EXTORSÃO. Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. - Elementos do tipo: - Constranger: obrigar, compelir.

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Transcrição:

EXTORSÃO Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. - Elementos do tipo: - Constranger: obrigar, compelir. - Mediante violência: considera-se apenas a violência real; - Grave ameaça: é a promessa de um mal grave e iminente (exs.: anúncio de morte, lesão, seqüestro). - A extorsão consiste em empregar violência ou grave ameaça com a intenção ou de obter indevida vantagem econômica, ou para obrigar a vítima a fazer, deixar de fazer ou tolerar que se faça algo. - Com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica - É o ânimo de apossamento definitivo do patrimônio alheio. É o que difere do crime de constrangimento ilegal. - Ao contrário do crime de roubo, a lei não limitou a vantagem indevida a coisa móvel, de modo que é possível até mesmo a transferência de imóvel da vítima para o agente. - Fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa. Roubo e Extorsão - Segundo a doutrina clássica de Nelson Hungria, no roubo o bem é tirado da vítima, e na extorsão a vítima entrega o bem. - Entretanto, a doutrina e a jurisprudência moderna discordam dessa teoria, afirmando que, para que o crime seja de extorsão, é necessário que, após o emprego da violência ou grave ameaça, a vítima tenha alguma opção de escolha, sendo sua colaboração imprescindível para que o agente obtenha a vantagem visada. - Além da colaboração da vítima, é necessário que haja um espaço de tempo. Enquanto no roubo a ação e o resultado são concomitantes, na extorsão o mal prometido e a vantagem são futuros.

- Questão polêmica é a que diz respeito ao constrangimento da vítima para sacar dinheiro em caixa eletrônico. Para a jurisprudência, o delito é de extorsão (art. 158 do CP) e não de roubo (art.157, 2.º, inc.v, do CP), com fundamento no princípio da dispensabilidade ou indispensabilidade da conduta da vítima. - Entretanto, quando o autor constrange a vítima a lhe entregar somente o cartão magnético ou então o dinheiro já sacado, a hipótese é de roubo e não de extorsão, uma vez que ele pode, para obter o dinheiro, dispensar a ação da vítima; a solução será diversa quando a vítima é coagida a retirar o dinheiro do banco mediante a emissão de cheque, caso em que o autor não pode prescindir de seu comportamento. Caso de telefonemas intimidadores e exigir compras de cartões telefônicos, o crime será de extorsão. Diferença entre Extorsão e Exercício Arbitrário das Próprias Razões Na extorsão o agente visa a uma vantagem patrimonial indevida, enquanto no exercício arbitrário das próprias razões a vantagem é devida (art. 345 do CP). Diferença entre Extorsão e Estelionato Para se saber se o crime é o de extorsão, deve-se verificar se a entrega do objeto material foi espontânea (voluntária) ou não. No estelionato, a entrega é espontânea porque a vítima está sendo enganada; na extorsão, esta entrega a coisa contra a sua vontade para evitar um mal maior. No estelionato, a vítima não sabe que está havendo um crime. Extorsão e Constrangimento Ilegal Tanto na extorsão quanto no constrangimento ilegal, o agente emprega violência ou grave ameaça contra a vítima, no sentido de que faça ou deixe de fazer alguma coisa. A diferença entre extorsão e constrangimento ilegal está na finalidade: no constrangimento ilegal, o sujeito ativo deseja que a vítima se comporte de determinada maneira, para obter qualquer tipo de vantagem. Na extorsão, o constrangimento é realizado com o objetivo expresso no tipo de obter indevida vantagem econômica. O constrangimento ilegal é um crime subsidiário. Extorsão e Concussão (art. 316) A concussão pode ser entendida como uma modalidade especial de extorsão cometida pelo funcionário público.

Os crimes diferenciam-se apenas quanto ao modo que são praticados: na extorsão há emprego de violência ou grave ameaça, enquanto que na concussão o funcionário público deve exigir a vantagem indevida sem uso de violência ou grave ameaça. - Sujeito Ativo: Qualquer pessoa - Sujeito Passivo: Qualquer pessoa - Elemento subjetivo: É o dolo. - Elemento subjetivo do tipo específico: É o ânimo de apossamento definitivo do patrimônio alheio, espelhado pelos termos com o fim de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica. - Objeto Jurídico: A principal é a inviolabilidade do patrimônio. A secundária é a proteção à vida, integridade física, liberdade pessoal e tranqüilidade do espírito. - Objeto Material: aquele que for agredido ou cerceado na sua liberdade. - Classificação: Comum, de dano e formal. - Momento Consumativo: Há três estágios para o cometimento da extorsão: a) o agente constrange a vítima, valendo-se de violência ou grave ameaça; b) a vítima age, por conta disso, fazendo, tolerando que se faça ou deixe de fazer alguma coisa; c) o agente obtém a vantagem indevida. O crime somente se consuma no segundo estágio, ou seja, quando a vítima faz, deixa de fazer ou tolera que se faça alguma coisa. Súmula n. 96 do STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida. É, portanto, um crime formal. A obtenção da indevida vantagem econômica é considerado mero exaurimento do crime, podendo ter conseqüências somente no momento da aplicação da pena-base. Caso haja o constrangimento e a vítima faça e deixa de fazer alguma coisa e seja marcado data e hora para recebimento da vantagem indevida, o agente não pode ser preso em flagrante no momento da vantagem indevida, pois o crime já se consumou desde quando a vítima fez ou deixou de fazer algo. Tentativa:

A tentativa é possível quando o constrangido não realiza a conduta, por circunstâncias alheias à vontade do autor. - Causas de aumento de pena: Ao contrário do crime de roubo que tem cinco causas de aumento de pena, o crime de extorsão tem apenas duas. Emprego de arma Arma é qualquer instrumento que tenha poder vulnerante; pode ser própria ou imprópria (qualquer objeto que possa matar ou ferir, mas que não possui esta finalidade específica, como, por exemplo, faca, tesoura, espeto etc.). A simples simulação de arma ou arma de brinquedo não fazem incidir o aumento da pena. Concurso de duas ou mais pessoas As anotações feitas a respeito do concurso de pessoas no furto (art. 155 do CP) aplicam-se à extorsão. O menor e o autor desconhecidos são computados para o número de duas mais pessoas. Segundo STJ e STF, poderá haver concurso material entre extorsão majorado por concurso de pessoas e quadrilha ou bando (art. 288 do CPP). Segundo Grecco, haveria bis in idem. Extorsão qualificada pelo resultado Art. 158, 2.º, do Código Penal 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no 3º do artigo 157. De acordo com a primeira parte do dispositivo: se da violência resulta lesão corporal de natureza grave, a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15 (quinze) anos, além de multa. Se a lesão é leve, esta fica absorvida. A parte final dispõe que se resulta morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da multa. A extorsão será qualificada se a morte ou a lesão corporal grave resultarem da violência ; o tipo não menciona a grave ameaça. Tem-se, como regra, que a morte ou lesão corporal grave, resultando de violência, pode ser de qualquer pessoa e não somente à vítima. A exceção

encontra-se na morte ou lesão corporal grave de co-autor ou partícipe. Ex. matar o comparsa para não dividir o dinheiro. Seqüestro relâmpago, Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009 3 o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, 2 o e 3 o, respectivamente. Ex. obrigar a vítima a fazer saques em caixas eletrônicos, privando-a da liberdade Praticar sequestro relâmpago ou matar uma pessoa no Brasil é a mesma coisa (no que diz respeito à pena mínima). Desproporcionalidade entre o roubo e o sequestro relâmpago: há desproporcionalidade também em relação ao roubo com privação da liberdade da vítima. Nesse caso (roubo agravado) a pena mínima é de cinco anos e quatro meses de reclusão. No sequestro relâmpago a pena mínima é de seis anos de reclusão. Tanto no roubo como no sequestro relâmpago o objetivo do agente é o patrimônio. Bens jurídicos idênticos, modo de execução idêntico: não se justifica pena distinta. Cabe ao juiz julgar inconstitucional a pena do art. 158, 3º, do CP, aplicando a pena mínima do art. 157, 2º, V, do CP. Caso o agente subtraia bens da vítima em primeiro lugar (o carro, a carteira, dinheiro etc.) e depois praticar o sequestro relâmpago temos dois delitos: roubo (art. 157) + art. 158, 3º (extorsão). Concurso de crimes material ou formal? a clássica jurisprudência do STF sempre enfocou o tema (roubo + extorsão) como concurso material de crimes. O TJDFT também posiciona-se nesse sentido. Não é crime hediondo, exceto se resultar morte. A privação da liberdade no roubo, no sequestro relâmpago e na extorsão mediante sequestro (diferenças): Roubo com restrição de liberdade (art. 157, 2º, V) - haverá roubo quando o agente, apesar de prescindir (não necessitar) da colaboração da vítima para apoderar-se da coisa visada, restringe sua liberdade de locomoção para garantir o sucesso da empreitada (da subtração ou da fuga); Extorsão com restrição de liberdade (art. 158, 3º) - Ocorre extorsão (seqüestro relâmpago) quando o agente, dependendo da colaboração da vítima

para alcançar a vantagem econômica visada, priva o ofendido da sua liberdade de locomoção pelo tempo necessário até que o locupletamento se concretize; Extorsão mediante seqüestro (art. 159) - teremos extorsão mediante sequestro quando o agente, privando a vítima do seu direito de liberdade, condiciona sua liberdade ao pagamento de resgate a ser efetivado por terceira pessoa (ligada, direta ou indiretamente, à vítima).

EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO - Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena - reclusão, de oito a quinze anos. - Elementos do tipo: Pode-se identificar os seguintes elementos que compõem o delito em estudo: Sequestrar privar liberdade de alguém; Com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate - especial fim de agir que o diferencia do crime de seqüestro. Embora o tipo traga a expressão qualquer vantagem, a vantagem tem que ser econômica, pois está inserido nos crimes patrimoniais. Trata-se de crime hediondo em todas as modalidades (forma simples ou qualificada). A maioria da doutrina entende que se a vantagem visada for devida haverá concurso entre os crimes de seqüestro (art. 148) e exercício arbitrário das próprias razões. Portanto, só existe extorsão mediante seqüestro se a vantagem for indevida e necessariamente patrimonial. Animal capturado para exigência de resgate não caracteriza o art. 159 do Código Penal, que exige como vítima pessoa. Diferenciar os três sequestros. - Sujeito Ativo: Sujeito ativo é qualquer pessoa. - Sujeito Passivo: Sujeito Passivo é qualquer pessoa. Admite-se a pluralidade de sujeitos passivos um que é seqüestrado e o outro a quem se dirige a finalidade do agente de obter a vantagem. - Elemento subjetivo do tipo específico: é o ânimo de apossamento definitivo de patrimônio alheio ou outra vantagem, espelhado pelos termos com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate. - É a finalidade especial de obter a vantagem que diferencia a extorsão mediante sequestro do crime de sequestro, que é subsidiário. - Elemento subjetivo: é o dolo.

- Objeto Jurídico: A inviolabilidade do patrimônio e a liberdade de locomoção. Trata-se de crime complexo. - Objeto Material: o patrimônio subtraído e aquele que tiver sua liberdade cerceada. - Classificação: Comum, permanente e formal. - Momento Consumativo: - O crime se consuma no momento do seqüestro, com a privação da liberdade de locomoção da vítima. Trata-se, portanto, de crime formal, já que não exige o pagamento do resgate considerado simples exaurimento. - Tentativa: - A tentativa é possível quando, iniciado o ato de seqüestrar, os agentes não tiverem êxito na captura da vítima. - - Formas Qualificadas - Art. 159, 1.º, do Código Penal - A pena é de reclusão de 12 (doze) a 20 (vinte) anos, se: - a) o seqüestro dura mais de 24 horas gera maior perigo de lesão à vítima, especialmente no campo psicológico. Quase todas as extorsões mediante sequestro são qualificadas, pois dificilmente a vítima passa menos de 24 horas no cativeiro; - b) a vítima tem menos de 18 ou maior de 60 anos; - Porém, se a vítima é menor de 14 anos, não se aplica a qualificadora prevista nesse parágrafo, mas sim o art. 9.º da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), que manda acrescer a pena de metade, respeitando o limite máximo de 30 anos de reclusão. - c) o crime é praticado por quadrilha. - Quadrilha é a associação não eventual de no mínimo quatro pessoas para a prática de crimes. Ao contrário dos crimes de furto e roubo, que exigem apenas o concurso de duas ou mais pessoas. - Segundo STJ, poderá haver concurso material entre extorsão mediante sequestro qualificada por concurso de pessoas e quadrilha ou bando (art. 288 do CPP). - Art. 159, 2.º e 3.º, do Código Penal

- A pena é de reclusão de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e quatro) anos, se resulta em lesão grave. E de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) anos, se resulta em morte. - São crimes qualificados pelo resultado, pois existe dolo na conduta antecedente (extorsão mediante seqüestro) e dolo ou culpa na conduta subseqüente (morte). - O reconhecimento de uma qualificadora mais grave afasta o reconhecimento de uma qualificadora menos grave. - O art. 9.º da Lei dos Crimes Hediondos dispõe aumentar da metade a pena na extorsão mediante seqüestro nas três hipóteses do art. 224 do CP: - I - vítima com idade não superior a 14 anos; - II - se a vítima é doente mental e os seqüestradores sabem dessa condição; - III - se a vítima não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência. - Se a vítima tem menos de 14 anos, só se aplica o art. 9.º da Lei dos Crimes Hediondos. A qualificadora prevista no art. 159, 1.º, do Código Penal é afastada. - Em caso de extorsão mediante sequestro qualificada pelo resultado morte contra qualquer dessas vítimas, a pena mínima se confunde com a máxima (24 anos + metade). Segundo Nucci, fere o princípio da individualização da pena. - Delação Eficaz ou Premiada Art. 159, 4.º, do Código Penal - Se o crime for praticado em concurso (duas ou mais pessoas), o concorrente (co-autores e partícipes) que denunciar o fato à autoridade, facilitando a libertação da vítima, terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois terços). - São requisitos da delação premiada: - A) que o crime tenha sido cometido concurso. Se o agente sequestrar sozinho não fará jus à causa de diminuição de pena; - B) que um dos agentes denuncie à autoridade; - C) facilitação da libertação do sequestrado. - O parágrafo foi inserido pela Lei dos Crimes Hediondos, alterada pela Lei n. 9.269/96. Trata-se de causa de diminuição de pena. - Haverá a diminuição da pena se a delação efetivamente facilitar a libertação da vítima. Quanto maior a colaboração, maior será a redução da pena.

- Não é obrigatória a identificação dos co-autores e partícipes, nem mesmo a entrega do produto do crime, bastando apenas a libertação do seqüestrado.

Extorsão indireta Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. - Elementos do tipo: - Exigir (ordenar) ou receber (aceitar), como garantia de dívida, abusando (exagerando da posição de superioridade) da vítima, um documento passível de gerar um procedimento criminal (inquérito ou processo) contra alguém. - São elementos do tipo: - A) a conduta de exigir ou receber documento que possa dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou terceiro; - B) existência de uma dívida entre o sujeito ativo e passivo; - C) abuso da situação de inferioridade em que se encontra o sujeito passivo; - D) a finalidade de, por meio de documento exigido, garantir o pagamento do sujeito passivo, sob ameaça de um processo penal. - Ex. cheques sem fundos; promissória com assinatura falsa; confissão de autoria de um crime. - Sujeito Ativo: é o credor de uma dívida. - Sujeito Passivo: é o devedor que entrega o documento ao agente. - Elemento subjetivo do tipo específico: É a finalidade de garantir uma dívida. - Elemento subjetivo: É o dolo. - Objeto Jurídico: O patrimônio e a liberdade. - Objeto Material: É o documento utilizado pelo autor do crime. - Classificação: Próprio e formal - Momento Consumativo: No momento da exigência ou do recebimento do documento em garantia da dívida, independentemente do resultado naturalístico, qual seja possibilidade de dar causa à instauração de procedimento criminal. - Tentativa: É admissível. Ex. exigência por escrito.