com um lenço e sai, num andar desconcertante, apressado. CENA 10 - EXT. RUA - LADEIRA - NOITE. Inicia-se uma marchinha de carnaval - que fica de fundo. Ao som dessa música, vemos o homem descendo uma ladeira de paralelepípedo. A câmera acompanha esse homem de longe. O vemos de costas, descendo a ladeira. Seu andar desconcertante demonstra que está apressado. CENA 11 - EXT. RUA - LADEIRA - NOITE. Marchinha permanece. Vemos agora o homem de frente, chegando num estabelecimento. Atrás de si, a ladeira. Vemos que o homem usa novamente o lenço para limpar o suor.

6. CENA 12 - EXT. BORDEL - PORTARIA - NOITE. Marchinha permanece. Estamos na entrada de um Bordel. Lá dentro ouve-se uma algazarra. Logo na entrada, vemos o segurança - um sujeito alto, forte e com uma expressão fechada. Está de braços cruzados, encarando o homem que passa por ele, cabisbaixo. No momento em que o homem está entrando no estabelecimento, o segurança o pega pelo braço. Percebemos que quando o sujeito segura o homem, a Marchinha imediatamente para. SEGURANÇA Pra curtir ai dentro tem que consumir, entendeu? O homem faz um gesto que sim, com a cabeça. O segurança solta o homem que entra rapidamente. Vemos que o segurança volta à sua posição inicial e, balançando a cabeça, fala consigo mesmo. Sujeito idiota... SEGURANÇA (CONT D)

7. CENA 13 - INT. BORDEL - BAR - NOITE. SOM DO AMBIENTE é alto. Vemos um lugar rústico, pouco iluminado - luz vermelha e sombras dão o tom do local. Vemos muitos homens. Aparentam estar bêbados. Estão rodeados de poucas mulheres que também aparentam estar bêbadas. Vemos que quem está atendendo é uma gorda; O homem, coçando o ouvido, caminha pelo espaço e para próximo ao balcão, a fim de observar o ambiente inóspito. A gorda, ríspida, logo pergunta. GORDA Vai beber o quê? Um copo de leite, por favor! A gorda pega uma garrafa de cachaça. Põe um copo americano sobre o balcão e despeja uma dose cheia da bebida. O homem vê tudo aquilo, sem dizer nada, apenas fica a coçar o ouvido; Enquanto despeja a cachaça, a Gorda pergunta ao homem. GORDA Vai querer uma moça também?

8. O homem paga a dose e não responde ao que a Gorda perguntou. Ela repete. GORDA (CONT D) O senhor vai querer uma moça? (Coçando o ouvido) Como? A Gorda bate a garrafa no balcão e fica olhando para o homem. GORDA O senhor é surdo? Desculpe! É que tá muito alto... GORDA Aqui o som é alto mesmo, meu querido... A senhora consegue ouvir a marchinha?

9. GORDA Marchinha? Que marchinha? A marchinha de Carnaval! A senhora não tá ouvindo? A Gorda começa a rir. Pega o dinheiro no balcão. Devolve o troco. GORDA Se o senhor tá ouvindo uma marchinha, faz favor de ir pular carnaval lá fora, tá?! Ou então pega alguma moça aí pra ir brincar com você! Mas vou logo avisando, tudo aqui tem preço! A Gorda vira-se e sai. O homem pega o copo de cachaça, ergue o mesmo na altura da cabeça e o contempla. (Contemplando o copo - pra si mesmo) Pular carnaval.. (MORE)

10. Só em tempos de outrora, com a minha patroa... (CONT'D) O homem toma a dose num só gole. Depois, levanta-se e sai caminhando. CENA 14 - INT. BORDEL - BAR - NOITE. Vemos que o homem caminha em direção a uma das prostitutas. A câmera o acompanha. O homem para em frente dela. Vemos que ela está rindo e bebendo com os clientes. Ele puxa a moça de lado. Ela leva um susto. *Eles irão falar gritado, por conta do som do ambiente estar muito alto. É você que fica imitando a voz da minha finada toda noite, me chamando pra ir pular carnaval? Quê? PROSTITUTA Fala logo!

11. Falar o quê? PROSTITUTA Você não para de me chamar, dizendo... (Tentando imitar voz de mulher) "Quero pular a noite inteira no salão?" (Ríspido) Pensa que eu não sei? Por que você faz isso? Tá doido? PROSTITUTA Agora você vai pular! Pular? PROSTITUTA Pra largar a mão de ser besta e ficar imitando a voz dos outros, vai pular carnaval comigo!

12. Vemos que a prostituta se desvencilha do homem, mas ele volta a agarrá-la pelo braço. (CONT D) Você não tá ouvindo?! Ouvindo o quê? PROSTITUTA A marchinha? Que marchinha? PROSTITUTA A marchinha... Escute... Ouviu? PROSTITUTA Que é isso?! Solta o meu braço! O senhor tá me machucando!

13. Sua vagabunda! Você tá ouvindo e não quer admitir! Tá querendo que todo mundo aqui pense que sou louco! Pois você vai pular carnaval comigo agora mesmo! Me larga! PROSTITUTA A prostituta o empurra. Vemos que o homem cai sobre uma mesa. Tudo vai ao chão. A prostituta sai correndo. Ele se levanta cambaleante e começa a bater na cabeça. Vocês não estão ouvindo? Não estão ouvindo a marchinha? Como alguém pode ouvir uma marchinha e não brincar, não pular? O homem fica pulando. De repente, alguém o segura. Ao se virar pra tentar se desvencilhar, o homem vê que é a Gorda quem lhe agarrou o braço. Assim, vemos apenas a carrancuda da Gorda que está com a mão fechada, prestes a dar um soco. Black out.

14. CENA 15 - INT. CASA DO - QUARTO - NOITE. Vemos que o homem acorda (de sobressalto). Foco no rosto desse homem que novamente se encontra em seu quarto, todo suado, esbaforido. CENA 16 - INT. CASA DO - QUARTO - NOITE. Plano aberto - ambiente. No quarto vemos a disposição de poucos móveis, um quadro antigo de um casal e uma cama, também de casal, bem no centro. Vemos também no canto do cenário uma porta que está fechada. O homem está sentado na cama. Está só de cueca. Ele, agora, está olhando para a porta do banheiro. Ouvimos bem baixinho uma música que vem do banheiro. O homem vira-se pra saltar da cama. CENA 17 - INT. CASA DO - QUARTO - NOITE. Plano debaixo da cama do homem - seus pés descalços tocam o chão. Ele caminha. A câmera acompanha os seus pés que vão em direção à porta.

15. CENA 18 - INT. CASA DO - QUARTO - NOITE. Foco. Vemos o homem abrindo a porta, devagar. A música fica mais evidente; Vemos que o homem, com a porta semi-aberta, fica parado, olhando para dentro do banheiro. De repente, ele cai. CENA 19 - INT. CASA DO - QUARTO - NOITE. Vemos agora, entre a porta semi-aberta, apenas os pés do homem desfalecido. A marchinha permanece tocando. CENA 20 - INT. CLUBE COM DECORAÇÃO DE CARNAVAL. Mudança de ambiente. Vemos o homem num clube, cheio de gente, brincando ao embalo das marchinhas de carnaval. Esse homem está animado e, só de cueca, brinca à vontade no salão, agora acompanhado de sua mulher - uma senhora simpática que aparenta ter a mesma idade que ele. MULHER Não disse, meu bem, que íamos brincar juntos?

16. Vemos, por fim, todos brincando. Com destaque para o Homem e sua Mulher que, alegres, pulam ao som da marchinha de carnaval. CRÉDITOS FINAS. FADE OUT. FIM