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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU RECURSO DE REVISTA E AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA AUTOR CLÁUDIA AMORIM DE SOUZA ORIENTADOR PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL RIO DE JANEIRO 2015 1

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU RECURSO DE REVISTA E AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Direito e Processo do Trabalho. Por: Cláudia Amorim de Souza.

3 RESUMO O recurso de revista é um recurso extraordinário, cujo objeto é uniformizar a jurisprudência trabalhista. Por isso apresenta requisitos técnicos imprescindíveis que devem ser observados durante sua elaboração, tais como: as hipóteses de cabimento e não cabimento, a tempestividade, o preparo, a legitimidade, a impossibilidade de reexame de fatos e provas, a comprovação de divergência jurisprudencial, o prequestionamento, o requisito da transcendência. O agravo de instrumento em recurso de revista é o recurso cabível para destrancar o recurso de revista indeferido nos despachos de admissibilidade dos Tribunais Regionais do Trabalho. Este recurso também possui peculiaridades, tais como: hipótese de cabimento, tempestividade, objeto, matéria discutida, efeitos, preparo, juízo de apresentação e retratação. O preparo dos recursos, isto é, pagamento e comprovação do depósito recursal como garantia de juízo recursal e o recolhimento de custas aos cofres públicos, são pressupostos importantes, assim apresentam instruções normativas, súmulas e orientações jurisprudenciais. O Tribunal Superior do Trabalho é o órgão julgador do recurso de revista e do agravo de instrumento em recurso de revista, que representam quase a totalidade dos processos em trâmite nesta Corte, o que exigiu a atenção do legislador em reforçar a uniformização da jurisprudência trabalhista e a adoção dos incidentes de recursos repetitivos, com a publicação da Lei nº 13.015/2014.

4 METODOLOGIA O estudo aqui proposto foi levado a efeito a partir do método da pesquisa bibliográfica, em que se buscou o conhecimento em diversos tipos de publicações, como livros e artigos em jornais, revistas e outros periódicos especializados, além de publicações oficiais da legislação e da jurisprudência. Por outro lado, a pesquisa foi empreendida também através do método dogmático positivista, porque o que se pretendeu foi apenas identificar as diversas formas em que se apresenta o fenômeno-tema na realidade brasileira e o tratamento conferido a cada uma delas pelo ordenamento jurídico nacional, sob o ponto de vista especifico do direito positivo brasileiro e com fundamento exclusivo na dogmática desenvolvida pelos estudiosos que já se debruçou sobre o tema anteriormente. Tratou-se, ainda, de uma pesquisa aplicada, porque visou produzir conhecimento para aplicação prática, mas também qualitativa, porque procurou entender a realidade a partir da interpretação e qualificação dos fenômenos estudados; e descritiva, porque visou a obtenção de um resultado puramente descritivo, sem a pretensão de uma análise crítica do tema.

5 SUMÁRIO IINTRODUÇÃO... 9 CAPÍTULO I RECURSO DE REVISTA... 112 1.1 CONCEITO... 123 1.2 CABIMENTO... 134 1.3 HIPÓTESES ESPECIAIS DE NÃO CABIMENTO... 167 1.4 TEMPESTIVIDADE... 16 1.5 PREPARO... 178 1.6 LEGITIMIDADE... 20 1.7 IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE FATOS E PROVAS... 220 1.8 COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL... 220 1.9 PREQUESTIONAMENTO... 213 1.11 PETIÇÃO DO RECURSO DE REVISTA... 234 CAPÍTULO II AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA... 245 2.1 CONCEITO... 25 2.2 CABIMENTO... 267

2.3 HIPOTESES DE NÃO CABIMENTO... 278 6 2.4 TEMPESTIVIDADE... 30 2.5 OBJETO... 31 2.6 MATÉRIA DISCUTIDA... 31 2.7 EFEITOS... 32 2.8 PREPARO... 32 2.9 TRASLADO... 33 2.10 JUÍZO DE APRESENTAÇÃO E DE RETRATAÇÃO... 34 CAPÍTULO III DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS... 37 3.1 DEPÓSITO RECURSAL... 37 3.2 CUSTAS... 39 CAPÍTULO IV IMPORTÂNCIA DO RECURSO DE REVISTA E DO AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA PARA A JUSTIÇA DO TRABALHO... 423 4.1 PROCESSAMENTO DO RECURSO DE REVISTA... 43 4.2 PROCESSAMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA... 445 4.3 TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO... 489

CONCLUSÃO... 556 7 BIBLIOGRAFIA... 56

8 INTRODUÇÃO O presente trabalho é um estudo sobre o recurso de revista e agravo de instrumento em recurso de revista. Nesse contexto, o trabalho dedica-se a estudar o recurso de revista, o agravo de instrumento em recurso de revista, o depósito recursal e as custas processuais. Adicionalmente, o presente estudo demonstra a importância destes dois recursos para a Justiça do Trabalho. O estudo do tema e das questões analisadas em torno do mesmo justifica-se pelo fato de que o Tribunal Superior do Trabalho é a corte superior da Justiça do Trabalho, sendo responsável pelo julgamento dos recursos de revista e agravo de instrumento em recurso de revista. O inciso LXXVIII do artigo 5º da Constituição da República assegura às partes o direito a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Contudo, com o crescimento populacional há o aumento de conflitos sociais, acarretando uma crescente demanda de todo o Poder Judiciário. Os Tribunais Superiores e os legisladores vêm tentando melhorar o trâmite processual para atender o anseio da sociedade, em busca de solução para suas contendas. E como o recurso de revista e o agravo de instrumento em recurso de revista possuem requisitos de admissibilidade específicos, eles exigem dos operadores do direito o conhecimento e o preparo das condições para recorrer desde o início do processo. A pesquisa que precedeu esta monografia teve como ponto de partida o pressuposto de que a satisfação dos anseios dos jurisdicionados pela razoável duração do processo, celeridade processual e efetiva prestação jurisdicional, não é possível sem o esforço conjunto do Estado e os operadores do direito. Ao Estado cabe promover os meios, estabelecendo os requisitos necessários para recorrer e ao advogado o efetivo cumprimento dos pressupostos extrínsecos dos recursos.

9 Visando um trabalho objetivo, cujo objeto de estudo seja bem delineado e especificado, a presente monografia dedica-se, especificamente, às questões relativas ao recurso de revista e agravo de instrumento em recurso de revista, que são recursos exclusivos da Justiça do Trabalho, compreendendo seu estudo ao direito processual trabalhista. Estes recursos têm dois graus de admissibilidade, o primeiro nos Tribunais Regionais do Trabalho e o segundo no Tribunal Superior do Trabalho. Desta forma, essa pesquisa destina-se a identificar os requisitos técnicos imprescindíveis na elaboração ambos os recursos. Neste trabalho é analisado o recurso de revista, recurso técnico cujo objeto é uniformizar a jurisprudência trabalhista, verificando as hipóteses de cabimento e não cabimento, a tempestividade, o preparo, a legitimidade, a impossibilidade de reexame de fatos e provas, a comprovação de divergência jurisprudencial, o prequestionamento, o requisito da transcendência, a elaboração da petição de recurso de revista. Também, são observadas as peculiaridades do agravo de instrumento em recurso de revista, que é o recurso cabível para destrancar o recurso de revista, tais como: as hipóteses de cabimento e não cabimento, tempestividade, objeto, matéria discutida, efeitos, preparo, traslado, juízo de apresentação e retratação. Por serem importantes pressupostos de admissibilidade de recurso e apresentarem alto grau dificuldade técnica, são analisados, separadamente, o depósito recursal com instruções para a realização de pagamento, as custas com as informações para o seu recolhimento, e as súmulas e orientações jurisprudenciais do Tribunal Superior do Trabalho sobre o preparo de recursos. Por derradeiro, são tecidas breves considerações acerca da importância do recurso de revista e do agravo de instrumento em recurso de revista para a justiça do trabalho, estudando o processamento de ambos os recursos no Tribunal Regional e no Tribunal Superior do Trabalho, a quantidade de recursos em tramitação na corte superior, as alterações no procedimento de

uniformização de jurisprudência e a adoção dos incidentes de recursos repetitivos na justiça do trabalho. 10

11 CAPÍTULO I RECURSO DE REVISTA Recurso é o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna (MOREIRA, 2005, p. 233). O artigo 893 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê como admissíveis os seguintes recursos: embargos, recurso ordinário, recurso de revista e agravo. Na redação original do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, que aprovou a CLT, o recurso de revista era chamado de recurso extraordinário. Esta denominação foi conferida inicialmente pelo artigo 203 do Decreto nº 6596/40, que regulamentou o Decreto-Lei nº 1237/39. Os órgãos da Justiça de Trabalho, antes de 1946, eram considerados como especializados, vinculados ao Poder Executivo por meio do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Em 1º de maio de 1941, o Presidente da República declarou instalada a Justiça do Trabalho. Porém, somente com a Constituição da República de 1946, a Justiça do Trabalho passou a integrar-se definitivamente entre os órgãos do Poder Judiciário (SÜSSEKIND, 2001). Foi a partir da Lei nº 861, de 13 de outubro de 1949 que o recurso extraordinário da Justiça do Trabalho passou a ser denominado de recurso de revista. Em relação à mudança de nomenclatura, esclarece Manoel Antonio Teixeira Filho que o principal fato influenciador da alteração do nomem iuris do recurso foi a possibilidade de, em um só processo trabalhista, serem interpostos dois recursos extraordinários de decisões distintas: um para o Tribunal Superior do Trabalho (TST) e outro para o Supremo Tribunal Federal (STF) (TEIXEIRA FILHO, 2011, p. 262). Isto porque, já existia um recurso extraordinário antes da

Justiça do Trabalho ser incorporada ao Poder Judiciário, e a Constituição previa um recurso extraordinário ao STF. 12 Contudo, o nomem iuris recurso de revista não foi uma escolha original, pois segundo o autor Sérgio Pinto Martins no antigo Código de Processo Civil (CPC), também, havia a previsão de um recurso de revista (MARTINS, 2011, p.429.): do Trabalho. No processo civil, também era previsto um recurso de revista, de acordo com o art. 853 do CPC de 1939. O CPC de 1973 eliminou essa dualidade, acabando com o recurso de revista no processo civil. Atualmente, o termo recurso de revista é utilizado somente na Justiça 1.1 CONCEITO O recurso de revista é classificado como recurso extraordinário, porque o recorrente está obrigado a preencher pressupostos específicos de admissibilidade. Segundo Lenira Ferreira Ruiz (RUIZ, 2004, p.17): A possibilidade de nova apreciação pelo Tribunal Superior do Trabalho tem um caráter restrito, de índole extraordinária, prestando-se apenas à revisão de questões de direito que tenham sido apreciadas em grau de recurso ordinário. Portanto, a admissibilidade e o conhecimento do recurso de revista exigem pressupostos específicos, além dos pressupostos genéricos exigidos aos outros recursos. O autor Fábio Goulart Villela apresenta outro conceito para o recurso de revista (VILLELA, 2006, p.6.): Podemos conceituar recurso de revista como sendo o remédio jurídico previsto em lei, de natureza extraordinária, para impugnar decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho, em sede de recurso ordinário, em dissídios individuais,

com a finalidade de proceder à uniformização da jurisprudência dos Tribunais do Trabalho e a assegurar a observância de lei federal e da Constituição da República. Este último conceito destaca a finalidade do recurso de revista de uniformizar a jurisprudência dos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) e do Tribunal Superior do Trabalho. 13 1.2 CABIMENTO Conforme explica a autora Lenira Ferreira Ruiz (RUIZ, 2004, p.17): O direito processual do trabalho prevê o instituto do recurso de revista com o propósito de garantir a uniformização da jurisprudência e de obstar ofensa a diploma legal. Além de sua finalidade de uniformizar a jurisprudência, o recurso de revista visa reduzir a diversidade de decisões nos Tribunais Regionais. As hipóteses de cabimento do recurso de revista são previstas no caput do artigo 896 da CLT e suas alíneas. O caput do referido artigo estabelece para a interposição de recurso de revista alguns requisitos: o processo tem que ser um dissídio individual e a decisão recorrida deve ser em grau de recurso ordinário pelos Tribunais Regionais do Trabalho. 1.2.1 Alínea a a) A divergência jurisprudencial é restrita à interpretação de lei federal; b) Quanto for usado acórdão de Tribunal Regional como paradigma, este deve ser de TRT diverso do que prolatou a decisão recorrida;

14 c) Já, se o acórdão usado como paradigma for do TST, este deve ser proferido pela Seção Especializada em Dissídios Individuais, que se subdivide em duas Subseções (Subseção I Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-I e Subseção II Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-2); e d) A decisão recorrida pode contrariar: súmula de jurisprudência, e também, de orientação jurisprudencial (OJ) do TST, conforme expressa a OJ nº 219 da SDI-1; súmula vinculante do STF; e súmula regional ou tese jurídica prevalecente no TRT como estabelece o artigo 4º do Ato nº 491/SEGJUD.GP, TST. 1.2.2 Alínea b a) A divergência jurisprudencial é comprovada de acordo com o estipulado na alínea a, isto é, pode ser de súmula de jurisprudência, e de orientação jurisprudencial do TST e súmula vinculante do STF; e b) O recorrido tem que comprovar que dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial extrapolam o âmbito do TRT que prolatou a decisão controversa. A Orientação Jurisprudencial SDI1-147, I do TST trata da inadmissibilidade do recurso de revista se a parte não fizer a comprovação. 1.2.3 Alínea c a) A violação é restrita a lei federal e Constituição Federal. Por terem força de lei, medida provisória e decreto-lei estão inseridos no conceito de lei federal. Em contrário senso, não cabe recurso de revista se a afronta for a lei estadual ou municipal. Também, não cabe de Portarias, Circulares, Regulamentos, Instruções Normativas, Decretos Regulamentares; b) Violação de lei federal e a Constituição Federal literal é aquela decisão que conflita com comando expresso contido na norma; e

15 c) A afronta direta da Constituição Federal tem que ser específica, não é admissível recurso de revista se a decisão afrontar norma constitucional de caráter genérico. De acordo com o 7º do artigo 896 da CLT, a divergência deve ser atual, ou seja, não pode ser ultrapassada por súmula do TST ou STF, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do TST. A Súmula 221, I do TST condiciona a admissibilidade do recurso de revista à indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado. 1.2.4 Rito sumário No rito sumário, o recurso de revista pode ser interposto de decisões proferidas em recurso ordinário e de agravo de petição. No que se refere ao recurso ordinário, cabe recurso de revista nas hipóteses das alíneas a, b e c do artigo 896 da CLT. Contudo, no caso de agravo de petição, só cabe recurso de revista na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal como dispõe o 2º do referido artigo. 1.2.5 Rito sumaríssimo No rito sumaríssimo, o recurso de revista somente é cabível nas hipóteses da decisão proferida apresentar contrariedade à súmula de jurisprudência uniforme do TST ou súmula vinculante do STF e violação direta da Constituição Federal, de acordo com o 9º do artigo 896 da CLT. 1.2.6 Execuções fiscais e controvérsias da fase de execução que envolvam a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas A Lei nº 13.015/2014 ampliou as hipóteses de cabimento de recurso de revista, incluindo o 10 no artigo 896 da CLT. Então, nas execuções fiscais e nas execuções que envolvam a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas, é cabível

recurso de revista nas seguintes situações: violação a lei federal, divergência jurisprudencial e ofensa à Constituição Federal. 16 1.3 HIPÓTESES ESPECIAIS DE NÃO CABIMENTO De acordo com Fábio Goulart Villela, como o caput do artigo 896 diz que cabe recurso de revista das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, então em contrario sensu, o recurso de revista não pode ser usado em processos de competência originária dos TRTs. Portanto, não cabe recurso de revista de decisões proferidas em dissídios coletivos, mandados de segurança, ações rescisórias, habeas corpus, etc. (VILELA, 2006, p.7.). Também, não cabe recurso de revista de acórdão regional prolatado em agravo de instrumento como preceitua a Súmula 218 do TST. Isto porque, o agravo tem a finalidade apenas de destrancar recurso, portanto, o acórdão regional materializa o princípio do duplo grau de jurisdição, com a decisão do juízo a quo e do ad quem, não justificando mais um recurso devido ao inconformismo da parte. 1.4 TEMPESTIVIDADE A CLT, em 1943, estabelecia para a interposição do recurso extraordinário, denominação anterior do recurso de revista, o prazo de 15 dias. Em 1988, a Lei 7701 alterou a redação do 1º do artigo 896 da CLT, estabelecendo o prazo de oito dias para apresentação do recurso de revista.

17 Atualmente, não está expresso na CLT o prazo para interposição de recurso de revista. Portanto, utiliza-se o artigo 6º da Lei nº 5584/70, que dispõe sobre normas de Direito Processual do Trabalho, para definir o prazo de oito (oito) dias: Art. 6º - Será de 8 (oito) dias o prazo para interpor e contra-arrazoar qualquer recurso (CLT, art. 893). Quanto à prorrogação de prazo recursal, caso necessite o recorrente, devido a feriado local ou por falta de expediente forense, a Súmula 385 do TST estabelece a obrigatoriedade de comprovação da autorização de prorrogação de prazo no recurso interposto. 1.5 PREPARO De acordo com Júlio César Bebber: Há preparo quando o recorrente efetua e comprova haver realizado o recolhimento das custas processuais (BEBBER, 2011, p.163). Contudo, autores como Lenira Ferreira Ruiz e Sérgio Pinto Martins consideram como preparo o pagamento e a comprovação de custas e de depósito recursal (RUIZ, 2004, p.67) (MARTINS, 2011, p.438). Não basta pagar as custas e o depósito recursal, precisa comprovar no recurso de revista o recolhimento de ambos, sob pena de deserção. 1.5.1 Custas Custas são a parte das despesas judiciais, relativas à formação e propulsão do processo (CARRION, 2014, p. 704). O destino do pagamento de

custas judiciais é o Estado em sentido amplo, pois são destinados aos cofres dos entes federativos, estados e União Federal. 18 Em relação ao recurso de revista, importa saber que as custas relativas ao processo de conhecimento são de 2% (dois por cento), calculadas sobre o valor da condenação de acordo com o inciso I do artigo 789 da CLT, ou seja, o valor das custas é fixado na sentença. O 1º do artigo 789 da CLT, com a redação dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002, dispõe que: As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal. Desta forma, a comprovação do recolhimento das custas deve ser realizada dentro do prazo recursal, não tendo mais o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para pagar as custas, a partir da interposição do recurso, como era previsto anteriormente na CLT. Geralmente, as custas são pagas na interposição do RO. Porém, se até a interposição do recurso de revista, o pagamento das custas não for efetuado, estas deverão ser pagas e comprovadas, neste momento, para garantir a admissibilidade do recurso. A Súmula 25 do TST estabelece que havendo inversão do ônus de sucumbência, a parte vencida na segunda instância estará obrigada a pagar as custas, mesmo sem ser intimada. Mas, a OJ 186 da SDI I libera o sucumbente do pagamento ao recorrer, se não houve acréscimo ou atualização do valor, não ocorrendo deserção. 1.5.2 Depósito recursal O depósito recursal tem natureza jurídica de garantia de juízo recursal. Segundo o autor Amauri Mascaro do Nascimento o depósito para interposição de recurso na Justiça do Trabalho é uma garantia e um pressuposto recursal que, uma vez não cumprido, implicará a deserção do recurso (NASCIMENTO, 2010, p. 700).

19 A Lei nº 5.442/1968 incluiu o 1º do artigo 899 da CLT que estabelece como requisito de admissibilidade de recurso trabalhista, a obrigatoriedade do depósito recursal no mesmo valor da condenação quando esta for de até 10 (dez) salários-mínimos. Por tratar-se de uma garantia de juízo, o 4º do referido artigo determinou o depósito na conta vinculada do empregado Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP. Já 6º estipulou o limite do valor do depósito recursal a 10 (dez) vezes o salário-mínimo. Após a Constituição Federal de 1988, o artigo 40 e parágrafos da Lei n.º 8.177/1991, com a redação dada pelo art. 8º da Lei n.º 8.542/1992, atribuiu os novos valores dos depósitos recursais trabalhistas e a forma de reajuste. Anualmente, por meio de Ato da Presidência do TST, são divulgados novos valores dos limites de depósito recursal reajustados pela variação acumulada do INPC do IBGE. A Instrução Normativa (IN) nº 3/93 do TST interpreta esses dispositivos referentes ao depósito recursal na Justiça do Trabalho. Algumas súmulas do TST tratam do assunto: a Súmula 128 esclarece que a cada novo recurso, o depósito deve ser efetuado integralmente, sob pena de deserção, até atingir o valor da condenação; a Súmula 426 admite o depósito judicial, realizado na sede do juízo e a disposição do empregado, na hipótese de relação de trabalho não submetida ao regime do FGTS. 1.6 LEGITIMIDADE Na CLT não há dispositivo que discipline a legitimidade para recorrer no processo do trabalho. O artigo 769 da CLT autoriza a aplicação subsidiária do artigo 499 do CPC, assim, são legitimados para recorrer a parte vencida, o terceiro prejudicado e o Ministério Público. Vale ressaltar que os parágrafos 1º e 2º do artigo 499 do CPC determinam que o terceiro prejudicado deva demonstrar o nexo de

20 interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial e que, o Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em que é parte, e naqueles em que oficiou como fiscal da lei. 1.7 IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE FATOS E PROVAS No recurso de revista só é passível reapreciação de matéria de direito, pois, trata-se de um recurso de natureza extraordinária. Corroborando surge a Súmula 126 do TST que estabeleceu ser incabível o recurso de revista para reexame de fatos e provas. 1.8 COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL Não basta demonstrar a divergência jurisprudencial, é essencial comprová-la na forma determinada pela Súmula 337 do TST. A Lei nº 13.015/2014 incluiu na CLT os 7º e 8º no artigo 896 que preveem os requisitos formais da divergência jurisprudencial, antes dispostos na Súmula. Portanto, é ônus do recorrente demonstrar a identidade ou semelhança dos casos confrontados. A comprovação pode se feita por meio da juntada de certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou, se junto da simples cópia do acórdão fizer a citação da fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado. Os repositórios jurisprudenciais são coleções organizadas de acórdãos em sua integralidade. Estas coleções podem ser impressas, em mídias digitais como CD / DVD, ou disponibilizadas em portal na Rede Mundial de

Computadores. O TST, em seu portal, divulga lista com os repositórios jurisprudenciais autorizados. 21 É necessário também demonstrar o conflito de teses nas razões recursais, transcrevendo as ementas e/ou trechos dos acórdãos que configuraram o dissídio. 1.9 PREQUESTIONAMENTO O prequestionamento é um pressuposto de admissibilidade do recurso de revista não previsto em lei e sim de construção jurisprudencial. Ele é decorrente da natureza extraordinária do recurso, como fica evidenciado com a leitura da Orientação Jurisprudencial SDI1-62. O recurso de revista é um recurso técnico, restrito, e não tem devolutividade plena, exigindo que o questionamento do recurso já tenha sido debatido em decisão anterior. Então, prequestionamento é uma decisão prévia, com uma tese explícita, a respeito de uma questão. A ausência do prequestionamento de uma matéria impugnada leva ao não conhecimento do recurso de revista. A Lei nº 13.015/2014 incluiu o 1º-A no artigo 896 da CLT que estabelece no inciso I, como ônus da parte, indicar o trecho a decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia. Não basta à parte provocar o juízo, este tem que adotar uma tese explícita em sua decisão. Se a parte aborda uma questão nas razões do recurso, ou nas contrarrazões, e na decisão não há a tese explícita, embargos de declaração podem ser opostos para provocar o pronunciamento sobre o tema, evitando deste modo, a preclusão. O item I da Súmula 297 do TST aborda as situações que configuram o prequestionamento da matéria, e no item III deixa claro que é considerada prequestionada a matéria jurídica quando opostos embargos de declaração e o Tribunal se omite em pronunciar tese.

22 A OJ SDI1-256 estabelece que para configurar a tese explícita citada na Súmula 297 do TST há necessidade de que haja, no acórdão, de maneira clara, elementos que levem à conclusão que o Regional adotou uma tese contrária à lei ou à súmula. E a OJ SDI1-119 considera inexigível o prequestionamento quando a violação indicada houver nascido na própria decisão recorrida. Para o autor Aloysio Corrêa da Veiga há certa resistência nos Tribunais Regionais em manifestarem-se sobre a provocação da parte. Frequentemente, os embargos de declaração são respondidos com a afirmação de que o Juiz não está obrigado a se manifestar sobre todos os motivos com que a parte impugna a pretensão (VEIGA, 2003, p.91). O prequestionamento do tema abordado no recurso de revista é fundamental, se não houver tese no acórdão regional, o TST não poderá pronunciar-se sobre a alegada violação. 1.10 REQUISITO DA TRANSCENDÊNCIA O artigo 896-A, incluído na CLT pela Medida Provisória nº 2.226/2001, determina o exame prévio pelo TST para verificar se a causa abordada no recurso de revista oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. O requisito da transcendência foi criado como mais um pressuposto de admissibilidade do recurso de revista. Fábio Goulart Villela destaca que esse requisito visa desafogar o TST, restringindo o acesso à instância extraordinária àqueles processos veiculadores de temas com reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica (VILLELA, 2006. p.92).

23 Ainda não é exigível a demonstração da transcendência como requisito necessário para a admissibilidade do recurso de revista, pois o artigo 896-A da CLT precisa de regulação interna pelo TST, conforme dispõe o artigo 2º da Medida Provisória 2.226/2001. 1.11 PETIÇÃO DO RECURSO DE REVISTA A CLT dispõe no artigo 899 que os recursos serão interpostos por simples petição, ou seja, basta o recorrente manifestar seu inconformismo com a decisão, não sendo requerida fundamentação no recurso. Contudo, o recurso de revista tem natureza extraordinária, sendo então, um recurso técnico. A IN nº 23 do TST dispõe sobre as petições de recurso de revista e no que couber, também as de contrarrazões. As recomendações nela apresentadas visam a celeridade da prestação jurisdicional. O 1º-A do artigo 896 da CLT estabelece a obrigação do recorrente, sob pena de não conhecimento do recurso de revista: indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia e a divergência jurisprudencial de forma explicita e fundamentada, e expor as razões do pedido de reforma. Este parágrafo foi incluído na CLT pela Lei nº 13.015/2014 atribuindo ao recorrente o ônus de fundamentar devidamente seu recurso.

24 CAPÍTULO II AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA Antes da redação dada pelo Decreto Lei nº 8.737 de 1946, a CLT não previa a interposição de agravo de instrumento, só havia previsão de interposição de agravo das decisões proferidas nas execuções. A partir do referido Decreto, a CLT passou a prever os agravos de petição e de instrumento. A atual redação da CLT, dada pelas Leis nº 8.432 de 11.6.1992, nº 9.756 de 17.12.1998 e nº 12.275 de 2010, prevê a interposição de agravo de instrumento em apartado para destrancar recurso, no prazo de 8 (oito) dias, conforme o disposto na alínea b do artigo 897 da CLT. O agravo de instrumento é assim nomeado por ser formado por petição de agravo e peças dos autos principais, como dispõe o 5º do artigo 897, o qual será autuado em autos apartados. Entretanto, como o agravo de instrumento em recurso de revista é interposto nos Tribunais Regionais e julgado no TST, verificam-se alterações no seu procedimento introduzidas pela Resolução Administrativa nº 1418/2010 do TST, desta forma a petição de agravo de instrumento em recurso de revista passou a ser juntada nos autos principais, tornando dispensável a apresentação das cópias para a formação do agravo. No Processo Judicial Eletrônico na Justiça do Trabalho (PJe-JT), também é dispensável a formação do instrumento em todos os tipos de agravo, isto porque não é necessário autuar autos apartados neste sistema de acordo com artigo 34 da Resolução CSJT n.º 136/2014. No processo civil, o agravo é recurso cabível de decisões interlocutórias, com prazo para sua interposição de 10 (dez) dias. Este agravo, previsto no artigo 522 do CPC, é em regra retido, admitindo o agravo de instrumento como exceção, isto é, quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de

inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida. 25 O artigo 162 do CPC, em seu 2º, define: decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente. Portanto, apesar da nomenclatura similar, os agravos de instrumento dos processos trabalhista e civil são bem diferentes. Eles têm diferentes hipóteses de cabimento e prazos. Fig. 1. Tabela AI no processo trabalhista X AI no processo civil Processo trabalhista Processo civil Cabimento Destrancar recurso De decisão interlocutória Prazo 8 dias 10 dias 2.1 CONCEITO De acordo com Sergio Pinto Martins, o conceito de agravo de instrumento é encontrado na alínea b do art. 897 da CLT: é o recurso adequado para impugnar os despachos que denegarem seguimento a interposição de outro recurso (MARTINS, 2011, p.455.). No caso do agravo de instrumento em recurso de revista, trata-se do recurso adequado para destrancar especificamente o recurso de revista.

26 2.2 CABIMENTO Segundo Manoel Antonio Teixeira Filho, o agravo de instrumento tem caráter liberatório, pois se destina a destrancar recurso, e não é interponível dos despachos e sim das decisões monocráticas, como afirma abaixo o autor (TEIXEIRA FILHO, 2011, p. 335): O agravo de instrumento é interponível das decisões monocráticas (e não dos "despachos", como consta da Lei de primeiro grau, que denegarem recursos (CLT, art. 897, b). Apresenta-se, pois, como recurso destinado a destrancar recurso; daí o caráter liberativo desse agravo. A controvérsia exposta decorre do emprego da palavra despacho pela CLT e de sua definição pelo CPC. O CPC dispõe no caput do artigo 162 que os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos; no seu 3º define despacho como todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma; e no artigo 504 que dos despachos não cabe recurso. Para Júlio César Bebber: despacho, portanto, é o pronunciamento judicial destituído de cunho decisório, ou em que o conteúdo decisório é irrelevante, e que tem por escopo impulsionar o andamento do processo e a movimentação procedimental. Afirma, ainda, o autor que: se o pronunciamento judicial possui conteúdo decisório relevante, não pode ser qualificado como despacho, mas como decisão interlocutória. É exatamente essa carga decisória relevante que distingue ambos os provimentos jurisdicionais (BEBBER, 2011, p.65 e 67). O autor Manoel Antonio Teixeira Filho, considera o despacho de admissibilidade de recurso como despacho decisório, ou seja, uma decisão declaratória quanto à ausência de pressupostos de admissibilidade, e por esse

motivo, os despachos denegatórios da interposição de recursos podem ser objeto de agravo de instrumento (TEIXEIRA FILHO, 2011, p. 90). 27 Resumindo, cabe agravo de instrumento de decisão monocrática denegatória de admissibilidade de recurso ou em outras palavras, o recurso de agravo de instrumento se destina, específica e exclusivamente, a impugnar a decisão interlocutória negativa do primeiro juízo de admissibilidade recursal (CLT, 897, b) (BEBBER, 2011, p.287). Contudo, cabe lembrar que todo o ordenamento jurídico (instruções normativas, súmulas, resoluções, etc.) que dispõe sobre o procedimento dos agravos de instrumento, acompanha a CLT, utilizando sempre o termo despacho. 2.3 HIPOTESES DE NÃO CABIMENTO Em algumas situações não são cabíveis os agravos de instrumento no processo trabalhista, são elas: a)decisões interlocutórias O artigo 893 da CLT expressa em seu 1º: Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva. Essa é uma grande distinção do agravo retido, que é a regra no processo civil, já que o processo trabalhista adota o princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias. De acordo com Manoel Antonio Teixeira Filho, o processo do trabalho consagrou, na prática, o uso do chamado protesto lançado na ata de audiência, quando o juiz, por exemplo, pratica algum ato que a parte considere ser lesivo de direito ou faculdade processuais que muito se assemelharia com o agravo retido do processo civil. Esses protestos têm a finalidade de impedir a preclusão

"temporal"; daí, a razão de a praxe havê-lo denominado de antipreclusivo (TEIXEIRA FILHO, 2011, p. 352). 28 A Súmula nº 214 do TST traz exceções à regra enumerando as hipóteses em que cabe recurso imediato de decisões interlocutórias na Justiça do Trabalho. São as hipóteses de decisão: de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, 2º, da CLT. b)recurso não admitido por acórdão O artigo 163 do CPC dispõe: Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais. Sendo assim, os acórdãos são decisões colegiadas. Como os agravos de instrumento são cabíveis apenas de decisões monocráticas que não admitem recursos, trata-se de erro grosseiro, erro crasso, a interposição de agravo de instrumento para destrancar recurso inadmitido por acórdão. c) Decisão que admite recurso de revista O recurso de revista pode ser admitido por apenas um dos fundamentos. Então, mesmo tendo fundamentos rejeitados na decisão de admissibilidade do recurso de revista, não é cabível interpor agravo de instrumento, pois o recurso já foi admitido. Manoel Antonio Teixeira Filho observa que mesmo que essa decisão admita a revista apenas por um dos dois fundamentos indicados pelo recorrente, é certo que ela não poderá ser impugnada pelo agravo de instrumento, na parte em que rejeitou o outro fundamento (TEIXEIRA FILHO, 2011, p. 339).

29 A explicação é porque, não existe vinculação ou subordinação entre a decisão proferida pelo juízo de admissibilidade a quo e o ad quem. Então, o juízo ad quem poderá conhecer da revista por ambos os fundamentos, ou por aquele que for recusado pelo a quo. Há, também, o fato de que o agravo de instrumento é o recurso cabível para destrancar recurso, e o recurso de revista admitido por apenas um dos fundamentos, não ficou impedido de ser examinado integralmente pelo juízo ad quem. A Súmula nº 285 do TST, confirma a não vinculação do juízo de admissibilidade do juízo a quo. Ela pacifica que a Turma do TST pode apreciar integralmente o recurso de revista, independente do fato de o juízo primeiro de admissibilidade entendê-lo cabível apenas quanto à parte das matérias veiculadas, sendo, portanto, imprópria a interposição de agravo de instrumento. d) Decisão denegatória de recurso de embargos no TST Não cabe agravo de instrumento das decisões que denegarem seguimento ao recurso de embargos no TST, pois neste caso, o recurso adequado é o agravo regimental, no prazo de 8 (oito) dias como prevê o inciso VII do art. 235 do Regimento Interno do TST. 2.4 TEMPESTIVIDADE No processo do trabalho, o prazo para interposição de agravo de instrumento é de 8 (oito) dias, como prevê o caput do artigo 897 da CLT e no item II da IN nº 16/1999 do TST. O 12 do artigo 896 da CLT especifica que da decisão que não admite recurso de revista caberá, agravo no prazo de 8 (oito) dias. Sérgio Pinto Martins afirma que: o pedido de reconsideração do despacho do juiz a quo não implicará a suspensão ou interrupção do prazo para o

30 recurso, que fluirá normalmente (MARTINS, 2011, p.457). Então, o agravo de instrumento deve ser apresentado concomitantemente ao pedido de reconsideração, evitando assim, a perda do prazo para sua interposição. O pedido de reconsideração e o agravo de instrumento podem ser apresentados em uma mesma peça, requerendo que, se não acolhido o pedido, este seja recebido como agravo de instrumento, ou em petições separadas. Contudo, pode-se indicar como melhor opção, a apresentação do pedido de reconsideração em peça separada do agravo de instrumento, pois assim, fica clara a distinção do pedido reconsideração e suas justificativas, do pedido de retratação feito de forma genérica no agravo de instrumento. 2.5 OBJETO Embora a bibliografia sobre o assunto seja escassa, pode-se citar o esclarecimento da autora Lenira Ferreira Ruiz: o agravo de instrumento não se presta a provocar a apreciação das razões de mérito do recurso de revista, mas sim a atacar os motivos que embasaram o seu trancamento (RUIZ, 2004, p.98). Como agravo de instrumento tem por objetivo destrancar recurso, deve-se atacar o motivo do indeferimento do recurso, pois sendo o agravo provido, a recurso será apreciado integralmente. 2.6 MATÉRIA DISCUTIDA Nos agravos de instrumento discutem-se os motivos que levaram ao trancamento do recurso que se pretende destrancar, isto é, os pressupostos extrínsecos do recurso. Contudo, no agravo de instrumento dirigido ao TST podese discutir também os pressupostos intrínsecos da revista, haja vista a natureza

31 extraordinária dela (RUIZ, 2004, p.98). A natureza extraordinária do recurso de revista deve-se a existência de pressupostos específicos que, quando não cumpridos levam a inadmissibilidade do recurso, podendo esta matéria ser discutida no agravo. 2.7 EFEITOS Na CLT, em regra, os recursos têm apenas o efeito devolutivo, como prevê o caput do artigo 899, admitidas as exceções previstas em lei. Conforme o autor Carlos Henrique Bezerra Leite: o agravo de instrumento possui apenas efeito devolutivo, isto é, a matéria que será analisada pelo juízo ad quem limita-se à validade ou não da decisão denegatória de recurso (LEITE. 2010, p. 972). O efeito devolutivo é a remessa dos recursos ao juízo ad quem para reexame das questões, devido ao inconformismo da parte com a decisão do juízo a quo (CARRION, 2014, p. 968). O caput do artigo 899 da CLT também prevê que o efeito devolutivo permite execução provisória até a penhora. A execução provisória na Justiça do Trabalho pode ser realizada nos autos principais ou em autos apartados, que antes da implantação da Tabela de Classes Processuais da Justiça do Trabalho pelo CNJ, era chamada de carta de sentença e, hoje, recebe a denominação de Execução Provisória Em Autos Suplementares (ExProvAS). 2.8 PREPARO

32 Há discussão sobre a que se refere o termo preparo. Alguns autores dizer tratar-se da comprovação do pagamento de custas e depósito recursal, outros consideram apenas a comprovação do recolhimento de custas, como já abordado no capítulo recurso de revista. Atualmente, quando se trata de agravo de instrumento, somente há exigência de comprovação do pagamento de depósito recursal. 2.8.1 Custas O item XI da IN nº 16 do TST dispõe que o agravo de instrumento não requer preparo, o que significa que não é exigido o recolhimento de custas para interpor agravo de instrumento. 2.8.2 Depósito recursal O 7º do artigo 899 da CLT estabelece que no ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar. Trata-se aqui de depósito recursal em agravo de instrumento em recurso de revista, portanto, o valor a ser depositado corresponde a 50% do valor do depósito de recurso de revista. O 8º do artigo 899 da CLT, incluído pela Lei nº 13.015/2014, trata de hipótese exclusiva para o agravo de instrumento em recurso de revista, pois desonera a parte de efetuar o depósito recursal, caso o recurso de revista inadmitido se insurja contra decisão contrária a jurisprudência uniforme do TST. 2.9 TRASLADO

33 Antes da Resolução Administrativa (RA) nº 1418/2010 do TST era necessário o traslado de peças para a efetivação da formação do agravo de instrumento em recurso de revista em autos apartados, como determina o item II da IN nº 16 do TST. O artigo 1º da RA nº 1418/2010 dispõe que o agravo de instrumento interposto de despacho que negar seguimento a recurso para o Tribunal Superior do Trabalho deve ser processado nos autos do recurso denegado. Desta forma, para interposição de agravo de instrumento em recurso de revista, apenas é necessária petição de agravo, que será juntada nos autos principais. Essa modificação ocorreu em decorrência da implantação do processo eletrônico no âmbito do TST, por força da Lei n.º 11.419/2006, e da determinação do envio eletrônico de processos ao TST, previsto no Ato Conjunto TST.CSJT n.º 10/2010, que regulamenta a transmissão de peças processuais por meio eletrônico, entre os TRTs e o TST, impondo a digitalização de processos que tramitam fisicamente nos Regionais para a remessa eletrônica à Corte superior. O traslado, também, não é necessário na tramitação dos agravos de instrumento em recurso de revista no sistema PJe-JT, pois não há formação de auto suplementares de agravo conforme o artigo 34 da Resolução CSJT n.º 136/2014. 2.10 JUÍZO DE APRESENTAÇÃO E DE RETRATAÇÃO No processo do trabalho, o agravo de instrumento é dirigido à autoridade judiciária prolatora do despacho agravado, como prevê o item II da IN nº16 do TST. No caso específico do agravo de instrumento em recurso de revista, a autoridade prolatora do despacho é o Presidente do Tribunal Regional, ou o Vice-Presidente, se houver delegação de competência para este efetuar o primeiro juízo de admissibilidade de RR.

34 O juízo de retratação, também, é exercido pela autoridade judiciária prolatora do despacho agravado, que poderá reconsiderar ou manter o despacho, como previsto no item V da IN nº 16 do TST e no artigo 2º da RA nº 1418/2010, também do TST. A petição de AIRR é composta de duas partes: 1ª parte peça de interposição, na qual deve ser requerida a retratação do despacho, sendo esta parte dirigida ao Presidente do Tribunal Regional, como citado acima; 2ª parte razões, que no caso de agravo de instrumento, são chamadas de minuta. A minuta do agravo é dirigida ao órgão julgador do agravo, e como se trata de agravo de instrumento em recurso de revista, dirige-se ao Colendo TST. O ordenamento jurídico não expressa explicitamente, se o juízo a quo pode ou não denegar seguimento ao agravo de instrumento, somente está expressa a possibilidade de reconsiderar ou manter o despacho agravado. Contudo, antes do advento da Lei nº 9139/95, que transformou profundamente o CPC, o artigo 528 era utilizado subsidiariamente no processo do trabalho. Na época, a regra no processo civil era o agravo de instrumento. Este era interposto em apartado e dirigido à autoridade prolatora da decisão que, de acordo com o previsto no artigo 528, não poderia impedir a remessa do agravo de instrumento ao órgão julgador. Para melhor entendimento segue a transcrição do antigo artigo 528 do CPC: o juiz não poderá negar seguimento ao agravo, ainda que interposto fora do prazo legal. Atualmente, como interposição de agravo de instrumento é uma exceção à regra no processo civil, o artigo 528 do CPC foi alterado e possui texto distinto do transcrito acima. Sobre o assunto, o autor Manoel Antonio Teixeira Filho comenta que (TEIXEIRA FILHO, 2011, p. 340):

No processo do trabalho, todavia, nada mudou. Conforme veremos adiante, aqui, o agravo de instrumento continua a ser oferecido perante o juiz (de primeiro grau) emissor da decisão impugnada. Sendo assim, é absolutamente necessário que sobreviva, nesse processo, o espírito do antigo art. 528 do CPC, em sua redação primitiva, sob pena de permitir-se que o juiz a quo não admita o referido agravo. É o entendimento geral que o agravo de instrumento não pode ser rejeitado liminarmente no juízo de admissibilidade de primeiro grau, devido a sua finalidade exclusivamente liberatória. Admite-se a rejeição liminar quando o agravo for intempestivo ou não se destinar a impugnar decisão denegatória da admissibilidade de outro recurso. 35

36 CAPÍTULO III DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS 3.1 DEPÓSITO RECURSAL Previsto no artigo 899 da CLT, a natureza jurídica do depósito recursal é garantia de juízo recursal. Em regra, a garantia de juízo é derivada de uma sentença condenatória com obrigação de pagamento em pecúnia, cujo valor pode ser líquido ou arbitrado. Portanto, geralmente o depósito recursal é um pressuposto recursal exigido da reclamada, que efetua o pagamento na conta vinculada do empregado no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS. Os valores reajustados dos limites de depósito recursal são divulgados anualmente, por meio de Ato da Presidência do TST. Este ato divulgado, sempre no mês de julho, fixa o valor limite a ser pago e comprovado na interposição de recurso de revista. Já o valor do depósito para interposição do agravo de instrumento em recurso de revista, corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito estabelecido para o recurso de revista conforme regulamenta o 7º do artigo 899 da CLT. A Súmula nº 128 do TST estabelece que depositado o valor total da condenação, satisfazendo assim a garantia de juízo, nenhum depósito será exigido nos recursos das decisões posteriores. Entretanto, necessitará ser completado se o valor da condenação for ampliado.

37 3.1.1 Pagamento do depósito recursal A IN nº 26 do TST dispõe sobre a guia de recolhimento do depósito recursal. O pagamento poderá ser efetuado por meio da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP preenchida em formulário em papel avulso ou emitida eletronicamente pelo aplicativo da Caixa Econômica Federal denominado "Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social - SEFIP". 3.1.2 Súmulas e orientações jurisprudenciais do TST Algumas súmulas e orientações jurisprudenciais do TST que tratam do depósito recursal foram selecionadas por apresentarem importantes informações sobre o tema: A Súmula 128 pacifica que: a) O depósito recursal deve ser efetuado integralmente pelo recorrente a cada novo recurso, sob pena de deserção; b) Garantido o juízo com o valor total da condenação, ou na fase executória, nenhum depósito mais é exigido para a interposição de qualquer recurso; e c) Em caso de condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. Na Súmula 161 fica estabelecido que se não houver condenação a pagamento em pecúnia, descabe a exigência de pagamento de depósito recursal. Informa a Súmula 245 que o depósito recursal deve ser pago e comprovado no prazo do recurso. E a interposição antecipada deste não prejudica a dilação legal. A Súmula 426 estipula a obrigatoriedade da utilização da guia GFIP para o pagamento do depósito recursal. Entretanto, admite o depósito judicial, realizado na sede do juízo e à disposição deste, na hipótese de relação de trabalho não submetida ao regime do FGTS.

38 A Orientação Jurisprudencial-SDI1 264 dispõe que a ausência de indicação do número PIS/PASEP na guia GFIP não é essencial para a validade da comprovação do depósito recursal. recursal e custas. Os próximos dispositivos jurisprudenciais referem-se a depósito A Súmula 86 pacifica que não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Entretanto, esse privilégio não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial. Por fim, a Orientação Jurisprudencial SDI1-140 trata da deserção do recurso pelo recolhimento insuficiente das custas e do depósito recursal, ainda que a diferença em relação ao quantum devido seja ínfima, referente a centavos. 3.2 CUSTAS A Constituição da República, no 2º do artigo 98 destina, exclusivamente, ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça, os valores arrecadados com custas processuais e emolumentos. As custas relativas ao processo de conhecimento correspondem a 2% (dois por cento), calculadas sobre o valor da condenação, de acordo com o inciso I do artigo 789 da CLT, ou seja, o valor das custas é fixado na sentença. O 1º do artigo 789 da CLT dispõe que: as custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal. Como regra na Justiça do Trabalho, o reclamante não pagará as custas desde que pelo menos um de seus pedidos seja acolhido na sentença, não sendo