A importância da migração no contexto Latino-americano: o caso dos bolivianos 7lm23) Introdução motivos Perseguição política

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Transcrição:

A importância da migração no contexto Latino-americano: o caso dos bolivianos (Trabajo Nº: 8265/ Contraseña: 7lm23) Monteiro de Souza, Marcia Maria Cabreira PUC-SP - Brazil mmcabreira@uol.com.br Introdução Os estudos migratórios vêem ocupando cada vez mais um lugar central tanto na academia quanto nos fóruns governamentais. Isso se deve em grande parte pelo fato de termos atualmente 192 milhões de pessoas fora de casa. O que equivale há quase 3% da população mundial segundo a OIM-International Organization for Migration/ONU. Uma a cada 35 pessoas é migrante. De 1965 a 1990 o número de migrantes aumentou em 45 milhões, uma taxa de 2,1% ao ano. Hoje esse valor está na ordem de 2,9%. De 1990 para 2003 a população migrante cresceu cerca de 23% e vale ressaltar que o fenômeno é visto como inevitável e crescente. Esse pequeno quadro nos mostra como esse assunto tem se tornado um dos mais importantes no início deste século. É atualmente o centro de debates nos EUA e vários países da Europa, uma vez que estas são, áreas de destino de boa parte das populações migrantes. Vários são os motivos que podem levar uma pessoa a migrar. Perseguição política, que muitas vezes definimos como refugiados, mudança de qualidade de vida, perseguições religiosas como, por exemplo, o caso dos mulçumanos em várias partes do mundo. Uma outra modalidade vem ganhando destaque nos últimos anos e para nós geógrafos têm se tornado um ponto importante de análise, são os refugiados ambientais. Em função das inúmeras transformações que vem ocorrendo no mundo patrocinadas pelas chamadas mudanças climáticas globais, a ONU estima que mais de 50 milhões de pessoas devem deixar suas casas nos próximos anos em função das catástrofes ambientais. Não devemos nos esquecer do que significou o furacão Katrina em agosto de 2005. Quem não se recorda do efeito devastador do furacão Katrina sobre a região de Nova Orleans em 29 de agosto de 2005! Mais de um milhão de pessoas tiveram que deixar o local. E hoje quatro anos depois parte considerável dessas pessoas ainda não puderam retornar às suas casas. Pela foto abaixo é possível termos uma idéia do impacto causado na vida das pessoas, no andamento da economia... fonte: http://oglobo.globo.com/fotos/2006/08/22/22_mhg_katrina.jpg acesso em 10/02/2009 1

Até pouco tempo atrás quando falávamos dos fenômenos migratórios, nos referíamos quase que em 100% dos casos à saída de pessoas do hemisfério sul para o hemisfério norte. Ou seja, o mundo subdesenvolvido procurava chances de melhorar de vida indo em direção dos países do hemisfério norte. Atualmente estamos verificando um outro fluxo de deslocamento dentro do próprio Hemisfério Sul, é o que temos chamada de deslocamento Sul-Sul. Esse movimento representa segundo a OIM/ONU, cerca de 50% dos deslocamentos populacionais, ou seja, cerca de 90 milhões de pessoas. Além disso, há de se salientar que a circulação inter-regional, isto é, entre países vizinhos, vem ganhando paulatinamente grande importância. Essa pesquisa insere-se neste contexto regional. Trata-se de procurar entender o fluxo migratório da Bolívia em direção ao Brasil, mais especificamente para São Paulo. A vinda para São Paulo O fluxo migratório de maior representatividade para a cidade de São Paulo é hoje o contingente que a cidade recebe da Bolívia. Segundo dados da Pesquisa Nacional por amostra de Domicílios-PNAD 2008, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, o destaque que desse grupo se faz também em função do movimento de retorno de parte dos migrantes de São Paulo para suas cidades de origem. A Bolívia é um dos países mais pobres e menos desenvolvidos da América do Sul. Apenas 2% do solo do país é cultivado. A maior parte da população está ocupada com as atividades primárias, agricultura e pecuária. O subsolo boliviano é bastante rico, sendo a atividade mineradora a sustentação da economia nacional, situação que se mantém desde o processo de colonização espanhola; o país também possui reservas significativas de petróleo, gás natural e estanho, o que o coloca como um dos receptáculo de interesse e especulação no setor energético. As principais cidades do país são: La Paz, Sucre, Santa Cruz de la Sierra e Cochabamba. A composição da população é: 30% de quíchuas, 25% de aimarás, 15% de eurameríndios, 15% de europeus ibéricos e outros 15%. A migração boliviana para São Paulo é um fenômeno antigo. Há pelo menos 50 anos registramos a presença desses imigrantes no Brasil. O primeiro fluxo significativo de imigração aconteceu nos anos 70 do século XX, fomentado pelo desenvolvimento econômico brasileiro durante a ditadura militar. Esse período é marcado por um grande volume de obras promovidas pelo governo e a necessidade de mão-de-obra era latente. Porém ao longo da década de 80 essa situação conheceu novos contornos. Foi o período que ficou conhecido como a década perdida já o índice de crescimento econômico latino-americano foi 0. Em 1985, o crescimento negativo do PIB, a queda das exportações minerais e o baixo nível de industrialização articulados ao fato da proximidade com o Brasil serviram de novo estimulo para que essas pessoas tentassem (re)construir sua vida fora da Bolívia. Atualmente o fluxo migratório da Bolívia, em termos de América do Sul se dirige em primeiro lugar à Argentina e depois ao Brasil. Esses migrantes entram no Brasil pelo Mato Grosso do Sul e depois se deslocam para São Paulo. Estima-se que hoje são quase 300.000 bolivianos vivendo na cidade de São Paulo, sendo a grande maioria indocumentada. Os bairros do Bom Retiro e Brás, anteriormente conhecidos pela presença dos judeus e nordestinos respectivamente, hoje 2

são reconhecidamente o bairro dos coreanos e dos bolivianos. Ao andarmos pelas ruas é comum encontramos placas escritas em espanhol. Um dos principais pontos de encontro dos bolivianos em São Paulo é a Praça Kantuta. Aqui aos domingos acontece uma feira onde podemos encontrar vários pratos da culinária andina, vários tipos de milho, farinhas, roupas, cabeleireiro, bancas vendendo CDs (não originais!) de grupos musicais do momento, filmes, enfim coisas que podem trazer um pouco da Bolívia ao Brasil. Nas fotos abaixo podemos perceber um pouco do cotidiano na feira. Cabeleireiro Fonte: http://farm4.static.flickr.com/3137/2816212826_19167b736f.jpg?v=0 acesso em 14/02/09 Nossa Senhora de Copacabana Fonte: http://marcelokatsuki.folha.blog.uol.com.br/images/fb-nscopazoom.jpg Acesso em 14/02/2009 A feira começa por volta do meio dia e termina em torno das 20h00. Outro papel interessante que a feira adquiriu, foi a de ser um dos pontos fortes de arregimentação de mão-de-obra para as oficinas de costura. Em umas duas ruas que ladeiam a Praça podemos ver carros estacionados (novos ou velhos) com placas escritas em espanhol, com dizeres que se referem à procura de pessoas para trabalhar com costura. 3

Além desse aspecto a feira tem congregado todas as comemorações importantes para os bolivianos. Podemos destacar a festa de Nossa Senhora de Copacabana, o dia das mães, da independência da Bolívia dentre outras. Na praça existe um pequeno Centro Comunitário, que tem logo na entrada à sua direita a imagem de Nossa Senhora de Copacabana em uma pequena gruta. Ao entrarmos, temos em uma das paredes uma bandeira da Bolívia ladeada por uma foto grande do presidente Evo Morales e uma foto de Simon Bolívar. Além do Centro Comunitário existe uma quadra de esportes, na qual os bolivianos jogam boa parte do tempo em que a feira se realiza e um palco com shows de música e dança. A locução desses shows é feita em grande parte pelas pessoas que fazem as rádios comunitárias funcionarem. Os meios de comunicação são um capítulo a parte. Eles possuem jornais e rádios. Tanto em um quanto outro podemos encontrar anúncios por busca e oferecimento de mão de obra, recados entre amigos, namorados, parentes. Não precisamos mencionar que as rádios são clandestinas e a mudança de endereço e freqüência é rápida. Segundo Oliveira (2009) as rádios em língua espanhola como Meteoro FM 107,5, Galáctica FM 105,5, FM Melodia, Latin Sat FM 101,3 e os jornais comunitários também em espanhol como Puerto Del Sol e Alianza News que são jornais exclusivamente publicados por bolivianos e os jornais Presença Latina, Palavra Latina e Boletim da Paróquia Latino-americana Somos Hermanos tendo como publico alvo os grupos latino-americanos residentes em São Paulo, formam uma rede identitária que tem grande importância entre eles. Uma das questões que é muito preocupante neste contexto imigratório diz respeito às condições de trabalho dessas pessoas. Eles estão na maior parte das vezes submetidos a um regime de trabalho de mais de dez horas por dia e com uma remuneração baixíssima. Tais condições de trabalho associada à péssima alimentação tem feito com que um grande número desses imigrantes tenha sua condição de saúde deteriorada com o tempo. Preocupa-nos também as crianças, que estão em idade escolar e ingressam na escola pública. A legislação brasileira é clara no sentido de que criança alguma pode estar fora da escola. Assim indocumentados ou não eles tem direito ao ingresso na educação pública e gratuita básica. Porém, não há a certeza que essas crianças estão sendo atendidas em suas dificuldades. A barreira do idioma tem sido um problema sério. Ao longo dos meses de setembro, outubro e novembro de 2008 os governos da Bolívia e do Brasil trabalharam em um esforço conjunto para tentar documentar esses migrantes de modo que pudessem ter o direito de (re)construir sua vida no Brasil. Em um momento em que assistimos a tantas demonstrações de xenofobias, aprovação de legislações criminalizando imigrantes indocumentados, esse é um passo significativo em sentido contrário. 4

BIBLIOGRAFIA OLIVEIRA, Valdson Fraga de. (2009) A territorialidade e a identidade dos imigrantes bolivianos em São Paulo: o caso da Praça Kantura. Monografia apresentada ao Departamento de Geografia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. PAIVA, Odair da Cruz. (2007). Migrações Internacionais-desafios para o século XXI, São Paulo: Memorial do Imigrante. SILVA, Sidney Antonio da. (1977). Costurando Sonhos. São Paulo: Ed. Paulinas. TRUZZI, Oswaldo, DEMARTINI, Zeila de Brito Fabri. (2005). Estudos migratóriosperspectivas metodológicas. São Carlos (SP): UFSCAR. 5