CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO AUTOR(ES): ANA PAULA MARTH

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Transcrição:

TÍTULO: NEUROIMUNOMODULAÇÃO: COMO ENTENDER A COMPLEXA RELAÇÃO ENTRE O ESTADO DE ESTRESSE E OS SISTEMAS NERVOSO E IMUNOLÓGICO NO DESENVOLVIMENTO E/OU CAUSALIDADE DE DOENÇAS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: MEDICINA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO AUTOR(ES): ANA PAULA MARTH ORIENTADOR(ES): SANDRA REGINA MOTA ORTIZ

Neuroimunomodulação:Como entender a complexa relação entre o estado de estresse e os sistemas nervoso e imunológico no desenvolvimento e/ou causalidade de doenças RESUMO Através desse projeto temos como objetivo relacionar os sistemas nervoso central, endócrino e imunológico com a fisiologia do estresse, de maneira que todos atuem de maneira conjunta na possível causalidade de doenças quando em disfunção.esse interessante diálogo estabelecido entre esses sistemas vem sendo cada vez mais esclarecido por meio de estudos, já havendo,inclusive uma denominação própria para o mesmo: neuroimunomodulação. Assim, o presente trabalho procura esclarecer conceitos básicos e todos os fenômenos envolvidos nesse processo, de maneira a entender como o sistemas se relacionam de maneira recíproca tanto na manutençaõ ds homeostase como, e principalmente, na perda do equílibrio da mesma, ou seja, no desenvolvimento de uma patologia. Para isso o trabalho usa revisões bibliograficas e relato de um caso clinico o qual traz a ação da neuroimunomodulação dentre as hipóteses diagnósticas. INTRODUÇÃO O que se pode perceber de estudos recentes que contemplam a área da neuroimunomodulação (Alves e Palermo Neto, 2010) é que há uma integralidade gritante entre o estresse, o Sistema Nervoso, o Sistema Límbico e o Sistema Imunológico, principalmente enfocando a mudança do perfil de doenças prevalentes na sociedade atual. A partir de toda essa integração entre sistemas do organismo, pode- se de forma cada vez mais clara, então, estabelecer relações em que as alterações do comportamento decorrentes de uma infecção, por exemplo, são consequência de um conjunto de adaptações especificas e organizadas, sendo o sistema imune um sistema adicional sensorial e em constante adaptação que capacita o SNC a receber e processar estímulos não percebidos por vias clássicas de percepção sensorial.

METODOLOGIA Este trabalho foi realizado através da revisão bibliográfica nas áreas de fisiologia dos sistemas nervoso, imunológico, límbico e do estresse, assim como de artigos científicos recentes publicados com abordagem integrada entre esses sistemas. Além disso, relata um caso clínico sob o qual se instala uma hipótese diagnóstica envolvida com a neuroimunomodulação. RESULTADOS O estresse, por definição, é entendido como sendo um estado de ameaça antecipado ou real ao equilíbrio do organismo e seu consequente esforço de adaptação para enfrentar situações que são ameaçadoras da homeostasia interna, visando o restabelecimento da mesma, por intermédio de uma série de complexas respostas fisiológicas e comportamentais atuando conjuntamente. Dentro da síndrome de adaptação geral sugerida por Seyel, considera-se uma divisão em três fases, a fase do alarme, a fase da resistência e a fase da descompensação. Essa ultima é o período em que se tem a possibilidade do estabelecimento de um processo patológico. Para entender como é que o corpo humano inicia uma resposta ao estresse, costuma-se dividir os eventos que sob ação dele ocorrem, em duas partes: sob influencia do SNA ou/e através do eixo hipotálamo-hipófise adrenalo SNA é a parte do sistema nervoso central que controla a maior parte das funções viscerais do organismo, procurando sempre manter a homeostasia interna. Assim, quando estímulos internos sinalizam a necessidade de regulação de suas funções, o Sistema Nervoso Central ativa o Sistema Nervoso Autônomo (SNA) que se encarrega então de realizar ações compensatórias. A ativação do SNA se dá, principalmente, por meio de centros localizados na medula espinal, no tronco cerebral e no hipotálamo, além de receber sinais que vão para os centros inferiores, a partir de porções do córtex cerebral em especial o corte límbico, havendo, nesse caso, relação na efetuação da resposta do sistema límbico, podendo influenciar então no controle autonômo. Além disso, o SNA também funciona por meio de reflexos viscerais que chegam aos gânglios autônomos.

A transmissão dos diferentes sinais eferentes autônomos de diversos órgãos são transmitidos por meio de duas grandes subdivisões chamadas sistema nervoso simpático e parassimpático. A organização básica dessas duas subdivisões do SNA consiste em uma população de neurônios centrais situados no tronco encefálico e na medula, cujos axônios terminam em uma segunda população de neurônios, estes periféricos, situados em gânglios ou distribuídos em plexos nas paredes viscerais. Seguindo o caminho feito pelo sistema simpático, imediatamente após o nervo espinal deixar o canal espinal, fibras pré ganglionares simpáticas deixam o nervo e passam pelo ramo comunicante branco para um dos gânglios da cadeia simpática, podendo, portanto, seguir três caminhos diferentes: Fazer sinapse com o neurônio pósganglionar no gânglio em que ele entra; seguir para fazer sinapse em outro gânglio da cadeia tanto mais inferiormente quanto superiormente e, por fim, pode percorrer através da cadeia e sair dela fazendo sinapse com um gânglio simpático periférico. Em qualquer caso, as fibras pós ganglionares sempre seguirão para seus diferentes órgãos- alvo) (Machado,1993). Já com relação à divisão parassimpática, o neurônios pré ganglionares são encontrados no tronco encefálico e na medula espinal sacral ganhando também a denominação de divisão craniosssacral do SNA. No caso dessa divisão, os neurônios pós-ganglionares são encontrados nos gânglios parassimpáticos que estão próximos ou mesmo na parede dos órgãos alvos. Assim, no parassimpático, as fibras pré ganglionares é que são longas e a pós são curtas. Descritas estruturalmente ambas as divisões, resta entender como é que elas controlam o organismo e mantém a homeostasia desejada já citada nesse texto como a funcionalidade do SNA. O SNA dispõe de dois meios de controle, um modo reflexo e um de comando. O primeiro refere-se ao método em que há o recebimento de informações provenientes de um órgão e a programação e execução da resposta adequada a essa determinada situação. Já o modo de comando envolve a ativação do sistema por meio de regiões subcorticais ou corticais, de forma, muitas vezes, voluntária. Entendendo melhor esse mecanismo, para que os efetores reconheçam qualquer tipo de mensagem que chegam a eles, precisam expressar receptores moleculares que reconheçam seus correspondentes. Existem dois tipos de efetores

autonômicos: células secretoras e células contráteis, os quais em muitos casos podem estar juntos e cooperarem um com o outro. A maioria dos órgãos sob ação autonômica, são inervados tanto pela divisão simpática como pela parassimpática, havendo uma interação entre esses dois subtipos do sistema, caracterizando-os muitas vezes como sistemas antagônicos. No entanto, mais correto de se considerar é que ambas as divisões trabalham de forma coordenada podendo a ação ser de modo antagonista ou mesmo sinergista. Em uma discussão neuroquímica autonômica, pode-se dizer que a maioria das sinapses entre neurônios pré e pós ganglionares de ambas as divisões- tanto simpática quanto parassimpática- é do tipo colinérgica, ou seja, agem empregando a acetilcolina como neurotransmissor, embora haja tanto receptores muscarínicos quanto nicotínicos na membrana pós sináptica dos neurônios pós ganglionares. Há também no caso de alguns gânglios sinapses noradrenérgicas e dopaminérgicas, assim como receptores para diferentes neuropeptídios. Mas, a grande diferença encontrada, neuroquimicamente falando, entre as duas divisões se dá nos axônios pós ganglionares. Enquanto o sistema simpático tem como principal neurotransmissor a noradrenalina, o parassimpático usa a acetilcolina. (Guyton e Hall, 2011) Primeiramente, a acetilcolina é sintetizada nas terminações nervosas e varicosidades das fibras colinérgicas, ficando armazenada nas vesículas já citadas até que através da despolarização provocada seja liberada. (Guyton e Hall, 2011)Diferentemente, a norepinefrina tem síntese mais complexa, em que se descrevem três etapas básicas: 1) hidroxilação de tirosina a DOPA; 2) descarboxilação da DOPA em dopamina; 3) hidroxilação da dopamina em norepinefrina. Embora o processo de síntese tenha início no axoplasma da terminação nervosa simpática, a última etapa descrita acorre já no interior das vesículas. (Guyton e Hall,2011). Para que se de a efetuação da resposta ao sinal encaminhado, como já citado nesse texto e para que os neurotransmissores liberados por neurônios estimulem o órgão-alvo, essas substâncias químicas devem primeiramente fixar-se a receptores específicos localizados na membrana celular das células efetoras (Guyton e Hall, 2011). A acetilcolina pode agir sobre dois tipos de receptores: os muscarínicos, encontrados em todas as células efetoras estimuladas pelos neurônios colinérgicos

pós-ganglionares do sistema nervoso parassimpático e do sistema nervoso simpático e os nicotínicos, encontrados nas sinapses dos neurônios pré e pós-ganglionares do sistema nervoso simpático e parassimpático e também nas junções neuromusculares. (Guyton e Hall,2011) Com relação aos receptores adrenérgicos, existem dois tipos principais, o alfa e o beta. Os receptores beta, por sua vez, podem ser divididos em subtipos 1, 2 e 3, havendo especificidades das substâncias que atingem cada um, enquanto o receptores alfa, se dividem em tipo 1 e 2. Tanto os receptores alfa como beta adrenérgicos são acoplados a proteína G assim como os muscarínicos. Entendido a fisiologia de um dos lados que podem estar presentes na influencia do controle geral do corpo humano precisamos entender o funcionamento do segundo fator citado, o endócrino, ou seja, o eixo hipotálamo hipófise adrenal. Incluindo então esse sistema na fisiologia do estresse que tem como grande foco a questão de controle geral do corpo humano que colocamos em questão nesse trabalho, deve-se ressaltar que a ativação do eixo citado, ao ser ativado pelo estresse, resulta na elevação dos níveis de glicocorticoides circulantes. (ZUARDI) O hipotálamo é a área cerebral central na regulação de muitas dos nossos hormônios. Tem fortes ligações com o sistema límbico, Integrando os sinais provenientes destas estruturas de modo a produzir uma resposta hormonal coordenada que estimula o próximo elemento do circuito a glândula pituitária. Esta por sua vez liberta a hormona adrenocorticotrófica (ACTH) no sangue. O principal efeito do ACTH nas células adrenocorticais é ativar a adenililciclase sobre a membrana celular, induzindo então a ativação de um sistema de segundo mensageiros, representados pelo AMPc, que leva então a finalmente, a produção de hormônios adrenocorticais. Conforme já ressaltado durante esse trabalho ao se descrever inicialmente a respeito da fisiologia do estresse, tanto físico como mental, pode levar a uma maior secreção de ACTH, por ativação do então eixo hipotálamo hipófise adrenal. O SNA, já bem caracterizado no presente trabalho é o responsável diante de uma situação de estresse, pela resposta mais imediata. Por outro lado como já introduzimos está ativado durante o estresse também o eixo HHA. Com a ativação de todo esse eixo

ocorre um consequente pico plasmático de glicocorticoides que se dá em poucos minutos após a situação estressante a qual o organismo foi exposto (ZUARDI). No entanto, ao se comparar com a latência dos mecanismos de transmissão sináptica observados no SNA, o mecanismo com vários níveis de secreção hormonal do eixo HHA é lento. Dessa forma, pode-se dizer que a resposta ao estresse respeita uma escala temporal. Dentre os diversos sistemas que o estresse influencia em sua respectiva funcionalidade, o Sistema imunológico é um importante alvo. A imunosupressão observada diante situações de estresse se deve em parte ao efeito do cortisol liberado como resposta do eixo HHA na escala de eventos da reação ao estresse já citado, sendo que esse evento molecular tem ação nas células de defesa do corpo humano. O cortisol age na diminuição de proliferação de linfócitos além de interferer na comunicação entre eles, inibe a migração de granulócitos e inibe a síntese de anticorpos. Esses efeitos provocado pelo cortisol parece de imediato incompatível com as necessidades do organismo num momento de luta ou fuga exigido por uma situação estressora, no entanto, deve-se considerer que aumento na secreção de cortisol, em resposta ao estresse, tem uma latência de dezenas de minutos e que a resposta imediata ao estresse á dada pela ativação do SNA simpático. A ativação do Sistema nervoso simpático dada pelo estresse traz uma resposta rápida na contagem de células de defesa, havendo, assim, elevação do número de neutrófilos e manutenção no de linfócitos. O que se altera é a proporção com relação seus vários tipos. Essa elevação inicial de neutrófilos e linfócitos NK poderia atender à necessidade de aumentar a defesa imunológica numa situação aguda de estresse. O aumento posterior na secreção do cortisol teria como função, trazer o sistema ao seu funcionamento habitual, promovendo uma redução na contagem de células de defesa. Ao se manter sob estresse os níveis de glicocorticóides continuam em níveis elevados, obtendo-se assim como resultado a imunossupressão, a qual facilita então o estabelecimento de doenças, efeito sob o qual se baseia esse trabalho apresentado. Descrito os aspectos fisiopatológicos envolvidos na neuroimunomudulação, na tentativa de se comprovar e entender a complexa relação entre o estado de estresse e os sistemas nervoso, imunológico e límbico no desenvolvimento e/ou causalidade de

doenças, esse presente trabalho traz como exemplo um caso clínico, em que uma de suas hipóteses diagnóticas tem como foco essa relação entre esses sitemas apresentados e estudados até o momento. Paciente, S.D.M, entre os anos de 2002 e 2005, com 40 anos de idade, vivenciou situações de grande estresse envolvendo questões familiares e de trabalho. No final de 2005 restabelecida o controle dessa situação estressora, segundo informações colhidas, com então com 45 anos de idade, deu início a um tratamento capilar, no qual se fazia uso de produtos químicos. Nos meses de dezembro, então, ainda desse mesmo ano, após a passagem de ano começou a apresentar febre, a qual desapareceu ao se fazer uso de medicamentos, sendo considerada apenas uma gripe. Nessa mesma época, o paciente convivia com realização de obras e reformas e em janeiro de 2006 apresentou um processo de gripe alérgica forte de aproximadamente 30 dias de duração, apresentando falta de ar como um dos sintomas. No entanto, após medicaçao controlada a situação parecia ter sido resolvida. Passados meses, em maio de 2006 passou-se a notar o baqueteamento digital de maneira repentina,quando então, decidiu procurar um médico para entender o que acontecia. Depois do ocorrido o primeiro acompanhamento médico foi realizado em sua cidade residente no interior de São Paulo, onde foi feita então a primeira chapa do pulmão, a qual diagnosticou uma fibrose na base do mesmo sem causa aparente, uma vez que o paciente se trata de um não fumante e não tem nenhum tipo de contato com metais pesados. Diante do resultado foi então encaminhado a equipe de pneumologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, onde no dia 10 de julho de 2006 realizou-se a primeira tomografia computadorizada do pulmão, além de outros exames para que então se encontrasse uma causa para o resultado apontado no exame de imagem já realizado. A partir de então nenhum diagnostico causal pode ser identificado e o paciente passou a ser acompanhado e monitorado com exames de imagens e prova de função pulmonar para ver se o quadro evoluia ou não, sem fazer uso de nenhum medicamento nesse intervalo de tempo. Após um ano, então, em 2007 realizou-se uma biopsia pulmonar, sendo que a fibrose não havia evoluido apesar de sintomas de deficiência respiratória estarem presentes de maneira mais acentuada do que se

observa em um quadro gripal. A biopsia indicou Pneumonia Intersticial descamativa, a qual até os dias de hoje não apresenta causa aparente. Não descoberto então o fator desencadeante da pneumonia intersticial descamativa com apresentação de uma fibrose na base do pulmão, durante todo seu acompanhamento, hipóteses têm sido estudadas, sendo o paciente acompanhado até os dias de hoje diante de um quadro estável com, inclusive, uma ligeira regressão passados os anos do diagnóstico dado. A ligação desse caso clínico com a neuroimunomodulação está em uma de suas hipóteses causais, sendo várias apresentadas até então e muitas descartadas com a comprovação de exames e acompanhamento. Essa hipótese se apóia e é fortalecida pelo fato de se tratar de um caso estável e de leve regressão tendo uma situação estressante vivenciada pelo paciente anos atras quando então logo após começou a notar o quadro clinico. Com a possibilidade do fenômeno do estresse se encaixar como causa desse diagnostico clinico comprova-se entao a relação da neuroimunomodulação na causalidade de doenças, sendo a doença nesse caso apresentado a pneumonia intersticial descamativa. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: Descrito os aspectos fisiopatológicos envolvidos na neuroimunomudulação, na tentativa de se comprovar e entender a complexa relação entre o estado de estresse e os sistemas nervoso, imunológico e límbico no desenvolvimento e/ou causalidade de doenças, esse presente trabalho trouxe como exemplo um caso clínico, em que uma de suas hipóteses diagnóticas teve como foco essa relação entre esses sitemas apresentados e estudados até o momento. A ligação do caso clinico aresentado no trabalho com a neuroimunomodulação foi, então, uma de suas hipóteses causais, sendo várias apresentadas até então e muitas descartadas com a comprovação de exames e acompanhamento. Essa hipótese se apóia e é fortalecida pelo fato de se tratar de um caso estável e de leve regressão tendo uma situação estressante vivenciada pelo paciente anos atras quando então logo após começou a notar o quadro clínico. Para comprovar a estabilidade do presente

caso, pode-se comparar uma tomografia computadorizada realizada no ano de 2012 e uma realizada no ano de 2013. Segue a baixo o laudo comparaivo realizado entre elas : Com a possibilidade do fenômeno do estresse se encaixar como causa desse diagnóstico clínico comprova-se então a relação da neuroimunomodulação na causalidade de doenças, sendo a doença nesse caso apresentado, a pneumonia intersticial descamativa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, GLAUCIE J.;NETO,JOÃO P.;; Neuroimunomodulação:Influências do sistema imune sobre o sistema nervoso central.rev Neurocienc.18(2):214-219, 2010 BAUER, MOISES E.. Estresse, como ele abala as defesas do corpo?; Ciência hoje, vol. 30,nº179:20-25; janeiro/fevereiro, 2002. GOMES, CARMEN M.;DA SILVA JULIANA A.; Fisiologia do Estresse: aspectos neuroendócrinos e comportamentais. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 12ª ED. Rio de Janeiro: elsevier, 2011. MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia funcional. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu. 2005. 363p. MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. ZUARDI,A.W;Fisiologia do estresse e sua influência na saúde.