INFLUÊNCIA DA SALINIDADE DA ÁGUA NO CONSUMO DE RAÇÃO E ÁGUA DE OVINOS SANTA INÊS Diego José Araújo Bandeira 1, Keviane Pereira Aragão 2, Dermeval Araújo Furtado 3 Jordânio Inácio Marques 4, Sebastião Benício de Carvalho Júnior 5 1,2,3,4,5 Universidade Federal de Campina Grande, Av: Aprígio Veloso, 882, Bodocongó Campina Grande, PB, CEP: 58109-970, http://www.ufcg.edu.br/, diegoimperium8@gmail.com, (83) 9307-9365. RESUMO Objetivou-se avaliar o consumo de ração, água e desempenho de ovinos da raça Santa Inês, recebendo água com diferentes níveis de salinidade. O trabalho foi conduzido no Laboratório de Construções Rurais e Ambiência LaCRA, da Universidade Federal de Campina Grande UFCG, utilizando-se 6 ovinos não castrados, com peso corporal médio inicial de 26 ± 4,5 quilos, confinados em baias individuais, em uma temperatura média de 22,5 C e umidade média de 76%, consumindo água com níveis de salinidade 1,5; 3,0; e 6,0 ds.m -1. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com três tratamentos e duas repetições. Os dados obtidos não foram significativos (p >= 0,05), quanto ao consumo de ração. Para o consumo de água houve significância de (p < 0,05), onde o consumo médio foi de 3,08 Kg/dia. Os animais apresentaram um ganho de peso médio de 151 g/dia, com o consumo diário médio de ração de 1140 g/dia, sendo o segundo tratamento de 3,0 ds.m -1, maior ganho de peso 205 g/dia e conversão alimentar de 5,89, ou seja, para cada 5,89 gramas de ração ele converte em 1 grama de peso, concluindo assim que o segundo tratamento demonstrou o mais favorável para produção de carne. PALAVRAS CHAVE: Consumo, ovinos, salinidade. ABSTRACT INFLUENCE OF SALINITY WATER CONSUMPTION IN FEED AND WATER SHEEP SANTA INES This study aimed to evaluate feed intake, water and performance of Santa Inês sheep, getting water with different salinity levels. The work was conducted in the Laboratory of Rural Buildings and Ambience - seals, Federal University of Campina Grande - UFCG, using 6 uncastrated sheep with initial body weight of 26 ± 4.5 kg, housed individually in an average temperature of 22.5 C and average humidity of 76%, consuming water with salinity levels of 1.5; 3.0; ds.m-1 and 6.0. The experimental design was a completely randomized design with three treatments and two replications. The data were not significant (p> = 0.05), as the feed intake. For the water intake showed a significant (p <0.05), where the average fuel consumption was 3.08 kg / day. The animals had an average weight gain of 151 g / day, with the average daily intake of 1140 g / day, and the second treatment of 3.0 ds.m-1, greater weight gain 205 g / day and feed conversion of 5.89, or 5.89 grams for each feed it converts 1 gram in weight, thus concluding that the second treatment showed more favorable for meat production. KEYWORDS: Consumption, sheep, salinity.
INTRODUÇÃO A ovinocultura brasileira vem crescendo devido ao aumento no consumo da carne nos grandes centros urbanos, impulsionando a produção de cordeiros. Entretanto este consumo ainda é pouco expressivo em comparação ao da carne de outras espécies como bovinas e avícolas, esse baixo consumo pode está associado a vários aspectos como a falta de hábito, inconstância na oferta do produto e pouca qualidade da carne (ANDRADE, 2013). O Santa Inês é um ovino deslanado, cujos pelos são curtos e sedosos, apresenta um porte grande, com peso corporal em torno de 80 kg para os machos e de 60 kg para as fêmeas, quando adultos. As pernas são compridas e as orelhas longas, os troncos são fortes e os quartos dianteiros e traseiros são grandes, a ossatura é vigorosa (LAZIA, 2012). A necessidade de água para ovinos variam com as estações do ano, temperatura do ar, peso, estágio de produção, tipo e ingestão de alimentos (ABIOJA et al., 2010). O ideal é que a água possua um teor de sais que não afete o seu consumo, entretanto, muitas vezes a água disponibilizada ao animal é de qualidade inferior, refletindo diretamente na quantidade de matéria seca ingerida. Objetivou-se avaliar o consumo de ração, água e desempenho de ovinos da raça Santa Inês, recebendo água com diferentes níveis de salinidade, avaliando a adaptabilidade do animal. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no LaCRA Laboratório de Construções Rurais e Ambiência da Universidade Federal de Campina Grande UFCG, Campus I. Foram usados 6 animais da raça Santa Inês, todos machos inteiros com idade de 4 meses e pesando em torno de 26 ± 4,5 kg, alojados em gaiolas individuais. Os ovinos foram submetidos à temperatura média de 22,5 C e umidade aproximadamente de 76%. Utilizadas três níveis de salinidade na água (1,5, 3,0 e 6,0 ds.m -1 ), com duas repetições cada nível. Os animais foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, com três tratamentos referentes aos níveis de salinidade e duas repetições. O efeito da salinidade foi testado pelo teste F. Todos os animais foram inicialmente pesados, identificados por meio de numeração, pesados, vacinados e vermifugados contra ecto e endoparasitas. Os animais receberam ração completa, sendo ofertadas duas vezes ao dia, às 7h00 e às 16h00, 50% do total respectivamente. O
experimento foi conduzido durante 22 dias de análises, o controle de consumo de ração e água através da diferença entre ofertado com a sobra por meio de pesagens diárias. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foi observado na tabela abaixo, que não houve diferença significativa (P<0,05) entre os tratamentos para o consumo de ração (Tabela 1), em relação ao consumo de água diário, estes resultados sugerem que não existe influência na ingestão de água sob as concentrações ofertadas. TABELA 1. Análise do consumo de ração em função dos níveis de salinidade. Tratamento CR g/dia 1,5 ds.m -1 1135 a 3,0 ds.m -1 1095 a 6,0 ds.m -1 1185 a Média 1138 CV(%) 8,75 Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferiram estatisticamente pelo teste de Tukey (P<0,05). Consumo de Ração (CR), Coeficiente de Variação (CV). O consumo médio de ração pelos animais foi de 1138 g/animal/dia, ou seja, 4,4% do peso vivo (PV), valor superior ao encontrado por Albuquerque (2012), que apresentou o consumo médio de 910 g/animal/dia. Valores abaixo aos encontrados por Costa (2012), ao trabalhar com ovinos da raça Morada Nova, onde o consumo médio entre os tratamentos com diferentes níveis de salinidade foi de 5,25% do (PV) do animal, que concluiu também que os consumos de ração não foram afetados pelos diferentes níveis de salinidade. A ingestão de água apresentou significância (P<0,05) como demonstrada na Tabela 2. TABELA 2. Análise do consumo de água em função dos níveis de salinidade. Tratamento CAOB kg/dia 1,5 ds.m -1 2,81 ab 3,0 ds.m -1 2,67 b 6,0 ds.m -1 3,76 a
Média 3,08 CV(%) 7,93 Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferiram estatisticamente pelo teste de Tukey (P<0,05). Consumo de Água Ofertada no Bebedouro (CAOB), Coeficiente de Variação (CV). Foi observado que o primeiro tratamento, com água no teor de 1,5 ds.m -1, não diferiu estatisticamente (P<0,05) dos demais, sendo o segundo e terceiro tratamento de 3,0 e 6,0 ds.m -1, respectivamente, diferiram (P<0,05) entre si, sendo o maior consumo médio de 3,76 kg/dia para o terceiro tratamento. O resultado obtido foi superior ao encontrado por Costa (2012), que encontrou um consumo médio diário de 1,89 Kg/dia e semelhante aos de Assad et. al, (1997), que ao analisar a dieta de ovelhas da raça Barki, o consumo variou de 3,065 a 4,305 kg/animal/dia. Costa (2012) cita que o aumento no nível de sólidos dissolvidos totais na água resultou em ingestão linear crescente da água ofertada no bebedouro. CONCLUSÃO 1. A salinidade da água não influenciou no consumo de ração dos animais, sendo que não houve variação significativa entre os tratamentos. 2. Foi notado um aumento no consumo de água quando elevado o nível de sais, sendo o terceiro tratamento de 6,0 ds.m -1 maior consumo médio de 3,76 kg/dia. REFERÊNCIAS ABIOJA, M.O.; OSINOWO, O.A.; ADEBAMBO, O.A.; Bello, N.J.; Abiona, J.A. Water restriction in goats during hot-dry season in The humid tropics: feed intake and weight gain. Archivos de Zootecnia. n.59, v.226, p.195-203, 2010. ALBUQUERQUE, Italo Reneu Rosas de. Níveis de salinidade da água de beber para ovinos mestiços Santa Inês. / Italo Reneu Rosas de Albuquerque. - Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2012.p 17. ANDRADE, Maria Guadalupe Lima Peixoto. Características da carcaça e qualidade da carne de cordeiros Santa Inês e Morada Nova em diferentes pesos de abate. / Maria Guadalupe Lima Peixoto Andrade Tese (Doutorado em Zootecnia) - Areia: UFPB/CCA, 2013. p.17. ASSAD F., THE LATE M. T. BAYOUMI & H. S. KHAMIS. Impact of long-term administration of saline water and protein shortage on the haemograms of camels and sheep. Journal of Arid Environments. v 37, p 71 81, 1997.
COSTA, Samir Augusto Pinheiro. Oferta de águas com níveis de salinidade para ovinos Morada Nova. / Samir Augusto Pinheiro Costa. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Ciências Agrárias, Petrolina-PE, 2012. p.32 40 LAZIA, B. Ovinos da raça Santa Inês são bons produtores de carne, leite e pele. Disponível em: < http://www.portalagropecuario.com.br/ovinos-e-caprinos/criacao-de-ovelhas/ovinos-da-racasanta-ines-sao-bons-produtores-de-carne-leite-e-pele/>, 2012. Acesso em: 13/09/2014