ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Documentos relacionados
PERFIL FUNCIONAL DOS PACIENTES COM AVE ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO E NA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UFPB

ALTERAÇÕES DE EQUILÍBRIO EM PACIENTES PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO E SUA INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DE VIDA

FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL EM UNIDADE DE AVC: APLICAÇÃO DE PROTOCOLO PADRONIZADO É POSSÍVEL

INCIDÊNCIA E EPIDEMIOLOGIA DO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO EM IDOSOS NA REGIÃO CENTRO-OESTE NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS

Alves et al Analise das principais sequelas observadas em pacientes vítimas de acidente vascular cerebral - AVC

Idosos Ativos, Idosos Saudáveis

ASSOCIAÇÃO ENTRE O DECLÍNIO COGNITIVO E A CAPACIDADE FUNCIONAL DE INDIVÍDUOS PORTADORES DE DOENÇA DE PARKINSON.

O que ouço, esqueço; o que vejo, recordo; o que faço, compreendo. Confúcio

O IMPACTO DA DOENÇA NEUROLÓGICA PÓS-ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS NA FASE INICIAL E INTERMEDIÁRIA DA DOENÇA DE PARKINSON ATRAVÉS DO PDQ-39

INFLUÊNCIA DA GAMETERAPIA NA REABILITAÇÃO DE PACIENTE PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

QUEM SÃO OS INDIVÍDUOS QUE PROCURARAM A AURICULOTERAPIA PARA TRATAMENTO PÓS-CHIKUNGUNYA? ESTUDO TRANSVERSAL

CAPACIDADE FUNCIONAL E QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

CORRELAÇÃO ENTRE DEPENDÊNCIA FUNCIONAL E QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Análise da demanda de assistência de enfermagem aos pacientes internados em uma unidade de Clinica Médica

Um Estudo das Funções Executivas em Indivíduos Afásicos

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS AVE / AVC. Profª. Tatiane da Silva Campos

IDENTIFICAR AS PATOLOGIAS OSTEOMUSCULARES DE MAIORES PREVALÊNCIAS NO GRUPO DE ATIVIDADE FÍSICA DO NASF DE APUCARANA-PR

DOENÇA DE PARKINSON NA VIDA SENIL PANORAMA DAS TAXAS DE MORBIMORTALIDADE E INCIDÊNCIA ENTRE AS REGIÕES BRASILEIRAS

Afasia na vida das PCA

17/08/2018. Disfagia Neurogênica: Acidente Vascular Encefálico

O MEDO DE CAIR EM IDOSOS DA COMUNIDADE URBANA DO MUNICÍPIO DE LONDRINA/PR.

ASSOCIAÇÃO ENTRE A GRAVIDADE DA LESÃO E A CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS HOSPITALIZADOS COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

AVALIAÇÃO DA FORÇA DE PREENSÃO PALMAR E INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL EM INDIVÍDUOS ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE1 METHODS FOR EVALUATING THE QUALITY OF LIFE IN OLD AGE1

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: ANÁLISE DA MORTALIDADE NO PIAUÍ EM COMPARAÇÃO COM O PERFIL NORDESTINO E BRASILEIRO EM UM PERÍODO DE 5 ANOS

THAMIRES DE PAULA FELIPE PREVALÊNCIA DE ALTERAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS RELACIONADAS À FUNCIONALIDADE E FATORES ASSOCIADOS

O IMPACTO DE CONDIÇÕES CRÔNICAS NA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE (SF-36) DE IDOSOS EM ESTUDO DE BASE POPULACIONAL ISA-SP.

CARACTERIZAÇÃO DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM DOENÇAS CEREBROVASCULARES HC-UFG

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36)

TÍTULO: Nível de concordância inter avaliadores para aplicação do AMIOFE em pacientes após Acidente Vascular Cerebral

RESUMO. Palavras-chave: Doença de Alzheimer. Cuidadores. Qualidade de vida. INTRODUÇÃO

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

A RELAÇÃO DA DANÇA COM O EQUILÍBRIO DE PACIENTES DE AVC

Resiliência e burnout em trabalhadores de enfermagem

Cuidados Paliativos no AVC em fase aguda

QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES HIPERTENSOS E HIPERTENSO/DIABÉTICOS

ASSOCIAÇÃO ENTRE PRESSÃO ARTERIAL E CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS DE UM CENTRO DE ESPECIALIDADES MÉDICAS DE BELO HORIZONTE-MG

IMPACTO DA ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL SOBRE A QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS PORTADORES DE ARTROSE INCAPACITANTE.

HIV/AIDS E QUALIDADE DE VIDA: ESTUDO COMPARATIVO EM PESSOAS ACIMA DE 50 ANOS

IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA

Correlação dos anos de escolaridade com o estado cognitivo em idosas

ANÁLISE DO EQUILÍBRIO POSTURAL EM IDOSOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE CAPACIDADE COGNITIVA

A inserção da liga de neurociências no projeto nacional de prevenção do AVC

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS DIAGNOSTICADOS COM DOENÇA NEUROLÓGICA

AVALIAÇÃO DOS ACHADOS MAMOGRÁFICOS CLASSIFICADOS CONFORME SISTEMA BI RADS¹. Beatriz Silva Souza², Eliangela Saraiva Oliveira Pinto³

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO PACIENTE IDOSO INTERNADO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA

SOBRECARGA DO CUIDADOR DE DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL E DOENÇA DE ALZHEIMER.

Determinação do grau de incapacidade em hansenianos não tratados *

AMPUTADOS/MI 1 x NA SEMANA Pré-Prótese e Pós-Prótese

Relação entre função sensório-motora e equilíbrio funcional de indivíduos crônicos após acidente vascular cerebral

DIFERENÇAS NO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE BEBÊS NASCIDOS PRÉ-TERMO E A TERMO

Avaliação do suporte familiar, qualidade de vida e funcionalidade do idoso em tratamento fisioterapêutico

TÍTULO: ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DO QUESTIONÁRIO HOLANDES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR

AMPUTADOS/MI 2 X SEMANA

Brazilian Journal of health Review

Avaliação Inicial e Definição de Conduta Tratamento Avaliação final e conduta Avaliação de aptidão Avaliação clínica inicial (objetivos específicos)

Qualidade De Vida De Idosos Portugueses E Brasileiros

CULTURA DE SEGURANÇA: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE ENSINO

Qualidade de vida de pacientes idosos com artrite reumatóide: revisão de literatura

TÍTULO: ANÁLISE DA SOBRECARGA FÍSICA E MENTAL EM CUIDADORES INFORMAIS DE INDIVÍDUOS DEPENDENTES

diferenciação adotados foram as variáveis: gênero, faixa etária, caráter do atendimento e óbitos.

O PERFIL DOS PACIENTES ATENDIDOS NA DISCIPLINA DE FISIOTERAPIA EM SAÚDE DA CRIANÇA EM UMA UNIDADE DE REABILITAÇÃO FÍSICA 1

A reabilitação da sexualidade no AVC. 2º Curso de Verão para Internos de MFR, CMRRC-RP/2015

A INFLUÊNCIA DA PRÁTICA REGULAR DE EXERCÍCIO FÍSICO NA PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS DO GÉNERO FEMININO

EFEITOS DA TERAPIA DO ESPELHO SOBRE A FUNÇÃO MOTORA DE INDIVÍDUOS HEMIPARÉTICOS PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: REVISÃO DE LITERATURA

PERFIL FUNCIONAL E CLÍNICO DE INDIVÍDUOS ACOMETIDOS COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM INDIVÍDUOS COM PARALISIA CEREBRAL PRATICANTES DE BOCHA

Autores: Sousa RD ¹*, Almeida NDF ², da Silva HFF ³ Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS.

Universidade de São Paulo

Secção Autónoma de Ciências da Saúde Universidade de Aveiro. Programa Doutoral em Ciências e Tecnologias da Saúde. Provas Públicas

PRINCIPAL ETIOLOGIA DE AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL EM PACIENTES ATENDIDOS NO CENTRO DE REABILITAÇÃO FAG

Se é possível cuidar, recuperar e integrar as pessoas internadas, dependentes com incapacidade funcional, sem a ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO?

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM RELAÇÃO AO TEMPO DE EVOLUÇÃO DA DOENÇA EM UM GRUPO DE PARKINSONIANOS

TÍTULO: RELAÇÃO ENTRE NÍVEIS DE COMPROMETIMENTO COGNITIVO E SINTOMAS DEPRESSIVOS EM IDOSSOS

EXCESSO DE PESO E FATORES ASSOCIADOS EM IDOSOS ASSISTIDOS PELO NASF DO MUNICÍPIO DE PATOS-PB

XI Encontro de Iniciação Científica do Centro Universitário Barão de Mauá

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA DOUTORADO EM PRÓTESE DENTÁRIA

HORÁRIO DE APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS CIENTIFICOS APROVADOS NA MODALIDADE PÔSTER.

FORÇA MUSCULAR EM IDOSOS COM DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS NEUROLÓGICAS

RASTREAMENTO DE SINTOMAS DEPRESSIVOS EM IDOSOS RESIDENTES NO MACIÇO DE BATURITÉ-CE.

AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE DE ADULTOS E IDOSOS COM SÍNDROME DE DOWN: DADOS DE UM ESTUDO PILOTO.

A QUALIDADE DE VIDA E OS COMPROMETIMENTOS APRESENTADOS EM IDOSOS COM DOENÇA DE PARKINSON QUE REALIZAM FISIOTERAPIA NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE - PB

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDAE FÍSICA EM PORTADORES DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Relação entre qualidade de vida e tempo de prática paradesportiva em praticantes de Tênis em Cadeira de Rodas

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS ATENDIDOS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM BELÉM, PA

16 de Setembro de V. Pinheira 1,2 ; A. Pinto 3 ; A. Almeida 3.

ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO DAS

QUALIDADE DE VIDA DOS FUNCIONÁRIOS HIPERTENSOS E NÃO HIPERTENSOS DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

IMPACTO DA RINITE SOBRE CONTROLE CLÍNICO E GRAVIDADE DA ASMA EM UM PROGRAMA DE REFERÊNCIA DO ESTADO DO MARANHÃO

Diagnóstico de Saúde Lourinhã. Lourinhã 15 de Maio de 2017

Freqüência e fatores relacionados à disfagia orofaríngea após acidente vascular encefálico

AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA GLOBAL DE USUÁRIOS DE UM AMBULATÓRIO DE FONOAUDIOLOGIA

CONSUMO ALIMENTAR DAS MULHERES DO CENTRO DE MELHOR IDADE E SUA CORRELAÇÃO COM AS DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (OSTEOPOROSE)

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA

Transcrição:

ARTIGO ORIGINAL ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO Ana Lígia Silva de Lima Graduanda em Fisioterapia pela Universidade Estadual da Paraíba UEPB. Francielle Lopes de Araújo Batista Fisioterapeuta. Gilma Serra Galdino Professora Mestre do Departamento de Fisioterapia da Universidade Estadual da Paraíba UEPB. Doralúcia Pedrosa de Araújo Professora Doutoura do Departamento de Fisioterapia da Universidade Estadual da Paraíba UEPB. RESUMO Introdução: o AVE aparece como um fator limitante da qualidade de vida, diante disso este trabalho visou observar a relação entre grau de acometimento motor e a percepção da qualidade de vida pós-ave. Metodologia: Avaliamos 19 pacientes acometidos por AVE em fase crônica, através da utilização do protocolo de avaliação neurológica; escala de Fugl-Meyer (EFM) e Perfil de Saúde de Nottingham. Os dados foram analisados através do programa Graph Pad Prism 5.01. Resultados: A média de idade foi de 58.5±14.4, sendo a maioria do gênero masculino (78.9%). A EFM refletiu um nível de comprometimento motor severo enquanto o PSN demonstrou uma boa percepção da qualidade de vida. O Teste de Spearmam revelou uma ausência de correlação entre as variáveis grau de comprometimento motor e percepção da qualidade de vida (r=0.1020). Conclusão: encontrou-se uma ausência de relação entre o grau de acometimento motor e percepção de qualidade de vida. Palavras-chave: AVE; déficit motor e qualidade de vida. ANALYSIS OF THE PERCEPTION OF QUALITY OF LIFE IN PEOPLE AFFECTED BY STROKE ABSTRACT Introduction: AVE appears as a limiting factor in the quality of life, in view of this that paper aims to observe the relationship between the degree of motor impairment and perceived quality of life after stroke. Methods: We evaluated 19 patients affected by stroke in chronic phase by using the protocol of neurological assessment; Fugl - Meyer scale (FMS) and the Nottingham Health Profile. Data were analyzed using Graph Pad Prism program 5:01. Results: Mean age was 58.5 ± 14.4, mostly male (78.9 %). The FSM reflected a level of severe motor impairment while the PSN showed a good perception of quality of life. The Spearman test revealed a lack of correlation between the variables degree of motor impairment, and perceived quality of life ( r = 0.1020 ). Conclusion: we found a lack of relationship between the degree of motor impairment and perceived quality of life. Keywords: Stroke; Motor impairment and quality of life. INTRODUÇÃO Em todo o mundo, incluindo países em desenvolvimento, a prevalência de doenças crônicas degenerativas vem aumentando, causando uma mudança no perfil de

morbi-mortalidade universal. (1) Nos países desenvolvidos o Acidente Vascular Encefálico (AVE) é responsável por 10% a 12% das mortes. (2) Entre os países da América Latina o Brasil representa as maiores taxas de mortalidade decorrentes de AVE, totalizando 128.0 e 98.7 por 100 mil habitantes para homens e mulheres respectivamente. (3) É, portanto um dos maiores problemas de saúde pública nos últimos anos, sendo considerada uma das doenças mais incapacitantes. (4) É definido como um evento com rápido desenvolvimento de sinais de perturbação, focal ou global, da função cerebral, conduzindo à morte ou incapacidade, decorrente de processos patológicos da função vascular. Caracteriza-se pela lesão de parte ou partes do cérebro associada a alterações da irrigação sanguínea, provocando deterioração das funções físicas e/ou mentais. Esta deterioração tem impactos de gravidade diferente na saúde individual, familiar e social. Estes estão também associados à qualidade de vida (QV) do doente pós-ave. (5) A perda de mobilidade é uma das deficiências decorrente dessa patologia que promove isolamento dos pacientes, com comprometimento da atividade laboral e atividades de lazer, podendo aumentar o risco de depressão pós-ave e piorar ainda mais o estado funcional e a qualidade de vida. (6) A QV diz respeito à capacidade de participar de atividades, a satisfação derivada destas, bom estado físico e emocional e bem-estar do indivíduo. (6) Dessa forma, o conceito de qualidade de vida tem sido interpretado em diversas perspectivas, incluindo o bem-estar físico, psicológico e espiritual, além de aspectos sociais, econômicos e políticos. (7) Compreender a extensão e magnitude dos efeitos de AVE sobre a qualidade de vida tem implicações importantes para a saúde pública. Estes resultados são cada vez mais vistos como refletindo indicadores clinicamente significativos e que são importantes para os pacientes e suas famílias. (5) Este estudo teve por objetivo investigar a influência da severidade do comprometimento motor sobre a percepção da QV em indivíduos acometidos por AVE em fase crônica. METODOLOGIA Estudo transversal, descritivo e de caráter observacional. Contemplou uma amostra 19 pacientes com diagnóstico clínico de AVE, em fase crônica, atendidos pelo 203

serviço de fisioterapia da Clínica Escola de Fisioterapia (CEF) da UEPB. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da UEPB. Os instrumentos utilizados foram: protocolo de avaliação neurológica (PAN), para obter dados sociodemográficos e história da doença; Escala de Fugl-Meyer (EFM), para avaliar o comprometimento motor; e o Perfil de Saúde de Nottingham, com o objetivo de avaliar a percepção da qualidade de vida dos participantes. O PAN, elaborado pelos pesquisadores, é um questionário de avaliação, constituído de dados sociodemográficos e clínicos dos participantes. A EFM, desenvolvida com base nos métodos de Brunnstrom e Twitchell, baseia-se no exame neurológico e na atividade sensório-motora de membros superiores e inferiores. Esta escala tem um total de 100 pontos para a função motora normal, em que a pontuação máxima para a extremidade superior é igual a 66 e para a inferior, 34. Os avaliados podem ser classificados em estágios de comprometimento de acordo com o nível de comprometimento motor, no qual menos que 50 pontos indicam um comprometimento motor severo; 50-84 marcante; 85-95 moderado; e 96-99 leve. (7) O PSN é um instrumento genérico de avaliação da QV, desenvolvido originalmente para avaliar a qualidade de vida em pacientes portadores de doenças crônicas. Trata-se de um questionário auto-administrado, constituído de 38 itens, baseados na classificação de incapacidade descrita pela Organização Mundial da Saúde, com respostas no formato sim/não. (8) Estes instrumentos foram aplicados por pesquisadores previamente treinados, sendo a coleta realizada de maneira individual, em uma sala fechada, da CEF. Os dados coletados foram analisados através do programa GraphPadPrism 5.01, sendo os valores expressos em porcentagem, média, desvio padrão da média e moda, considerando-se significantes valores de alpha=0.05 e p 0.05. RESULTADOS O estudo foi composto por 19 participantes, com média de idade de 58.5±14.4; 21,10% eram do gênero feminino e 78,90% do gênero masculino. No que diz respeito à aplicação da EFM o desempenho médio total foi de 36.96±24.5, o que situa a amostra num nível de comprometimento motor severo, segundo a classificação encontrada em Maki (2006) 8 (Tabela 1). 204

Tabela 1- Perfil motor dos acometidos por AVE Componente Moda Média (DPM) Amplitude de movimento 41 36.63 (6.65) Dor 43 37(5.76) Estereocepção 4 4.63(1.06) Propriocepção 14 12.89(2.74) Função motora de extremidade superior 2 20.52(20.85) Velocidade/coordenação da extremidade superior 2 2.73 (1.69) Função motora da extremidade inferior 16 16.42(5.74) Velocidade/coordenação da extremidade inferior 2 2.94(1.71) Equilíbrio 9 8.63(2.08) Total 129 142.63(30.06) Em relação a percepção da QV, avaliada através da PSN evidenciou-se uma média de 12.9±9.1 o que demonstra uma boa percepção da qualidade de vida (tabela 2). Tabela 2 - Percepção da saúde pelos acometidos por AVE Componente Moda Média (Desvio Padrão da Média) Nível de Energia 0 0.84 (1.21) Dor 0 2.84(2.85) Reações Emocionais 0 2.52(2.52) Sono 0 1.42(1.64) Interação social 0 1.42(1.26) Habilidades Físicas 3 3.94 (2.09) Total 13 12.94(9.18) 205

Realizou-se o teste de normalidade de Shapiro-Wilk, obtendo-se um valor de p=0,1521 para escores de PSN e um p=0,2244 para valores da EFM. Isto indica que a amostra segue uma distribuição Gausiana, o que a classifica como normal. Apesar de a amostra apresentar uma distribuição normal, optou-se pela utilização da Correlação de Spearmam, já que esta se utiliza de uma correlação entre variáveis ordinais, evidenciando melhor o objetivo deste estudo. Neste teste obteve-se um r=0,1020, o que indica que existe uma ausência de correlação entre o nível de comprometimento motor e a QV (Gráfico 2). Gráfico 2 - Correlação de Spearmam entre QV e comprometimento motor DISCUSSÃO Pode-se observar, em relação ao perfil social, uma predominância do sexo masculino. Tal achado reflete o perfil nacional dos acometidos por AVE, onde, há uma predominância do gênero masculino. (9) A média da idade dos participantes foi de 58,5 anos (DPM= 14,4), o que revela um misto entre idosos e adultos. Este dado encontra-se em consonância com outro estudo onde, ao avaliar 64 indivíduos, encontrou uma idade média de 56,3±14,4 anos; e reflete o fato de que mesmo o AVE sendo um evento que pode acontecer em qualquer faixa etária, tem seu efeito maximizado na velhice, onde, somam-se as alterações normais do envelhecimento aos problemas cardiovasculares. (10) 206

O nível de comprometimento da função motora vem sendo considerado como um fator importante na percepção da qualidade de vida. Esta constatação é relatada por outros estudos (3, 4, 11) nos quais houve uma associação significativa entre níveis mais baixos de deficiência, melhor função física, especialmente a função motora, e maior qualidade de vida. Apesar de estes estudos apontarem o comprometimento motor como causador de uma piora na qualidade de vida; os resultados aqui encontrados podem ser justificados pelo fato da falta de inclusão do domínio espiritual, na avaliação da QV, o que por si só já promoveria um aumento na percepção da mesma. (11) Melhorar o acesso aos serviços de reabilitação é importante para aumentar a funcionalidade pós AVC. A fisioterapia para os sobreviventes de AVC em países em desenvolvimento pode ajudar a reduzir esse impacto negativo da deficiência pós-avc (11, 12, 13) na QV. Os resultados aqui descritos, apesar de se mostrarem contrários a literatura, são achados de grande importância, visto que não existe ainda uma padronização em relação aos instrumentos de aferição da QV e nem um rigor metodológico nos estudos até aqui desenvolvidos. Desta forma as constatações aqui encontradas podem refletir a realidade dos acometidos de AVE. CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos é possível sugerir que não existe uma correlação entre o grau de acometimento motor e a percepção negativa da qualidade de vida, entre acometidos por AVE em fase crônica, evidenciada na amostra por meio da correlação, bem como pela alta percepção da qualidade de vida em pacientes que apresentam um alto grau de comprometimento motor. REFERÊNCIAS 1. Pinto ÉB, Maso I, Vilela RNR, Santo LC, Oliveira-Filho J. Validation of the EuroQol quality of life questionnaire on stroke victims. Arquivos de Neuropsiquiatria 2011;69(2-B):320-32. 2. Reddy D, Hart RG. Stroke Epidemiology, Etiology, and Background. The Behavioral Consequences of Stroke, p. 1-14; 2014. 207

3. Alvarenga H, Júnior RSP, Barbosa MTS. Prevalência de acidente vascular cerebral em idosos no Município de Vassouras, Rio de Janeiro, Brasil, através do rastreamento de dados do Programa Saúde da Família. Cad. Saúde Pública 2009;25(9):1929-1936. 4. Pastorello TA, Romero CH, Vilagra JM. Capacidade funcional e qualidade de vida de pacientes com acidente vascular encefálico. FIEP Bulletin On-line 2014;(84)2. 5. Thomas S, Adam JN. Better Dead than Alive? Quality of Life After Stroke. Behavioral Consequences of Stroke, p. 241 255; 2014. 6. Korpershoek C., Van Der Bijl J., Hafsteinsdóttir TB. Self-efficacy and its influence on recovery of patients with stroke: a systematic review. Journal of Advanced Nursing, 2011;67:1876 1894. 7. Oliveira MR, Orsini M. Escalas de avaliação da qualidade de vida em pacientes brasileiros após acidente vascular encefálico. Revista de Neurociencias: in press. 2008 8. Maki T, Quagliato EMAB; Cacho EWA et al. Estudo de confiabilidade da aplicação da escala de FUGL-MEYER no Brasil. Revista brasileira de fisioterapia, 2006;10(2):177-183. 9. Cavalcante TF, Moreira RP, Araujo TL, Lopes MVO. Fatores demográficos e indicadores de risco de acidente vascular encefálico: comparação entre moradores do município de Fortaleza e o perfil nacional Revista Latino-Americana de Enfermagem, 2010;18(4). 10. Lima ML. Qualidade de vida de indivíduos com acidente vascular encefálico e de seus cuidadores. 2010. Dissertação (Mestrado em Saúde na Comunidade) - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2010. 11. Howitt SC, Jones MP, Jusabani A et. al. A cross-sectional study of quality of life in incident stroke survivors in rural northern Tanzania Journal of Neurology 2011;258:1422 1430. 12. Fens M et al. Effect of a Stroke-Specific Follow-Up Care Model on the Quality of Life of Stroke Patients and Caregivers: A Controlled Trial. Journal of Rehabilitation Medicine 2014;(46)1:7-15. 13. Taricco M et al. Impact of Adapted Physical Activity and Therapeutic Patient Education on Functioning and Quality of Life in Patients With Postacute Strokes. Neurorehabilitation and neural repair, p. 1-10, 2014. 208