A Contextualização e Abrangência dos Conteúdos de Álgebra nos Vestibulares da UEL, UEM e UEPG Autor: Gefferson Luiz dos Santos Orientadora: Angela Marta Pereira das Dores Savioli Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática Universidade Estadual de Londrina-UEL Introdução Com o intuito de colaborar para o debate sobre currículos de Matemática no Ensino Médio, a presente pesquisa busca verificar a contextualização e a abrangência dos conteúdos nas questões de Álgebra nos vestibulares das Universidades Estaduais de Londrina, Maringá e Ponta Grossa nos anos de 2005, 2006 e 2007. As práticas vigentes no Ensino Médio são muitas vezes orientadas pelo que cobram os exames vestibulares, mesmo que os alunos a que se destinam tenham o ensino superior como uma possibilidade real. Constata-se que a cultura do cursinho está cada vez mais presente no sistema de ensino: materiais elaborados pelas grandes redes de cursinhos prévestibulares são usados em escolas particulares e começam a chegar às escolas públicas. Pode-se dizer que o Ensino Médio é uma espécie de ponte de ligação entre os conhecimentos básicos aprendidos no ensino Fundamental e os estudos avançados que serão feitos na universidade. A escolha dos assuntos é equilibrada e objetiva. O maior problema está na execução destes conteúdos. Muitos professores afirmam que se o exame vestibular se limita à aplicação de algoritmos e fórmulas, parece obrigatório treinar os alunos, mesmo que em tarefas de pouco sentido. Referindo-se particularmente à Álgebra, muitas provas de vestibulares continuam apresentando questões descontextualizadas com uma linguagem e um formalismo inconseqüente. A linguagem na Matemática, muitas vezes, impede o aluno de criar, conjecturar. Diante dessa situação levantamos o seguinte problema: As questões que envolvem conteúdos algébricos nos vestibulares da UEL, UEM e UEPG são contextualizadas e abrangentes 1? Também temos as seguintes questões norteadoras: 1 O termo abrangente refere-se à quantidade de conteúdos abordados em cada uma das questões
Existe coerência entre os PCN e as Diretrizes Curriculares do estado do Paraná para o ensino da Álgebra na educação básica e as questões dos vestibulares da UEL, UEM e UEPG? Que conhecimentos algébricos os exames vestibulares têm priorizado nos últimos três anos? A contextualização dos conteúdos nas questões dos exames vestibulares tem contribuído para o ensino da Álgebra ao longo da Educação Básica? A importância de um ensino diferenciado da Matemática, ou seja, um ensino que não seja apenas influenciado pelo vestibular torna-se extremamente necessária. Precisamos mudar nosso conceito de aula de Matemática, preparando aulas interessantes e voltadas para a capacitação e raciocínio de nossos alunos. Estes estão na maioria das vezes preparados para enfrentar a prova de Matemática, pois acham que o que aprendem na sala de aula é suficiente para obter a tão sonhada vaga na universidade. Para obter sucesso no exame vestibular, é necessário que nossos alunos saibam mais do que é visto em sala de aula. É importante que eles saibam raciocinar e utilizar os conceitos aprendidos de forma correta, clara e precisa. Um pouco de história Segundo Ribeiro (1982), o Decreto 8.659 de 05 de abril de 1911 determinou que aquele que desejasse ingressar no ensino superior deveria submeter-se a uma espécie de exame do Estado. Apesar dessa determinação que marca a origem do vestibular, o que na prática continuava a garantir a entrada nas faculdades eram os exames de fim de curso, os chamados exames preparatórios. Em 1915, os exames preparatórios foram pela primeira vez, chamados de vestibulares. Nesta época o candidato era obrigado a apresentar o certificado de aprovação em todas as disciplinas do Colégio Pedro II, fornecido pelo próprio colégio ou pelos colégios a ele equiparados. Na década de 20, o vestibular começou a vigorar efetivamente, pois o número de candidatos ultrapassou o número de vagas ofertadas. A reforma educacional de 1931 dividiu o ensino em dois ciclos: o fundamental e o complementar. Para a inscrição no vestibular era então exigida a conclusão do curso complementar, correspondente à natureza da faculdade e do curso superior pretendido pelo
aluno. Portanto, para cada curso universitário, havia um curso complementar correspondente. Na década de 40, com a instituição do princípio de equivalência passou a vigorar como único pré-requisito para o vestibular, a conclusão do ensino secundário clássico ou científico. Mas ainda assim, era exigido do candidato, um conhecimento voltado para o curso específico. Cunha (1977) afirma que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 alterou esse sistema, concedendo autonomia aos estabelecimentos de ensino para que decidissem sobre os critérios de habilitação e classificação para o ensino superior. A lei passou a estimular uma multiplicação de modelos de avaliação, baseados em critérios diversos, provas e programas diferentes. Assim, o Conselho Federal de Educação baixou uma série de regulamentos para o vestibular. No período de 1964 e 1968, cresceu em 120 por cento o número de inscritos nos exames vestibulares, taxa muito superior ao aumento do número de vagas oferecidas nesse mesmo período, que foi de 56 por cento. Em 1968, 125 mil alunos, em todo o país haviam sido aprovados no vestibular, mas não conseguiram entrar na Universidade por falta de vagas. No fim desse mesmo ano, em meio às discussões para a reforma universitária e o exame vestibular, surgiu uma maneira de eliminar a figura do excedente: o chamado exame classificatório. Até o início de 1968, a aprovação no vestibular dependia de uma média não inferior a cinco, mas só os alunos que obtinham as melhores notas garantiam a classificação para o ingresso na universidade, já que as vagas eram limitadas. O vestibular classificatório não altera em nada essa situação, apenas passa a reservar o nome de aprovados àqueles que conseguiam também a classificação. As grandes modificações no vestibular só ocorreram em 1971, quando foram fixadas as novas condições para o ingresso na Universidade através do Decreto 68.908 de 13 de julho, depois regulamentado por várias portarias ministeriais. Além de determinar que o vestibular passaria a ter conteúdo único para todas as carreiras e caráter classificatório, o decreto definiu que o exame seria realizado ao mesmo tempo em todo o país ou pelo menos, por regiões e que as provas deveriam ser as mesmas para toda a Universidade, abrangendo questões objetivas sobre as disciplinas constantes do currículo do ensino médio (núcleo comum).
A partir de 1978 também são introduzidas alterações importantes no caráter do exame vestibular, como a inclusão da prova de questão de redação em língua portuguesa, provas de habilidades específicas para determinados curso e a possibilidade de realização do vestibular em mais de uma etapa. Atualmente o vestibular unificado perdeu muito o seu caráter inicial determinado em 1971. Hoje em dia, a unificação apenas quer dizer que um conjunto de provas está sendo aplicado a diferentes grupos de candidatos ou instituições. Mas felizmente, com o avanço da autonomia universitária, começam a serem testadas formas alternativas de acesso ao ensino superior. Lima (2001) afirma que a Constituição Federal estabelece que o Ensino Médio é responsabilidade dos sistemas estaduais e, segundo a constituição, sua obrigatoriedade é uma meta a ser atingida a médio prazo. Não há um programa compulsório para as disciplinas lecionadas nos níveis de ensino, ficando os sistemas municipais e estaduais encarregado de elaborar os respectivos currículos. Apesar das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio afirmarem que o nível médio de ensino não deve ter como objetivo principal a preparação para o os exames vestibulares, é preciso ter em mente que o objetivo de todo o ensino é trocar e socializar idéias, estimular o pensamento independente e a criatividade. A elaboração do currículo de cada disciplina é fortemente influenciada pelo exame vestibular. E a Matemática sofre também essa influência. O currículo de Matemática no Ensino Médio é determinado pelos exames de ingresso aos cursos superiores. Objetivo Geral Verificar a contextualização e a abrangência dos conteúdos algébricos nas questões de Álgebra nos vestibulares da UEL, UEM e UEPG de 2005, 2006 e 2007. Objetivos Específicos - Verificar se existe coerência entre os PCN e as diretrizes do estado do Paraná para o ensino da Álgebra na educação básica e as questões dos vestibulares da UEL, UEM e UEPG.
- Analisar os manuais dos vestibulares dos anos de 2005, 2006 e 2007 da UEL, UEM e UEPG para verificar quais conhecimentos são exigidos dos candidatos ao concurso vestibular da UEL, UEM e UEPG. - Identificar quais conhecimentos algébricos os exames vestibulares têm priorizado nos anos de 2005, 2006 e 2007. - Verificar a existência da contextualização dos conteúdos algébricos nas questões dos exames vestibulares. Metodologia Em nosso projeto, utilizaremos como metodologia, a pesquisa exploratória e documental. Para Fiorentini & Lorenzato (2006) a pesquisa exploratória ou diagnóstica tem a finalidade de realizar um estudo com o intuito de obter informações ou dados mais esclarecedores e consistentes sobre o tema abordado. Essa modalidade de pesquisa também pode envolver o levantamento bibliográfico até mesmo estudo de caso. Pádua (2002) afirma que a pesquisa documental é aquela realizada a partir de documentos considerados cientificamente autênticos e permite comparar ou descrever fatos, estabelecendo suas características ou tendências. Para o desenvolvimento da pesquisa serão analisadas as questões de conhecimentos gerais dos concursos vestibulares das Universidades Estaduais de Londrina, Maringá e Ponta Grossa que abordam conhecimentos algébricos e a contextualização e abrangência desses conhecimentos presentes em cada uma delas. Referências Bibliográficas BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999. COSTA RIBEIRO, Sérgio. O vestibular. Em aberto. Brasília, ano 1, n. 03, fev. 1982, pp. 1-11
CUNHA, Luiz Antônio. Vestibular: a volta do pêndulo. Em aberto. Brasília, ano 1, n. 03, fev. 1982. pp. -12-20.. Vestibular: a volta do pêndulo. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o progresso da Ciência, 29, São Paulo, julho, 1977. Simpósio 3. São Paulo, SBPC, 1980. pp. - 106-114 FIORENTINI, Dario. LORENZATO, Sérgio. Investigação em Educação Matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. (Coleção formação de professores) LIMA, Elon Lages. Matemática e Ensino. Rio de Janeiro: SBEM, 2001. PÁDUA, Elizabete. Metodologia da Pesquisa: Abordagens Teórico-Práticas. Campinas, SP. Papirus Editora, 7. ed.