PRINCIPAIS ESPÉCIES MEDICINAIS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE ENFERMIDADES, PELOS MORADORES DA AGROVILA PARAÍSO DO RIO PRETO, MUNICÍPIO DE VILA RICA MT

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Transcrição:

PRINCIPAIS ESPÉCIES MEDICINAIS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE ENFERMIDADES, PELOS MORADORES DA AGROVILA PARAÍSO DO RIO PRETO, MUNICÍPIO DE VILA RICA MT Noelle Dalmagro da Silva (1) ; Waldenyr Rodrigues dos Santos (2) ; André Alves Barbosa (3) ; Polyana Rafaela Ramos (4) ; Edivaldo Soares Silva (5) (1) Estudante de Licenciatura em Ciências da Natureza com Habilitação em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso IFMT Campus Confresa; noelle.dalmagro@gmail.com; (2) Estudante de Graduação Bacharelado em Agronomia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso IFMT Campus Confresa; waldenyr.rodrigues@gmail.com; (3) Estudante de Graduação Bacharelado em Agronomia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso IFMT Campus Confresa; andre.barbosa.ifmt@hotmail.com; (4) Docente; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso IFMT Campus Confresa; polyana.ramos@cfs.ifmt.edu.br; (5) Biólogo; Prefeitura Municipal de Confresa; agrobio.confresa@gmail.com; Eixo temático: Saúde, Segurança e Meio Ambiente. RESUMO A Agrovila Paraiso do Rio localiza-se a uma distância de 120 km de sua cidade sede Vila Rica, no nordeste do Estado de Mato Grosso e localizada a 1.247 km da capital Cuiabá. Devido a comunidade não possuir unidades de saúde, nem farmácias, os moradores acabam recorrendo ao uso das plantas medicinais, o que segundo eles também é um método mais confiável. Desta forma, o presente trabalho objetivou obter informações sobre as principais espécies medicinais utilizadas no tratamento de enfermidades pelos moradores da agrovila Paraíso do Rio Preto Município de Vila Rica-MT, no qual foi utilizada metodologia qualitativa, a partir da técnica de entrevista ao qual foi elaborado um questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas, abrangendo todas as residências. Foram entrevistadas 25 famílias, (uma ou duas pessoas em cada residência) durante os meses de janeiro e fevereiro de 2015, com idades entre 21 e 77 anos. Das 85 plantas citadas, 4% relatam que utilizam o algodão (Gossypium hirsutum L.) no tratamento principalmente de infecções. Também merece destaque a utilização da babosa (Aloe Vera(L) Burn. F), com 3,35% das citações, como cicatrizante. Os moradores também relataram que para enfermidades mais comuns como gripe, dores de estômago e em geral, os remédios naturais são sempre preteridos àqueles adquiridos em farmácias, que na localidade sequer são encontrados nas moradias. Palavras-chave: Espécies medicinais. Região Araguaia. Etnoconhecimento.

ABSTRACT Agrovila Paraiso Rio is located at a distance of 120 km from its headquarters city Vila Rica, in the northeast of the State of Mato Grosso and located 1247 km from Cuiaba capital. Because the community has no health facilities or pharmacies, residents end up resorting to the use of medicinal plants, which they say is also a more reliable method. Thus, this study aimed to obtain information on the main medicinal plants used in the treatment of diseases by residents of agrovila Paradise Rio Preto Municipality Rica-MT Village, which was used qualitative methodology from the interview technique which was prepared a semi-structured questionnaire with open and closed questions, covering all households. They interviewed 25 families (one or two people in each household) during the months of January and February 2015, aged 21 and 77 years. Of the 85 plants mentioned, 4% reported using cotton (Gossypium hirsutum L.) particularly in the treatment of infections. Also highlighted the use of aloe vera (Aloe Vera (L) Burn. F), with 3.35% of citations, as healing. Residents also reported that for more common diseases like flu, stomach pains and generally the "natural remedies" are always passed over those purchased at pharmacies, which in the locality are even found in homes. Keywords: Medicinal species. Araguaia region. Ethnoknowledge. Introdução A Agrovila Paraíso do Rio Preto localiza-se a uma distância de 120 km de sua cidade sede, Vila Rica, no nordeste do Estado de Mato Grosso, localizada a 1.247 km da capital Cuiabá. Devido à comunidade não possuir posto de saúde e nem farmácias, os moradores acabam recorrendo ao uso das plantas medicinais, devido à confiança que os mesmos possuem no poder curativo dessas plantas. Conforme Simões et al. (1998), atualmente muitos fatores tem contribuído para o aumento da utilização de plantas medicinais, entre eles, o alto custo dos medicamentos industrializados, e o difícil acesso da população à assistência médica, bem como a tendência, nos dias atuais, ao uso de produtos de origem natural. Segundo Medeiros et al. (2004), os meios modernos de comunicação causam a perda da transmissão oral do conhecimento sobre o uso de plantas, o que reforça a importância de trabalhos que resgatem o conhecimento etnofarmacológico da população mais idosa. As utilizações das plantas medicinais podem ser responsáveis pelo tratamento de muitas doenças primárias, com bons resultados econômicos e de melhoria da saúde da população de baixa renda (BRASILEIRO, et al., 2008).

Desta forma o presente trabalho teve como objetivo, obter informações sobre as principais espécies medicinais utilizadas no tratamento de enfermidades pelos moradores da agrovila Paraíso do Rio Preto município de Vila Rica-MT. Material e Métodos A pesquisa que faz parte do levantamento etnobotânico das principais plantas medicinais utilizadas no médio norte Araguaia, do grupo de estudos em Horticultura e Agroecologia, foi desenvolvida na Agrovila Paraiso do Rio Preto, localizada a uma distância de sua cidade sede Vila Rica MT em torno de 120 quilômetros, sendo os municípios mais próximos Santa Cruz do Xingu (70 km) e Confresa (100 km), realizada nos meses de janeiro e fevereiro de 2015, abrangendo todas as residências sendo entrevistadas 25 famílias (uma ou duas pessoas por residência), com idades entre 21 a 77 anos. Foi utilizada metodologia qualitativa, a partir da técnica de entrevista ao qual foi elaborado um questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas, sobre as principais espécies medicinais utilizadas no tratamento de enfermidades, formas de cultivos, preparos e parte utilizada, pelos moradores da agrovila. Resultados e Discussão Foram entrevistadas 25 famílias, (uma ou duas pessoas em cada residência) com idades entre 21 e 77 anos, sendo que 80% dos entrevistados eram do sexo feminino e o restante (20%), do sexo masculino. Observando que a mulher ainda tem o posto de cuidadoras do lar e geralmente são elas que dominam esse conhecimento. Com relação à origem dos entrevistados, 72% são oriundos de outros Estados, principalmente de Goiás e Tocantins, demonstrando a grande diversidade de cultura e conhecimentos de medicamentos naturais e apenas 28% são nascidos em Mato Grosso. Esses dados revelam que o saber popular é construído a partir da troca de conhecimento, observando que a maioria vem de outros estados, onde trouxeram consigo culturas e espécies medicinais de suas regiões, socializando entre os vizinhos. Essa grande diversidade de conhecimentos e saberes pode ser vista na tabela 01, onde mostra as principais plantas utilizadas e citadas pelos moradores para o tratamento de enfermidades. Tabela 01: Principais plantas utilizadas para tratamentos das principais enfermidades pelos moradores da agrovila Paraíso do Rio Preto, município de Vila Rica MT. Vila Rica, 2015. Plantas Nome científico Frequência Enfermidade de citação (%) Algodão Gossypium hirsutum L 4% Infecção

Picão Bidens Pilosa 4% Hepatite, malária e amarelão Babosa Aloe Vera (L) Burn. F 3,35% Dor no estômago e como cicatrizante Hortelã Mentha sp 3,35% Cólica de recém-nascido Laranja Citrus sinensis L. Osbeck 3,35% Gripe e infecção de garganta Erva cidreira Melissa Officinalis 2,68% Febre Gengibre Zingiber Officinale 2,67% Gripe e dor no corpo Boldo Plecteanthus barbatus And 2,67% Dor no estômago Boldo chinês Plectranthus Ornatus 2,67% Congestão Carrapicho Acanthospermum hispidum 2% Tosse, rins e gripe Lima Citrus Aurantiifolia 2% Dor de cabeça Mamão Carica papaya 2% Lombrigas, vermes e intoxicação alimentar Quebra pedra Phyllanthus niruri L. 2% Rins Arruda Ruta Graveolens 2% Dor no estômago e dor de cabeça O algodão (Gossypium hirsutum L) aparece como os mais utilizados pelos moradores para o tratamento de infecções em geral (10,89%). Resultados semelhantes foram encontrados por Santos et al. (2014) e Brasileiro et al. (2008), onde relatam que trata-se de uma planta amplamente conhecida e utilizada, uma vez que, em sua pesquisa o mesmo foi citado 636 vezes entre 232 plantas. A segunda mais utilizada foi o picão (Bidens Pilosa), para a cura de hepatite (2,72%), malária (2,04%) e amarelão ou icterícia (0,68%). Foi citado na pesquisa do Brasileiro et al. (2008), 169 vezes. Esta é uma planta comumente encontrada em quintais e lavouras como daninhas, e amplamente utilizada na região, chegando a ser procurada com afinco por parentes de recém-nascidos. A babosa (Aloe Vera (L) Burn. F), também aparece para tratamentos de dor no estômago (0,68%) e como cicatrizante (0,68). Esta planta é interessante porque tem sua origem segundo Lameira e Pinto (2008) nas regiões quentes da Europa e América do Sul, e espalhou-se com tal facilidade que é comum ser encontrada em diversos Estados, e na agrovila Paraíso do Rio Preto, é possível verificar seu cultivo na maioria das residências. Algumas plantas são comuns e muito utilizadas como a hortelã (Mentha sp) utilizada para cólica de recém-nascido (4,08%); laranja (Citrus sinensis L. Osbeck), para gripe (13,62%) e infecção de garganta (1,36%); e a erva cidreira (Melissa Officinalis), principalmente para febre (6,12%). Por serem muito populares, resultados semelhantes foram encontrados por Brasileiro et al. (2008), e também estão na

listagem das espécies que podem ser encontradas em praticamente todas as residências. Quando há presença de enfermidades, que exigem um pouco mais atenção, os moradores afirmam que continuam recorrendo ao uso de plantas medicinais para o tratamento das mesmas, e que geralmente costumam conseguirem os efeitos desejados, que é a cura. Sendo que dentre os males que já apresentaram resultados positivos quando tratados com os que eles chamam também de remédios caseiros (13,62%) a gripe, (10,89%) a infecção, (8,17%) problemas relacionados à os rins, (6,12%) a febre, (4,76%) a dor de cabeça, (4,76%) dor de estômago, (4,08%) para cólica de bebe, (2,76%) a hepatite, (2,72%) problemas hepáticos, (2,72%) a tosse, (2,04%) já utilizaram para problemas de bexiga, (2,04%) como calmante e (2,04%) a malária, como demonstra a Figura 02. Figura 01: Principais Enfermidades citadas pelos moradores da agrovila Paraíso do Rio Preto, município de Vila Rica MT. Vila Rica, 2015. Sendo observado que o uso das plantas medicinais nessa comunidade é de grande importância, devido não possuir agentes e postos de saúde, nem farmácias, sendo que nos casos mais graves, quando não há outra alternativa, os moradores recorrem ao município sede Vila Rica-MT que fica uma distância de 120 km, ou umas das cidades mais próximas, Santa Cruz do Xingu a 70 km e Confresa a 110 km.

Conclusões Devido à falta de profissionais na área da saúde na agrovila, os moradores recorrem às plantas medicinais que é um recurso de baixo custo e na comunidade é de grande importância, devido ser muito utilizado pelas pessoas mais velhas, pois são eles que levam a maioria dos conhecimentos e que cultivam essas espécies medicinais, sendo esse o principal meio de tratarem as enfermidades. Para cada sintoma e doença apresentada pela população, são utilizadas espécie medicinais especificas, em preparados de uma ou mais plantas. É interessante perceber que mesmo para dores de cabeça e estômago (mais comuns) é dado preferência aos tratamentos naturais, evitando ao máximo a utilização de medicamentos alopáticos, pois segundo os moradores, estes últimos costumam apresentar efeitos colaterais, muitas vezes, piores do que a própria dor. Referências BRASILEIRO, B.G.; PIZZIOLO, V.R.; MATOS, D.S; GERMANO, A.M; JAMAL, C.M. Plantas medicinais utilizadas pela população atendida no Programa de Saúde da Família, Governador Valadares, MG, Brasil, Governador Valadares, v.44, n.4, p.629-636, 2008. LAMEIRA, O.A.; PINTO, J.E.B.P. Plantas Medicinais: do cultivo, manipulação e uso à recomendação popular. Belém. Embrapa Amazônia Oriental, 2008. 264p. MEDEIROS, M.F.T.; FONSECA, V.S.; ANDREATA, R.H.P. Plantas medicinais e seus usos pelos sitiantes da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil. Acta Botânica Brasílica, Mangaratiba, v.18, n.02, p.391-399, 2003. SANTOS, W. R.; BARBOSA, A. A.; RAMOS, P. R.; FERREIRA, A. F. S.; SILVA, N. R. B.; SILVA, W. M. Saberes populares sobre as plantas medicinais no bairro jardim planalto em Confresa-MT. In: II SEMINÁRIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE E AGROECOSSISTEMA AMAZÔNICOS, 2014, Alta Floresta. Anais... Mato Grosso: Cáceres 2014. (CD-ROM) SIMÕES, C. M. O.; MENTZ, L. A.; SCHENKEL, E. P.; NICOLAU, M.; BETTEGA, J. R. Plantas da medicina popular do rio grande do sul. 5ª ed. Porto Alegre. Editora da UFRGS, 1998. 150p.