Aspectos ecológicos da reprodução de Hypsiboas faber (Anura, Hylidae) na enseada de Sítio Forte, Ilha Grande, Angra dos Reis, Brasil

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Comunicata Scientiae 4(2): 195-202, 2013 Artigo Aspectos ecológicos da reprodução de Hypsiboas faber (Anura, Hylidae) na enseada de Sítio Forte, Ilha Grande, Angra dos Reis, Brasil Mauro Sérgio Cruz Souza Lima¹*, Jonas Pederassi², Carlos Alberto dos Santos Souza³ ¹ Campus Almicar Ferreira Sobral, Universidade Federal do Piauí, Floriano, PI, Brasil ²Organização Não Governamental, Bioma, Volta Redonda, RJ, Brasil ³Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil *Autor correspondente, e-mail: slmauro@ufpi.edu.br Resumo Vários são os modos reprodutivos dos anuros e mesmo entre espécies proximamente relacionadas há diferenças sutis no desenvolvimento de suas larvas. Propõe-se aqui analisar a distribuição de ninhos de Hypsiboas faber, em ambiente insular, bem como avaliar seus aspectos estruturais e ecológicos. Calculou-se a área dos ninhos correlacionando-a com o número de ovos, ajustando as variáveis à equação de reta univariada, sendo o modelo testado através do χ 2. A densidade de distribuição dos ninhos também foi avaliada, além de dados abióticos como oxigênio dissolvido, ph e nitrito. Observou-se a fidelidade ao sítio reprodutivo por três anos consecutivos até a destruição completa do local para uso imobiliário. A espécie usava uma área de 11,28 m 2 cujo centro era ocupado por uma poça permanente de 4 m 2 na região de antedunas. No primeiro período amostral encontrou-se 23 ninhos, no período seguinte 15 e no último apenas 9 ninhos. Além do número de ninhos, observou-se também uma diminuição da área do ninho construído de 0,30 m 2 para 0,18 m 2 sendo este declínio provavelmente relacionado à ocupação humana, culminando com a completa eliminação do sítio de reprodução. Palavras-chave: anfíbio, anteduna, nidificação, sítios reprodutivos Ecological Aspects of Hypsiboas faber (Anura, Hylidae) reproduction on the cove of Sítio Forte, Ilha Grande, Angra dos Reis, Brazil. Abstract There are several anuran s reproductive modes and even among the related species, there are slight differences in the larvae development. Were propose to analyze the nest distribution of Hypsiboas faber, in insular environment, as well as evaluate the structural and ecological aspects. Were calculated the nest area correlating to the number of eggs, adjusting the variables to the univariate straight-line equation, being the model tested through χ 2. The density of nest distribution was also evaluated, besides the abiotic data, such as dissolved oxygen, ph and nitrite. It was observed the fidelity to the reproductive area during three years consecutives until the complete destruction of the place to real state use. The species had used an area of 11.28 m 2, of which the center was occupied by a permanent puddle of 4 m 2 in the outer dune. In the first sample period, it was found 23 nests, in the following period 15 and in the last period just 9 nests. Beyond the number of nests, were also observed the reduction of the area of the built nest from 0.30 m 2 to 0.18 m 2, being this decline probably related to the human occupation, culminating with the complete elimination of the reproductive area. Keywords: amphibian, nesting, outer dune, reproductive areas 195 Recebido: 16 Agosto 2012 Aceito: 05 Março 2013

Ciencias Biológicas e Ambientais Introdução Os anuros apresentam uma enorme variedade de modos reprodutivos, principalmente quanto aos locais de oviposição. Alguns depositam seus ovos em folhas como os hilídeos do gênero Phyllomedusa (Duellman & Trueb, 1994) e centrolenídeos como Vitreorana eurygnatha (A. Lutz, 1925) e V. uranoscopa (Müller, 1924) (Izecksohn & Carvalho-e-Silva, 2001); diretamente em poças como Scinax argyreornatus (Miranda-Ribeiro, 1926) e Dendropsophus minutus (Ahl, 1933) (Izecksohn & Carvalho-e-Silva 2001; Haddad & Prado, 2005); em córregos e rios como Hylodes spp. (Narvaes & Rodrigues, 2005); em câmaras subterrâneas como as espécies do grupo de Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) (Heyer, 1969; Duellman & Trueb, 1994); em axilas foliares de bromélias como Scinax perpusillus (A. Lutz & B. Lutz, 1939), Dendrophryniscus brevipollicatus Jiménez de la Espada, 1871 e Phyllodytes spp. (Peixoto, 1995) e mesmo entre as espécies que apresentam aspectos comuns de oviposição quanto ao ambiente surgem diferenças específicas de microambientes de desenvolvimento de seus girinos. Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821) possui comportamentos conspícuos em que machos constroem ninhos com formato circular onde as fêmeas fazem suas desovas, ocorrendo o desenvolvimento dos girinos que posteriormente migram para o principal corpo hídrico (Izecksohn & Carvalho-e-Silva, 2001). Caracteres comportamentais que possam distinguir as espécies de anfíbios anuros vêm sendo estudados no Brasil, há mais de duas décadas, com abordagens relativas à distribuição sazonal, período reprodutivo e estrutura de desenvolvimento que incluem a fase larvária (e.g. Cardoso et al., 1989; Rossa- Feres & Jim, 1994). No entanto, um dos aspectos abordados no presente estudo, a possível fidelidade aos sítios de desova, parece não ter sido evidenciada para H. faber. Aspectos comportamentais desta espécie já foram descritos, principalmente quanto ao cuidado parental, disputa entre machos e vocalizações (Martins, 1993; Martins et al., 1998), porém, outros aspectos relativos à reprodução estão sendo abordados neste estudo, como a densidade de ninhos, relação área do ninho/número de ovos e fidelidade ao sítio reprodutivo. A fidelidade a sítios de desova já foi descrita por Lima et al. (2010) para a espécie Rhinella icterica (Spix, 1824), porém trata-se de espécie que desova em córrego e por conseguinte não constrói ninhos, como é o caso da espécie focal. Assim, no presente estudo foi analisada a distribuição sazonal dos ninhos de H. faber em relação à distribuição de focos dispersos em um ambiente insular, correlacionando estes com os aspectos físicos locais. Material e Métodos Área de estudo A Baía da Ilha Grande possui corpo hidrológico salinizado semiconfinado, com cerca de 800 km 2 de superfície e a sua comunicação com o Oceano é realizada segundo duas barras naturais: a barra leste, mais estreita, que liga à Baía de Sepetiba e a barra oeste, entre as Pontas da Juatinga e dos Meros, que recebe a ação direta das ondas de sul. A linha do litoral, tanto do continente como da Ilha Grande é bastante recortada, alternando trechos com costões rochosos, praias e manguezais que se desenvolvem nas áreas abrigadas como os recôncavos de enseadas e sacos. A área de estudo foi na região de antedunas da praia de Ubatubinha, Enseado do Sítio Forte (Figura 1 - Lat. 23 07' 59,7" S e Long. 44 17' 42,7" W), aproximadamente a 10 metros de distância após o final da zona de maré, formado por um ambiente aquífero lêntico que possuía uma constituição vegetal caracterizada pela presença abundante de aguapé - Eichhornia crassipes (Mart.) Solms, originando assim, um micro-habitat de poça permanente de aproximadamente 4 m 2 ao redor da qual encontravam-se os ninhos, totalizando 11,28 m 2 de área de nidificação. Período amostral Entre os anos de 2002 e 2005, foram observados habitando área de antedunas, ao redor da poça permanente, populações de anuros da espécie H. faber. As excursões 196

Lima et al. (2013) / Aspectos ecológicos da reprodução de... ao campo totalizaram 150 horas, que foram realizadas sistematicamente entre os anos de 2002/2003 (período 1); 2003/2004 (período 2) e 2004/2005 (período 3) na busca de possível nidificação pela espécie focal, registrando-se o número de ninhos. Figura 1. Localização da enseada do Sítio Forte, representada pelo ponto negro, na Ilha Grande, Rio de Janeiro, Brasil. Espécie focal Hypsiboas faber antes da revisão de Faivovich et al. (2005) pertencia ao grupo de Hypsiboas boans (Linnaeus, 1758), até então alocada no grande e parafilético gênero Hyla. Atualmente, H. faber dá nome ao grupo monofilético composto também por H. crepitans (Wied-Neuwied, 1824), H. lundii (Burmeister, 1856), H. pardalis (Spix, 1824), H. exastis (Caramaschi & Rodrigues, 2003), H. pugnax (Schmidt, 1857), H. rosenbergi (Boulenger, 1898) e H. albomarginatus (Spix, 1824), todas pouco relacionadas à H. boans, a espécie que anteriormente nomeava X eixo maior). As aferições quanto ao tamanho dos ninhos, para cada ano, foram apresentadas no gráfico box plot e a densidade de distribuição dos ninhos em relação à área de estudo foi calculada. Foi contabilizado o número de ovos por ninho, aferido o oxigênio dissolvido com medidor Q-408 QUIMIS com precisão ± 0,3 mg/l, temperatura em C, ph através de medidor HANNA e Nitrito com ALFAKIT 1307. Sendo estes dados ambientais submetidos ao teste t de Student para avaliação das diferenças entre períodos amostrais. o grupo (Faivovich et al., 2005). É encontrada A área calculada do ninho foi no sudeste e sul do Brasil, Misiones na Argentina, leste do Paraguai (Kwet & Di-Bernardo, 1999), Bahia e marginalmente no Cerrado (Ribeiro et al., 2005). correlacionada, através do coeficiente de Spearman, com o número de ovos encontrados. A variável explanatória e dependente foi ajustada à equação da reta univariada e o modelo testado pelo qui-quadrado (χ 2 ) para n-1 Análise ecológica graus de liberdade e α = 0,95. Os ninhos foram medidos quanto ao eixo transversal e longitudinal com trena Eda com precisão de 10 mm sendo a área do ninho calculada através da fórmula (π X eixo menor Resultados e Discussão A reprodução de H. faber no local foi observada por três estações reprodutivas 197

Ciencias Biológicas e Ambientais consecutivas ao redor da poça permanente de 4 m 2, perfazendo cerca de 11,28 m 2 de área de edificação dos ninhos, sendo esta atividade interrompida pela especulação imobiliária que alterou a área de anteduna do local. O declínio da anurocenose já foi descrito por diversos pesquisadores e na sua maioria as causas são a poluição das águas, a destruição dos habitats e os megaeventos mundiais, como redução da camada de ozônio e chuvas ácidas (Heyer et al., 1988; Wyman, 1990; Pechmann et al., 1991; Blaustein et al., 1994; Caughley & Gunn, 1996; Lips, 1998; Hanken, 1999; Houlahan et al., 2000; Semlitsch, 2000; Krishnamurthy, 2003). Durante os três anos de estudo foi verificado que o período reprodutivo ocorria preferencialmente entre agosto e fevereiro de cada ano, isto é, a estação iniciava em agosto do primeiro ano e encerrava em fevereiro do segundo ano, não ocorrendo registro de reprodução em outra ocasião anual. Grandinetti & Jacobi (2005) registraram o mês de outubro como sendo o início de reprodução para H. faber, em Minas Gerais. Bernarde & Machado (2001) registraram o período de setembro a março como período reprodutivo para H. faber na Bacia do Guarani no Paraná. Kwet & Di-Bernardo (1999) registraram o período de desova entre dezembro e fevereiro para o Rio Grande do Sul, enquanto Toledo et al. (2003) registraram a presença de H. faber apenas em março para Região de Rio Claro, São Paulo. Neste estudo, H. faber apresenta período reprodutivo semelhante aos encontrados no continente, ainda que se trate de uma população em ambiente insular. Sendo assim, este caráter comportamental reprodutivo está presente tanto no continente quanto em ilha, não gerando modificações quanto ao período de reprodução que pudesse ser vinculado ao isolamento geográfico, como o que acontece com outros grupos de vertebrados como para a serpente Bothropoides insularis (Amaral, 1921) na Ilha da Queimada Grande (Marques et al., 2002). Em 2002/2003 foram registrados 23 ninhos construídos ao término do período reprodutivo, tendo sido iniciado com oito ninhos. Consideramos todos os ninhos construídos, separamos estes como ativos, quando estavam ocupados por ovos ou girinos e inativos, com ausência destes. Em 2003/2004 foram totalizados 15 ninhos, iniciando com três ninhos. Já em 2004/2005 foram computados apenas nove ninhos iniciando com três ninhos (Figura 2). Figura 2. Número de ninhos totais e ativos de H. faber durante o período amostral 2002 a 2005. A redução do número de ninhos parece estar relacionada ao início da alteração ambiental com a construção de uma marina residencial, apesar da obra não ocupar o lugar exato das nidificações a queda de ocupação, pelos anuros, corresponde ao início das obras e em agosto de 2006 a área de nidificação já havia sido transformada em um gramado para recreação, não existindo mais área reprodutiva para a espécie estudada. Esta condição corrobora os trabalhos de outros autores que associam a queda ou extinção de espécies de anuros a alterações antrópicas e eliminação de habitat (Young et al., 2000; Zug et al., 2001; Stuart 198

Lima et al. (2013) / Aspectos ecológicos da reprodução de... et al., 2004; Toledo et al. 2010). Após a oviposição a fêmea abandonava o ninho que era ocupado por filmes de ovos de pigmentação preta, enquanto o macho mantinha a territorialidade e a manutenção dos ninhos através de seu posicionamento estratégico (Figura 3). Estes comportamentos já foram bem descritos por Martins (1993), no entanto encontramos outras peculiaridades que parecem ainda não terem sido descritas, como padrão de área de nidificação e número de ovos por área quadrada. Figura 3. Ninho edificado e posicionamento do macho (seta) de H. faber garantindo a territorialidade. Durante os dois primeiros ciclos da área do ninho para 0,18 m 2. A diferença de reprodutivos (2002 a 2004) os ninhos apresentaram área entre os dois períodos correspondeu a 0,12 semelhança quanto à área edificada, m 2 e não foi possível relacionar esta diferença aproximadamente 0,30 m 2 (Figura 4), enquanto no último ciclo reprodutivo ocorreu diminuição com nenhum outro tipo de fator ambiental senão as alterações antrópicas. Figura 4. Box Plot área quadrada de ocupação dos ninhos por período amostral. (1) período de agosto de 2002 a fevereiro de 2003; área média de 0,30 m² e DP= 0,05 m². (2) período de agosto de 2003 a fevereiro de 2004; área média de 0,28 m² e DP= 0,03 m². (3) período de agosto de 2004 a fevereiro de 2005; área média de 0,18 m² e DP= 0,04 m². 199

Ciencias Biológicas e Ambientais Os aspectos ambientais avaliados como ph; oxigênio dissolvido; nitrito e temperatura da água (Tabela 1) não apresentaram discrepâncias e as diferenças encontradas foram submetidas ao teste t de Student, não representando significância para n-1 graus de liberdade e α = 0,05. Tabela 1. Fatores Ambientais por Ninho para cada período Reprodutivo Período ẍ ph DP ph ẍ OD DP OD ẍ NO 2 DP NO 2 ẍ o C DP o C 1 6,83 0,89 4 0 0,45 0,1 27 0 2 6,48 0,8 3,6 1,5 0,35 0,1 28 0 3 6,1 0,8 4,16 2,4 0,55 0,1 27 0 Student 0,13 1,47 0,45 0,33 Média (ẍ), Desvio Padrão (DP), oxigênio dissolvido (OD), período 1 corresponde a 2002/2003; 2 a (2003/2004) e 3 a 2004/2005. Considerando os aspectos ambientais aferidos para os três períodos reprodutivos os dados abióticos apresentaram estabilidade uma vez que a condição foi garantida por uma poça permanente e a cobertura vegetal por Eichhornia crassipes. Segundo Penfound & Earle (1948), o aguapé apresenta folhas flutuantes somente quando há intensidade de luz alta e em soluções de altas pressões osmóticas. Os mesmos deduziram também que folhas baixas de coloração amarela e raízes longas (70-80 cm) indicam poucos nutrientes exigindo da planta o desenvolvimento de raízes para conseguir a alimento; no caso de plantas com parte aérea alta (Figura 3) e esverdeada, com raízes curtas e pouco volumosas é sinal de abundância de nutrientes. Ao calcular-se a área dos ninhos e contabilizar o número de ovos, submete-se estas variáveis ao coeficiente de correlação de Spearman e constatou-se que ocorre correlação positiva, isto é, quanto maior o ninho, maior o número de ovos depositados. A menor área correspondeu a 7 cm 2 e 174 ovos, enquanto a maior área foi de 36 cm 2 e 719 ovos (Figura 5). Quando calculou-se as áreas individuais dos ninhos foram encontrados desvio padrão quase nulo e discrepância de 0,12 m 2 em relação ao último período reprodutivo. Ao ajustar estes valores a uma equação univariada foi possível predizer, através da equação Y = 19,721X + 37,635 que a perda foi de 274 ovos, no mínimo, em relação à discrepância métrica (Figura 5). Sendo o ajuste da reta aferido pela aderência do χ 2 = 10,64 com n-2 graus de liberdade e α=0,95. Figura 5. Coeficiente de correlação de Spearman e equação univariada entre o número de ovos e a área dos ninhos. Conclusões O período de reprodução permite concluir que H. faber se reproduz no período das águas (outubro a fevereiro) que facilita o enchimento de seus ninhos. No estudo em questão a espécie se reproduziu sucessivamente, por três ciclos, em uma área com contribuinte aquífero permanente. A ausência de outras espécies de anuros no local está relacionada à forma com que os ninhos são distribuídos ao redor do contribuinte de 4 m 2, pois cada ninho ocupado fica com o macho garantindo o território e o centro da área que poderia ser ocupado por outros anuros fica inacessível e, com isso, ocorre ausência de competição heterotípica pela área de ocupação, ocorrendo tão somente competição homotípica. Estes aspectos favorecem a repetitividade de 200

Lima et al. (2013) / Aspectos ecológicos da reprodução de... reprodução no mesmo sítio, o que aponta para uma provável fidelidade dos sítios de posturas, porém a alteração da área não permitiu aferir elementos ecológicos que garantissem esta condição de fidelidade. Referências Bernarde, P.S., Machado, R.A. 2001. Riqueza de espécies, ambientes de reprodução e temporada de vocalização da anurofauna em Três Barras do Paraná, Brasil (Amphibia: Anura). Cuadernos de herpetologia 14: 93-104. Blaustein, A.R., Wake, D.B., Sousa, W.P. 1994. Amphibians declines: judging stability, persistence and susceptibility of populations to local and global extinctions. Conservation Biology 8: 60-71. Cardoso, A.J., Andrade, G.V., Haddad, C.F.B. 1989. Distribuição espacial em comunidades de anfíbios (Anura) no Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Biologia 49: 241-249. Caughley, G., Gunn, A. 1996. Conservation Biology in Theory and Practice. Blackwell Science/Cambridge, Massachusetts, USA. 459 p. Duellman, W.E., Trueb, L. 1994. Biology of Amphibians. Ed. Johns Hopkins, Baltimore, USA. 670 p. Faivovich, J., Haddad, C.F.B., Garcia, P.C.A., Frost, D.R., Campbell, J.A., Wheeler, W.C. 2005. Systematic review of the frog family Hylidae, with special reference to Hylinae: phylogenetic analysis and taxonomic revision. Bulletin of the American Museum of Natural History 294:1 240. Grandinetti, L., Jacobi, C.M. 2005. Distribuição estacional e espacial de uma taxocenose de anuros (Amphibia) em uma área antropizada em Rio Acima - MG. Lundiana 6(1): 21-28. Haddad, C.F.B., Prado, C.P.A. 2005. Reproductive Modes in Frogs and Their Unexpected Diversity in the Atlantic Forest of Brazil. BioScience 55(3): 207-217. Hanken, J. 1999. Why are there so many new amphibian species when amphibians are declining? Trends in Ecology & Evolution 14: 7-8. Heyer, W.R. 1969. The adaptive ecology of the species groups of the genus Leptodactylus (Amphibia, Leptodactylidae). Evolution 23: 421-428. Heyer, W.R., Rand, A.S., Cruz, C.A.G., Peixoto, O.L. 1988. Decimations, extinctions, and colonizations of frog populations in southeast Brazil and their evolutionary implications. Biotropica 20: 230-235. Houlahan, J.E., Findlay, C.S., Schmidt, B.R., Myers, A.H., Kuzmin, S.L. 2000. Quantitative evidence for global amphibian population declines. Nature 404: 752-755. Izecksohn, E., Carvalho-e-Silva, S.P. 2001. Anfíbios do Município do Rio de Janeiro. ed. UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil. 136 p. Krishnamurthy, S.V. 2003. Amphibian assemblages in undisturbed and disturbed areas of Kudremukh National Park, central Western Ghats, India. Environmental Conservation 30: 274-282. Kwet, A., Di-Bernardo M. 1999. Pró-Mata: Anfíbios - Amphibien - Amphibians. EDIPUCRS, Porto Alegre, Brasil. 107p. Lima, M.S.C.S., Pederassi, J., Souza, C.A.S., Silva, C.P.A., Peixoto, O.L. 2010. Distribuição e fidelidade de desenvolvimento de Rhinella icterica (Anura, Bufonidae) no rio Camchimbaú, Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Zoociências 12(2): 41-46. Lips, K.R. 1998. Decline of a tropical montane amphibian fauna. Conservation Biology 12:106-117. Marques, O.A.V., Martins, M., Sazima, I. 2002. A jararaca da Ilha da Queimada Grande. Ciência Hoje 31:56-59. Martins, M. 1993. Observations on nest dynamics and embryonic and larval development in the nest building gladiator frog, Hyla faber. Amphibia- Reptilia 14: 411-421. Martins, M., Haddad, C.F.B., Pombal-Jr, J.P. 1998. Escalated aggressive behaviour and facultative parental care in the nest building gladiator frog, Hyla faber. Amphibia-Reptilia 1(19): 65-73. Narvaes, P., Rodrigues, M.T. 2005. Visual communication, reproductive behavior and home range of Hylodes dactylocinus (Anura, Leptodactylidae). Phyllomedusa 4(2): 147-158. Pechmann, J.H.K., Scott, D.E., Semlitch, R.D., Caldwell, J.P., Vitt, L.J., Gobbons, J.W. 1991. Declining amphibian populations: the problem of separating human impacts from natural populations. Science 253: 892-895. Peixoto, O.L. 1995. Associação de Anuros e Bromeliáceas na Mata Atlântica. Revista da Universidade Rural, Série Ciências da Vida 17(2): 75-83. Penfound, W.T., Earle, T.T. 1948. The biology of the water hyacinth. Ecological Monographs 18: 447-472. Ribeiro, R.S., Egito, G.T.B.T., Haddad, C.F.B. 2005. Chave de identificação: anfíbios anuros da vertende de Jundiaí da Serra do Japi, Estado de 201

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