ESTUDO EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA, NO TIPO DE REBENTAÇÃO, DO MATERIAL QUE CONSTITUI UM RECIFE ARTIFICIAL PARA SURF

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Transcrição:

ESTUDO EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA, NO TIPO DE REBENTAÇÃO, DO MATERIAL QUE CONSTITUI UM RECIFE ARTIFICIAL PARA SURF Ana MENDONÇA, Eng.º Ambiente, LNEC-NPE, Av. do Brasil, 1800-213, Lisboa, +351.21.8443449, amendonca@lnec.pt Maria EISMAN, Ing. T. de Obras Públicas, LNEC-NPE, Av. do Brasil, 1800-213, Lisboa, +351.21.8443912, mborrego@lnec.pt Maria da Graça NEVES, DR. Eng. Civil, LNEC-NPE, Av. do Brasil, 1800-213, Lisboa, +351.21.8443426, gneves@lnec.pt José Simão ANTUNES DO CARMO, DR. Eng. Civil, IMAR/UC, FCTUC, Departamento de Engenharia Civil, 3000 Coimbra, + 351.239.797.153, jsacarmo@dec.uc.pt Palavras-Chave: recife artificial multi-funcional, rebentação, modelação física, surf, geotêxtil RESUMO Os recifes artificiais para surf são estruturas costeiras submersas que têm como objectivo melhorar as condições para a prática de surf numa determinada zona, promovendo um determinado tipo de rebentação, um aumento da altura de onda na rebentação e um aumento do comprimento da linha de rebentação. Estes recifes podem ainda, em alguns casos, servir como estruturas de protecção costeira, reduzindo a energia da onda incidente que actua na costa, e proporcionar um habitat protegido para espécies marinhas. No presente trabalho estuda-se, em modelo físico, a propagação de ondas sobre uma secção transversal, definida em TEN VOORDE et al. (2009), de um recife artificial impermeável e um composto por sacos de geotêxtil preenchidos com areia, de modo a avaliar a influência da geometria do recife e do material que constitui o recife nas condições de rebentação que se geram sobre a estrutura, parâmetro importante para a prática de surf. Os ensaios foram realizados no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, num canal com 73m de comprimento, 3m de largura e 2m de profundidade. Foi considerada uma escala geométrica de 1:10, de acordo com a lei de semelhança de Froude. Foram ainda realizados vídeos e tiradas fotografias, para verificação das características da rebentação. Para alguns casos, efectuaram-se medições de velocidade através de um ADV localizado num ponto a montante da estrutura. Dos ensaios realizados pode concluir-se que, para as condições testadas, o material que constitui o recife, assim como a sua geometria, não tiveram influência no tipo de rebentação, obtendo-se uma rebentação apropriada para a prática de surf (mergulhante) para todas as condições testadas. No entanto, a geometria e material do recife levaram a alterações na posição e na forma da rebentação: recifes com menor comprimento e menor cota de coramento apresentaram melhores condições para a prática do surf, com a rebentação a dar-se no talude do recife.

1. INTRODUÇÃO A costa atlântica Portuguesa encontra-se bastante fragilizada e a necessitar de urgentes medidas reparadoras que satisfaçam simultaneamente os requisitos essenciais de protecção, salvaguardem a atracção turística e promovam o desenvolvimento sustentável. Terão sido fundamentalmente os grandes volumes de areias extraídos dos sistemas fluviais e das zonas portuárias, nas últimas décadas, que conduziram ao défice sedimentar generalizado que hoje se manifesta ao longo de grande parte da costa Portuguesa. Terão igualmente contribuído para este balanço negativo muitas das obras de regularização fluvial, de que se destacam as grandes barragens construídas essencialmente a partir de meados do século passado, bem como a implementação de estruturas portuárias e de outras obras com finalidades de protecção local. Os recifes artificiais apresentam-se como soluções inovadoras viáveis e suficientemente atractivas como estruturas complementares de protecção costeira. São, no entanto, soluções pouco testadas e para as quais a correcta caracterização da agitação marítima na zona onde estão implementadas é essencial em estudos de protecção costeira. Estes recifes artificiais funcionam como quebramares submersos, reduzindo a energia das ondas que chega à zona litoral na área de influência do recife, podendo, em alguns casos, atenuar os problemas de erosão ou mesmo favorecer a deposição de sedimentos a sotamar da estrutura. No presente trabalho estuda-se, em modelo físico, a propagação de ondas sobre uma secção transversal, definida em TEN VOORDE et al. (2009), de um recife artificial impermeável e um composto por sacos de geotêxtil preenchidos com areia, de modo a avaliar a influência do material que constitui o recife e da geometria do mesmo nas condições de rebentação que se geram sobre a estrutura, parâmetro importante para a prática de surf. Após esta introdução, apresentam-se as características da rebentação que se pretende obter sobre um recife artificial para surf. Em seguida, apresenta-se uma descrição dos ensaios realizados no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e analisam-se os resultados obtidos. O artigo termina com um resumo das principais conclusões do estudo. 2. CARACTERÍSTICAS DA REBENTAÇÃO NOS RECIFES ARTIFICIAIS PARA SURF Uma das principais funções de um recife artificial para surf é melhorar as condições de surf na zona. De uma forma geral, pretende-se que esta estrutura induza ou melhore o tipo de rebentação e favoreça o aumento da altura da onda, provocando a rebentação num dado local e garantindo que esta ocorra de forma gradual ao longo da crista da onda e numa distância suficientemente longa. Tal é conseguido através da definição da geometria, das dimensões e da localização do recife artificial que conduzem às melhores condições de surf para determinadas condições de agitação incidente. A comparação das diferentes opções de geometria, dimensões e localização de um recife artificial para surf recorre a parâmetros que permitem avaliar objectivamente e quantitativamente o desempenho do recife artificial. Os parâmetros mais utilizados para análise do funcionamento de um recife artificial são: a altura de onda ao longo da linha de rebentação, o ângulo de rebentação ao longo da linha de rebentação, o comprimento da linha de rebentação, o tipo de rebentação, determinado através do Número de Iribarren, as características de parede da onda e a amplificação da onda em relação à altura de onda incidente. A forma como se dá a rebentação é um parâmetro de grande importância para a prática do surf. Dependendo do nível de cada surfista, a rebentação deverá ser do tipo progressivo para iniciados, ou

mergulhante para praticantes mais avançados, tornando-se impossível a prática da modalidade para a rebentação de fundo. No dimensionado do recife artificial, o tipo de rebentação é controlado pela profundidade sobre o recife e pelo declive do fundo, sendo usualmente estabelecido recorrendo ao número de Iribarren modificado, dado por: tan α ξ 0 = H 0 (1) L 0 Em que tan α é o declive do fundo em relação à direcção da onda, H0 é a altura da onda em águas profundas (ao largo) e L0 é o comprimento de onda ao largo. No Quadro 1 apresenta-se uma classificação do tipo de rebentação em função do número de Iribarren (BATTJES, 1974), considerando o declive do fundo na zona de implantação do recife, como deduzida por Battjes. Quadro 1. Classificação do tipo de rebentação em função do número de Iribarren (BATTJES, 1974). Tipo de rebentação Número de Iribarren Progressiva ξb < 0.5 Mergulhante 0.5 < ξb < 3.3 De fundo ξb > 3.3 3. MODELO FÍSICO 3.1. Considerações gerais Como se referiu no ponto 2, um dos parâmetros cruciais para permitir a prática de surf está relacionado com o tipo de rebentação. Em geral, pretende-se obter uma rebentação de tipo mergulhante, que corresponde a valores do número de Iribarren entre 0.5 e 3.3, indicado para surfistas de nível médio e avançado. Para verificar se a geometria de um recife permite que ondas incidentes de determinadas características rebentam como se pretende recorre-se, em geral, ao número de Iribarren, utilizando no seu cálculo um declive de fundo que poderá corresponder ao declive do fundo na zona do recife ou a um declive que tenha em conta o declive do próprio recife. A influência da variação da dissipação de energia no recife em função do material de que é construído não é tida em conta, considerando-se em geral, na modelação numérica, que a estrutura do recife é impermeável, contínua e estável. Na realidade, caso o recife seja construído com sacos de material geotêxtil preenchidos com areia, estes são porosos, geram bolsas de ar no seu interior e a sua estrutura sofre adaptações ao local de implantação até atingir um equilíbrio dinâmico, com alterações na configuração da parte superior dos sacos e algum afastamento entre eles, podendo afectar a rebentação. Os ensaios realizados possibilitaram assim estudar a influência da geometria e do tipo de material de construção do recife na localização da rebentação e no tipo de rebentação. Com base nos resultados dos ensaios, foram analisadas as influências destas características do recife no valor do número de Iribarren e na variação das alturas médias ao longo do canal. As geometrias do recife testadas foram escolhidas de modo a que ocorresse rebentação sobre o recife e que a rebentação fosse do tipo mergulhante.

3.2. Características do modelo Os ensaios foram realizados no Pavilhão de Hidráulica Marítima do LNEC, Figura 1, num canal com 73 m de comprimento, 3 m de largura e 2 m de profundidade, munido de um gerador de ondas irregulares. Figura 1. Vista do canal onde se realizaram os ensaios. Foram realizados ensaios para dois tipos de recifes: um impermeável, com fundo rígido, e outro composto por sacos de material geotêxtil preenchidos com areia. Para cada um destes tipos foram estudadas duas geometrias de recife (geometria baixa e geometria alta), que diferem entre si na cota do pé da estrutura, mantendo-se o declive do talude de barlamar e a cota de coroamento constantes. O modelo corresponde a uma secção do recife artificial construído e explorado à escala geométrica 1:10, de acordo com a lei de semelhança de Froude, cujas características se apresentam na Figura 2. A geometria e as características do recife baseiam-se no esquema proposto em TEN VOORDE et al. (2009), constando de um recife em forma de delta com um ângulo constante de 66º. O declive da praia considerado refere-se a valores susceptíveis de ocorrerem em praias da costa Oeste Portuguesa. O declive do recife na zona de sotamar foi considerado constante e igual a 1:10 (tan α) e na zona de barlamar foi considerado um declive de 1:3 (Figura 2). O comprimento do declive da estrutura (Ls) é de cerca de 1.9 m para a geometria baixa e 3.6 m para a geometria alta. A largura do coroamento do recife (Lb) é igual ou superior a 4m, correspondente ao maior comprimento de onda, determinado para o maior período de onda e para a maior profundidade de água testados. A plataforma onde se encontra o recife possui um declive (tan β) de 1:50 e o seu comprimento (L_plataforma) é de 24.2 m para o recife com a geometria baixa (Figura 3 e Figura 5) e de 16.4 m para o caso do recife com geometria alta (Figura 4 e Figura 6). Estes valores correspondem no mínimo a 1.5 vezes o comprimento de onda na zona de geração da onda, junto ao batedor, para cada profundidade testada. Todos estes valores encontram-se resumidos no Quadro 2.

Figura 2. Esquema da geometria do recife artificial. Quadro 2. Valores dos parâmetros e identificação do material utilizado nos casos de estudo. Caso 1 - Baixa 2 - Alta 3 - Baixa 4 - Alta Material Cimento Cimento Geotêxtil Geotêxtil Altura do recife 0.19 0.36 0.19 0.36 (h_recife) (m) tan α 1:10 1:10 1:10 1:10 tan β 1:50 1:50 1:50 1:50 Altura da plataforma (h_plataforma) (m) 0.48 0.33 0.48 0.33 L_plataforma (m) 24.2 16.4 24.2 16.4 0.19 m Figura 3. Esquema de recife composto por sacos de material geotêxtil com geometria baixa. 0.36 m Figura 4. Esquema de recife composto por sacos de material geotêxtil com geometria alta. Figura 5. Esquema de recife impermeável com geometria baixa. 3.6 m

0.36 m 0.33 m Figura 6. Esquema de recife impermeável com geometria alta. 3.3. Instrumentos de medição Em cada ensaio procedeu-se à medição da elevação da superfície livre em 8 pontos ao longo do canal (Figura 7) e, de forma a observar as condições de rebentação, à filmagem e à execução de fotografias dos ensaios. Figura 7. Representação esquemática da localização das sondas ao longo do canal. Para medir a elevação da superfície livre nos referidos pontos usaram-se simultaneamente 8 sondas resistivas, Figura 7; duas das quais (G1 e G2) mantiveram-se inalteradas ao longo de todos os ensaios para garantir a repetibilidade e o controlo de qualidade dos ensaios efectuados. As restantes 6 sondas (G3 a G8) foram colocadas em duas posições diferentes, Pos1 e Pos2, distando as sondas entre estas duas posições de 25 cm. Para cada condição de agitação incidente foram efectuados 2 ensaios, um correspondente à Pos1 e outro à Pos2 das 6 sondas. Foi ainda implementada, nas janelas do canal, uma quadrícula de espaçamento 10 cm 10 cm, conforme se mostra na Figura 8a, para facilitar a leitura da altura de onda na rebentação e a identificação do tipo de rebentação. Para os ensaios com o recife composto por sacos de material geotêxtil preenchidos com areia efectuaram-se medições da velocidade com um ADV localizado num ponto a montante da estrutura (Figura 8c).

b) a) c) Figura 8. a) Quadricula implementada no canal, b)sondas e c) ADV usados nos ensaios. 3.4. Condições de ensaio Para cada geometria ensaiada foram realizados 96 ensaios de ondas regulares e 6 de agitação irregular, cujas características foram definidas em TEN VOORDE et al. (2009). Os ensaios de ondas regulares correspondem a 16 combinações de valores da altura de onda, H, entre 0.10 m e 0.35 m, e de altura de água junto ao batedor, h, de 0.75 m, 0.83 m, 0.87 m e 0.91 m. Cada condição de ensaio (H), foi testada para três períodos de onda, T, 2.52 s, 2.84 s e 3.16 s. As condições de agitação ensaiadas para agitação irregular correspondem a três combinações de valores de período de pico (Tp = 2.52 s, 2.84 s e 3.16 s), mantendo-se constante a profundidade junto ao batedor (h = 0.79 m) e a altura de onda significativa (Hs = 0.15 m). Os ensaios de ondas regulares tiveram uma duração de 410 s, o que corresponde a um mínimo de 100 ondas. Para as condições de agitação irregular foi usado um espectro JONSWAP, com um factor de esbelteza de pico γ = 3.3. Estes ensaios tiveram uma duração de cerca de 3300 s, o que corresponde a um mínimo de 1000 ondas. Como referido anteriormente, os ensaios, para cada condição de agitação incidente, foram realizados 2 vezes, com as sondas na Pos1 e na Pos2, respectivamente. Em cada ensaio procedeu-se à identificação visual do tipo de rebentação, à execução de fotografias de forma a verificar as condições de rebentação e à filmagem dos ensaios através da colocação de uma câmara de vídeo na zona de rebentação da onda. No Quadro 3 resumem-se as condições ensaiadas para as situações de recife impermeável e recife composto por sacos de material geotêxtil preenchidos com areia. Quadro 3. Condições ensaiadas a) ondas regulares (h = profundidade, H = altura de onda, s = altura de água sobre o recife e T = período de onda), b) agitação irregular (h = profundidade, Hs = altura de onda significativa e Tp = período de pico).

b) a) 4. RESULTADOS OBTIDOS Os dados de elevação da superfície livre obtidos com as sondas foram tratados de duas formas: no domínio do tempo, utilizando o método do passo ascendente por zero, obtendo-se os valores da altura de onda média H1/3 e do período de onda médio Tm, e outro no domínio da frequência, utilizando o programa SAM, obtendo-se os valores da altura de onda significativa Hs e o período de pico Tp. Assim, obtiveram-se os resultados da altura de onda e período para cada uma das geometrias e para todas as posições das sondas ao longo do canal (incluindo Pos1 e Pos2). Estes resultados permitiram analisar a zona mais provável de rebentação, observada através de uma diminuição brusca do valor da altura de onda. A título de exemplo, e para uma condição de agitação e de altura de água sobre o recife, apresenta-se na Figura 9a) a comparação entre os resultados obtidos para a geometria baixa com estrutura impermeável (EIGB) e para a geometria composta por sacos de material geotêxtil (EGGB). Na Figura 9b apresenta-se a comparação entre os resultados obtidos para a geometria baixa (EIGB) e para a geometria alta (EIGA) para o caso de recife impermeável. Observa-se que os valores de Hs obtidos para os ensaios nas duas posições são coerentes e próximos entre si. A rebentação ocorre primeiro para os recifes EGGB e EIGA do que para os recifes EIGB, verificando-se um desvio de cerca de 6 m entre ambos. 0,35 0,35 0,3 0,3 Hs (m) 0,25 0,2 Hs (m) 0,25 0,2 0,15 0,15 a) 0,1 0 10 20 30 40 50 EIGB Pos1 EGGB Pos1 EIGB Pos2 EGGB Pos2 x (m) b) 0,1 0 10 20 30 40 50 EIGB Pos1 EIGA Pos1 EIGB Pos2 EIGA Pos2 x (m)

Figura 9. Altura de onda ao longo do canal para as geometrias a) EIGB e EGGB nas duas posições das sondas (Pos1 e Pos2) para a condição h = 0.87 m, H = 0.25 m e T = 2.52 s, b) EIGB e EIGA nas duas posições das sondas (Pos1 e Pos2) para a condição h = 0.87 m, H = 0.25 m e T = 3.16 s. Da observação dos ensaios, da análise das imagens das fotografias e vídeos e da confirmação posterior dos valores de Hs, determinou-se o tipo de rebentação de cada ensaio. A título de exemplo, apresentam-se na Figura 10, na Figura 11 e na Figura 12 a rebentação observada em alguns dos casos estudados (geometria baixa, EIGB, e geometria alta, EIGA, para recife impermeável, e geometria baixa para recife composto por sacos de material geotêxtil, EGGB), juntamente com o valor do número de Iribarren correspondente. EIGB, Ir = 0.92988 EIGA, Ir = 1.10267 Figura 10. Rebentação observada nos ensaios para h = 0.75 m, H = 0.10 m e T = 2.84 s. EIGB, Ir = 0.65450 EGGB, Ir = 0.85318 Figura 11. Rebentação observada nos ensaios para h = 0.87 m, H = 0.15 m e T = 2.84 s. EIGB, Ir = 0.64699 EGGB, Ir = 0.67751

Figura 12. Rebentação observada nos ensaios para h = 0.87 m, H = 0.20 m e T = 2.52 s. No Quadro 4 apresenta-se, a título de exemplo, um resumo dos resultados de altura de onda (Hm) e período (T) medidos nos ensaios de agitação regular para o recife composto por sacos de material geotêxtil preenchidos com areia, e o respectivo número de Iribarren (ξ0). Observa-se que, de acordo com o proposto por Battjes e para todos os casos em estudo, a rebentação é mergulhante, com valores do número de Iribarren entre 0.60 e 1.29, tal como observado nos ensaios. Este valor foi calculado com base na equação 1, considerando como H0 o valor de altura de onda média Hm na Sonda 1, situada a cerca de 5.1 m do batedor, e como tanα o declive local, com um valor de 1:10 em todos os ensaios. Assim, para a geometria e condições de onda testadas, o material e comprimento do recife não influenciaram o tipo de rebentação. O período também não tem muita influência no tipo de rebentação. No entanto, a altura de onda tem: quanto maior, melhor é a onda em termos de surfabilidade. Embora o comprimento do recife não pareça ter influência no tipo de rebentação, a forma da rebentação é melhor para o surf com uma estrutura de maior comprimento, quer para o recife impermeável, quer para o recife composto por sacos de material geotêxtil, embora para este último esta influência seja menor. A posição da rebentação também varia: para a estrutura composta por sacos de material geotêxtil ocorre aproximadamente no final do talude ou sobre o coroamento, enquanto para a estrutura impermeável e com o mesmo tipo de geometria rebenta frequentemente sobre o talude. Para a estrutura impermeável, a rebentação ocorre antes no caso de geometria alta (EIGA) do que com geometria baixa (EIGB). Para a estrutura de material geotêxtil, a diferença na posição de rebentação entre as geometrias alta e baixa é menos relevante. Quadro 4. Tipos de rebentação obtidos para as geometrias baixa e alta.

Observa-se ainda que o aumento da profundidade inicial do recife leva a que a rebentação se dê mais próxima da estrutura. No entanto, para a mesma profundidade, quanto menor a altura de onda mais próxima do recife é a rebentação, enquanto o período não tem muita influência na posição de rebentação. A Figura 13 ilustra a posição e tipo de rebentação para h = 0.83 m, H = 0.20 m e T = 2.84 s, para as quatro geometrias testadas. Observa-se que na EIGB a onda rebenta mais próximo do recife do que para a EIGA, que rebenta no declive da estrutura, e que para a EG as diferenças na posição da rebentação são atenuadas, com a EGGA a rebentar um pouco mais próximo da estrutura do que para EGGB (que rebenta no declive da estrutura). EIGB EIGA

EGGB EGGA Figura 13. Rebentação observada nos ensaios para a estrutura impermeável, geometrias alta e baixa (EIGA e EIGB), e para a estrutura de geotêxtil, geometrias alta e baixa (EGGA e EGGB) para h = 0.83 m, H = 0.20 m e T = 2.84 s. Verifica-se ainda maior turbulência na zona de rebentação nos ensaios realizados com sacos de material geotêxtil do que a observada na estrutura impermeável. Isto deve-se possivelmente às concavidades que se criam entre os sacos de material geotêxtil e à deformação da forma dos sacos ao longo dos ensaios, tal como pode ser observado na Figura 14. b) a) Figura 14. Geometrias dos sacos de geotêxtil a) no início e b) depois dos ensaios. Foram também medidos pelo ADV, para o recife de material geotêxtil com geometria baixa, os valores das três componentes da velocidade, Vx, Vy e Vz, e calculado o respectivo módulo da velocidade. Na Figura 15 apresentam-se, a título de exemplo, os resultados obtidos para a profundidade h = 0.87 m, considerando as respectivas alturas de onda e os períodos de onda ensaiados. 3,5 V (m/s) 3 D87 2,5 2 1,5 1 0,5 H1 5_ T2 52 H1 5_ T2 84 H1 5_ T3 16 H2 0_ T2 52 H2 0_ T2 84 H2 0_ T3 16 H2 5_ T2 52 H2 5_ T2 84 H2 5_ T3 16 0 Ensaios Figura 15. Módulo da velocidade para cada ensaio realizado com a estrutura de material geotêxtil e geometria baixa, para h = 0.87 m e as diversas alturas de onda Hm e dos períodos de onda Tm ensaiados.

Da análise dos dados da velocidade num ponto, medidos com o ADV para o caso da estrutura de material geotêxtil e geometria baixa, não foi possível estabelecer nenhum padrão que relacione o módulo da velocidade com a profundidade do recife ou a altura de onda. Para alguns casos verificou-se que a um aumento do valor do período da onda corresponde um maior valor do módulo da velocidade, mas não em todos. 5. CONCLUSÕES Para o projecto de um recife artificial multi-funcional, o tipo e a localização da rebentação são factores cruciais, já que um dos principais objectivos desta estrutura é melhorar as condições para a prática de surf numa dada região. Para estudar a influência do comprimento, da cota do coroamento e do material que compõe um recife no tipo e posição da rebentação, foram realizados ensaios da propagação de ondas sobre uma secção transversal de um recife artificial. Foram ensaiados dois tipos de recifes: um impermeável, com fundo rígido, e outro composto por sacos de material geotêxtil preenchidos com areia. Para cada um destes tipos foram estudadas duas geometrias de recife, que diferiam entre si no nível do pé da estrutura mantendo-se o declive do talude de montante e a cota de coroamento constantes. Para cada geometria foram ensaiadas 18 condições de agitação, incluindo agitação regular e irregular e diferentes valores de período e altura de onda. Os ensaios foram realizados num canal de ondas irregulares do LNEC. Ao longo do canal foram colocadas 8 sondas resistivas para registo da variação da superfície livre ao longo do canal; foram ainda realizados vídeos e tiradas fotografias para verificação das características da rebentação. Para uma das geometrias testadas, constituída por sacos de material geotêxtil, efectuaram-se ainda medições de velocidade através de um Acoustic-Doppler Velocimeter (ADV) localizado num ponto a montante da estrutura. O tipo de rebentação é mergulhante para todas as condições testadas. É de referir que o tipo de rebentação previsto por Battjes baseado no número de Iribarren seria mergulhante, para todos os casos, o que indica que este poderá ser um parâmetro adequado para este tipo de estruturas, para as condições testadas. Embora o tipo de rebentação nas estruturas testadas seja semelhante, a posição da rebentação variou: para a estrutura composta por sacos de material geotêxtil ocorre aproximadamente no final do talude, enquanto para a estrutura impermeável e com o mesmo tipo de geometria rebenta sobre o talude. Verifica-se ainda maior turbulência na zona de rebentação nos ensaios realizados com os sacos de material geotêxtil. Assim, dos ensaios realizados pode concluir-se que, para as condições testadas, o material que constitui o recife, assim como a sua geometria, não tiveram influência no tipo de rebentação, obtendo-se uma rebentação apropriada para a prática de surf (mergulhante) para todas as condições testadas. No entanto, a geometria e material do recife levaram a alterações na posição e na forma da rebentação: recifes com menor comprimento e menor cota de coramento apresentaram melhores condições para a prática do surf, com a rebentação a dar-se no talude do recife. AGRADECIMENTOS Este projecto foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia atráves da bolsa PTDC/ECM/66516/2006. 6. REFERÊNCIAS

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