Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso do Sul

Documentos relacionados
Vistos lauda 1

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

PODER JUDICIÁRIO Mato Grosso do Sul Sidrolândia 2ª Vara Cível

Poder Judiciário da União TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

SEGUNDA CÂMARA CÍVEL RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL Nº 8785/2004 CLASSE II COMARCA DE SINOP APELANTE: BRASIL TELECOM S. A.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

1 - A inscrição indevida do nome do autor em cadastro de inadimplentes configura dano moral in re

<CABBCABCCBBACADADAADAACDBBACBCCBCBAAA DDADAAAD> A C Ó R D Ã O

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 37ª Câmara de Direito Privado

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

CLEVERSON AUGUSTO FLORES BRUM. Vistos, relatados e discutidos os autos.

: J. S. FAGUNDES CUNHA

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente sem voto), LINO MACHADO E CARLOS RUSSO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

APELAÇÃO CÍVEL Nº , DA 9ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA.

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Ação: Procedimento Ordinário

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Vistos. Foi indeferido o pedido de tutela de urgência (fls. 130/133). Citada, a requerida não apresentou resposta (fls. 139/140). Esse é o relatório.

Teoria da Perda do Tempo Útil

Superior Tribunal de Justiça

Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores HERALDO DE OLIVEIRA (Presidente), JACOB VALENTE E TASSO DUARTE DE MELO.

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS COMARCA DE BELO HORIZONTE. 16ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte

RECORRENTE ADESIVO/APELADO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Apelação Cível n , de Tangará Relatora: Desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta

PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO Nº 20709/ CLASSE CNJ COMARCA CAPITAL RELATOR: DES. SEBASTIÃO BARBOSA FARIAS

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

ACÓRDÃO PODER JUDICIÁRIO

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Vigésima Câmara Cível A C Ó R D Ã O

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO LEME (Presidente), MORAIS PUCCI E CLAUDIO HAMILTON.

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

SENTENÇA. Processo Digital nº: Classe - Assunto Procedimento Comum - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores DIMAS RUBENS FONSECA (Presidente) e CESAR LUIZ DE ALMEIDA.

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Cotia, em que é apelante VIAÇÃO MIRACATIBA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Estado de Mato Grosso do Sul Poder Judiciário Campo Grande 3ª Vara Cível

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

APELOS IMPROVIDOS. - SERVIÇO DE APOIO À JURISDIÇÃO Nº COMARCA DE PASSO FUNDO A C Ó R D Ã O

DE SOUZA PIRES COELHO DA MOTA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Superior Tribunal de Justiça

Poder Judiciário da União TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. 2ª Turma Cível. Órgão

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE LONDRINA 2º Juizado Especial Cível, Criminal e Fazenda Pública de Londrina

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

THAYANI CRUZ NANNINI e RODRIGO MACHADO GOMES ajuizaram "ação de rescisão contratual" contra GAFISA SPE-127 EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

A C Ó R D Ã O. Agravo de Instrumento nº

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

PODER JUDICIÁRIO ESTADO DO RIO DE JANEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Vigésima Sétima Câmara Cível/Consumidor

FASE DE LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO DO NCPC. Prof. Samantha Marques

lauda 1

SENTENÇA. Relatório dispensado nos termos do artigo 38, da Lei 9.099/95.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

SENTENÇA FUNDAMENTO E DECIDO.

SENTENÇA. Os pressupostos de existência e desenvolvimento válido e regular estão presentes.

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação / Reexame Necessário nº

Vistos. Em sua contestação (fls. 108/138), a ré requer, preliminarmente, extinção do lauda 1

SENTENÇA. A petição inicial foi instruída com os documentos de fls. 15/81.

FZ Nº (N CNJ: ) 2014/CÍVEL

A C Ó R D Ã O R E L A T Ó R I O Nº (Nº CNJ: ) COMARCA DE PORTO ALEGRE RECORRENTE

Processo nº: 001/ (CNJ: )

Apelação Cível n , de Videira Relator: Des. Joel Dias Figueira Júnior

BANCO BRADESCARD S A EDSON CARDOSO DO CARMO A C Ó R D Ã O

ANDRÉ LUIZ M. BITTENCOURT.

Classe/Assunto: Procedimento do Juizado Especial Cível/Fazendário - Dano Moral - Outros/ Indenização Por Dano Moral

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente) e MARIA LÚCIA PIZZOTTI.

EMENTA CIVIL - DANOS MORAIS - NEGATIVA NA CONCESSÃO DE PASSE LIVRE EM VIAGEM INTERESTADUAL - INDENIZAÇÃO DEVIDA.

: : : Órgão Classe N. Processo

PROVIDO O APELO. Nº COMARCA DE SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA KATIA SIMONE MACHADO DA APELANTE CUNHA A C Ó R D Ã O

ANDRÉ ANDRADE DESEMBARGADOR RELATOR

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

SENTENÇA C O N C L U S Ã O

TAM LINHA AEREAS S.A. A C Ó R D Ã O

A C Ó R D Ã O EMENTA: FACTORING TÍTULO NEGOCIADO FRUSTRAÇÃO DE PAGAMENTO RESPONSABILIDADE DO RÉU ENDOSSANTE INCIDÊNCIA ADMITIDA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TURMA RECURSAL ÚNICA J. S. Fagundes Cunha Presidente Relator

CCM Nº (Nº CNJ: ) 2017/CÍVEL

P O D E R J U D I C I Á R I O Fórum Descentralizado do Pinheirinho FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - PARANÁ

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores SÁ DUARTE (Presidente sem voto), MARIO A. SILVEIRA E SÁ MOREIRA DE OLIVEIRA.

RIO GRANDE ENERGIA S A

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores SOUZA LOPES (Presidente sem voto), AFONSO BRÁZ E PAULO PASTORE FILHO.

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÍVIDA C/C DANO MORAL COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TELEFONIA.

PODER JUDICIÁRIO. 33ª Câmara de Direito Privado TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Apelação nº

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANTONIO CELSO AGUILAR CORTEZ (Presidente) e TORRES DE CARVALHO.

Poder Judiciário da União TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

SENTENÇA. Vistos. A tutela foi parcialmente concedida (folhas 101/102), sobrevindo agravo de instrumento de folhas 216/217.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores VITO GUGLIELMI (Presidente) e PERCIVAL NOGUEIRA. São Paulo, 18 de junho de 2015.

Wzi 1 Incorporação Imobiliária Ltda. (w.zarzur)

CENTAURO VIDA E PREVIDENCIA S/A VILMAR JOSE ALVES DA SILVA A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos os autos.

Transcrição:

fls. 1 Processo: 0823713-41.2012.8.12.0001 Autos: Procedimento Ordinário Autor: VALDENIR SILVA SANTANA Réu: SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR ESTACIO DE SÁ Vistos, etc. VALDENIR SILVA SANTANA moveu a presente Procedimento Ordinário em desfavor de SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR ESTACIO DE SÁ, ambos devidamente qualificados, aduzindo, em síntese, que celebrou contrato de prestação de serviços educacionais para ingressar no curso de Segurança do Trabalho na data de 25 de janeiro de 2011. Assevera que o panfleto publicitário da requerida informava o período de dois anos e meio de duração do curso, sendo que após o início das aulas os alunos foram surpreendidos com a notícia de que o curso seria estendido para três anos, inclusive com o pagamento de mensalidades também nos meses adicionais. Sustenta que no dia 09/07/2012, a requerida informou o fechamento da turma, sob a alegação de que não haveria número suficiente de alunos para sua manutenção. Relata que todos os alunos já haviam cursado a metade do programado inicialmente e todos se mantinham firmes no propósito de concluir o estudo, sendo que, como forma de compensação, a requerida propôs um desconto em outro curso por não haver nenhuma turma em andamento do curso inicialmente contratado, o de Segurança do Trabalho. Informa que o curso de graduação tecnológica (curso superior de menor duração) em Segurança do Trabalho era oferecido unicamente pela parte ré nesta Comarca e que difere dos cursos de técnicos em Segurança do Trabalho oferecidos por outras instituições, o que inviabilizou até mesmo a transferência para outra instituição de ensino e deixou todos os alunos mercê da instituição requerida. Aduz que embora inconformados com a situação que lhes foi imposta pela requerida, esta não apresentou nenhuma alternativa aos estudantes que discordaram de sua cgr-4vciv@tjms.jus.br - M6740 1

fls. 2 proposta, bem como, não devolveu os valores recolhidos a título de matrículas e mensalidades. Por tais razões, requereu o autor a inversão do ônus de prova, bem como a condenação da requerida ao pagamento a título de danos materiais, no valor de R$ 3.899,89 (três mil, oitocentos e noventas e nove reais e oitenta e nove centavos) e, a título de danos morais, a quantia fixada em R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Com a inicial vieram os documentos de f. 09-23. À f. 24, concedeu-se à parte autora as benesses da Justiça gratuita, determinando a citação da requerida nos termos do art. 297 do CPC. Citada (f. 76), a requerida apresentou contestação (f. 27-38), alegando que agiu no exercício regular do direito, ante a autonomia das instituições de ensino para extinguir os cursos por elas ofertados, conforme lhe faculta a Lei n. 9.394/96, em seu artigo 53, não havendo em se falar em danos morais, e muito menos em danos materiais, uma vez que cumpriu com o contrato firmado com o requerente, pugnando pela improcedência do pedido inaugural. Impugnação à contestação às fl. 73-74. Determinado às partes a especificação de provas pretendidas (f. 77), tanto a requerida quanto o requerente pugnaram pelo julgamento antecipado da lide, conforme manifestações de f. 81 e f. 92-93, respectivamente. É o relatório. Decido. Trata-se de ação indenizatória ajuizada por Valdenir Silva Santana contra a Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá, partes devidamente qualificadas nos autos. Tendo em vista que não há preliminares a serem rebatidas, passa-se a análise do mérito da questão. E, de início, anote-se que as provas documentais carreadas ao processo, mostram-se suficientes para o pronunciamento judicial (art. 130 do CPC), de modo que o feito, então, comporta julgamento no estado em que se encontra e de forma antecipada nos moldes do art. 330, I do CPC. Nesse sentido: "Achando-se o feito em condições de julgamento antecipado, sem necessidade de colheita de novas provas, a prolação de sentença nem cgr-4vciv@tjms.jus.br - M6740 2

fls. 3 sequer é uma faculdade, mas uma obrigação, à vista dos princípios da economia e celeridade processual". TJMS 3ª Turma Cível. AC nº 2008.013126-8. Rel. Rubens Bergonzi Bossay. Julg. 28.07.2008, unânime. Versa o feito sobre pedido de indenização por danos morais e materiais em razão de suposto fechamento do curso de Segurança de Trabalho de forma unilateral por instituição de ensino superior, sob o fundamento que não haveria número suficiente de alunos para a sua manutenção. Inicialmente, cumpre salientar que a requerida não nega que procedeu ao encerramento do curso descrito na inicial. Nesse aspecto, é de se aplicar o previsto no art. 334, inciso III, do CPC, tornando essa questão como incontroversa. Entretanto, o cerne da defesa está embasada na alegação de que inexiste conduta ilícita perpetrada pela Universidade requerida, já que possuía legitimidade para a não abertura de turma por ausência de quórum, sendo que o fechamento do curso descrito no encarte se deu no exercício regular do direito, não constituindo em ato ilícito. Pois bem, como já dito alhures, restaram incontroversos os fatos aduzidos na inicial, relativamente à inscrição do autor no curso que, após iniciado, foi interrompido unilateralmente pela ré. O contrato assinado por ambas as partes encontra-se às f. 13-21 e os pagamentos realizados pelo autor estão discriminados no documento emanado da própria ré à f. 22-23, cujo teor não foi infirmado. É fato que a instituição de ensino possui autonomia para gerir seus cursos, porém, causando gravame ao consumidor, deve ressarci-los. Neste sentido a jurisprudência do TJMS, emanada da 3ª Câmara Cível, cuja ementa abaixo permitimo-nos colacionar: "APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS EXTINÇÃO DE CURSO SUPERIOR MÁ PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DANOS MORAIS CONFIGURADOS QUANTUM INDENIZATÓRIO RECURSO IMPROVIDO. É devida a indenização por danos morais em decorrência da extinção unilateral de curso promovido pela instituição de ensino, presumindo-se, no caso, falha na prestação dos serviços educacionais. O valor da indenização do dano moral deve ficar ao prudente arbítrio do julgador, com seu subjetivismo e ponderação, de forma a compensar o dano e desencorajar reincidências do ofensor. A C Ó R D Ã O. cgr-4vciv@tjms.jus.br - M6740 3

fls. 4 Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Apelação - Nº 0817337-39.2012.8.12.0001. Rel. Des. Rubens Bergonzi Bossay. Campo Grande, 16 de julho de 2013.)" Importante salientar que, quem se inscreve num determinado curso tem por finalidade atingir sua conclusão, de modo que, à toda evidência, o encerramento abrupto, sem o assentimento do acadêmico, enseja dano moral passível de ser indenizado. Assim, em que pese a requerida defender-se no sentido de que existe lei que autorize a extinção e criação de cursos pelas universidades, a eventual possibilidade de extinção de curso, antes de sua conclusão, não exime a responsabilidade da prestadora de serviço em responder pelos danos causados aos acadêmicos que confiaram em sua sequência e no seu encerramento. DO DANO MORAL Para que se possa falar em dano moral, é preciso que a pessoa seja atingida em sua honra, sua reputação, sua personalidade, seu sentimento de dignidade. Tenha os seus sentimentos violados, dor interior que, fugindo à normalidade do dia-a-dia do homem médio, venha a lhe causar ruptura em seu equilíbrio emocional, interferindo intensamente em seu bem estar. Na hipótese em apreço, o dano moral é presumível, eis que de fácil percepção o constrangimento, a perturbação moral causada em razão do encerramento de forma abrupta do curso inscrito pelo requerente. Sobre o tema, pronunciou-se a 5ª Turma do TJMS: "APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS EXTINÇÃO DE CURSO SUPERIOR MÁ PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DANOS MATERIAIS E MORAIS CONFIGURADOS REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS CORRETAMENTE RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. É devida a indenização por danos materiais e morais em decorrência da extinção unilateral e imotivada de curso promovido pela instituição de ensino, presumindo-se, no caso, falha cgr-4vciv@tjms.jus.br - M6740 4

fls. 5 reparação pelo dano moral sofrido. na prestação dos serviços educacionais. O quantum reparatório do dano moral não deve ser a causa de enriquecimento ilícito, nem ser tão baixo em seu valor que perca o sentido de punição. O arbitramento deve levar em conta o grau de culpa, a condição do ofendido e do ofensor e o critério da razoabilidade. Mantém-se os honorários advocatícios quando arbitrados em harmonia com o art. 20, 3º, do CPC. A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da Quinta Turma Cível do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Apelação Cível - Ordinário - N. 2011.016116-8/0000-00. Rel. Des. Luiz Tadeu Barbosa Silva. Campo Grande, 7 de julho de 2011.)" Demonstrada, assim, a ocorrência do ato ilícito, deve a parte autora obter E como é cediço, muito se discute acerca da natureza jurídica da obrigação de indenizar o dano moral. Porém, o entendimento majoritário é no sentido de que essa obrigação de reparar possui dupla finalidade: compensar o dano experimentado pela vítima e punir o ofensor, a fim de servir de lenitivo, de uma espécie de compensação para atenuar o sofrimento havido, bem como atuar como sanção ao causador do dano, como fator de desestímulo, a fim de que não volte a praticar atos lesivos. Ademais disso, saliente-se que o dano moral deve ficar ao prudente arbítrio do julgador, com seu subjetivismo e ponderação, de forma a compensar o dano e desencorajar reincidências do ofensor, levando-se em consideração as condições financeiras das partes, de maneira que o dever de reparar faça sentido para ambas. No caso, revelando condizente com o dano, estando apta a servir de consolo ao autor, pelos danos por ele suportado, considerando-se, sobretudo, que o mesmo dispendeu um ano e seis meses de seu tempo, freqüentando um curso de ensino superior que abruptamente fora encerrado pela ré, sem qualquer explicação plausível, a punição à instituição, para que analise a sua forma de agir, deve ser rigorosa de modo a evitar a reiteração de atos desse porte. Por essas razões, condeno-a ao pagamento do valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), a título de danos morais ao autor. O valor da indenização por danos morais deverá ser atualizada monetariamente pelo IGPM-FGV a partir de seu arbitramento, ou seja, a partir da data desta sentença, consoante enunciado da Súmula 362 do STJ (A correção monetária do valor da cgr-4vciv@tjms.jus.br - M6740 5

fls. 6 indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento). a partir da citação. Sendo a relação de responsabilidade contratual, os juros moratórios incidem Neste sentido, o entendimento emanado do Superior Tribunal de Justiça: "STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL AgRg no REsp 1416952 RS 2013/0370867-0 (STJ) Data de publicação: 19/12/2013 "CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. INOVAÇÃO RECURSAL. VEDAÇÃO. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. JUROS DE MORA FLUEM A PARTIR DA CITAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL. ARBITRAMENTO DA CONDENAÇÃO. 1. É vedado o exame de inovação recursal em sede de agravo regimental. 2. Tratando-se de responsabilidade contratual, os juros moratórios incidirão a partir da citação. Precedentes. 3. A jurisprudência desta Corte já se posicionou no sentido de que a correção monetária, em casos de responsabilidade contratual, deve incidir a partir do arbitramento do valor da condenação. Precedentes. 4. Agravo não provido." DO DANO MATERIAL Como dito, a prestação de serviços educacionais, especialmente no âmbito de curso superior, se dá com a expectativa de que a formação pretendida seja concluída. Assim, mesmo havendo lei que autorize a extinção e criação de cursos pelas universidades, a eventual possibilidade de extinção de curso, antes de sua conclusão, não exime a responsabilidade da prestadora de serviço em responder pelos danos ocasionados aos alunos que confiaram em sua sequência e no seu encerramento. No que tange ao dano material, sabe-se que a indenização mede-se pela extensão do dano. Essa é a regra estabelecida pelo artigo 944, caput, do Código Civil, que consagra importante função do instituto de responsabilidade civil, que é recompor a lesão sofrida pela vítima, na extensão do prejuízo que lhe foi causado. Portanto, havendo alegação de prejuízo patrimonial, deve ser averiguada qual a extensão da perda, o que, no presente caso, deve ser feito através da apreciação da prova documental apresentada. cgr-4vciv@tjms.jus.br - M6740 6

fls. 7 Os documentos de f. 22/23, comprovam os gastos com mensalidades do curso encerrado abruptamente pela requerida, alegados pela parte autora no valor total de R$ 3.899,89 (três mil, oitocentos e noventa e nove reais e oitenta e nove centavos). Ademais, a requerida não impugnou de forma específica referida quantia, o que faz presumir verdadeira, nos termos do art. 302 do CPC, que consagra o princípio da impugnação específica, e estabelece que cabe ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial, presumindo-se verdadeiros os fatos não impugnados. Portanto, não há dúvida quanto à efetiva existência dos danos materiais, cabendo à ré o pagamento do valor de R$ 3.899,89 (três mil, oitocentos e noventa e nove reais e oitenta e nove centavos). Esse valor deverá ser atualizado monetariamente pelo IGPM-FGV, a partir do desembolso, conforme Súmula 43 do STJ 1 e acrescido de juros de mora de 1% ao mês a partir da citação. DISPOSITIVO Posto isso, com fulcro no art. 269, inciso I, do Código de Processo Civil, julgo, com resolução do mérito, PROCEDENTE os pedidos formulados por Valdenir Silva Santana nesta Ação de Reparação de Danos Morais e Materiais em face de Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá, para o fim de: I - condenar a requerida a pagar, a título de dano moral, o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), atualizado monetariamente pelo IGPM-FGV a partir da sentença, além de juros de mora de 1% ao mês (art. 406 do C.C./2002 c/c art. 161, 1º, do CTN e Súmula 362 do STJ), contados a partir da citação. II - condenar a requerida a pagar, a título de dano material, o valor de R$ 3.899,89 (três mil, oitocentos e noventa e nove reais e oitenta e nove centavos), a ser corrigido monetariamente pelo IGPM-FGV, a partir dos respectivos desembolsos, e acrescido de juros de mora de 1% ao mês, a partir da citação 1 Súmula 43: "Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo". cgr-4vciv@tjms.jus.br - M6740 7

fls. 8 Condeno, ainda, a parte ré ao pagamento das custas e despesas processuais, além dos honorários advocatícios, os quais, nos termos do art. 20, 3, do CPC, fixo na quantia correspondente a 15% (quinze por cento) sobre o valor total da condenação atualizada, considerando o grau de zelo do profissional, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. Após certificado o trânsito em julgado, não efetuado o pagamento da condenação principal e dos ônus sucumbenciais (custas, despesas e honorários advocatícios), no prazo de 15 (quinze) dias, a partir daí o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de 10%, nos termos que preconiza o art. 475-J do CPC, salvo se houver recurso, hipótese em que referido prazo somente se iniciará após a intimação da parte vencida, através de seu advogado, pela imprensa oficial, sobre a devolução dos autos da instância superior. Publique-se. Registre-se. Intime-se. Cumpra-se. Campo Grande-MS, 08 de abril de 2014. Vania de Paula Arantes Juíza de Direito Assinado por Certificação Digital cgr-4vciv@tjms.jus.br - M6740 8