Ferramentas para a Gestão do Espaço Rural Gestão Agronómica e Energética em duas espécies distintas Capítulo 3 Material e Métodos

Documentos relacionados
Capítulo 5 Discussão dos Resultados

UNIVERSIDADE DO ALGARVE. Faculdade de Ciências e Tecnologia FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DO ESPAÇO RURAL GESTÃO AGRONÓMICA E ENERGÉTICA

EFEITO DA TORTA DE MAMONA SOBRE O CRESCIMENTO DA MAMONEIRA BRS 149 NORDESTINA.

Enriquecimento de substrato com adubação NPK para produção de mudas de alface

USO POTENCIAL DA TORTA DE PINHÃO MANSO NA COMPOSIÇÃO DE SUBSTRATOS PARA PRODUÇÃO DE MUDAS DE Acacia mangium WILD.

5º Congresso Florestal Nacional, A Floresta e as Gentes, IPV Viseu, Maio 2005.

SÍNTESE DO SULFATO DE TETRAMINOCOBRE MONOIDRATADO

EFICIÊNCIA AGRONÔMICA E VIABILIDADE TÉCNICA DO PROGRAMA FOLIAR KIMBERLIT EM SOJA

Bloco B: ESPAÇOS VERDES E SUSTENTABILIDADE. 1.3 Uso eficiente da água nos espaços verdes

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MELANCIA EM DIFERENTES TEMPERATURAS 1. INTRODUÇÃO

AVALIAÇÃO DA FITOMASSA E COMPRIMENTO DAS RAÍZES DA MAMONEIRA BRS NORDESTINA INFLUENCIADOS PELA FERTILIZAÇÃO ORGÂNICA

Enriquecimento de substrato com adubação NPK para produção de mudas de tomate

PRÁTICAS PARA A DISCIPLINA LABORATÓRIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL 2 AGREGADOS

Estudo do comportamento de um adubo Blend versus adubo Complexo

Pós-Graduação e Mestrado em Viticultura Departamento de Agronomia. Monitorização da cultura da vinha UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Tabela 10 Equipamento e respectivas características para cada operação. Fase / Operação Equipamento Características

SOLO. Matéria orgânica. Análise Granulométrica

DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE TOMATE EM SUBSTRATO CONTENDO TORTA DE MAMONA

Vigor de Plântulas de Milho Submetidas ao Tratamento de Sementes com Produto Enraizador

MT DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. Agregados determinação do inchamento de agregado miúdo

PRODUÇÃO DE ALFACE AMERICANA SOB INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E DOSES DE MATERIAL HÚMICO

AVALIAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS GRÃOS DE MILHO E DE SOJA ARMAZENADOS EM SILOS BAG

Adubação orgânica do pepineiro e produção de feijão-vagem em resposta ao efeito residual em cultivo subsequente

MÓDULO 3 MODELAÇÃO INTEGRADA DE ECOSSISTEMAS

TÍTULO: AVALIAÇÃO DE MUDAS DE COFFEA ARABICA PRODUZIDAS EM DIFERENTES RECIPIENTES

Palavras Chaves: Comprimento radicular, pendimethalin, 2,4-D

DESVANTAGENS EM RELAÇÃO A OUTROS SISTEMAS DE REGA

Química Geral Experimental - Aula 5

CRESCIMENTO RADICULAR DE HIBRIDO DE CIMBIDIUM (ORCHIDACEAE) EM DIFERENTES SUBSTRATOS. Moisés A. MUNIZ 1 RESUMO

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MATERIAL HÚMICO SOBRE A PRODUÇÃO DE ALFACE AMERICANA

Substratos orgânicos para mudas de hortaliças produzidos a partir da compostagem de cama de cavalo

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 17 a 20 de outubro, ARTIGOS COMPLETOS

Utilização de Composto Orgânico com Diferentes Níveis de Enriquecimento, como Substrato para Produção de Mudas de Alface e Beterraba

Termos para indexação: IVG, Vigor de sementes, Leguminosa tropical

ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO INICIAL DO TOMATE IPA 6 EM DIFERENTES COMBINAÇÕES DE SUBSTRATO E AREIA

RESPIRAÇÃO MICROBIANA NO SOLO CONTENDO TORTA DE MAMONA EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DA UMIDADE. Algodão,

PRODUÇÃO DE MUDAS DE CAFEEIRO EM TUBETES UTILIZANDO SUBSTRATOS CONSTITUÍDOS POR CASCA DE ARROZ CARBONIZADA E CASCA DE CAFÉ COMPOSTADA

Diferentes níveis de adição de Torta de Neem no substrato na produção de mudas de Pinus taeda EVERTON BENDLIN COLLET DIEDRA RIBEIRO ESCOBAR

Síntese do acetato de n-butilo ou etanoato de n-butilo

COMPORTAMENTOS DAS VÁRIAS FRACÇÕES QUE COMPÕEM O SOLO

SUBSTRATOS À BASE DE HÚMUS DE MINHOCA COM DIFERENTES FORMULAÇÕES NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE ALFACE

Substrato para morango da escolha ao manejo. Adriano Edson Trevizan Delazeri

EFEITO DOS DIFERENTES TIPOS DE SUBSTRATO NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE LACTUCA SATIVA RESUMO

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 465

Exame de Admissão 2016/1 Prova da área de termo fluidos Conhecimentos específicos

BALANÇO ENERGÉTICO DE SISTEMAS DE ROTAÇÃO OU SUCESSÃO DE CULTURAS, ENVOLVENDO TRIGO E SOJA, EM PLANTIO DIRETO

Estudo da densidade de fluidos incompressíveis através de um tubo em U

DESAFIOS E OPORTUNIDADES: INTERFACE DO MELHORAMENTO COM OUTRAS TECNOLOGIAS AGRONÔMICAS. José Carlos Feltran

CIRCULAR TÉCNICA N o 176 JANEIRO UM ENSAIO FATORIAL DE ESPÉCIES E ADUBAÇÕES DE Eucalyptus

SOBRE A COMPOSIÇÃO MINERAL DO AGUAPÉ (Eichornia crassipes) *

O lado bom de uma samambaia vilã. Carina Hayakawa Pereira*; Rosana Marta Kolb

BIOCARVÃO COMO COMPLEMENTO NO SUBSTRATO PARA A PRODUÇÃO DE MUDAS DE TOMATE CEREJA

CULTIVO in vitro DE EMBRIÕES DE CAFEEIRO: concentrações de meio MS e polpa de banana RESUMO

USO DO MÉTODO ESPECTROFOTOMÉTRICO PARA A DETERMINAÇÃO DE ENXOFRE EM FERTILIZANTES.

UTILIZAÇÃO DE CASCA, TORTA DE MAMONA E FOSFATO NATURAL NA FERTILIZAÇÃO DE PLANTAS DE MAMONEIRA. Souza Carvalho Júnior

INFLUÊNCIA DE FERTILIZANTE ORGÂNICO (CHORUME) NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE MOSTARDA (Brassica juncea (L.) Coss.)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Produção de Mudas de Pepino e Tomate Utilizando Diferentes Doses de Adubo Foliar Bioplus.

Relatório do Estágio 1167 As plantas nossas amigas! Joana Sofia Luís Martins Sara Sofia Valente Borges. Orientação:

CRESCIMENTO INICIAL E DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DE GERGELIM EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO Apresentação: Pôster

3 Equipamentos, Rotinas e Programa de Ensaios

TOLERÂNCIA DE CULTIVARES DE MAMONEIRA À TOXICIDADE DE ALUMÍNIO EM SOLUÇÃO NUTRITIVA.

o custo elevado dos fertilizantes fosfatados solúveis em água

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

AVALIAÇÃO DE ISOLADOS DE

5 MATERIAIS E MÉTODOS

Mecânica dos solos AULA 4

ROTEIRO DE AULAS PRÁTICAS DA DISCIPLINA FISIOLOGIA VEGETAL PROFª CYNTHIA CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE

[Cu(NH3)4]SO4. H2O (aq) + 4H2O (l)

ENSAIO DE APLICAÇÃO DE

Agregados - determinação da absorção e da densidade de agregado graúdo RESUMO 0 PREFÁCIO ABSTRACT 1 OBJETIVO SUMÁRIO 2 REFERÊNCIAS

INFLUÊNCIA DA APLICAÇÃO DE HORMONAS NO ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE ORNAMENTAIS

Segunda Lista de Instrumentação

Olimpíadas de Física Prova Experimental A

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL CAMPUS RIO GRANDE INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL

DETERMINAÇÃO DO GRAU DE UMIDADE EM SEMENTES. Francisco Guilhien Gomes Junior. Identificação da maturidade fisiológica

Determinação da Entalpia de uma Reacção

CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO EM SUBSTRATOS COM REJEITOS DE MINERAÇÃO DO SEMI-ÁRIDO-PB

RELATÓRIO TÉCNICO WISER TÍTULO: AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA AGRONÔMICA E VIABILIDADE TÉCNICA DA UTILIZAÇÃO DO PROGRAMA WISER NA CULTURA DO MILHO

EFEITO DO TAMANHO DO VASO E DA ÉPOCA DE CORTE DE PLANTAS DE TRIGO NO ESTUDO DA AÇÃO DOS NUTRIENTES N, P e K ( 1 )

ANÁLISE DO TECIDO VEGETAL DO PINHÃO MANSO, SUBMETIDOS A FONTES E DOSES DE FERTILIZANTES

Noções elementares de água no solo

Utilização de diferentes proporções de casca de café carbonizadas para a produção de mudas de tomate (Solanum lycopersicum)

BIOCARVÃO E HÚMUS COMO ADUBAÇÃO ORGÂNICA NA PRODUÇÃO DE RÚCULA EM CANTEIRO

SELETIVIDADE DO SORGO SACARINO A HERBICIDAS E O TRATAMENTO DE SEMENTES COM O BIOATIVADOR THIAMETHOXAM

ENSAIOS DE LABORATÓRIO

15 AVALIAÇÃO DOS PRODUTOS SEED E CROP+ EM

Eficiência agronômica de inoculante líquido composto de bactérias do gênero AzospirÜ!um

TÍTULO: ACÚMULO DE BIOMASSA E COMPRIMENTO DE RAIZ DE ESPÉCIES DE BRACHIARIA SUBMETIDAS A DUAS DISPONIBILIDADES HÍDRICAS

Módulo 04 Picnometro com sólidos

EFICIÊNCIA DA ADUBAÇÃO FOSFATADA EM FEIJÃO CAUPI (Vigna unguiculata L. Walp.) INOCULADO SOB CONDIÇÕES DE SEQUEIRO NA PARAÍBA

ESTRATÉGIAS DE APLICAÇÃO E FONTES DE FERTILIZANTES NA CULTURA DA SOJA 1

Temperatura de Superfícies Naturais

III GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Tuberaria major COM PRÉ- TRATAMENTOS TÉRMICOS SIMULANDO TEMPERATURAS DO SOLO

ENGENHARIA BIOLÓGICA INTEGRADA II

UNIVERSIDADE DO ALGARVE ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA ÁREA DEPARTAMENTAL DE ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO NP 80 TIJOLOS PARA ALVENARIA

UNIVERSIDADE DO ALGARVE ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA ÁREA DEPARTAMENTAL DE ENGENHARIA CIVIL LABORATÓRIO NP 80 TIJOLOS PARA ALVENARIA

Eficiência Agronômica de Compostos de Aminoácidos Aplicados nas Sementes e em Pulverização Foliar na Cultura do Milho 1. Antônio M.

COMBINAÇÃO DE CASCA E TORTA DE MAMONA COMO ADUBO ORGÂNICO PARA A MAMONEIRA

Transcrição:

3.1. Modalidades em estudo e local do ensaio O ensaio decorreu entre Fevereiro e Maio de 2009 no Horto do Campus de Gambelas na Universidade do Algarve. As modalidades em estudo consistiram em diferentes misturas de dois substratos: um substrato orgânico comercial (mistura de turfas de crescimento) e um vermicomposto produzido através de estrume de ovino, nas seguintes proporções: 100% de vermicomposto (modalidade V 100); 75% de vermicomposto mais 25% de turfa (modalidade VO 75-25), 50% de vermicomposto mais 50% de turfa (modalidade VO 50-50), 25% de vermicomposto mais 75% de turfa (modalidade VO 25-75) e 100% de turfa (O 100). As cinco modalidades foram repetidas para ambas as culturas: Lactuca sativa e Thymus zygis. Os parâmetros determinados nos substratos das diferentes modalidades foram os seguintes: matéria orgânica total (MO), matéria mineral (MM), percentagem de humidade (H) e de matéria seca (MS), densidade aparente seca (dap s ) e densidade real (dr), capacidade de arejamento (CA), água facilmente utilizável (AFU), água dificilmente utilizável (ADU), água de reserva (AR), espaço poroso total (EPT), ph e condutividade eléctrica (CE). Estes parâmetros foram determinados em três fases distintas: antes da instalação das culturas (Novembro de 2008), após o transplante (Março e Abril de 2009) e no final das culturas (Maio de 2009). Durante o período do ensaio foi possível efectuar duas campanhas para a cultura da alface utilizando os mesmos substratos. 3.2. Substratos 3.2.1. Matéria orgânica (MO) e matéria mineral (MM) A percentagem de matéria mineral determinou-se através de gravimetria indirecta (via seca) através de calcinação em mufla a 560 ºC durante 3 h. Os cálculos foram determinados através das seguintes expressões: - 22 -

(1) (2) Sendo: a (g) = Peso do copo de porcelana depois de pré-calcinado: b (g) = Somatório do peso inicial da amostra moída e do copo de porcelana pré-calcinado; c (g) = Somatório do peso final da amostra moída e do copo de porcelana précalcinado. 3.2.2. Percentagem de humidade (H) e de matéria seca (MS) Os teores de humidade e de matéria seca foram determinados através do método proposto por Martinez (1992). Pesou-se uma quantidade de material correspondente a aproximadamente 40 a 50 g de matéria seca e secou-se na estufa a 105 ºC, até se atingir peso constante. Os resultados foram determinados através das seguintes fórmulas: (3) MS = 100 H (%) (4) - 23 -

Sendo: A (g) = Peso do recipiente onde se colocou a amostra a secar B (g) = Peso inicial da amostra C (g) = Peso final da amostra 3.2.3. Densidade real (dr) e densidade aparente (dap) Tratando-se de materiais essencialmente orgânicos, determinou-se a densidade real a partir dos teores em matéria orgânica e de cinzas (matéria mineral) obtidos por calcinação. Utilizou-se 1,50 para o valor de densidade real da fracção orgânica e 2,65 para a fracção mineral (Martinez, 1992). A densidade real foi calculada pela seguinte fórmula: (5) Sendo: dr: densidade real MO: percentagem de matéria orgânica do material (= 100 - % cinzas) MM: percentagem de matéria mineral do material (= % de cinzas) Para determinação da densidade aparente (dap) utilizou-se uma adaptação do método de De Boodt et al. (1974), que consistiu em determinar directamente o teor de humidade e o peso seco do material, utilizando-se dois cilindros de alumínio sujeitos à tensão de 10 cm de coluna de água durante 48 horas. - 24 -

Separou-se posteriormente o material do cilindro inferior, sendo pesado e colocado a secar a 105ºC. Relacionando o volume do cilindro e o peso fresco do material do cilindro obteve-se a densidade aparente húmida (dap h ). Com a relação entre o volume do cilindro e o peso seco a 105 ºC obteve-se a densidade aparente seca (dap s ). 3.2.4. Espaço poroso total (EPT) Este parâmetro foi calculado a partir dos valores da densidade aparente, referida ao material seco (daps), e da densidade real (dr), através da equação: (6) 3.2.5. Relações ar água Nas relações ar - água determinou-se: a capacidade de arejamento (CA), a água facilmente utilizável (AFU), a água de reserva (AR) e a água dificilmente utilizável (ADU). Para determinação destes parâmetros seguiu-se o método de De Boodt et al. (1974). Este método baseia-se na determinação do teor de água retida pelo material, a tensões relevantes para os substratos, originados por uma coluna de água, de altura regulável, até 10 kpa (aproximadamente 100 cm de coluna de água), permitindo a determinação das seguintes características: Capacidade de arejamento (CA): Calculado pela diferença em percentagem de volume, entre o espaço poroso total e o teor de água à tensão de 1 kpa. - 25 -

Água facilmente utilizável (AFU): Calculado a partir da percentagem de volume de água libertada pelo substrato quando a tensão aumenta de 1 para 5 kpa. Água de reserva (AR): Calculando a percentagem de volume de água libertada pelo substrato quando a tensão aumenta de 5 para 10 kpa. Água dificilmente utilizável (ADU): Corresponde à percentagem em volume de água retida à tensão igual ou superior a 10 kpa. 3.2.6. ph e condutividade eléctrica (CE) Os valores de ph e condutividade eléctrica foram determinados em 3 datas para cada uma das modalidades, no início do ensaio, no final da 1.ª campanha de alface (56 dias após a transplantação) e no final da 2.ª campanha de alface (47 dias após o transplante). Para a determinação do ph preparou-se um extracto aquoso 1:2 (v/v), a partir de 100 ml da amostra, medidos à pressão de 10 g cm -2, e 200 ml de água destilada. Agitou-se com uma vareta de vidro durante 20 minutos deixando-se repousar durante uma hora, procedendo-se, sem agitar, à leitura do ph num potenciómetro. A condutividade eléctrica (CE) mediu-se, num condutivímetro através de uma solução obtida do mesmo modo ou na mesma que a utilizada para determinação do ph, após filtração com papel de filtro. Os valores foram expressos e mscm -1. - 26 -

3.3. Material vegetal: Lactuca sativa 3.3.1. Instalação da cultura Foi adquirida uma placa de sementeira com alfaces tipo Batavia com 3 semanas de germinação tendo sido posteriormente instaladas em cada uma das modalidades num total de 50 vasos com 10 repetições por modalidade em vasos de 2 L (Figura 9). Cada vaso foi regado manualmente e não foi aplicada adubação mineral. Este procedimento foi repetido para a 2.ª campanha da cultura. No inicio da primeira e segunda campanha as plantas apresentavam um peso médio de 2,7 g e 2,6 g respectivamente (n=3). Figura 9 Aspecto de plântulas de Lactuca sativa para vasos de 2 L após a transplantação. 3.3.2. Produção Em cada modalidade, pesou-se a parte aérea de todas as plantas individualmente. O somatório destes valores permitiu calcular o peso fresco total da modalidade. - 27 -

3.3.3. Eficiência de uso da água de rega A eficiência de uso de água de rega para cada uma das modalidades determinou-se através do quociente entre o peso fresco total (g) e o volume total de água de rega (m 3 ) gasto no final de cada campanha. Os resultados foram expressos em g peso fresco produzido por m 3 de água aplicado. 3.3.4. Percentagem de variação de peso fresco (Pf) entre as duas campanhas Para a determinação das percentagens de variação de peso fresco da 1.ª para a 2.ª campanha utilizou-se a seguinte fórmula:.ª.ª Percentagem de variação = x 100 (7).ª 3.4. Cultura de Thymus zygis 3.4.1. Instalação da cultura As sementes de Thymus zygis foram semeadas em placas de alvéolos, utilizando um substrato de germinação Gramoflor (Figura 10). 75 dias após a germinação as plantas foram instaladas em cada uma das modalidades, num total de 50 vasos com 10 repetições por modalidade em vasos de 2 L. - 28 -

Figura 10 Plantas de Thymus zygis germinadas após 9 semanas (Nov. 2008). 3.4.2. Parâmetros de crescimento 3.4.2.1.Comprimento Determinou-se o comprimento da parte aérea (h máx) de todas as plantas através da medição com régua graduada do maior caule existente (Figura 11). Comprimento medido Figura 11 Planta de Thymus zygis da modalidade O 100 após 13 semanas de germinação (Março de 2009). - 29 -

3.4.2.2.Diâmetro Para ter uma noção mais exacta do crescimento da copa, determinou-se o diâmetro da parte aérea (d máx) através da medição com rega graduada dos 3 maiores diâmetros da copa de cada planta sendo medidos no topo da copa paralelamente à superfície do vaso. Calculou-se o valor médio das 3 medições. 3.4.2.3.Volume Radicular Para a determinação do volume radicular introduziu-se a raiz de cada planta numa proveta graduada contendo 15 ml de H 2 O destilada. O volume radicular correspondeu à diferença entre o volume de água com a raiz introduzida e o volume de água inicial (ml). 3.4.3. Produção No final, todas as plantas foram removidas e pesadas individualmente, tendo sido separadas a parte aérea da parte radicular. A produção total de cada modalidade foi determinada através do somatório da parte aérea de todas as plantas. 3.4.4. Eficiência do uso de água de rega A eficiência de uso de água de rega para cada uma das modalidades determinou-se através do quociente entre o peso fresco total da parte aérea (g) e o volume total de água de rega (m 3 ). Os resultados foram expressos em g de peso fresco produzido por L de água aplicado. 3.4.5. Composição em óleos essenciais Os óleos essenciais foram isolados a partir da parte aérea total por hidrodestilação e analisados por cromatografia gás-líquido no laboratório do CDCTPV. - 30 -

O rendimento dos óleos essenciais em cada modalidade determinou-se através do quociente entre o volume de óleo médio produzido em cada modalidade e o peso fresco em g. 3.5. Análise energética A análise energética envolveu o estudo do balanço e da eficiência energética das culturas de Lactuca sativa e Thymus zygis transformando os factores de produção e a produtividade das culturas nos respectivos coeficientes energéticos. O balanço energético incluiu as entradas (inputs) e saídas (outputs) de energia durante os ensaios. Os inputs foram definidos como directos - trabalho humano, e indirectos água de rega, tratamento fitossanitário e nutrientes nos substratos (Miranowsky, 2002). As saídas de energia foram definidas como outputs e foram constituídas pela biomassa de alface produzida nas duas campanhas ou pelo volume de óleos essenciais produzido por Thymus zygis. O balanço energético foi efectuado através da diferença entre a energia produzida e a consumida, em cada cultura por modalidade (Pereira dos Santos et al., 1999). A eficiência energética foi calculada pelo quociente entre inputs e outputs, para cada cultura e por modalidade. 3.5.1. Inputs energéticos a) utrientes nos substratos Estimaram-se as quantidades de nutrientes presentes na fracção mineral de cada substrato com base na sua densidade (kg m -3 ) (Tabela 7). As quantidades de azoto (N) fósforo (P 2 O 5 ) e potássio (K 2 O) por kg de vermicomposto foram de: 20,0 g de N, 10,0 g de P 2 O 5 e 4,0 g de K 2 O; e para o substrato orgânico e 3,5x10-4 g de N; 3,8x10-4 g de P 2 O 5 e 4,8x10-4 g de K 2 O de acordo com o fabricante. - 31 -

Através da densidade dos respectivos fertilizantes e do volume do vaso (2 L) e das respectivas proporções, foi calculada a quantidade de N, P 2 O 5 e K 2 O para cada modalidade. TABELA 7 Densidades (kg m -3 ) em cada substrato. Macronutriente Vermicomposto Turfa Densidade (kg m -3 ) 600 500 Os inputs de nutrientes foram apenas contabilizados na 1.ª campanha de Lactuca sativa e na campanha de Thymus zygis uma vez que não foi possível quantificar a quantidade de nutrientes contida nas modalidades disponíveis para a 2.ª campanha. Utilizaram-se os coeficientes energéticos estabelecidos por Singh et al. (1997) para N (60,60 MJ kg -1 ), P 2 O 5 (11,10 MJ kg -1 ) e K 2 O (6,70 MJ kg -1 ) com vista à determinação do equivalente energético contido nas diferentes modalidades. b) Trabalho Humano Durante a 1.ª campanha de alface foram gastas 3,4 horas em trabalho humano e na 2.ª campanha 3,07 horas. Para a campanha de alface foi ainda contabilizado o transporte das placas para o Horto. O número de horas de trabalho na cultura de Thymus foi de 2,73 horas e incluiu o processo de germinação. Determinou-se o número de horas de trabalho em cada modalidade através do quociente entre o número de horas de trabalho em cada campanha e o número de modalidades. Adoptou-se o coeficiente energético estabelecido por Singh et al. (1997) para 1 hora de trabalho humano em energia, expressa em 1,96 MJ h -1. - 32 -

c) Tratamento Fitossanitário Foram aplicados 2,0 g L -1 de um fungicida preventivo na cultura da alface uma única vez, para o total das 5 modalidades. Considerou-se o valor de 51,5 MJ kg -1 de substância activa (Melman et al., 1994, In Biewinga e Bijl, 1996). d) Água de rega Durante a 1.ª campanha de Lactuca sativa foram gastos em todos os vasos 0,115 m 3. Nos ensaios de Thymus zygis foram gastos 0,253 m 3. Por cada modalidade foram gastos 0,023 m 3 de água de rega. Adoptou-se o coeficiente energético estabelecido por Singh et al., 1997, em 0,63 MJ m -3 de água de rega. 3.5.2. Outputs energéticos Na Lactuca sativa foram utilizados os valores obtidos nas duas campanhas. Utilizou-se o coeficiente de 75,6 kj para 100 g de peso fresco (Almeida, 2006). Em relação ao Thymus zygis foram utilizados os coeficientes estabelecidos por Organic Partners, Milverton, Somerset, England TA4 1 F, (2007) em 1159,2 kj por 100 ml de óleos extraídos. 3.5.3. Balanço energético Determinou-se o balanço energético para as duas campanhas de Lactuca sativa e para a campanha de Thymus zygis para todas as modalidades através da diferença entre o somatório dos outputs e o somatório dos inputs (Klimeková e Lehocká, 2005) de acordo com a seguinte expressão: Balanço Energético = Energia Outputs - Inputs (8) - 33 -

3.5.4. Eficiência energética Determinou-se a eficiência energética para as duas campanhas de Lactuca sativa e para a campanha de Thymus zygis para todas as modalidades através do quociente entre o somatório dos inputs e o somatório dos outputs (Klimeková e Lehocká, 2005) de acordo com a seguinte expressão: Eficiência Energética = (9) 3.6. Delineamento experimental e tratamento estatístico Em ambas as culturas foram utilizadas 10 plantas (repetições) por modalidade num total de 50 vasos em ensaio. Os vasos foram colocados em bancada elevada num desenho experimental completamente casualisado. Para os vários parâmetros estudados a comparação entre modalidades foi avaliada com base numa análise de variância simples. A comparação das médias foi efectuada pelo teste de Duncan para um nível de significância de 95%. Toda a análise estatística foi efectuada com o programa SPSS v. 16.0. - 34 -