LESÕES ORAIS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA DE ESTOMATOLOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS/UNIMONTES

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Transcrição:

Montes Claros, v. 17, n.1 - jan./jun. 2015. (ISSN 2236-5257) REVISTA UNIMONTES CIENTÍFICA LESÕES ORAIS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA DE ESTOMATOLOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS/UNIMONTES Oral lesions diagnosed at the stomatology clinic of the state University of Montes Claros / Unimontes Gercica Ribeiro Silva 1 Daniella Reis Barbosa Martelli 2 Hercílio Martelli Júnior 3 Lívia Máris Ribeiro Paranaiba 4 Resumo: Objetivo: Determinar a prevalência das lesões orais diagnosticadas na clínica de Estomatologia da Universidade Estadual de Montes Claros, Minas Gerais. Metodologia: A análise foi feita por meio de dados coletados a partir 1.504 prontuários clínicos dos pacientes assistidos no serviço de Estomatologia da Universidade. As informações foram transferidas para um banco de dados construído no programa SPSS e submetidos à análise descritiva. Resultados: Das lesões de mucosa bucal, as principais hipóteses diagnósticas foram hiperpalsia fibrosa (16,2%), mucocele (11,2%) e candidíase (6,6%), localizadas, principalmente, em lábios (20,9%), palato (14,6%) e língua (13,5%). As lesões, em sua maioria, foram submetidas a apenas uma biópsia (48,3%) ou não foram biopsiadas (47,1%). Dentre as lesões passíveis de realização de biópsia, as diagnosticadas com maior frequência foram as hiperplasias fibrosas (13,2%), mucocele (8,1%), líquen plano (3,5%) e carcinoma de células escamosas (3,5%), tendo, então, como medidas terapêuticas a cirurgia (40,2%), prescrição medicamentosa (18%) e proservações (17%). O perfil encontrado foi de paciente do gênero feminino, feoderma, não usuários de próteses, de drogas ilícitas, tabaco ou bebidas alcoólicas, com idade entre 31 a 60 anos, provenientes de Montes Claros ou outros municípios do Norte de Minas. Conclusões: A diversidade de lesões bucais observada reforça a importância do conhecimento dessas manifestações a fim de facilitar o diagnóstico e a implementação de políticas de prevenção. Palavras-chave: Saúde bucal. Estomatologia. Epidemiologia. 1 Acadêmica do curso de Odontologia pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES. Bolsista de Iniciação científica pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação CientÍfica - PIBIC/CNPq. 2 Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES. 3 Pró-Reitor de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES. 4 Pós-Doutorado Júnior - PDJ pelo programa parcerias em pesquisa na Pós-Graduação - CNPq.

REVISTA UNIMONTES CIENTÍFICA Montes Claros, v. 17, n.1 - jul. 2015. (ISSN 2236-5257) 19 Abstract: Objective: To determine the prevalence of oral lesions diagnosed in the clinic of the Stomatology Clinic of the State University of Montes Claros / Unimontes, and to correlate them to the epidemiological profile of patients. Methods: The analysis was conducted using data collected from 1504 clinical records of patients who underwent stomatology care in the University. The information was transferred to a database built in SPSS and then submitted to descriptive and proportionality analyses. Results: The results showed a variety of lesions of the oral mucosa, and the main diagnostic hypotheses were fibrous hyperplasia (16.2 %), mucocele (11.2%) and candidiasis (6.6%), which were mainly located in lips (20.9%), palate (14.6%) and tongue (13.5%). Most of the lesions were just underwent a biopsy (48.3%) or they were not biopsied (47.1%). Among the lesions liable to biopsy, the most commonly diagnosed ones were fibrous hyperplasia (13.2%), mucocele (8.1%), hemangioma (7%) and amalgam tattoo (7%), and the therapeutic measures consisted of surgical treatments (40.2%), regularly treatments performed in the University clinics (18%) and proservation (17%). The profile was found to be female patient, afro caucasian individuals, neither prosthetics, illicit drugs, tobacco nor alcohol users, aged between 31 to 60 years old, from Montes Claros or other municipalities in northern Minas. Conclusion: Therefore, the diversity of observed oral lesions reinforces the importance of epidemiology knowledge about these events in order to facilitate both the diagnosis and the implementation of prevention policies. Keywords: Oral healt. Stomatology. Epidemiology.

20 ISSN 2236-5257 Lesões orais diagnosticadas na clínica de estomatologia da Universidade Estadual de Montes Claros/Unimontes. SILVA, G. R.; MARTELLI, D. R. B.; MARTELLI JÚNIOR, H.; PARANAIBA, L. M. R. INTRODUÇÃO A patologia bucal é uma das especialidades da Odontologia, responsável pelo estudo da etiologia e da história natural das doenças que acometem o complexo bucomaxilofacial. Representa a confluência das ciências básicas com a clínica odontológica. 1 A cavidade bucal é sítio de inúmeras condições patológicas que podem ser originadas por fatores locais, por exemplo, um trauma, ou por fatores sistêmicos. Essas lesões podem ter origem traumática, iatrogênica, congênita, imunológica, viral, bacteriana, fúngica e relacionada aos hábitos de higiene. 2,3 O reconhecimento dessas lesões é papel fundamental do cirurgião-dentista que deve diagnosticar e tratar os pacientes, visando todo o sistema estomatognático e não apenas os dentes, atendendo o paciente de forma integral. 4 As pesquisas epidemiológicas perfazem uma grande área da pesquisa científica e desempenham importante papel, pois revelam a prevalência e a incidência de inúmeras doenças e particularizam a distribuição delas, conforme características próprias do ambiente onde estão sendo analisadas. 5 Além disso, quando realizadas para o estudo de lesões bucais em determinada região geográfica estabelecem as reais necessidades da referida população, bem como proporcionam aos profissionais facilidades na elaboração de planos de tratamento e ações preventivas. 5 Portanto, sabendo-se da diversidade das doenças que acometem as estruturas bucais e que a clínica de Estomatologia da Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes/MG é referência na região para o diagnóstico de tais lesões, tornase fundamental e necessária a realização de estudos epidemiológicos a fim de se identificar a prevalência, a gravidade das lesões orais e o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos para que um adequado planejamento e efetivos programas de saúde possam ser executados para a população, na tentativa de minimizar e controlar a prevalência dessas lesões através da prevenção e orientação. Frente ao exposto, este trabalho visa determinar a prevalência das lesões orais diagnosticadas na clínica de Estomatologia da Universidade Estadual de Montes Claros, Minas Gerais. METODOLOGIA Trata-se de estudo transversal, quantitativo e descritivo, com coleta de informações a respeito dos pacientes atendidos durante as atividades clínicas da disciplina de Estomatologia do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes/MG, referentes ao período de janeiro de 2001 a junho de 2012. As seguintes informações foram analisadas: gênero, idade, cor de pele (leucoderma, feoderma ou melanoderma), profissão/ocupação, procedência, localização e extensão da lesão, número de lesão e de biópsias, primeira hipótese diagnóstica, resultado do laudo anatomopatológico, tratamento instituído, hábitos crônicos (etilismo, tabagismo e uso de drogas ilícitas), uso de prótese dentária (total ou parcial - removível e fixa) e condições de higiene bucal dos pacientes. Os dados foram coletados a partir de prontuários clínicos dos pacientes que se submeteram a atendimento no serviço de Estomatologia da Universidade supracitada. Para tal, foi confeccionada uma ficha própria onde foram anotados os dados REVISTA UNIMONTES CIENTÍFICA

REVISTA UNIMONTES CIENTÍFICA Montes Claros, v. 17, n.1 - jul. 2015. (ISSN 2236-5257) 21 coletados. A coleta foi realizada pelos pesquisadores, após autorização do responsável pela clínica. Os prontuários preenchidos incorretamente ou com dados incompletos foram excluídos da coleta. Realizou-se um estudo piloto para verificar a aplicação da ficha de coleta de dados utilizada neste trabalho, e, posteriormente, foram feitas modificações para melhor adaptação à proposta do estudo. As informações coletadas foram transferidas para um banco de dados construído no programa SPSS (StatisticalPackage for the Social Science), versão para Windows 17.0 e, posteriormente, submetidos à uma análise descritiva, com a finalidade de descrever as variáveis de maior relevância dentro do intervalo de tempo proposto. O projeto de pesquisa foi submetido à análise do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes (Parecer Nº 023/2012). RESULTADOS Foram avaliados 2.582 prontuários, dos quais 1.078 foram excluídos por estarem incompletos ou preenchidos indevidamente. Dentre os 1.504 que tiveram dados coletados, a maioria é representada por indivíduos do gênero feminino (60,4%), feodermas (58,2%), com idades entre 31 e 60 anos (48,2%). Uma parcela significativa (32,5%) possuía menos de 30 anos de idade e 19,2% com idade superior a 61 anos (Tabela 1). Neste estudo, foi observado que 14,6% dos pacientes são identificados como donas de casa, 13,1% autônomos e 16,9% estudantes. Ainda, observou-se que 11,3% são aposentados ou pensionistas, 10,1% trabalhadores rurais e 21,6% se enquadram em outras categorias ocupacionais. A maioria dos pacientes não é usuária de próteses (56,1%), dentre os usuários a prótese total é a mais utilizada (39,7%). Em relação à higiene bucal, cerca de 42,0% pode ser classificada como boa e 38,4% como ruim (Tabela 1). Tabela 1: Características sociodemográficas, uso de próteses dentárias e higiene bucal dos pacientes atendidos na clínica de Estomatologia da Unimontes/MG. 2001-2012. Características Gênero Feminino Masculino 908 596 60,4% 39,6% Cor da pele Feoderma 876 58,2% Melanoderma 317 21,1% Leucoderma Não informado 244 67 16,2% 4,5% Faixa etária Menores de 10 anos De 11 a 20 anos 94 201 6,3% 13,4% De 21 a 30 anos 193 12,8% De 31 a 40 anos 214 14,2% De 41 a 50 anos De 51 a 60 anos 285 227 18,9% 15,1% De 61 a 70 anos 187 12,4% Mais de 71 anos 94 6,3% Categoria ocupacional Estudante 254 16,9% Dona de casa 220 14,6% Autônomo 197 13,1% Aposentado/pensionista 170 11,3% Trabalhador rural 152 10,1% Servidor público 99 6,6% Desempregado 25 1,7% Outras categorias 226 15% Não informado 161 10,7% Uso de prótese dentária Não 844 56,1% Sim 597 39,7% Não informado 63 4,2% Tipo de prótese dentária Total 126 8,4% Parcial 34 2,3% Total e parcial 7 0,5% Não se aplica 844 56,1%

22 ISSN 2236-5257 Lesões orais diagnosticadas na clínica de estomatologia da Universidade Estadual de Montes Claros/Unimontes. SILVA, G. R.; MARTELLI, D. R. B.; MARTELLI JÚNIOR, H.; PARANAIBA, L. M. R. Continuação Tabela 1. Características Não informado 493 32,8% Higiene bucal Boa 631 42,0% Regular 210 13,9% Ruim 577 38,4% Não informado 86 5,7% Quanto à procedência dos pacientes, 37,6% eram da cidade de Montes Claros, 54,2% eram procedentes de outros municípios do Norte de Minas Gerais-MG e 8,3% de outras regiões de Minas Gerais ou de outros estados brasileiros (Tabela 2). Tabela 2: Distribuição dos pacientes segundo município de procedência. Clínica de Estomatologia da Unimontes/MG 2001-2012. Município de Procedência Montes Claros 566 37,6% Janaúba 51 3,4% Salinas 49 3,3% Francisco Sá 45 3,0% São João da Ponte 40 2,7% Coração de Jesus 35 2,3% Brasília de Minas 33 2,2% São Francisco 32 2,1% Mirabela 22 1,5% Rio Pardo 21 1,4% Espinosa 18 1,2% Pirapora 15 1,0% Outros Municípios do Norte de Minas 452 30,1% Cidades de outras regiões de Minas 72 4,8% Outros estados 52 3,5% Não informado 1 0,1% Em se tratando de hábitos crônicos, encontrou-se que 70,8% dos pacientes se declaram não usuários de drogas ilícitas e 4,0% se declaram usuários ou ex-usuários de maconha ou cocaína. O uso crônico de bebidas alcoólicas, também, foi negado pela maioria dos pacientes (82,6%) e 12,0% se diz etilista ou ex-etilista por tempo inferior a 10 anos ou superior a 41 anos. Em relação ao tabagismo, esse foi negado por 66,8% dos indivíduos e 29,9% se assumiu como tabagista ou ex-tabagista, sendo que desses a maioria faz/fez uso de 21 a 40 cigarros/dia por tempo inferior a 20 anos (Tabela 3). Tabela 3: Distribuição dos pacientes quanto aos hábitos nocivos. Clinica de Estomatologia da Unimontes/MG.2001-2012. Hábitos Uso de drogas ilícitas Não 1065 70,8% Sim 50 3,0% Ex usuário 2 0,1% Não informado 432 28,7% Tipo de droga Maconha 1 0,1% Cocaína 1 0,1% Não se aplica 1065 70,8% Não informado 435 28,9% Hábito etilista Não 1242 82,6% Sim 81 5,4% Ex etilista 99 6,6% Não informado 82 5,5% Tempo de etilismo Menos de 10 anos 13 0,9% De 11 a 20 anos 15 1,0% De 21 a 30 anos 15 1,0% De 31 a 40 anos 15 1,0% Mais de 41 anos 9 0,6% REVISTA UNIMONTES CIENTÍFICA

REVISTA UNIMONTES CIENTÍFICA Montes Claros, v. 17, n.1 - jul. 2015. (ISSN 2236-5257) 23 Continuação Tabela 3. Hábitos Não se aplica 1242 82,6% Não informado 195 13% Hábito tabagista Não 1005 66,8% Sim 236 15,7% Ex 213 14,2% Não informado 50 3,3% Tempo de tabagismo Menos de 10 anos 76 5,1% De 11 a 20 anos 105 7,0% De 21 a 30 anos 70 4,7% De 31 a 40 anos 56 3,7% Mais de 41 anos 37 2,5% Não informado 155 10,3% Não se aplica 1005 66,8% Número de cigarros por dia (cig/dia) Até 5cig/dia 79 5,3% De 6 a 10 cig/dia 47 3,1% De 11 a 20 cig/dia 65 4,3% De 21 a 30 cig/dia 8 0,5% De 31 a 40 cig/dia 9 0,6% Mais 41 cig/dia 2 0,1% Não informado 289 19,2% Não se aplica 1005 66,8% A maioria dos pacientes apresentou apenas uma lesão (85,0%), sendo as principais hipóteses diagnósticas: hiperplasias fibrosas (16,2%), mucocele (11,2%) e candidíase (6,6%), localizadas, principalmente, em lábios (20,9%), palato (14,6%) e língua (13,5%), com extensão de 0 a 10 mm (40,3%). As lesões, em sua maioria, foram submetidas a apenas uma biópsia (48,3%) ou não foram biopsiadas (47,1%) (Tabela 4). Tabela 4: Principais hipóteses diagnósticas, distribuição das lesões diagnosticadas e localização das mesmas nos pacientes atendidos na clínica de Estomatologia da Unimontes/MG. 2001-2012. Dados das Lesões Hipótese diagnóstica Hiperplasia fibrosa 243 16,2% Mucocele 168 11,2% Candidíase 99 6,6% Carcinoma de células escamosas 63 4,2% Líquen plano 59 3,9% Granuloma piogênico 47 3,1% Queilite actínica 45 3,0% Hemangioma 45 3,0% Leucoplasia 44 2,9% Lesão traumática 40 2,7% Cisto radicular inflamatório 31 2,1% Lesão fibro-óssea 30 2,0% Não informado 25 1,7% Ulceração aftosa recorrente 22 1,5% Papiloma escamoso 21 1,5% Lesão pigmentada 21 1,4% AdenomapPleomórfico 20 1,3% Hiperceratose 18 1,2% Sialilitíase 15 1,0% Pigmentação fisiológica 15 1,0% Carcinoma mucoepidermóide 4 0,3% Carcinoma verrucoso 2 0,1% Outras lesões 426 28,3% Localização da lesão Lábio 314 20,9% Palato 219 14,6% Língua 203 13,5% Mucosa Jugal 188 12,5% Rebordo alveolar 116 7,7% Gengiva 96 6,4% Soalho bucal 90 6,0% Fundo de saco de vestíbulo 46 3,1% Região periapical 43 2,9% Mandíbula 41 2,7% Face 31 2,1% Retromolar 25 1,7% Retrocomissura labial 19 1,3%

24 ISSN 2236-5257 Lesões orais diagnosticadas na clínica de estomatologia da Universidade Estadual de Montes Claros/Unimontes. SILVA, G. R.; MARTELLI, D. R. B.; MARTELLI JÚNIOR, H.; PARANAIBA, L. M. R. Continuação tabela 4. Dados das Lesões Infantil, Integrada) (14%), perda do acompanhamento do paciente (11%),, entre outras medidas. Maxila 14 0,9% Mais de um local 54 3,6% Não informado 5 0,3% Lesão diagnosticada Hiperplasia fibrosa 199 13,2% Mucocele 122 8,1% Líquen plano 53 3,5% Carcinoma de células escamosas 52 3,5% Hiperceratose 45 3,0% Granuloma piogênico 25 1,7% Queilite Actínica 25 1,7% Papiloma escamoso 21 1,4% Candidíase 18 1,2% Cisto radicular 17 1,1% Lesão fibro-óssea 15 1,0% Lesão pigmentada 11 0,7% Hemangioma 10 0,7% Sialolitíase 9 0,6% Materia insuficiente 8 0,5% Lesão traumática 7 0,5% Adenoma pleomórfico 6 0,4% Carcinoma mucoepidermóide 4 0,3% Leucoplasia 3 0,2% Pigmentação fisiológica 3 0,2% Carcinoma adenóide cístico 2 0,1% Carcinoma basocelular 1 0,1% Outras lesões 209 13,9% Não informado 639 42,5% Após exame anátomo-patológico, as lesões diagnosticadas com maior frequência foram hiperplasias fibrosas (13,2%), mucocele (8,1%), líquen plano (3,5%) e carcinoma de células escamosas (3,5%, tabela 4, tendo então, como seguimento, tratamentos cirúrgicos (40,2%), tratamentos realizados regularmente nas clínicas da universidade (18,0%), proservações (17%), encaminhamento para outras clínicas da Instituição (exemplo, Clínica DISCUSSÃO Com vistas a identificar a prevalência, a gravidade das lesões orais e o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos na clínica de Estomatologia da Unimontes, foram coletados dados de 1.504 prontuários. Entre os pacientes, a maioria foi representada por indivíduos do gênero feminino (60,4%), confirmando os dados obtidos em outros estudos. 4,6-9 Quanto à distribuição dos casos, segundo cor da pele, foi observado que os pacientes feodermas são mais frequentemente identificados (58,2%), seguidos pelos melanodermas (21,1%) e, por fim, pelos leucodermas (16,2%), contrapondo os resultados de outras pesquisas, nas quais foi observado que indivíduos considerados brancos tinham maiores chances de terem lesões do que os considerados negros. 3,10 A faixa etária mais acometida foi entre 31 e 60 anos (48,2%), sendo que uma parcela significativa (32,5%) possuía menos de 30 anos de idade e 19,2% com idade superior a 61 anos. Esses dados não divergem dos encontrados na literatura, em que há estudos nos quais os indivíduos mais afetados se encontram com idade entre 51 a 60 anos 6, e, entre 40 e 60 anos. 1 A maioria dos pacientes é constituída por não usuários de próteses (56,1%), porém uma parcela significativa é dada como usuária (39,7%), destoando dos resultados obtidos em outros levantamentos epidemiológicos, nos quais foram observados que a maioria dos pacientes afetados por lesões da mucosa oral relatou fazer uso de próteses totais ou parciais. 10,11 REVISTA UNIMONTES CIENTÍFICA

REVISTA UNIMONTES CIENTÍFICA Montes Claros, v. 17, n.1 - jul. 2015. (ISSN 2236-5257) 25 Para demonstrar a importância e a abrangência dos atendimentos das clínicas odontológicas da Universidade Estadual de Montes Claros no quadro de saúde regional, foi observado que 37,6% dos indivíduos provinham da cidade de Montes Claros e 54,2% eram procedentes de outros municípios do Norte de Minas Gerais. No que diz respeito à prevalência de hábitos nocivos, encontrou-se que 70,8% dos pacientes se declaram não usuários de drogas ilícitas e 4,0% se declaram usuários ou ex-usuários de maconha ou cocaína; O tabagismo foi negado por 66,8% dos indivíduos e 29,9% se assumiu como atual ou extabagista. Esses dados confirmam os resultados de outros trabalhos, nos quais foi observado que o tabagismo foi negado pela maioria dos pacientes e constatado em uma minoria. 1,12 Estudos realizados, anteriormente, demonstram que há uma relação estatisticamente significativa entre hábito de fumar e a ocorrência de lesão da mucosa oral, sendo que os usuários crônicos de tabaco tiveram significativamente maior prevalência de lesões. 2,10 O uso crônico de bebidas alcoólicas também foi negado pela maioria dos pacientes (82,6%) e apenas 12,0% se diz etilista ou ex-etilista por tempo inferior a 10 anos ou superior a 41 anos. As principais hipóteses diagnósticas foram hiperpalsias fibrosas, mucocele e candidíase, sendo que, após exame anatomopatológico, as lesões diagnosticadas com maior frequência foram as hiperplasias fibrosas inflamatórias, mucocele, líquen plano e carcinoma de células escamosas. Análises realizadas na Universidade Federal do Ceará, na Universidade do Sul de Santa Catarina e na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul identificaram que as lesões mais prevalentes foram as hiperplasias fibrosas inflamatórias, seguida de mucocele. 1,3,4 Outros trabalhos também detectaram que as lesões relacionadas ao uso de próteses, tais como estomatite, hiperplasia fibrosa, úlceras e queilite angular compõem a maioria das lesões 7, 9,10 observadas. Quanto à localização das lesões, pode-se concluir ser esse um dado bastante controverso, sendo que no atual estudo observou-se que lábios, palato e língua são mais frequentemente atingidos. Esses dados se confirmam com os resultados de um estudo realizado no Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil, no qual se encontrou que os lábios são a localização anatômica mais comum das lesões, em seguida têm-se mucosa jugal, rebordo alveolar, língua e palato. 4 Já em outros estudos analisados, observou-se que o local da cavidade oral mais acometido é a região do palato, apontando o palato duro como o local de maior prevalência das lesões, seguido da gengiva, lábio e dorso da língua. 7,10 Contrastando com os resultados anteriores, outros trabalhos mostraram que a gengiva foi o sítio mais acometido. 3,8 Um estudo realizado em São Luiz no Maranhão, Brasil, concluiu que quanto à localização anatômica, a língua apresentou maior ocorrência de lesões epiteliais, seguida por lábio superior e lábio inferior, sendo que, para as lesões benignas, o sítio mais acometido foi o lábio superior e, em sequência, o inferior. 13 O exame anatomopatológico tem por finalidade o exame macroscópico e microscópico das peças cirúrgicas obtidas através de biópsia, seja ela incisional ou excisional, 13-15 visando o estabelecimento do diagnóstico definitivo, para que se possa, dessa forma, proceder ao correto tratamento, prognóstico e proservação do 16, 17 paciente. Na pesquisa realizada com pacientes da Unimontes, as lesões, em sua maioria, foram submetidas a apenas uma biópsia ou não foram biopsiadas para confirmação de diagnóstico. Essas lesões tiveram como medidas terapêuticas, mais frequentemente realizadas, tratamentos cirúrgicos, tratamentos realizados regularmente nas clínicas da

26 ISSN 2236-5257 Lesões orais diagnosticadas na clínica de estomatologia da Universidade Estadual de Montes Claros/Unimontes. SILVA, G. R.; MARTELLI, D. R. B.; MARTELLI JÚNIOR, H.; PARANAIBA, L. M. R. universidade, como prescrições medicamentosas e aplicações de agentes esclerosantes e acompanhamentos clínicos. São limitações do estudo o fato de utilizar dados secundários e os prontuários apresentarem informações incompletas, portanto, sendo necessário excluí-los da análise, além da falta de padronização das informações descritas nos prontuários. CONCLUSÃO REFERÊNCIAS 1. GHIZONI, J. S. et al. Incidência de lesões bucais na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). RGO, Rev. Gaúch. Odontol. v.17, n.1, p.36-40, 2012. 2. CEBECI, A. et al. Prevalence and distribution of oral mucosal lesions in an adult turkish population. Med. Oral Patol. Oral Cir. Bucal. v. 14, n.6, p.272-277, 2009. Este trabalho identificou as lesões mais comuns no serviço de Estomatologia do Curso de Odontologia da Unimontes, bem como mostrou o perfil dos pacientes que procuram atendimento nessa instituição de atenção à saúde. O perfil encontrado foi de paciente do gênero feminino, entre 31 e 60 anos de idade, proveniente de Montes Claros ou outros municípios do Norte de Minas Gerais, feoderma, não usuários de próteses dentárias, de drogas ilícitas, tabaco ou bebidas alcoólicas, apresentando na maior parte dos casos lesão nos lábios e palato, tendo como diagnóstico prevalente a hiperplasia fibrosa e a mucocele. AGRADECIMENTOS 3. DA SILVA, O. M. P. et al. Estudo da emergência odontológica e traumatologia bucomaxilo-facial nas unidades de internação e de emergência dos hospitais do Município de São Paulo. Rev. Bras. Epidemiol. v. 6, n.1, p.58-67, 2003. 4. PEREIRA, T. T. M. et al. Levantamento Epidemiológico das Doenças de Boca: Casuística de Dez Anos. Arch. Health Investigation. v.2, n.3, p. 15-20, 2013. 5. KNIEST, G. et al. Frequência das lesões bucais diagnosticadas no Centro de Especialidades Odontológicas de Tubarão (SC). RSBO. v.8, n.1, p. 13-18, 2011. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão de bolsas. 6. VAZ, D. A. et al. Concordância entre os diagnósticos clínicos e histopatológicos do Laboratório de Patologia Bucal da Faculdade de Odontologia de Pernambuco. RPG Rev Pós Grad. v.18, n.4, p.236-243, 2011. REVISTA UNIMONTES CIENTÍFICA

REVISTA UNIMONTES CIENTÍFICA Montes Claros, v. 17, n.1 - jul. 2015. (ISSN 2236-5257) 27 7. XAVIER, J. C. et al. Levantamento epidemiológico das lesões bucais apresentadas por pacientes atendidos no Serviço de Estomatologia da Universidade Federal de Pernambuco durante o período de janeiro de 2006 a julho de 2008. Inter. J. Dent. v. 8, n.3, p. 135-139, 2009. 8. HENRIQUE, P. R. et al. Prevalência de alterações da mucosa bucal em indivíduos adultos da população de Uberaba, Minas Gerais. RGO, Rev. Gaúch. Odontol. v.57, n.3, p. 261-267, 2009. 9. VOLKWEIS, M. R. et al. Estudo retrospectivo sobre as lesões bucais na população atendida em um Centro de Especialidades Odontológicas. RGO, Rev. Gaúch. Odontol. v.58, n.1, p. 21-25, 2010. 15. PINTO, L. P. et al. Patologia básica: sinopse. Natal: Editora da UFRN. p. 186, 1997. 16. RADOS, P. V. et al. Estudo comparativo da concordância entre o diagnóstico clínico e histopatológico das lesões bucais. Rev. Facul. Odontol. Pouso Alegre.v. 37, n.1, p. 21-23, 1996. 17. MORESCO, F. C. et al. Levantamento epidemiológico dos diagnósticos histopatológicos da disciplina de estomatologia da Faculdade de Odontologia da ULBRA-Canoas/RS. Stomatos.v. 9, n.17, p. 29-34, 2003. 10. SHULMAN, J. D. The prevalence of oral mucosal lesions in U.S. adults. JADA. v.13, n. 5, p. 1279-1286, 2004. 11. EPSTEIN, J. B. et al. Oral lesions in patients participating in an oral examination screening week at an urban dental school. JADA. v. 13, n. 9, p. 1338-1344, 2008. 12. SARASWATHI, T. R. Prevalence of oral lesions in relation to habits: Cross-sectional study in South India. Indian J. Dental Research. v. 17, n.3, p. 121-125, 2006. 13. MOREIRA, A. R. O. et al.. Levantamento epidemiológico das doenças epiteliais da região bucomaxilofacilal: casuística de 20 anos. RGO, Rev. Gaúch. Odontol. v. 59, n. 1, p. 65-70, 2011. 14. BRASILEIRO FILHO, G. et al. Bogliolo: patologia geral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 367, 1993.