QUEM APARECEU MAIS? VISIBILIDADE DOS CANDIDATOS A PREFEITO DE CURITIBA EM 2012 NA CAPA DA GAZETA DO POVO



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Transcrição:

QUEM APARECEU MAIS? VISIBILIDADE DOS CANDIDATOS A PREFEITO DE CURITIBA EM 2012 NA CAPA DA GAZETA DO POVO Autor Renan Colombo, UFPR jornalistarenan@gmail.com Co autor¹: Adriano Guandagnin, UFPR adrianoguadags@gmail.com Orientador: Emerson U. Cervi, UFPR ecervi7@gmail.com

QUEM APARECEU MAIS? VISIBILIDADE DOS CANDIDATOS A PREFEITO DE CURITIBA EM 2012 NA CAPA DA GAZETA DO POVO Renan Colombo 1 Adriano Guandagnin 2 Emerson U. Cervi 3 RESUMO: Este artigo se propõe a medir o nível de visibilidade que os oito candidatos que disputaram a Prefeitura de Curitiba em 2012 tiveram nas capas do jornal Gazeta do Povo durante a cobertura eleitoral. Para isso, criou-se um índice formado por quatro características das chamadas de capa analisadas. O material da pesquisa empírica foi colhido durante a campanha eleitoral pelo Grupo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A base teórica do artigo está em estudos de newsmaking, com destaque para a discussão sobre noticiabilidade; de agendamento e de teorias da comunicação, debatendo a capacidade de influência da mídia. A hipótese indica, com base nos pressupostos teóricos, que os candidatos vencedores dos turnos tenham obtido mais visibilidade. PALAVRAS-CHAVE: política; cobertura jornalística; campanha eleitoral; visibilidade 1. INTRODUÇÃO Este artigo pretende identificar o nível de visibilidade que cada um dos oito candidatos que disputaram a Prefeitura de Curitiba nas eleições de 2012 teve nas chamadas de capa do jornal Gazeta do Povo, líder em circulação no estado, durante a respectiva cobertura eleitoral. 1 Universidade Federal do Paraná (UFPR), jornalistarenan@gmail.com, Mestrando em Ciência Política. 2 Universidade Federal do Paraná (UFPR), adrianoguadags@gmail.com, Graduando em Ciências Sociais. 3 Universidade Federal do Paraná (UFPR), ecervi7@gmail.com, Doutor em Ciência Política.

Os dados que compõe o artigo foram colhidos no decorrer da campanha eleitoral, entre julho e outubro do referido ano, por membros do Grupo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a partir de um formulário padrão, que reúne diversas informações sobre o material coletado. Há 1.706 chamadas de capa no formulário, dos mais variados assuntos, incluindo a cobertura eleitoral, com informações como tipo e número de fontes, tema principal e abrangência do referido texto. Destas, 34 citam nominalmente os candidatos e são analisadas neste estudo. A visibilidade de cada candidato na capa do jornal foi medida a partir da construção de um índice, chamado de Índice de Visibilidade (IV), que leva em conta quatro fatores: (1) o formato da chamada; (2) o tamanho da chamada; (3) a localização da chamada na capa; (4) a presença ou ausência de foto na chamada. Cada item recebeu um peso distinto, porém proporcional, cuja somatória varia entre 4 e 10, sendo estes os valores extremos da visibilidade em cada caso. A hipótese principal considerada no artigo é a de que os candidatos vencedores dos turnos da eleição [candidato Ratinho Junior (PSC) no 1º turno, com 34% dos votos válidos; e candidato Gustavo Fruet (PDT) no 2º turno, com 60% dos votos válidos] tenham obtido visibilidade maior na capa do jornal. O artigo se sustenta, em linhas gerais, em três gêneros de estudos: newsmaking, que analisam o processo de seleção e divulgação de notícias executado pelos profissionais e veículos de comunicação; agendamento (agenda-setting), que discutem a capacidade de a mídia pautar os debates públicos; e teorias da comunicação, que analisam o impacto da cobertura noticiosa no comportamento dos cidadãos e eleitores. 2. CONTEXTO: AS ELEIÇÕES DE 2012 E O JORNAL As eleições de 2012 marcaram, pela primeira vez na história do município, a derrota do candidato que disputava a reeleição. Ele era Luciano Ducci (PSB), que estava

à frente da Prefeitura desde 2011, quando Beto Richa (PSDB), prefeito até então, assumiu o governo estadual, após vitória no pleito de 2010. A derrota de Ducci ocorreu ainda em primeiro turno, quando, ao fazer 361.049 votos (26,77%), foi superado pelos candidatos Ratinho Junior (PSC), com 333.408 votos (34,09%); e Gustavo Fruet (PDT), com 265.451 votos (27,22%) apenas 4.402 votos a mais que Ducci. Os três candidatos concentraram, assim, 88% dos votos válidos do primeiro turno. Ducci recebeu, no primeiro turno, apoio do governo estadual, liderado por Beto Richa, enquanto Fruet teve como principais cabos-eleitorais o casal de ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações), ambos do governo federal. Já Ratinho Júnior não se apoiou em outros políticos, mas na figura do próprio pai, o empresário e apresentador de televisão Ratinho. Em relação ao tempo de Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) na televisão, a vantagem foi de Ducci, que dispôs de 10 minutos e 45 segundos, graças a uma coligação de 15 partidos. Em seguida veio Fruet, cuja coligação de três partidos lhe valeu 5 minutos e 58 segundos na televisão. Ratinho, que integrou uma coligação de quatro partidos, teve 3 minutos e 54 segundos no HGPE de televisão. Mais cinco concorrentes pleitearam o cargo, com destaque para o ex-prefeito Rafael Greca (PMDB), que fez 101.806 votos (10,45%) e foi apoiado pelo senador e exgovernador do Paraná Roberto Requião (PMDB), concorrendo sem coligação. Alzimara Bacellar (PPL), Avanilson Araújo (PSTU) e Bruno Meirinho (PSol) receberam, juntos, 1,46% dos votos válidos. A candidatura de Carlos Moraes (PRTB) foi impugnada pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE) durante a disputa. No segundo turno, o candidato Gustavo Fruet cresceu, liderou as pesquisas de intenção de voto desde o início da nova fase e venceu a disputa, com 597.200 votos (60,64% dos votos válidos), contra 387.482 votos de Ratinho Júnior (39,35%), a despeito do fato de este ter recebido o apoio de Rafael Greca. O candidato Luciano Ducci declarou-se neutro na disputa.

A Gazeta do Povo é o jornal com maior circulação no Paraná, possuindo cerca de 50 mil assinantes 4. O veículo faz parte do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCom), maior conglomerado de comunicação do Paraná, com três jornais diários, um jornal digital, dois portais de notícias, oito emissoras de TV afiliadas à Rede Globo (RPC TV), um canal de TV por assinatura e três rádios. A Gazeta do Povo foi fundada em 1919, por Benjamin Lins e De Plácido e Silva, que, em 1962, venderam o periódico às famílias Cunha Pereira e Lemanski, as atuais proprietárias. A circulação do jornal é bastante concentrada em Curitiba e região metropolitana. Somente na capital estão 75% dos assinantes. Em seguida vêm os municípios de São José dos Pinhais, Campo Largo e Colombo, todos na região metropolitana, com 6% do volume de assinantes. Uma região importante do Paraná em que a Gazeta do Povo possui pouca penetração é a Norte, onde ficam os municípios de Londrina e Maringá, as duas maiores cidades do interior do estado e que reúnem apenas 2% dos leitores assíduos do jornal. 3. MARCO TEÓRICO: NEWSMAKING, AGENDAMENTO E EFEITOS DA MÍDIA Esta pesquisa está apoiada no clássico debate da noticiabilidade, que se caracteriza por discutir os fatores que levam determinado veículo midiático a escolher certas notícias para apresentar a seu público em detrimento de outras. Antes de investigar com mais profundidade a questão, é preciso contextualizá-la no campo dos estudos de comunicação. O debate da noticiabilidade está vinculado a duas teorias jornalísticas principais: a Construcionista e a Interacionista. A primeira, como o próprio nome indica, entende as notícias como narrativas construídas acerca dos acontecimentos, a partir de uma série de condicionantes limitadoras do trabalho jornalístico, como o tempo. Afasta-se, portanto, da ideia de espelho, segundo a qual as notícias refletem fielmente um fato 4 Os dados de circulação se referem a outubro de 2010, data das eleições estudadas neste trabalho.

(TRAQUINA, p. 168). Já a segunda se aprofunda no entendimento dos processos de percepção, seleção e transformação de uma matéria-prima (os acontecimentos) num produto (as notícias) (idem, p. 180), num recorte que nos deixa muito próximos do objeto deste estudo. Para melhor contextualizar o campo, cabe apontar que as duas teorias jornalísticas citadas estão num polo oposto àquelas que, a despeito de também tratarem da questão da noticiabilidade, colocam em evidência aspectos ideológicos inerentes ao trabalho e ao mercado jornalístico, como as teorias Estruturalista e da Ação Política. Em linhas gerais, ambas defendem que os veículos jornalísticos constroem suas notícias para atender a interesses econômicos (no caso da primeira) e políticos (no caso da segunda) que lhe convém (ibidem). Como este artigo não se propõe a investigar eventuais interesses escondidos por trás da cobertura eleitoral da Gazeta do Povo, bem como não se disporia de meios para prová-los, o primeiro conjunto de teorias é o que melhor responde aos anseios do estudo. Assim, adentrando ao debate da noticiabilidade propriamente dito, considera-se, a partir do referencial teórico exposto, que os veículos de comunicação adotam uma série de critérios para selecionar, entre um vasto conjunto de fatos noticiáveis que ocorrem diariamente, aqueles que merecem ser noticiados. No caso de jornais impressos, como é a Gazeta do Povo, os mesmos critérios apontam as notícias dignas de compor a capa, a mais página mais nobre do periódico. Mauro Wolf, teórico expoente dos estudos do chamado newsmaking campo de estudos que busca compreender a construção das notícias a partir das peculiaridades do universo jornalístico utiliza o conceito de noticiabilidade para explicar como se processam tais escolhas: trata-se de um conjunto de critérios, operações e instrumentos com os quais os aparatos de informação enfrentam a tarefa de escolher cotidianamente, de um número imprevisível e indefinido de acontecimentos, uma quantidade finita e tendencialmente estável de notícias (WOLF, 2003, p. 196).

Um desses instrumentos são os valores/notícias (news values), um conjunto de parâmetros utilizados para responder de maneira rápida à uma pergunta fundamental na seleção de notícias. Quais acontecimentos são considerados suficientemente interessantes, significativos, relevantes, para serem transformados em notícias? (p. 202). Compõe os valores/notícias uma série de variáveis ligadas aos fatos noticiados, diferenciando-os uns dos outros, como as possibilidades, por parte dos jornalistas, de acessá-los e reportá-los; as relações que os acontecimentos mantêm com o público e, finalmente, com os veículos concorrentes. A fim de tornar mais clara essa ideia, é interessante citar alguns exemplos de valores-notícia presentes no que Wolf classifica como critérios substantivos : grau e nível hierárquico dos indivíduos envolvidos no acontecimento noticiável; impacto sobre a nação e sobre o interesse nacional; e quantidade de pessoas que o acontecimento (de fato ou potencialmente) envolve (idem, pp. 200-201). No caso de uma disputa eleitoral, como é o objeto deste estudo, tais valoresnotícias ficam muito claros: os indivíduos envolvidos são os potenciais futuros prefeitos do município; o impacto sobre o interesse nacional é imenso, pois se trata da troca do comando do Executivo da cidade; e a quantidade de pessoas envolvidas no acontecimento é muito grande: todos os eleitores, considerando a votação; ou todos os cidadãos, considerando as propostas dos candidatos para a administração da cidade. Assim, compreende-se que a presença de notícias relativas a eleição no jornal seja bastante natural dentro do processo jornalístico como o entendemos. A presença de determinada notícia em um jornal impresso, porém, tem força e significado distintos conforme o espaço que ela ocupa, pois o periódico é, em si, uma estrutura hierarquizante, formado pelo que BEZERRA (2005) chama de diversos lugares narrativos. Tal conceito que entende a página do jornal como uma superfície fragmentada e ao mesmo tempo evocativa de uma totalidade: um lugar de autoridade discursiva (p. 47).

A autora trabalha com cinco lugares narrativos principais, entre eles a primeira página, ou capa, que é o que nos interessa neste estudo. Trata-se de um dos lugares narrativos em que as marcas da editoria e da editoração do jornal são mais fortes. É por excelência, um lugar de sedução (p. 51). Ela funciona, ao mesmo tempo, uma vitrine e uma espécie de mapa, indicando ao leitor os produtos disponíveis no jornal e o caminho para se chegar a eles. É, também, a página de maior visibilidade do periódico, a que fica exposta em bancas de revistas e a que referencia a montagem dos sites dos jornais, atingindo, portanto, um público que não necessariamente lerá o jornal. Bezerra chama a atenção, em seu estudo, precisamente para a questão central deste artigo, ao afirmar que durante uma campanha eleitoral, é significativo atentar para o conteúdo e o formato dos títulos, pois esses podem indicar a primazia de um candidato na cobertura da competição (p. 51). É exatamente na busca de identificar determinada primazia que este artigo se lança. Outra questão fundamental que embasa este artigo é a discussão sobre agendamento (agenda setting), numa ideia apresentada nos anos 1970 por McCombs e Shaw e muito presente em autores contemporâneos. A formulação essencial do debate de agendamento indica que os meios de comunicação, que são os responsáveis pela mediação do contato entre o eleitor e os políticos em campanha, focam seu olhar em determinadas questões da disputa eleitoral, sugerindo em que as pessoas devem prestar atenção durante o pleito ou seja, agendando o debate público, donde a origem do termo (MCCOMBS; SHAW, 1972). Um interessante entendimento contemporâneo da teoria é o de COLLING (2001), para quem a capacidade de agendamento da mídia age apenas para reforçar opiniões e sentimentos pré-existentes nos eleitores (p. 93). Com essa interpretação, o autor se contrapõe, sobretudo, a Traquina, para quem a tese do agendamento viria a reforçar as ideias de efeitos ilimitados da mídia sobre o público. Soa-nos mais madura a visão de Colling; por isso, é a que prevalece no embasamento deste artigo. O pano de fundo da discussão de coberturas eleitorais revela um estágio da democracia em que os meios de comunicação se tornam cada vez mais importantes do percurso dos pleitos. O teórico Bernard Manin (1995) afirma que a mediação eletrônica

das mensagens informativas e das disputas políticas reforça a importância dos meios de comunicação na formação de opinião dos indivíduos e leva a democracia representativa a um novo estágio, a democracia de público, em que a imagem dos candidatos é um fator decisivo na disputa, na chamada media-centered. De visão semelhante partilha Luis Felipe Miguel (2002), para quem a mídia é, nas sociedades contemporâneas, o principal instrumento de difusão das visões de mundo e dos projetos políticos (p. 163). Dessa forma, ele se torna o local em que estão expostas as diversas representações do mundo social, associadas aos diversos grupos e interesses presentes na sociedade, donde a importância de se compreender o trabalho realizado pela imprensa nas coberturas eleitorais (idem). É necessário, para contextualizar a discussão em que se insere o artigo, fazer uma breve retomada das visões que permeiam a discussão sobre a capacidade de os meios de comunicação influenciarem o comportamento do público, inclusive em disputas eleitorais, como é o caso deste estudo. Os estudos de Comunicação Política entendida como um campo interdisciplinar entre a Comunicação e as Ciências Sociais e Política (RUBIM e AZEVEDO, 1998) estão historicamente, situados entre dois eixos antagônicos: um que subestima e outro que superestima o poder de influência dos meios de comunicação sobre os receptores das mensagens midiáticas. Essa polarização está baseada, sobretudo, em visões divergentes sobre a autonomia dos sujeitos/eleitores diante dos meios de comunicação de massa. Tais visões, ao longo do tempo, alternaram-se na hegemonia dos estudos dessa área, como uma espécie de pêndulo que ocupa diferentes posições conforme o período em questão (ALDÉ e VEIGA, 2004) Das teorias que minimizavam a capacidade de o público reagir diante das mensagens midiáticas (como a Agulha Hipodérmica e a Teoria Crítica) às que deram poder ao receptor (tais quais os estudos de Lazarsfeld e a Teoria dos Usos e Gratificações), chegou-se aos estudos contemporâneos. Desenvolvidos desde a década de 1980, eles se caracterizam por uma busca de equilíbrio na relação entre emissor e receptor, pois compreendem que o processo comunicativo e a construção de sentido

para a mensagem têm origem em uma espécie de negociação entre esses dois agentes (idem). Isso coloca em evidência um importante pressuposto metodológico de MAIGRET (2009), segundo quem, para se estudar a mídia, é preciso desnaturalizar a comunicação, o que significa valorizar o construtivismo da realidade e compreender que os sentidos das mensagens midiáticas se constroem na relação entre emissor e receptor, nem sempre com uma relação causal aparente e verdadeira entre eles. Outro traço marcante das teorias contemporâneas é o reconhecimento de que a comunicação não é um elemento que age sozinho na construção da opinião pública, mas se relaciona com outras variáveis. (...) a comunicação política não produz uma sociedade consensual magicamente reconciliada pela troca, de onde surgiria uma vontade geral, mas um espaço de construção laboriosa, conflitual, que é próprio da democracia (idem, p. 323). O poder de influência dos meios de comunicação só pode ser determinado pelas características de cada processo comunicativo em si. Os efeitos da mídia são variados, de acordo com as situações específicas em que se inserem, e sofrem a ação de contratendências e resistências (MIGUEL, 2002). Na composição desse cenário volátil, cabe notar ainda a instabilidade que caracteriza, de maneira cada vez mais intensa, o comportamento do eleitor, quem vem se tornando gradualmente mais fragmentado, episódico e flutuante (MANIN, 1995). Diante disso tudo, torna-se impossível inferir, a partir das conclusões e dos achados deste artigo, que a cobertura eleitoral da Gazeta do Povo tenha tido reflexo direto e inequívoco no resultado do pleito, ainda que o jornal tenha sido um agente com participação ativa e relevante no processo eleitoral. 4. ANÁLISE EMPÍRICA: A VISIBILIDADE DOS CANDIDATOS NO JORNAL Um total de 1.706 chamadas de capa, de variados assuntos, foi coletado pelo Grupo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP) da

Universidade Federal do Paraná (UFPR) durante o período compreendido entre os dias 1º de julho e 30 de outubro de 2012. Cento e sessenta chamadas (9,4% do total) se referiam a reportagens ou artigos opinativos relacionados à campanha eleitoral em curso e/ou partidos políticos. Destas, 34 chamadas (21,2% do grupo e 2% do total de chamadas coletadas) faziam, no título, menção ao nome de pelo menos um dos candidatos. São estas as chamadas que compõe o universo considerado na pesquisa, pois somente elas, que apresentam nominalmente os candidatos, permitem o diagnóstico individual da visibilidade atribuída a cada participante da disputa eleitoral. Os dados foram organizados em um formulário com 16 variáveis, que detalham a chamada, trazendo informações como título, formato e posição na capa, entre outras. As variáveis que formam a tabela foram elaboradas a partir de conceitos de autores diversos, com destaque para Habermas, Molotch e Lester. No caso específico deste artigo, interessam quatro variáveis da tabela, com as seguintes categorias e pesos. 1. Formato da chamada: manchete (peso 3), chamada (peso 2) e outros (peso 1); 2. Tamanho da chamada: grande (peso 3), médio (peso 2) e pequeno (peso 1) 5 ; 3. Localização da chamada na capa: primeira dobra (peso 2) e segunda dobra (peso 1); 1). 4. Presença ou ausência de foto na chamada: presença (peso 2), e ausência (peso Criou-se, a partir dessas variáveis, um indicador de visibilidade, identificado pela sigla IV e construído a partir da soma do peso atribuído a cada chamada. Assim, o indicador varia entre 4 (uma chamada-título, pequena, na segunda dobra e sem foto) e 10 (uma manchete, grande, na primeira dobra e com foto), sendo possível se chegar a qualquer valor intermediário. 5 Nesta categoria, a classificação das chamadas foi feita a partir da divisão dos tamanhos das chamadas, medidos em centímetros quadrados, em três grupos iguais, quais sejam: pequeno: 1 a 13; médio: 14 a 33; grande: acima de 34.

Entre as 34 chamadas consideradas para este estudo, seis (17,64% do total) foram publicadas até o primeiro turno das eleições, no período entre os dias 1º de julho e 7 de outubro. São citados os candidatos Luciano Ducci (três vezes), e Gustavo Fruet, Ratinho Júnior e Rafael Greca (uma vez cada). Os demais candidatos não foram mencionados nominalmente em nenhuma chamada de capa do jornal durante todo o período eleitoral. Vinte e duas chamadas (64,7% do total) foram veiculadas durante a campanha do segundo turno, de 8 a 28 de outubro. Nesse período, as chamadas fizeram referências aos candidatos Ratinho Junior (11 vezes), Gustavo Fruet (7), Luciano Ducci (3) e Rafael Greca (1). As seis chamadas restantes (17,6% do total) após a conclusão do pleito, todas fazendo referência ao candidato vencedor, Gustavo Fruet. Somando os três períodos de tempo, Gustavo Fruet foi o candidato mais citado nas chamadas (14 vezes), seguido por Ratinho Junior (12), Luciano Ducci (6) e Rafael Greca (2). Para conclusões mais precisas, porém, é necessário analisar o Índice de Visibilidade (IV) das chamadas, o que será feito doravante. Quando se considera todo o período de coleta das chamadas, o candidato com o mais alto IV é justamente o vencedor, Gustavo Fruet, cuja média de visibilidade das chamadas que o citam é 7,14, em uma escala de 0 a 10. Em seguida vêm Ratinho Junior (6,75), Luciano Ducci (6,16) e Rafael Greca (4,5). TABELA 1 ÍNDICE DE VISIBILIDADE (PERÍODO COMPLETO) CANDIDATO IV Nº. DE CHAMADAS GUSTAVO FRUET 7,14 14 RATINHO JUNIOR 6,75 12 LUCIANO DUCCI 6,16 6 RAFAEL GRECA 4,5 2 TOTAL 6,13 (média) 34 (100% do total)

No primeiro turno da disputa, de 1º de julho a 7 de outubro, o IV mostra vantagem para Ducci, com visibilidade de 6,3. Fruet e Ratinho vêm em seguida, com 6. Greca teve índice de visibilidade de 5. O fato de o número de chamadas consideradas neste período da disputa se restringir a seis, sendo que três candidatos são citados apenas uma vez, fragiliza, em certa medida, a análise, que se tornará mais consistente a partir da etapa seguinte. TABELA 2 ÍNDICE DE VISIBILIDADE NO PERÍODO 1 (ATÉ 07/10) CANDIDATO IV Nº. DE CHAMADAS LUCIANO DUCCI 6,3 3 GUSTAVO FRUET 6,00 1 RATINHO JUNIOR 6,00 1 RAFAEL GRECA 5,00 1 TOTAL 5,82 (média) 6 (17% do total) A análise do período que compreende a campanha de segundo turno, entre os dias 8 e 28 de outubro, indica vantagem para Fruet, com IV de 7,14, maior que o dos adversários (Ratinho Junior: 6,85; Ducci: 6,3; Greca: 5). Em relação ao número de chamadas, conforme já dito, Ratinho Junior lidera. Note-se, ainda, que aproximadamente dois terços das chamadas concentram-se nesta fase do pleito, a despeito de ser mais curta que a anterior. TABELA 2 ÍNDICE DE VISIBILIDADE NO PERÍODO 2 (ENTRE 08/10 E 28/10) CANDIDATO IV Nº. DE CHAMADAS GUSTAVO FRUET 7,00 7 RATINHO JUNIOR 6,81 11 LUCIANO DUCCI 6,00 3 RAFAEL GRECA 4,00 1 TOTAL 5,95 (média) 22 (64% do total)

Por último, a cobertura realizada após a votação, que cita somente o candidato vencedor, Gustavo Fruet, e traz o mais alto IV da pesquisa: 7,5. TABELA 3 ÍNDICE DE VISIBILIDADE NO PERÍODO 3 (APÓS 28/10) CANDIDATO IV Nº. DE CHAMADAS GUSTAVO FRUET 7,50 6 RATINHO JUNIOR --- --- LUCIANO DUCCI --- --- RAFAEL GRECA --- --- TOTAL 7,50 (média) 6 (17% do total) 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS As conclusões a que os dados permitem chegar indicam que, além de ter liderado o número de citações nas chamadas da capa do jornal durante o período eleitoral, o candidato eleito, Gustavo Fruet, teve o maior Índice de Visibilidade final. O resultado, porém, precisa ser visto com ressalvas, pois se deve, em grande medida, ao destaque recebido pelo candidato na última etapa da análise, que ocorreu após a votação. Fruet foi o único citado e atingiu a mais alta visibilidade de toda a cobertura, fatos que contribuem para que ele se destaque no resultado acumulado de todas as etapas da cobertura. Faz-se tal ressalva porque a primazia de Fruet na capa do jornal após a vitória nos parece normal afinal, ele foi o eleito. Além disso, como os eleitores já haviam ido às urnas, ela não representa uma hipotética vantagem dele sobre os adversários. O achado mais interessante nesta fase é a indicação de que o foco do jornal, nos dias seguintes ao pleito, esteve mais em traçar perspectivas para o futuro governo do que em analisar o desempenho eleitoral dos candidatos. O anexo ao final deste artigo, que traz o título de todas as chamadas analisadas, reforça tal tese ao revelar, nos títulos,

expressões como "prometeu, tem de cumprir" e notícias do seguinte gênero: "Fruet vai adiar o projeto do metrô em até um ano". Por um momento, parece-nos interessante, pelos motivos já expostos, excluir as chamadas pós-votação e concentrar a análise nos dois períodos que antecederam as eleições de primeiro e segundo turno. Aqui, Fruet segue com o mais alto índice de visibilidade, mas deixa de ser o candidato mais citado, como se vê na tabela a seguir. TABELA 5 ÍNDICE DE VISIBILIDADE NOS PERÍODOS 1 E 2 CANDIDATO IV Nº. DE CHAMADAS GUSTAVO FRUET 6,87 8 RATINHO JUNIOR 6,75 12 LUCIANO DUCCI 6,16 6 RAFAEL GRECA 4,5 2 A vantagem no IV de Fruet pode ser vista como indício de desequilíbrio na cobertura do jornal. Por outro lado, tal convicção se dilui diante do fato de que, mesmo com menor índice de visibilidade, Ratinho Júnior foi citado mais vezes (11 x 7) que o adversário. Ou seja: o candidato do PSC apareceu em espaços menores, mas com mais frequência. Uma explicação para essa diferença de cinco chamadas entre os dois pode estar na vitória de Ratinho no primeiro turno e no consequente destaque que recebeu Em relação à cobertura feita na campanha de primeiro turno, nota-se que os candidatos Ratinho Junior e Gustavo Fruet, a despeito do fato de terem passado ao segundo turno, foram citados nominalmente apenas uma vez cada nas chamadas da capa do jornal. O destaque dessa fase do pleito foi Luciano Ducci, que disputava a reeleição eis uma possível explicação para o fato de ter sido o candidato mais citado. Os dados nos permitem, ainda, chegar a um segundo conjunto de conclusões, que versam principalmente sobre as características da cobertura do jornal, deixando momentos candidatos, momentaneamente, em segundo plano.

Percebe-se que as capas da Gazeta do Povo colocaram mais ênfase nominal nos candidatos durante a campanha do segundo turno das eleições, quando a disputa se restringiu a dois concorrentes. Esta fase concentrou cerca de dois terços das chamadas aqui analisadas, a despeito de ser mais curta: o HGPE do segundo turno se distribuiu entre 16 dias, ante 45 dias do turno anterior. Além disso, a índice de visibilidade médio dos candidatos neste período da cobertura foi maior: 5,95 ante 5,82 da fase anterior. Ambas ficaram abaixo da média final de toda a cobertura, que atingiu 6,13 e inevitavelmente foi distorcida pelo alto IV de Gustavo Fruet na fase final da cobertura, já após a votação. Finalmente, este artigo conclui que a hipótese inicial se mostrou parcialmente verdadeira: o candidato eleito, Gustavo Fruet, teve o maior Índice de Visibilidade entre todos os concorrentes, inclusive na campanha dos segundo turno, como se esperava. Foi superado, porém, por Ratinho Junior no número total de menções na capa do jornal. Em relação ao primeiro turno, o destaque tanto em número de chamadas quando em visibilidade ficou com o candidato à reeleição, Luciano Ducci, e não com o candidato que viria a vencê-lo, Ratinho Junior, o que refuta a hipótese inicial. É importante esclarecer que tais diferenças de cobertura entre os candidatos não podem ser consideradas determinantes para o resultado final das eleições, pois esta pesquisa se limita a verificar o tamanho das chamadas, sem considerar que valência elas possuem. Esta é, a propósito, uma pesquisa oportuna para os pesquisadores que se interessarem por dar continuidade a este estudo. Ademais, conforme já exposto durante a fundamentação teórica, é ingênuo atribuir de maneira inequívoca os resultados de uma eleição à cobertura jornalística do pleito, ainda mais exclusiva a um único veículo, sem considerar outras variáveis que podem ser úteis e importantes na explicação do fenômeno eleitoral.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALDÉ, Alessandra; e VEIGA, Luciana. Recepção da Comunicação Política. In: Comunicação e política: conceitos e abordagens / Antonio Albino Canelas Rubim. Salvador: Edufba, 2004. BEZERRA, H. D. Adversarismo e Lugares Narrativos: Proposta de um Modelo Analítico. 2005. Versão on-line: www.iuperj.com.br. COLLING, Leandro. Agenda-setting e framing: reafirmando os efeitos limitados. Revista FAMECOS,Porto Alegre, n. 14, p. 88-101, abr. 2001. MAIGRET, Éric. Sociologia da comunicação e das mídias. São Paulo: Senac São Paulo, 2009. MANIN, Bernard. "As metamorfoses do governo representativo". Revista Brasileira de Ciências Sociais, 10 (29): 5-34, 1995. McCOMBS, Maxwell E. and SHAW, Donald L. The agendasetting function of mass media. In: Public Opinion Quarterly, Vol. 36, Número 2, Summer 1972, p. 176 a 187. MIGUEL, Luis Felipe. Os meios de comunicação e a prática política. Lua Nova, São Paulo, n. 55-56, p. 155-184, 2002. RUBIM, Antônio Albino Canelas; e AZEVEDO, Fernando Antônio. Mídia e política no Brasil: textos e agenda de pesquisa. Lua Nova, São Paulo, n. 43, p. 189-216, 1998.

TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo, porque as notícias são como são. Florianópolis: Insular, 2005 WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. 8ª ed. Lisboa: Presença, 2003. 7. ANEXOS ANEXO 1 - RELAÇÃO DE CHAMADAS ANALISADAS E RESPECTIVOS ÍNDICE DE VISIBILIDADE (IV) - POR ORDEM CRONOLÓGICA CHAMADA IV DATA André Gonçalves: O prefeito Luciano Ducci (PSB) terá de fazer uma campanha para reeleição atípica. (...) Pedir votos, só fora do 7 02.07.2012 expediente. Falha exibe gols durante horário de Greca 5 01.09.2012 A nova pesquisa Ibope sobre eleição da capital, encomendada pela RPCTV, aponta empate técnico entre Ducci e Ratinho 6 15.09.2012 A nova pesquisa Ibope sobre eleição da capital, encomendada pela RPCTV, aponta empate técnico entre Ducci e Ratinho 6 15.09.2012 Só Ducci e Fruet atualizaram plano de governo 6 05.10.2012 Só Ducci e Fruet atualizaram plano de governo 6 05.10.2012 Fruet vira na última hora e vai ao 2º turno com Ratinho 10 08.10.2012 Fruet vira na última hora e vai ao 2º turno com Ratinho 10 08.10.2012 Ducci credita derrota a ataques à gestão municipal 5 08.10.2012 Ratinho e Fruet partem em busca de apoios para o segundo turno 10 09.10.2012 Ducci fica neutro e garante obras 7 09.10.2012 Base de apoio a Ducci foi quem mais perdeu votos na Câmara de Curitiba 6 09.10.2012 Ratinho e Fruet partem em busca de apoios para o segundo turno 10 09.10.2012 Palanque de Fruet reúne PT e DEM 7 10.10.2012 Ratinho pai pede que Lula fique neutro 9 12.10.2012 Rafael Greca decide apoiar Ratinho Júnior 4 16.10.2012 Rafael Greca decide apoiar Ratinho Júnior 4 16.10.2012 Ratinho e Fruet põem fim à fase paz e amor 4 18.10.2012 Ratinho e Fruet põem fim à fase paz e amor 4 18.10.2012

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