ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA RELAÇÃO ENTRE LIMPEZA PÚBLICA E A OCORRÊNCIA DO AEDES AEGYPTI



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Transcrição:

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA RELAÇÃO ENTRE LIMPEZA PÚBLICA E A OCORRÊNCIA DO AEDES AEGYPTI Jamaci Avelino do Nascimento Júnior (1) Engenheiro Sanitarista pela UFPa (1996), mestrando em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos no ENC/UnB (1997). Ricardo Silveira Bernardes Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Brasília - UnB. Engenheiro Civil pela FEL - UNICAMP (1977), mestre em Hidráulica e Saneamento pela EESC - USP (1986), doutor em Ciências Agrárias e Ambientais pela Wageningen Agricultural University, Holanda (1996). Endereço (1) : UnB Colina - bloco K - apto. 301 - Brasília - DF - CEP: 70910-900 - Brasil - Tel: (061) 273-0640 - e-mail: jamaci@unb.br RESUMO Os problemas com a disposição de resíduos sólidos podem ser traçados desde o tempo em que os primeiros homens começaram a reunir-se em tribos, vilas e comunidades, onde a acumulação de resíduos tornou-se uma conseqüência nociva à vida (Tchobanoglous et al., 1993). Atualmente, o lixo continua sendo um grave problema de saneamento que aflige a população brasileira. O crescimento populacional, bem como o aumento do grau de urbanização, não foi acompanhado por medidas necessárias para dar ao lixo, gerado por essa população, um destino adequado. O lixo serve de alimento, abrigo e meio de reprodução para vetores, mecânicos, biológicos e/ou agente de doenças, ou ainda, para animais que sejam hospedeiros de vetores, e isto poderia ser a causa efetiva de doenças desintéricas e doenças endêmicas ou epidêmicas. O objetivo principal do trabalho é avaliar a relação entre os resíduos sólidos com a ocorrência do Aedes aegypti. Vários são os prováveis criadouros para o Aedes aegypti (vetor transmissor do dengue), sendo que existem indicações seguras de criadouros ligados aos resíduos sólidos, tanto nos lixões, como nas atividades ligadas à reciclagem. A metodologia proposta consiste no desenvolvimento de um estudo epidemiológico descritivo não experimental ecológico com a finalidade de pôr em evidência as diversas características da ocorrência do Aedes aegypti nas localidades de Brasília. Os métodos básicos de estudo dessas características permitirão pôr em relevo a correlação que possa existir entre o vetor do Dengue e sua distribuição no tempo e no espaço associada a condições de limpeza pública. PALAVRAS-CHAVE: Epidemiologia, Resíduos Sólidos, Aedes aegypti, Dengue. 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 3948

INTRODUÇÃO O Dengue é doença de baixa letalidade, sem tratamento específico, muito embora ocorra ocorre também em forma epidêmica incapacitando as pessoas para o trabalho. Essa doença é produzida por quatro cepas de vírus: DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4. Quando ocorre a associação de um ou mais vírus em um mesmo indivíduo, o Dengue se manifesta como Dengue Hemorrágico (DH) caracterizada por uma diátese hemorrágica e uma tendência de evolução para a síndrome de choque (Síndrome de Choque do Dengue - SCD) que pode ser fatal (OPAS/OMS, 1997). O Dengue tem sido uma preocupação para a saúde pública no Brasil desde as primeiras referências à epidemia do século XIX até as grandes surtos do último decênio (Dégallier, 1996). O Aedes Aegypti é o mais eficiente vetor transmissor da dengue devido seus hábitos domésticos. A transmissão do Dengue se dá através da picada da fêmea da espécie em um indivíduo contaminado, passando a ser um transmissor da doença a outros indivíduos. Os surtos do Dengue também tem sido atribuídos ao Aedes albopictus, ao Aedes polynesiences a várias espécies do complexo Aedes soutellaris (Dégallier, 1996). Para este trabalho considera-se apenas os vetores Aedes aegypti e o Aedes albopictus. A medida mais segura contra a presença do Dengue numa localidade é a inexistência do Aedes aegypti e este é combatido em sua fase de larva (FNS, 1997). Vários são os prováveis criadouros para o mosquito, sendo que existem indicações seguras de criadouros ligados aos resíduos sólidos, tanto nos lixões, como nas atividades ligadas à reciclagem. O objetivo principal do trabalho é avaliar a relação entre os resíduos sólidos com a ocorrência do Aedes aegypti. Para atingir esse objetivo, pretende-se utilizar dados já existentes de campanhas de combate ao vetor, na intenção de traçar um modelo epidemiológico que esclareça a relação entre a proliferação do Aedes Aegypti com os resíduos sólidos; e, em especial, o mercado informal de reciclagem, tentando identificar quais os resíduos que possuem maior potencialidade para servir de criadouro. REVISÃO DA LITERATURA EPIDEMIOLOGIA A diferença entre saúde pública e epidemiologia é que saúde publica é o conjunto de ações que visam promover o bem estar físico, social e mental de uma população, enquanto, epidemiologia é uma ferramenta, da saúde pública, que visa esclarecer as relações entre causa e doença ou causa e efeito, partindo do princípio de que as doenças não ocorrem por acaso. O conceito original de epidemiologia se restringia ao estudo de epidemias de doenças transmissíveis, pelo que afirmam tratar-se de ciência ou doutrina médica de epidemias. 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 3949

Recentemente, o conceito evoluiu de modo a abranger praticamente todos os eventos relacionados com a saúde das populações (Pereira, 1995). Concluindo genericamente, os objetivos da epidemiologia são: a descrição da história natural das doenças e dos agravos à saúde e a descoberta das causas e dos meios adequados para afastá-las da população (Forattini, 1980). A epidemiologia parte do princípio de que as alterações não ocorrem ao acaso. A partir desse dado, Pereira (1995) ressalta a aplicação dos seguintes pressupostos: a distribuição desigual dos agravos à saúde é produto da ação de fatores que se distribuem desigualmente na população; a elucidação desses fatores, responsáveis pela distribuição das doenças, é uma das preocupações constantes da epidemiologia; o conhecimento dos fatores determinantes das doenças permite a aplicação de medidas, preventivas e curativas, direcionadas a alvos específicos - cientificamente identificados - o que resulta num aumento de eficácia das intervenções. O tipo de estudo epidemiológico utilizado neste trabalho será um estudo descritivo não experimental ecológico. Estudos descritivos A fase descritiva está envolvida com a coleta e descrição dos dados ou informações relativos à natureza dos eventos epidemiológicos e/ou características de ocorrência de doenças em populações, daí porque é também conhecida como epidemiologia descritiva (Côrtes, 1993). As investigações epidemiológicas, de cunho descritivo, têm o objetivo de informar sobre a distribuição de um evento na população, em termos quantitativos. Elas podem ser de incidência ou prevalência. Nelas, não há formação de grupos-controle para a comparação de resultados, ao menos na forma como é feita nos estudos analíticos - daí serem considerados estudos não-controlados (Pereira, 1995). Estudos não experimentais Como indica sua própria denominação, o pesquisador apenas observa as pessoas ou os grupos e compara as suas características. O investigador não cria a situação, como no estudo experimental, somente colhe e organiza dados para que possa investigá-la. Estudos ecológicos Nesse tipo de investigação, a unidade de observação é um conjunto de indivíduos. O termo estudo ecológico tem origem na utilização de áreas geográficas como unidades de análise e, por extensão, generalizou-se para outras situações em que a unidade é formada por um grupo. 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 3950

DENGUE É doença febril aguda caracterizada, em sua forma clássica, por dores musculares e articulares, por isso, é vulgarmente conhecida como febre quebra-ossos (Carrera, 1991). Tem como agente um arbovírus do gênero Flavivírus da família Flaviviridae, existindo quatro sorotipos: DEN 1, DEN 2, DEN 3 e DEN 4. A infecção por um deles confere proteção permanente para o mesmo sorotipo e imunidade parcial e temporária contra os outros três. Trata-se, caracteristicamente, de enfermidade de áreas tropicais e subtropicais, onde as condições do ambiente favorecem o desenvolvimento dos vetores (FNS, 1997). A transmissão se faz quando a fêmea da espécie vetora pica um indivíduo infectado, durante a fase virêmica da doença. Após um período de 10 a 14 dias, torna-se a fêmea capaz de transmitir o vírus por toda a sua vida (OPAS/OMS, 1997). O Aedes aegypti, segundo Forattini (1965), é considerado como o clássico transmissor do Dengue, sendo, inclusive, considerado o mais eficiente dos mosquitos vetores devido aos seus hábitos domésticos. Aedes Aegypti Ao lado da ação veiculadora do Dengue, a importância sanitária do Aedes aegypti prende-se às conseqüências decorrentes de sua simples presença. Em certas regiões e em épocas propícias, pode atingir alta densidade a qual, aliada à avidez por sangue humano, podem transformar esta espécie em sério inconveniente para o bem estar do homem e dos animais domésticos. Esse vetor torna-se o indicador de saúde mais indicado para a investigação epidemiológica objeto deste trabalho. O Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) e também o Aedes Albopictus (Skuse, 1894), pertencem ao RAMO Arthropoda (pés articulados), CLASSE hexapoda (três pares de patas), ORDEM Diptera com um par de asas anterior funcional e um par posterior transformado em halteres, FAMÏLIA Culicidae e GÊNERO Aedes. Os mosquitos se desenvolvem através da metamorfose completa, e o ciclo de vida do Aedes aegypti compreende quatro fases: ovo, larva (4 estágios larvários), pupa e adulto. Os ovos do Aedes aegypti medem, aproximadamente, 1mm de comprimento e tem contorno alongado e fusiforme. No momento da postura os ovos são brancos, mas rapidamente adquirem a cor negra brilhante (Forattini, 1965). As observações de laboratórios indicam que as posturas de Aedes aegypti podem ser feitas diretamente na água ou nas paredes do criadouro, pouco acima da superfície líquida. Obtem-se as primeiras quando o material de que é feito o recipiente é liso (lata, vidro etc.), de tal forma, que não propicie a fixação dos ovos. Obtem-se as segundas, quando tais condições são inversas (vasos de barro). Diante disso, supõe-se que na natureza, tais fenômenos se reproduzam (Silva et al., 1993). Quanto às propriedades da água, tem-se como estabelecido que exista preferência pelos meios pouco poluídos, pobre em sais e matéria orgânica. Contudo, desde que as condições gerais sejam viáveis, é duvidoso que exista acentuada seletividade em relação a este fator, exceção feita para forte salinidade ou outro elemento marcadamente desfavorável (Christophers,1960). 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 3951

Após período de incubação, variável, ao redor de quatro dias, em níveis ótimos de temperatura, a eclosão poderá dar-se a qualquer momento ou ser protelada por tempo prolongado, desde que sobrevenham condições desfavoráveis do meio. Esse fato, de grande interesse prático, explica a possibilidade que este mosquito teve e tem de disseminar-se por amplas áreas geográficas. Compreende-se assim o transporte de ovos resistentes em recipientes secos, através de distâncias consideráveis. Neste culicídeo, a fase de ovo é, segundo Forattini (1965), a etapa de maior resistência de seu ciclo biológico e, nas regiões onde as estações anuais são bem marcadas, é tida como o meio de que a espécie dispõe para suportar os rigores do inverno. A fase larvária é o período de alimentação. O alimento larval é constituído principalmente de detritos orgânicos, principalmente, bactérias e levedos. As larvas possuem quatro estágios evolutivos. A duração da fase larval é variável com a temperatura, disponibilidade de alimento e densidade das larvas no criadouro. Em condições favoráveis o período de eclosão e a pupação, pode-se considerar como sendo de 6 a 8 dias, tendo Shannon e Putnan (1934) apud Dégallier et al. (1996), observado 7 dias sob temperaturas variáveis entre 23 o C a 26 o C. Contudo, em baixa temperatura e escassez de alimento, o 4 o estágio larvário pode prolongar-se por várias semanas antes de sua transformação em pupa (FNS, 1997). A larva do Aedes aegypti é composta de cabeça, tórax e abdômen. O abdômen é dividido em 8 segmentos. O segmento posterior e anal do abdômen tem quatro brânquias lobuladas para regulação osmótica e sifão ou tubo de ar, para a respiração na superfície da água. O sifão é curto, grosso e mais escuro que o corpo. Para respirar a larva vem à superfície, onde fica em posição quase vertical. Movimenta-se em forma de S em seu deslocamento. É sensível a movimentos bruscos na água e, sob feixe de luz, desloca-se com rapidez, buscando refúgio no fundo do recipiente (fotofobia) (Nelson, 1986). Tendo em vista a maior vulnerabilidade nesta fase, as ações do Programa Nacional de Erradicação do Aedes aegypti (PEAa) devem, preferencialmente, atuar na fase larvária (FNS, 1997). É na fase de pupa que ocorre metamorfose do estágio larval para o estágio adulto. As pupas não se alimentam. Quando inativas, se mantêm na superfície d água, flutuando, o que facilita a eclosão do inseto adulto. O estado pupal dura, geralmente, de 2 a 3 dias (FNS, 1997). A pupa é dividida em cefalotórax e abdômen. A cabeça e o tórax são unidos, constituindo a porção chamada cefalotórax, o que dá à pupa, vista de lado, a aparência de uma vírgula. A pupa tem um par de tubos respiratórios ou trompetas, que atravessam a água e permitem a respiração (Silva et al., 1993). O Aedes aegypti adulto é escuro, com faixas brancas nas bases dos segmentos tarsais e um desenho em forma de lira no mesonoto. Nos espécimes mais velhos, o desenho da lira pode desaparecer, mais dois tufos de escamas branco-prateadas no clípio, escamas claras nos tarsos e palpos permitem a identificação da espécie. O macho se distingue essencialmente da fêmea por possuir antenas plumosas e palpos mais longos (Nelson, 1986). 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 3952

Logo após emergir do estágio pupal, o inseto adulto procura pousar sobre as paredes do recipiente, assim permanecendo durante várias horas, o que permite o endurecimento do exoesqueleto, das asas e, no caso dos machos, a rotação da genitália em 180 o (Dégallier et al., 1996). Dentro de 24 horas, após emergirem, podem acasalar, o que vale para ambos os sexos. O acasalamento, geralmente, se dá durante o vôo mas, ocasionalmente, pode se dar sobre uma superfície, vertical ou horizontal. Uma única inseminação é suficiente para fecundar todos os ovos que a fêmea venha a produzir daí por diante (Dégallier et al., 1996). O adulto do Aedes aegypti representa a fase reprodutora do inseto. Como ocorre com grande parte dos insetos alados, o adulto representa importante fase de dispersão. Entretanto, com este culicíneo, é provável que haja mais transporte passivo de ovos e larvas em recipientes (dispersão passiva) do que dispersão ativa pelo inseto adulto (FNS, 1997). Apesar de o Aedes aegypti possuir apreciável poder de vôo, é considerado como mosquito com pequena tendência para as viagens de longo alcance. Pelo contrário, é lhe atribuída acentuada preferência para restringir-se ás áreas onde encontra ambiente necessário ás suas atividades, levando a efeito, normalmente, vôos curtos e procurando, com freqüência, abrigos para pouso (Forattini, 1965). Algumas experiências foram realizados para se certificar da capacidade de vôo do Aedes aegypti como pode ser demonstrado na tabela 1. Tabela 1: Alcance de vôo do Aedes aegypti. Distância máxima observada (em metros) Região Autor (es) Cerca de 1000 (sobre água) Brasil (Bahia) Shannon e Davis (1930) Mais de 100 (sobre água) Kênia Wiseman et al. (1939) 1165 Nigéria Bugher e Taylor (1949) 2500 (em deserto) Israel Wolfinsohn e Galun (1953) 805 Kênia Teesdale (1955) 3000 (em busca de local adequado para a oviposição) Brasil FNS (1996) Fonte: Modificado Forattini, 1965. As fêmeas desta espécie são hematófagas, enquanto, os machos alimentam-se de carboidratos extraídos dos vegetais. As fêmeas ingerem sangue de quase todos os animais vertebrados, mas tem predileção pelo homem. O repasto sangüíneo das fêmeas fornece proteínas para o desenvolvimento dos ovos. Ocorre quase sempre durante o dia, mais precisamente nas primeiras horas da manhã e ao anoitecer. Em geral a fêmea faz uma postura após cada repasto sangüíneo. O intervalo entre alimentação e a postura é, em regra, de três dias, em condições de temperatura satisfatórias (OPAS/OMS, 1997). Com freqüência, a fêmea se alimenta mais de uma vez, entre duas sucessivas posturas, em especial quando pertubada antes de totalmente ingurgitada (cheia de sangue). Este fato resulta na variação de hospedeiros, com disseminação do vírus a vários deles (FNS, 1997). 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 3953

A oviposição se dá mais freqüentemente no fim da tarde. A fêmea grávida é atraída por recipientes escuros ou sombreados com superfície áspera, nos quais deposita os ovos. Quando não estão em acasalamento, procurando fontes de alimentação ou em dispersão, os mosquitos buscam locais escuros e quietos para repousar. Nas habitações, é encontrado em repouso nos quartos de dormir, nos banheiros e na cozinha, e só ocasionalmente no peridomicílio. As superfícies preferidas para o repouso são as paredes, mobília, peças de roupas penduradas e mosquiteiros (FNS, 1997). O Aedes aegypti, quando infectado pelos vírus do Dengue ou Febre Amarela, pode haver transmissão transovariana destes, de maneira que, em variável percentual, as fêmeas filhas de uma espécime portador nascem já infectadas. Os adultos do Aedes aegypti podem permanecer vivos em laboratório durante meses, mas, na natureza, vivem em média 30 a 35 dias. Com uma mortalidade diária de 10%, a metade dos mosquitos morre durante a primeira semana de vida e 95% durante o primeiro mês (Nelson, 1986). DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA A metodologia proposta consiste no desenvolvimento de um estudo epidemiológico descritivo com a finalidade de por em evidência as diversas características da ocorrência do Aedes aegypti nas localidades de Brasília. Os métodos básicos de estudo dessas características permitirão por em relevo a correlação que possa existir entre o vetor do Dengue e sua distribuição no tempo e no espaço associado a condições de limpeza pública. COLETA DE DADOS Todos os dados obtidos serão correspondentes ao período de dezembro de 1997 à novembro de 1998, no Distrito Federal. A pesquisa necessita de dois grupos distintos de dados que seriam: o primeiro em função do indicador de saúde, no caso dessa pesquisa, seria presença do Aedes aegypti; e o segundo em função de características específicas das regiões administrativas do DF. Os dados que estão sendo obtidos em função do indicador de saúde: localidades com focos no Distrito Federal; tipos de criadouros com maior prevalência de larvas do Aedes aegypti; incidência de criadouros de larvas do Aedes aegypti em resíduos sólidos. Os dados que estão sendo obtidos em função das características das regiões administrativas: padrão sócio-econômico; existência de rede coletora de esgotamento sanitário; existência de rede de abastecimento de água potável; existência de sistema de drenagem urbana; 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 3954

dados sobre a situação de coleta de resíduos sólidos domiciliares e varrição de rua de todo Distrito Federal; dados censitários das regiões administrativas. Os órgãos responsáveis pelo combate da Dengue e consequentemente pelo banco de dados no Distrito Federal são: Instituto de Saúde do Governo do Distrito Federal (GDF) através da Gerência de Controle de Zoonoses (GCZ) e Fundação Nacional de Saúde (FNS) do Governo Federal através do Departamento de Combate à Dengue (DCD). Cada órgão é responsável por determinadas áreas, conforme a tabela abaixo. Tabela 2: Divisão de responsabilidades no combate à dengue segundo a área de atuação. Instituto de Saúde do GDF Plano Piloto São Sebastião Candangolândia Núcleo Bandeirante Riacho Fundo I e II Recanto das Emas Santa Maria Gama Cruzeiro Fundação Nacional de Saúde Planaltina Sobradinho Paranoá Guará Taguatinga Ceilândia Brazlândia Fonte: Instituto de Saúde do Governo do Distrito Federal (1997). Em relação a coleta de resíduos domiciliares e varrição de rua os dados já estão sendo obtidos através da Superitendência de Limpeza Urbana. Os dados de população e área das regiões administrativas do DF foram conseguidos na Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central (CODEPLAN), os dados de coleta de esgoto, abastecimento de água na Companhia de Água e Esgoto de Brasília (CAESB),e os dados sobre drenagem urbana na Companhia Urbanizadora da Nova Capital (NOVACAP). DISTRIBUIÇÃO NO TEMPO (VARIAÇÕES TEMPORAIS) A pesquisa será realizada entre o período de dezembro de 1997 e novembro de 1998, para melhor caracterizar as estações do ano procedendo a distribuição dos meses em trimestres da forma seguinte: 1 0. trimestre: dezembro, janeiro e fevereiro; 2 0. trimestre: março, abril e maio; 3 0. trimestre: junho, julho e agosto; 4 0. trimestre: setembro, outubro e novembro. Quando se estuda a distribuição das ocorrências de um vetor por meses e, consequentemente, por estações do ano, obtém-se uma flutuação que se convencionou chamar: variação estacional. Caso essa variação seja representada por uma curva pode-se apreciar em que meses ocorrem as maiores ocorrências e tirar interessantes conclusões de ordem práticas (Sounis, 1985). 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 3955

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL (VARIAÇÕES LOCAIS) Todas as áreas administrativas do DF serão áreas de investigação para a pesquisa. Para estas áreas deve-se obter o conhecimento a respeito das seguintes características: padrão sócio-econômico; densidade demográfica; existência de rede coletora de esgotamento sanitário; existência de rede de abastecimento de água potável; existência de sistema de drenagem urbana; freqüência de coleta de resíduos sólidos e varrição de rua. Analisando estatisticamente a ocorrência do Aedes aegypti em cada região administrativa e conhecendo as características acima citadas, será feito uma associação entre a infestação do vetor e as características de cada região. Uma distribuição uniforme da infestação do Aedes aegypti nas regiões administrativas do DF sugere uma causa comum que estará associado a características homogêneas entre as regiões. Por outro lado, a concentração de focos do vetor em algumas regiões leva a suspeitar de um fator específico local, responsável pelo mecanismo de infestação que estará associado a características heterogêneas entre as regiões. Comparando estas regiões, nestas condições citadas, poderíamos elaborar um modelo causal empírico, que explique a relação entre o Aedes aegypti e os resíduos sólidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Carrera, M. (1991). Insetos de Interesse Médico e Veterinário. CNPq, Paraná, 228p. 2. Chistophers, S.R. (1960). Aedes aegypti. The Yellow Fever Mosquito. Its Life History, Bionomics and Structure. University Press, Cambridge, Inglaterra, 117p. 3. Cortês, J.A. (1993). Epidemiologia Conceitos e Princípios Fundamentais. Livraria Varel, São Paulo. 4. Dégallier, N., Rosa, A.P.A.T., Vasconcelos, P.F.C., Figueredo, L.T.M., Rosa J.F.S.T., Rodrigues, S.G. e Rosa, T.E.S. (1996). Dengue et ses Veceurs au Brésil. Bull. Soc. Path., 89, 128-136. 5. Forattini, O.P. (1965). Entomologia Médica. Universidade de São Paulo, São Paulo, 506p. 6. Forattini, O.P. (1980). Epidemiologia Geral. Editora Artes Médicas, São Paulo, 210p. 7. Fundação Nacional de Saúde (1997). Instruções para Pessoal de Combate ao Vetor. Manual de Normas Técnicas. Ministério da Saúde, Brasília, 76p. 8. Fundação Nacional de Saúde - FNS (1997). Casos de agravos e doenças infecciosas e parasitárias notificadas em janeiro, fevereiro e março de 1996 e igual período de 1997, por unidade federada, Brasil. Informe Epidemiológico do SUS, 6(1), 105-138. 9. Nelson, M.J. (1986). Aedes aegypti. Biología y Ecología. Organização Panamericana de Saúde. Washington, E.U.A., 237p. 10. Organização Panamericana de Saúde (OPAS)/ Organização Mundial de Saúde (OMS) (1997). Dengue Hemorrágico: Diagnóstico, Tratamento e Controle. OMS, Genebra, Suíça. 11. Pereira, M.G. (1995). Epidemiologia: Teoria e Prática. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, Brasil, 583p. 12. Shannon, R.C. e Putnan, P. (1934). The biology of Stegomya under laboratory Conditions. I - The analysis of factors which influences larval development. Proc. Ent. Soc. Wash., 36, 185-216. 13. Silva, I.G. (1993). Ciclo evolutivo de Aedes aegypti. Revista de Doenças Tropicais., 22, 43-48. 14. Sounis, E. (1985). Epidemiologia Geral. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, 112p. 15. Tchobanoglous, G., Theisen, H. e Vigil, S.A. (1993). Integrated Solid Waste Managment: Engineering, Principles and Management Issues. McGraw-Hill International, New York, E.U.A., 978p. 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 3956