AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL NA CRIANÇA

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL NA CRIANÇA António Filipe Macedo* *Professor Auxiliar do departamento de Fisica da Universidade do Minho https://sites.google.com/site/antoniofilipemacedo/home macedo@fisica.uminho.pt Coimbra, 17-18 de Novembro de 2012 1

Parte deste conteúdos foi adaptado de Ot CET: https://www.aop.org.uk/ Series: YOUNG CHILDREN S VISION Author: Dr Margaret Woodhouse, BSc (Hons), PhD, MCOptom VIII Conferências abertas de Optometria (CAO) - 2012 2de

DESENVOLVIMENTO I Função visual no bebé Laboratório Potenciais visuais evocados Electroretinogramas Nistagmus optocinético Clínicos Olhar preferencial 3

DESENVOLVIMENTO I Variação longitudinal da acuidade visual Tão importante como ter um bom teste é ter boas normas Tal como outras etapas do desenvolvimento, é preciso ser tolerante com a idade com que a visão se desenvolve. É importante verificar se não há retrocessos Mayer et al. (1995)> 4

DESENVOLVIMENTO I Variação longitudinal da acuidade visual Tão importante como ter um bom teste é ter boas normas Tal como outras etapas do desenvolvimento, é preciso ser tolerante com a idade com que a visão se desenvolve. É importante verificar se não há retrocessos Mayer et al. (1995)> 5

DESENVOLVIMENTO I Variação longitudinal da acuidade visual Estar atento a diferenças entre os dois olhos -- mais de 70% das crianças não têm qq diferença de acuidade e praticamente todas -- 99% menos do que 1 linha de diferença de acuidade visual Os mecanismos retino-corticais responsáveis pela maturação evoluem de forma equilibrada nos dois olhos 6

DESENVOLVIMENTO I Sensibilidade ao contraste É relativamente pobre à nascença mas evolui rapidamente A SC para frequências espaciais baixas (alvos grandes) desenvolve-se antes da sensibilidade a alvos pequenos (frequências espaciais altas) Ao contrário da AV, que pode evoluir até aos 4-5 anos, a SC não se altera muito depois dos 2 anos (para frequência espaciais baixas) 7

DESENVOLVIMENTO I Sensibilidade ao contraste É relativamente pobre à nascença mas evolui rapidamente A SC para frequências espaciais baixas (alvos grandes) desenvolve-se antes da sensibilidade a alvos pequenos (frequências espaciais altas) Ao contrário da AV, que pode evoluir até aos 4-5 anos, a SC não se altera muito depois dos 2 anos (para frequência espaciais baixas) 8

DESENVOLVIMENTO I Sensibilidade ao contraste Os testes que avaliam a SC para uma frequência espacial apenas são melhores do que os que fazem para muitas Exemplos: Heidi and Lea Symbols produzem sempre o mesmo resultado para >1 ano Cardiff Contrast Test - piores resultados abaixo de 1 ano - varia entre 1-2 anos - estabiliza entre 2-5 anos e pouco melhora com a idade 9

DESENVOLVIMENTO I Visão binocular Os resultados do inicio da visão binocular são variáveis, principalmente porque a definição do que é visão binocular também varia 2 meses não existem sinais de visão binocular (VEP) 3 meses algumas crianças já têm olhar preferencial 4 meses estudos que usam visão dicoptica mostram existência de esteriopsia Primeiras semanas o alinhamento visual é débil 10

DESENVOLVIMENTO I Visão binocular Os resultados do inicio da visão binocular são variáveis, principalmente porque a definição do que é visão binocular também varia 2 meses não existem sinais de visão binocular (VEP) 3 meses algumas crianças já têm olhar preferencial 4 meses estudos que usam visão dicoptica mostram existência de esteriopsia Primeiras semanas o alinhamento visual é débil 11

DESENVOLVIMENTO I Visão binocular Existe um diferendo entre pais e profissionais Profissionis observam exodesvios Pais queixam-se de endodesvios Estudo de Horwaood et al. com 75 ortoptistas grávidas Até aos 2 meses todos detectaram ENDO desvios A explicação -- os profissionais observam exodesvios porque as crianças se desinteressam pela face ou pelos objetos dos clinico e a convergência é rompida. Isto não acontece quando o teste é feito pelas mães Depois dos 4 meses quase todos os desvios tinham desaparecido Desalinhamento que persistem depois dos 4 meses devem ser vigiados pois podem dar origem a endotropia 12

DESENVOLVIMENTO I Visão binocular Existe um diferendo entre pais e profissionais Pais observam endodesvios Profissionais queixam-se de exodesvios Estudo de Horwaood et al. com 75 ortoptistas grávidas Até aos 2 meses todos detectaram ENDO desvios A explicação -- os profissionais observam exodesvios porque as crianças se desinteressam pela face ou pelos objetos dos clinico e a convergência é rompida. Isto não acontece quando o teste é feito pelas mães Depois dos 4 meses quase todos os desvios tinham desaparecido Desalinhamento que persistem depois dos 4 meses devem ser vigiados pois podem dar origem a endotropia 13

DESENVOLVIMENTO I Visão binocular Endotropias Totalmente acomodativas desaparece c/ positivo Parcialmente acomodativas reduz c/ positivo Não acomodativas - não se altera com positivo! 14

DESENVOLVIMENTO I Visão das cores Não se sabe ao certo quando o olhar preferencial é despoletado por diferenças de cor Não se sabe através do olhar preferencial se as crianças são sensíveis à cor Existem alguns estudos que apontam reconhecimento de cor por volta dos 2 meses: 2 meses red-green 3 meses blue (tritan) Quase todas as crianças a partir dos 3 meses preferem o vermelho (algo que já está no domínio dos produtores de brinquedos!) 15

DESENVOLVIMENTO I Visão das cores Não se sabe ao certo quando o olhar preferencial é despoletado por diferenças de cor Não se sabe através do olhar preferencial se as crianças são sensíveis à cor Existem alguns estudos que apontam reconhecimento de cor por volta dos 2 meses: 2 meses red-green 3 meses blue (tritan) Quase todas as crianças a partir dos 3 meses preferem o vermelho (algo que já está no domínio dos produtores de brinquedos!) 16

DESENVOLVIMENTO I Visão das cores Não se sabe ao certo quando o olhar preferencial é despoletado por diferenças de cor Não se sabe através do olhar preferencial se as crianças são sensíveis à cor Existem alguns estudos que apontam reconhecimento de cor por volta dos 2 meses: 2 meses red-green 3 meses blue (tritan) Quase todas as crianças a partir dos 3 meses preferem o vermelho (algo que já está no domínio dos produtores de brinquedos!) 17

DESENVOLVIMENTO I Visão das cores Não se sabe ao certo quando o olhar preferencial é despoletado por diferenças de cor Não se sabe através do olhar preferencial se as crianças são sensíveis à cor Existem alguns estudos que apontam reconhecimento de cor por volta dos 2 meses: 2 meses red-green 3 meses blue (tritan) Quase todas as crianças a partir dos 3 meses preferem o vermelho (algo que já está no domínio dos produtores de brinquedos!) 18

DESENVOLVIMENTO I Movimentos oculares Os sacádicos são mais curtos do que os dos adultos mas existem desde cedo Os movimentos da cabeça são muito utilizados Os seguimentos são difíceis de identificar (em crianças com menos de 1 mês) Mais de 1 mês -- pode seguir a baixa velocidades (10º/s) Seguimentos a velocidades mais elevadas casal movimentos da cabeça Os testes de motilidade são muito variáveis e dependentes do alvo 19

DESENVOLVIMENTO I Movimentos oculares Os sacádicos são mais curtos do que os dos adultos mas existem desde cedo Os movimentos da cabeça são muito utilizados Os seguimentos são difíceis de identificar (em crianças com menos de 1 mês) Mais de 1 mês -- pode seguir a baixa velocidades (10º/s) Seguimentos a velocidades mais elevadas casal movimentos da cabeça Os testes de motilidade são muito variáveis e dependentes do alvo 20

DESENVOLVIMENTO I Movimentos oculares Os sacádicos são mais curtos do que os dos adultos mas existem desde cedo Os movimentos da cabeça são muito utilizados Os seguimentos são difíceis de identificar (em crianças com menos de 1 mês) Mais de 1 mês -- pode seguir a baixa velocidades (10º/s) Seguimentos a velocidades mais elevadas casal movimentos da cabeça Os testes de motilidade são muito variáveis e dependentes do alvo 21

DESENVOLVIMENTO I Movimentos oculares Os sacádicos são mais curtos do que os dos adultos mas existem desde cedo Os movimentos da cabeça são muito utilizados Os seguimentos são difíceis de identificar (em crianças com menos de 1 mês) Mais de 1 mês -- pode seguir a baixa velocidades (10º/s) Seguimentos a velocidades mais elevadas casal movimentos da cabeça Os testes de motilidade são muito variáveis e dependentes do alvo 22

DESENVOLVIMENTO I Movimentos oculares Os sacádicos são mais curtos do que os dos adultos mas existem desde cedo Os movimentos da cabeça são muito utilizados Os seguimentos são difíceis de identificar (em crianças com menos de 1 mês) Mais de 1 mês -- pode seguir a baixa velocidades (10º/s) Seguimentos a velocidades mais elevadas causam movimentos da cabeça Os testes de motilidade são muito variáveis e dependentes do alvo 23

DESENVOLVIMENTO I Movimentos oculares Os sacádicos são mais curtos do que os dos adultos mas existem desde cedo Os movimentos da cabeça são muito utilizados Os seguimentos são difíceis de identificar (em crianças com menos de 1 mês) Mais de 1 mês -- pode seguir a baixa velocidades (10º/s) Seguimentos a velocidades mais elevadas causa movimentos da cabeça Os testes de motilidade são muito variáveis e dependentes do alvo 24

DESENVOLVIMENTO I Reflexos oculares Os bebés pestanejam pouco Os pestanejos são normalmente despoletados por barulhos, luzes fortes mas não em resposta a objetos que se aproximam A cornea é pouco sensível até aos 3 meses A resposta pupilar à luz e o reflexo proximal estão presentes mas podem ser mais pequenos e lentos que nos adultos 25

DESENVOLVIMENTO I Reflexos oculares Os bebés pestanejam pouco Os pestanejos são normalmente despoletados por barulhos, luzes fortes mas não em resposta a objetos que se aproximam A córnea é pouco sensível até aos 3 meses A resposta pupilar à luz e o reflexo proximal estão presentes mas podem ser mais pequenos e lentos que nos adultos 26

DESENVOLVIMENTO I Reflexos oculares Os bebés pestanejam pouco Os pestanejos são normalmente despoletados por barulhos, luzes fortes mas não em resposta a objetos que se aproximam A córnea é pouco sensível até aos 3 meses A resposta pupilar à luz e o reflexo proximal estão presentes mas podem ser mais pequenos e lentos que nos adultos 27

DESENVOLVIMENTO I Reflexos oculares Os bebés pestanejam pouco Os pestanejos são normalmente despoletados por barulhos, luzes fortes mas não em resposta a objetos que se aproximam A córnea é pouco sensível até aos 3 meses A resposta pupilar à luz e o reflexo proximal estão presentes mas podem ser mais pequenos e lentos que nos adultos 28

DESENVOLVIMENTO I Nistagmus optocinético Binocular: está presente à nascença desde que o estimulo seja suficientemente lento para ser seguido Monocular: Sentido T>N desenvolvido antes dos 3 meses Sentido N>T desenvolvido depois dos 3 meses e ligado ao desenvolvimento da visão binocular 29

DESENVOLVIMENTO I Nistagmus optocinético Binocular: está presente à nascença desde que o estimulo seja suficientemente lento para ser seguido Monocular: Sentido T>N desenvolvido antes dos 3 meses Sentido N>T desenvolvido depois dos 3 meses e ligado ao desenvolvimento da visão binocular 30

RESUMO I Alterações do comportamento com o tempo Até às 6 semanas O bebé fixa objetos grandes e brilhantes Pestaneja em resposta a barulhos abruptos ou luzes fortes Segue objetos lentos com pequenos saltos (sacádicos) Os dois olhos estão tipicamente alinhados mas podem apresentar alguma tendência para endodesvios. 31

RESUMO I Alterações do comportamento com o tempo 2-6 meses Os movimentos oculares tornam-se mais harmoniosos apesar de os seguimentos se fazerem à custa de movimentos de cabeça O bebé começa por se concentrar nas suas mãos e nas faces dos pais Não devem existir muitos episódios de endodesvios 32

RESUMO I Alterações do comportamento com o tempo 6-12 meses O bebé consegue seguir um objeto em movimento quase sem movimentar a cabeça e procura objetos de interesse Dá atenção a pessoas e objetos colocados a distâncias para além do comprimento dos seus braços Os olhos devem estar por esta altura, perfeitamente coordenados 33

RESUMO I Alterações do comportamento com o tempo 12-18 meses O bebé consegue apontar/reconhecer objetos brinquedos e fotografias O bebé usa as duas mãos para trazer os objetos de interesse até si e diverte-se explorando os brinquedos 34

DESENVOLVIMENTO II Refração O erro refrativo à nascença encontra-se à volta das 2D de hipermetropia As pequenas hipermetropias não são comuns (declive da curva à esquerda do pico) 35

DESENVOLVIMENTO II Refração: 0-3 anos Velocidade de emetropização O período mais intenso de emetropização são os primeiros 12 meses A velocidade de emetropização é normalmente proporcional ao erro refrativo à nascença Astigmatismo 8% - 30% das crianças apresenta astigmatismo >1DC até aos 2 anos 4% - 24% entre os 3 e os 4 anos 2/3 do astigmatismo à nascença desaparece nos primeiros 21 meses Anisometropia (diferenças de cerca de 1DE) Em alguns estudos está presente em cerca de 10% nos bebés e crianças até aos 4 anos Existem períodos de transição em que a anisometropia pode ser entre 2DE - 2.5DE Anisometropias acima das 3DE são mais preocupantes e menos prováveis de desaparecer Ref. Leat (2011) 36

DESENVOLVIMENTO II Refração: 0-3 anos Velocidade de emetropização O período mais intenso de emetropização são os primeiros 12 meses A velocidade de emetropização é normalmente proporcional ao erro refrativo à nascença Astigmatismo 8% - 30% das crianças apresenta astigmatismo >1DC até aos 2 anos 4% - 24% entre os 3 e os 4 anos 2/3 do astigmatismo à nascença desaparece nos primeiros 21 meses Anisometropia (diferenças de cerca de 1DE) Em alguns estudos está presente em cerca de 10% nos bebés e crianças até aos 4 anos Existem períodos de transição em que a anisometropia pode ser entre 2DE - 2.5DE Anisometropias acima das 3DE são mais preocupantes e menos prováveis de desaparecer Ref. Leat (2011) 37

DESENVOLVIMENTO II Refração: 0-3 anos Velocidade de emetropização O período mais intenso de emetropização são os primeiros 12 meses A velocidade de emetropização é normalmente proporcional ao erro refrativo à nascença Astigmatismo 8% - 30% das crianças apresenta astigmatismo >1DC até aos 2 anos 4% - 24% entre os 3 e os 4 anos 2/3 do astigmatismo à nascença desaparece nos primeiros 21 meses Anisometropia (diferenças de cerca de 1DE) Em alguns estudos está presente em cerca de 10% nos bebés e crianças até aos 4 anos Existem períodos de transição em que a anisometropia pode ser entre 2DE - 2.5DE Anisometropias acima das 3DE são mais preocupantes e menos prováveis de desaparecer Ref. Leat (2011) 38

DESENVOLVIMENTO II Refração: 3-6 anos Velocidade de emetropização Período em que existem poucas mudanças no erro refrativo Astigmatismo Ainda existe alguma redução nestas idades Ref. Leat (2011) 39

DESENVOLVIMENTO II Variação longitudinal do erro refrativo Diferenças 1.0 D cilindro entre os dois olhos podem ser consideradas anisometropias cilíndricas com valor clínico significativo Ref. Woodhouse (2012) 40

DESENVOLVIMENTO II Variação longitudinal do erro refrativo O espectro de erros refrativos mantêm-se até ao inicio de uma dispersão por volta dos 8 anos A maior parte de nós sabe que as crianças têm o início da miopia na adolescência e que a dispersão se deve a esta tendência Ref. Woodhouse (2012) 41

DESENVOLVIMENTO II Probabilidade de emetropização O gráfico mostra a probabilidade de atingir 2DE de erro refrativo aos 18 meses em função do erro refrativo inicial Ref. Moeschberger (2009) 42

DESENVOLVIMENTO II Fatores preditivos de boa emetropização Erro refrativo esférico reduz para 50% no 1º ano de vida e cerca de 66% até aos 21 meses Aproximadamente 2/3 (66%) do astigmatismo desaparece entre os 9 e os 21 meses de idade Ref. Leat (2011) 43

DESENVOLVIMENTO II Fatores refrativos preditivos de desenvolvimento de ambliopia Das crianças com anisometropia acima das 3DE ao fim dos primeiros 12 meses 30% aumenta a anisometropia até aos 5 anos 60% desenvolve algum grau de ambliopia 90% mantem um grau de anisometropia acima das 1DE aos 5 anos Ref. Leat (2011) 44

DESENVOLVIMENTO II Populações especiais Nos casos de sindroma de Down sabe-se menos do que nos casos de paralesia cerebral sobre a variação longitudinal do erros refrativo A paralesis cerebral é um evento adverso perto do nascimento e estima-se que à nascença o erro refrativo seja igual as crianças sem deficiência O processo de emetropização, no formato normal, falha nas populações especiais 45

DESENVOLVIMENTO II Estrabismo e erro refrativo Existe uma associação forte entre o estrabismo e a hipermetropia. Alguns estudos mostraram que prescrever óculos por prevenção (6-9meses)não produz melhores resultados do que não prescrever Os dois fatores de risco mais significativos para o estrabismo são: Historia familiar Falha no processo de emetropização Conclusão importante destes estudos: deve-se vigiar o estado refrativo ao longo do processo de emetropização 46

DESENVOLVIMENTO II Acomodação As crianças (1-10 anos) conseguem acomodar para 25 50 cm, e têm uma precisão de 0.50D p/ distâncias de 10-25 cm Bebés tendem a acomodar para distâncias mais curtas (cerca de 20 cm que corresponde à distância mãe-bebé) 47

DESENVOLVIMENTO II Acomodação Crianças com deficiências podem ter dificuldades de acomodação, alguns estudos apontam para uma hipocorrecção em 76% dos casos de sindroma de down e em 58% dos casos de paralesia cerebral 48

RESUMO II A maior parte das funções visuais está desenvolvida aos 12 meses de idade Entre 12 24 meses ainda se esperam algumas alterações ao nível da acuidade e do erro refrativo É importante notar que a idade média de inicio do estrabismo é de 3 anos e a idade média de diagnóstico são os 4 anos 49

RESUMO II Idade do primeiro exame O processo de emetropização deve estar a ficar completo por volta dos 2 anos e o 1º exame seria entre os 18-24 meses Dos 18-24 meses as crianças não param muito devido à descoberta do andar O primeiro exame de ser logo a seguir aos 12 meses A criança está parada para ser examinada Optometrista/Paciente travam conhecimento Os exames subsequentes ficam com um ponto de partida 50

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Acuidade visual ao longe Olhar preferencial Figuras de Kay Symbolos de Lea Cartas letras de acuidade 51

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Acuidade visual ao longe Keeler -- Olhar preferencial (até 1 ano) 52

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AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Acuidade visual ao longe: olhar preferencial Cardiff test -- 1 ano ou mais antes de nomear ou apontar http://www.cardiffacuity.co.uk/ 58

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Acuidade visual ao longe: olhar preferencial Cardiff test -- para trabalhar 1m ou 50cm http://www.cardiffacuity.co.uk/ 59

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Acuidade visual ao longe Figuras de Kay depois dos 18m http://www.kaypictures.co.uk/research.html 60

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Acuidade visual ao longe Figuras de Kay depois dos 18m http://www.kaypictures.co.uk/research.html 61

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Acuidade visual ao longe Símbolos de Lea -- depois do 18m www.lea-test.fi 62

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Acuidade visual ao perto Teste de Cardiff Aconselhado depois do 36m mas funciona para crianças mais novas 63

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Acuidade visual Crianças com capacidade para ler quando não queremos que se percam a ler o quadro todo (Keeler Acuity Cards) 64

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Dicas para medir a acuidade visual Anotar o teste utilizado e o tipo (apontar/enumerar/olhar preferencial) Anotar a distância à qual foi realizado o teste uma vez que nos casos de baixa visão e/ou nistagmus a AV pode se muito variável com a distância Anotar qual foi o primeiro olho a ser medido na AV monocular Anote as suas observações sobre o grau de confiança com que foram obtidas as medidas Inicie em alvos fáceis de ver para alvos difíceis, nas crianças que desistem facilmente, introduza alvos fáceis no meio dos difíceis 65

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Dicas para medir a acuidade visual Anotar o teste utilizado e o tipo (apontar/enumerar/olhar preferencial) Anotar a distância à qual foi realizado o teste uma vez que nos casos de baixa visão e/ou nistagmus a AV pode se muito variável com a distância Anotar qual foi o primeiro olho a ser medido na AV monocular Anote as suas observações sobre o grau de confiança com que foram obtidas as medidas 66

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Dicas para medir a acuidade visual Anotar o teste utilizado e o tipo (apontar/enumerar/olhar preferencial) Anotar a distância à qual foi realizado o teste uma vez que nos casos de baixa visão e/ou nistagmus a AV pode se muito variável com a distância Anotar qual foi o primeiro olho a ser medido na AV monocular Anote as suas observações sobre o grau de confiança com que foram obtidas as medidas 67

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Dicas para medir a acuidade visual (cont.) Inicie em alvos fáceis de ver para alvos difíceis, nas crianças que desistem facilmente, introduza alvos fáceis no meio dos difíceis Nunca termine a sua medição de acuidade com um alvo que a criança não consegue distinguir 68

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Refração Retinoscopia estática Retinoscopia Mohindra (tipicamente adiciona-se -1.25 ao valor final) Explique os testes mas não demore demasiado a executá-los porque isso prolonga a ansiedade da criança As vezes resulta dar um espelho à criança para ela se observar com óculos de prova colocados de forma a ela não os tirar 69

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Acomodação Retinoscopia dinâmica (Nott modificada ilustrada na figura) 70

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Visão binocular Reflexos de Hirschberg Teste de fusão com prismas Frisby stereo test (Não necessita de óculos) 71

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Visão das cores 72

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Movimentos oculares Escolha um objeto suficientemente interessante Objetos com alterações de cor e movimento ajudam Quando a criança perde o interesse no alvo pode encontrar desvios inexistente não se precipite! 73

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO VISUAL Saude ocular Esteja atento a observações dos pais Observe a criança o mais possivel a olho nú Tudo que envolve luz tem de ser rápido 74

RESUMO III A avaliação da visão em crianças é um desafio Prepare o seu consultório e sala de espera para as receber Escolha os testes que quer usar Se possível crie a sua própria base de dados Não desespere! 75