LEVANTAMENTO DE DADOS E IMPLANTAÇÃO DA METODOLOGIA DE RECOLHIMENTO E ARMAZENAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS LABORATORIAIS DA UTFPR- LONDRINA.



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Transcrição:

LEVANTAMENTO DE DADOS E IMPLANTAÇÃO DA METODOLOGIA DE RECOLHIMENTO E ARMAZENAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS LABORATORIAIS DA UTFPR- LONDRINA. Amanda Alcaide Francisco1*, Rubiéli Saretto *, Paula Fernanda Almeida Gonçalves*, Profa. M. a Amélia Elena Terrile** (co-orientadora), Profa. Drª. Isabel Craveiro Moreira** (orientadora). *COAMB/Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Londrina, Brasil **COALM/Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Londrina, Brasil e-mail: amandaalcaide_f@yahoo.com.br Resumo Devido à crescente preocupação com o descarte inadequado dos resíduos químicos laboratoriais e sua implicação no meio ambiente, importantes instituições de ensino do país estão se atentando à destinação final destes em prol da preservação ambiental. O seguinte trabalho demonstra como está ocorrendo a implantação do sistema de gerenciamento de resíduos químicos na Universidade Tecnológica Federal do Paraná câmpus Londrina e quais são os principais resíduos gerados. Palavras chave: descarte inadequado, resíduos químicos laboratoriais, preservação ambiental, gerenciamento. Abstract Due to growing concern about the inappropriate disposal of chemical residue laboratory and its implication in the environment, important educational institutions of the country are paying attention to the final destination of these of environmental preservation. The following paper demonstrates how is occurring the deployment of chemical waste management system in the Federal Technological University of Paraná-Londrina campus and what are the main wastes generated. Keywords: improper disposal, chemical residue laboratory, environmental preservation, waste management. Introdução Devido à falta de procedimentos que visam o gerenciamento e a destinação final adequada de resíduos laboratoriais em muitas instituições de ensino superior do nosso país, se dá a necessidade da criação de projetos que desenvolvam metodologias apropriadas para o tema.

Os resíduos gerados nos laboratórios de universidades diferem daqueles gerados em unidades industriais por apresentarem menor volume, porém se na instituição de ensino houver um grande número de disciplinas laboratoriais, a diversidade de composições químicas ali geradas será maior. É devido a esse problema, entre outros, que a complexidade de estabelecer um tratamento químico com uma destinação final padrão para todos os resíduos químicos gerados aumenta. Enquanto isso é comum realizar o descarte dos resíduos na pia do laboratório, o que acarreta problemas ambientais dos mais variados níveis de degradação [1]. Tendo em vista a obrigação de cada ser humano com a preservação da natureza, as universidades devem servir de exemplo aos seus alunos e à sociedade, pois como formadoras de cidadãos e profissionais, precisam fornecer aos mesmos, ferramentas básicas para a conscientização ambiental [1]. Inúmeras instituições brasileiras de ensino superior estão estudando formas adequadas de tratamento dos resíduos advindos de seus laboratórios, tais como, USP Universidade de São Paulo, UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFPR Universidade Federal do Paraná, entre outras, que apresentaram sucesso bastante significativo. Esse sucesso foi o impulsionador deste projeto, o qual tem como objetivo desenvolver metodologias que abrangem desde o recolhimento até o tratamento de resíduos químicos produzidos nos laboratórios da Universidade Tecnológica Federal do Paraná câmpus Londrina, além de identificar e quantificar os mesmos, a fim de minimizar possíveis impactos ambientais e sanitários[2]. Materiais e Métodos Foram usadas como metodologias aplicadas neste projeto as pesquisas descritivas, bibliográficas e de campo. Revisão bibliográfica - A pesquisa descritiva realizada objetivou estabelecer a natureza do problema, suas características, causas e relações com outros fenômenos assim como a forma em que a geração de resíduos afeta o ambiente universitário e a comunidade a sua volta [3]. A pesquisa bibliográfica consistiu em levantar temas e trabalhos referentes a normas de segurança e tratamento de resíduos gerados nos laboratórios de química, como também, a implantação de programas de gerenciamento de resíduos químicos laboratoriais. Desta maneira, pretende-se gerar um banco de dados capaz de suprir, em parte, as necessidades encontradas durante a realização do projeto [3]. A pesquisa de campo requisitou o levantamento de dados referentes a práticas

laboratoriais e os respectivos resíduos gerados nos laboratórios de química do núcleo geral situados no bloco B da UTFPR-LD. As apostilas de aulas das respectivas disciplinas foram solicitadas aos técnicos de laboratórios e aos docentes responsáveis a fim de determinar quais seriam os resíduos gerados [3]. Este trabalho iniciou-se com a busca por estudos já publicados referentes à implantação de programas de resíduos químicos nos laboratórios de química, assim como, artigos e apostilas que apresentavam normas e aplicações da gestão de resíduos químicos. Outra preocupação neste projeto foi a investigação sobre a maneira em que deveria ocorrer a minimização da fonte geradora de resíduo, o tratamento, o armazenamento, a rotulagem, o preenchimento de fichas de caracterização do resíduo, a solicitação de recolhimento e posterior destinação final do mesmo, como também, quais seriam os equipamentos de proteção individual que deveriam ser utilizados. Após leitura e análise da bibliografia encontrada, foi dado início a outra etapa do projeto, a qual consistiu em conversar com os professores que utilizam os laboratórios de química e com os técnicos responsáveis pelos mesmos, a fim de buscar procedimentos apropriados que deveriam ser seguidos para o manejo adequado dos resíduos gerados, assim como para o acondicionamento, identificação, rotulagem e tratamento dos mesmos. Em virtude da necessidade de organizar o trabalho feito pelo grupo, foi utilizada uma ficha para identificação, quantificação e caracterização de resíduos gerados (Figura 1), baseada no modelo elaborado por Machado e Salvador (2005). Esta ficha permite identificar a composição do resíduo produzido e sua respectiva quantidade, as práticas geradoras, o laboratório utilizado, bem como o professor e os técnicos responsáveis. Finalmente, pôde-se caracterizar o resíduo quanto à presença ou não de metal pesado, de halogênios, de compostos orgânicos ou inorgânicos, dentre outras substâncias químicas. Figura 1 - Ficha de identificação, quantificação e caracterização de resíduos [4].

Após a determinação de quais foram os compostos químicos utilizados durantes as aulas práticas laboratoriais de química, puderam-se definir as características dos resíduos. Sendo assim, foi elaborada uma tabela cujo modelo é mostrado na Figura 2. Esta tabela visa sintetizar todos os dados obtidos por meio da ficha de identificação (Figura 1), onde foram discriminadas a disciplina, os compostos utilizados de acordo com sua classificação química, as principais características e propriedades do resíduo gerado, e qual seu efeito nocivo ao meio ambiente. Tais tabelas foram separadas de acordo com as práticas realizadas por laboratório de química da UTFPR-LD. Figura 2 - Modelo da tabela usada para reunir informações sobre os principais compostos utilizados nas práticas laboratoriais, como também, os tipos de resíduos gerados. Utilização de EPIs Um item obrigatório para a realização deste projeto é o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) pelos participantes. Esses são ferramentas de trabalho que visam proteger a saúde do trabalhador e reduzir os riscos de intoxicações decorrentes de determinada exposição. As vias de exposição podem ser: Inalatória (Nariz), Ocular (Olhos), Oral (Boca), Dérmica (pele) [5]. Para dar início as atividades de recolhimento e armazenamento, o grupo adquiriu, com base na pesquisa sobre equipamentos de segurança, os seguintes equipamentos de proteção individual (EPI): luva de borracha de comprimento longo, avental branco de algodão e de manga comprida, máscara de filtro e óculos de proteção. Luvas: um dos equipamentos mais importantes, pois protege as partes do corpo com maior risco de exposição: as mãos, punhos e antebraço contra agentes químicos [6]. Respiradores e filtros: geralmente chamados de máscaras, os respiradores têm o objetivo de evitar a inalação de vapores orgânicos, névoas ou finas partículas tóxicas através das vias respiratórias [6]. Jaleco ou avental: são confeccionados em tecido de algodão tratado para se tornarem hidro-repelentes, sendo apropriados para proteger o corpo dos respingos do produto formulado e não para conter exposições extremamente acentuadas ou jatos dirigidos [6]. Óculos de proteção: protege os olhos e o rosto contra respingos durante o manuseio de reagentes e resíduos químicos como também impactos mecânicos, partículas voláteis e raios

ultravioletas [6]. Esses EPIs são apresentados na Figura 3. Tabela 1 - Dados referentes à disciplina de Bioquímica do curso de Tecnologia de Alimentos. Compostos Utilizados Ácido Resíduos Gerados cloro e enxofre. Efeitos Nocivos ao Meio Ambiente Alta reatividade o que dificulta a decomposição pelos animais. Figura 3- Equipamentos de segurança individual utilizados nas práticas do Projeto de Extensão [7]. Resultados Após o trabalho de pesquisa junto aos técnicos e professores, foi possível a elaboração das tabelas abaixo, as quais correlacionam as disciplinas ministradas com os compostos utilizados nas práticas laboratoriais e seus resíduos, com as respectivas toxicidades. Base hidróxido de sódio e de amônio. Soda causa elevação do ph da água e do solo; hidróxido de amônio é tóxico para a vida aquática. Indicadores orgânica. Tóxicos em grandes volumes Sal Gasolina metal pesado, enxofre, halogênio e sal redutor. gasolina (hidrocarbonetos C 9 a C 12 ). Intoxicações graves em vegetais e animais pelos metais pesados; halogênio e enxofre são muito reativos. Impermeabilizaçã o do solo. Compostos Bastante reativos, Nitrogenados substâncias dificultando a Sulfatos sulfuradas e decomposição nitrogenadas. pelos animais; pode matar a vegetação. Fonte: Laboratório B-303, UTFPR-LD.

Tabela 2 - Dados referentes à disciplina de Fundamentos de Química do curso de Engenharia de Materiais. Compostos Utilizados Ácido Base Indicadores Sal Álcool Cetona e Resíduos Gerados Solventes halogenados e não halogenados hidróxido sódio orgânica metal pesado orgânica de Efeitos Nocivos ao Meio Ambiente Halogênios são muito reativos, logo, os animais não conseguem decompô-los. A soda causa elevação no ph da água e do solo. Tóxicos em grandes volumes. Intoxicações graves em vegetais e animais. Risco da integridade das águas; Tóxico em grandes volumes. Compostos Bastante reativos, Nitrogenados Sulfatos substâncias logo os animais não conseguem sulfuradas e decompô-los; pode nitrogenadas matar a vegetação. Fonte: Laboratório B-303, UTFPR-LD. Tabela 3 - Dados referentes à disciplina de Química Analítica Qualitativa do curso de Tecnologia em Alimentos. Compostos Utilizados Ácido Base Indicadores Sal Álcool Resíduos Gerados Solventes halogenados e não halogenados. metal pesado, nitrogênio e sódio. orgânica. metal pesado, halogênios, potássio, nitrogênio e sódio. Solvente orgânico. Efeitos Nocivos ao Meio Ambiente Halogênios são muito reativos, logo, os animais não conseguem decompô-los. Intoxicações graves em vegetais e animais; a soda causa elevação no ph da água e do solo. Tóxicos em grandes volumes. Intoxicações graves em vegetais e animais pelo metal pesado; os halogênios são muito reativos e tóxicos aos organismos; a soda causa elevação no ph da água e do solo. Em quantidades elevadas é tóxico Silicatos não Não causador de contaminante. dano ambiental. Fonte: Laboratório B-303, UTFPR-LD.

Tabela 4 - Dados referentes à disciplina de Química do curso de Engenharia Ambiental. Compostos Utilizados Ácido Base Indicadores Sal Resíduos Gerados compostos aromáticos cloro. hidróxido sódio. orgânica. e de compostos aromáticos, cobre, enxofre e potássio. gerando tóxicas. Fonte: Laboratório B-305, UTFPR-LD. Efeitos Nocivos ao Meio Ambiente Alta reatividade o que dificulta a decomposição pelos animais. A soda causa elevação no ph da água e do solo. Tóxicos em grandes volumes. Alta reatividade o que dificulta a decomposição pelos animais; acumulação em organismos reações Por meio das tabelas apresentadas foi possível perceber que os principais resíduos gerados nestes laboratórios são solventes halogenados, soluções metais pesados, soluções orgânicas e substâncias sulfuradas e nitrogenadas. Todos eles são capazes de provocar danos ambientais e sanitários, se descartados incorretamente, tais como intoxicação, acumulação e reações tóxicas em vegetais e animais, alteração de ph, corrosão de materiais, morte de vegetais e poluição de rios e córregos entre outros. Discussão A Universidade Tecnológica Federal do Paraná iniciou suas atividades na cidade de Londrina em fevereiro de 2007, utilizando provisoriamente as instalações da FUNTEL, ofertando o curso de Tecnologia de Alimentos. Devido ao visível crescimento do município e a necessidade de profissionais especializados em novas áreas deu-se à abertura de novos cursos. Sendo assim, no início de 2008, o curso de Engenharia Ambiental passou a ser ofertado, seguido dos cursos de Engenharia de Materiais e licenciatura em Química nos anos de 2010 e 2011, respectivamente [8]. Com esse aumento no número de cursos, houve um crescimento na utilização dos laboratórios de química do câmpus. Como consequência disto, grandes quantidades de resíduos químicos vêm sendo gerados. A partir desse fato surgiu a preocupação com a destinação final dos mesmos, bem como a conscientização da comunidade universitária da necessidade do descarte ecologicamente correto. Tendo em vista o pouco tempo de funcionamento da UTFPR-LD e o descarte inadequado dos resíduos nos laboratórios, observa-se a necessidade de implantar um programa de gerenciamento de resíduos químicos.

Entretanto, várias dificuldades foram encontradas, retardando o andamento do trabalho. Os principais motivos foram: a falta de continuidade no uso dos laboratórios de química, provocada pela falta de técnicos no início do primeiro semestre de 2012, a mudança dos laboratórios para um novo bloco e por fim, a greve dos docentes da UTFPR. Desde o início da implantação do projeto, no segundo semestre de 2011, até o presente momento foram obtidos 23 litros de resíduos orgânicos separados em clorados e não clorados e 3 litros de resíduos metais pesados, os quais foram remanejados para um local provisório de armazenamento, enquanto não for acertado um depósito permanente. sistema de rotulagem, discriminando sua origem e periculosidade. A interação com a comunidade universitária levou à conscientização da necessidade do descarte adequado de resíduos químicos, visando à prevenção da poluição e a preservação ambiental. Atualmente o câmpus Londrina conta com uma Comissão de Gestão de Resíduos Sólidos e Químicos, que foi criada no início do mês de junho, a qual utilizará e contará com todos os resultados obtidos no desenvolvimento deste projeto. Agradecimentos Conclusão Através deste projeto, foi possível observar a quantidade de resíduos gerados nos laboratórios de ensino e com isto houve a possibilidade de dimensionar qual a real necessidade da UTFPR-LD no gerenciamento destes resíduos. Da mesma forma proporcionou a aprendizagem no tratamento e acondicionamento com relação ao grupo de resíduos, desde o manuseio dos produtos químicos, por meio do conhecimento dos itens de segurança, até como aprender a utilizar o Os autores agradecem à Universidade Tecnológica Federal do Paraná pela bolsa da Fundação Araucária. Referências [1] GERBASE, A. E.; COELHO, F. S.; MACHADO, P. F. L.; FEREIRA, V. F. Gerenciamento de resíduos químicos em instituições de ensino e pesquisa. Química Nova. v. 28, n. 1, p.3, 2005.

[2] NOLASCO, F. R; TAVARES, G. A; BENDASSOLLI, J. A. Implantação de programas de gerenciamento de resíduos químicos laboratoriais em universidades: análise crítica e recomendações. Eng. sanit. ambient. Vol.11 - Nº 2 - abr/jun 2006, 118-124. http://www.fundacentro.gov.br/dominios/ctn/a nexos/cdnr10/manuais/m%c3%b3dulo02/5_ 8%20- %20EQUIPAMENTOS%20DE%20PROTE% C3%87%C3%83O%20INDIVIDUAL.pdf >. Acesso em: Junho de 2012. [3] BARROS, A. & LEHFELD, N., (2000). Fundamentos da metodologia científica. São Paulo: Makron Books. [4] MACHADO, A. M. R.; SALVADOR, N. N. B. NR 01/UGR - Norma de Procedimentos para segregação, identificação, acondicionamento e coleta de resíduos químicos. UGR/CEMA/UFSCar, São Carlos. 40 p. (2005). Disponível em: <http://www.ufscar.br/~ugr/norma%20ugr% 20-%20NR%2001(1).pdf)>. Acesso em: Junho de 2012. [5] COSTALONGA, A. G. C., FINAZZI, G. A., GONÇALVES, M. A.. Curso de Higiene e Segurança Normas de Armazenamento de Produtos Químicos. UNESP campus Araraquara, SP, 2010. [7] UNICAMP. Guia de Laboratório para o Ensino de Química: instalação, montagem e operação. Conselho Regional de Química IV Região (SP-MS) Comissão de Ensino Técnico. São Paulo, 2007. Tabela 2 - Dados referentes à disciplina de Fundamentos de Química do curso de Engenharia de Materiais. Disponível em: < http://www.iqm.unicamp.br/csea/docs/guiamo ntagemdelaboratorios.pdf>. Acesso em: Junho de 2012. [8] UTFPR. Apresentação - Universidade Federal Tecnológica do Paraná Campus Londrina. Disponível em: <http://www.utfpr.edu.br/londrina/o-campus>. Acesso em: Junho de 2012. [6] FUNDACENTRO. Comissão Tripartite Permanente de Negociação do Setor Elétrico no Estado de SP. Disponível em: <