FAZER ACONTECER A REGENERAÇÃO URBANA Seminário Internacional no Porto 26 de março de 2013 Intervenção do Presidente da CIP Minhas Senhoras e Meus Senhores, Antes de mais quero agradecer a Vossa presença nesta jornada de trabalho, da qual, estou convicto, todos sairemos mais enriquecidos e com uma vontade renovada de levar a cabo a implementação da Reforma da Regeneração Urbana e do Arrendamento. Quero, particularmente, agradecer a presença do representante da Senhora Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, dos representantes das Associações Empresariais aqui presentes, das Câmaras Municipais, dos promotores dos Projetos Piloto, dos Especialistas e dos Oradores que hoje nos acompanharão. A presença de todos e de cada um de nós neste Seminário é um testemunho vivo da importância crucial que a Reforma da Regeneração Urbana e do Arrendamento têm para o nosso País. A Regeneração Urbana é de tal modo vital e decisiva para a economia portuguesa e, em especial, para todas as empresas da vasta fileira da construção, que a CIP, desde finais de 2010, nela se envolveu e empenhou ativamente. Não vos vou lembrar neste momento todos os passos que já demos. 1
Quero apenas assegurar-vos que foram oportunos e decisivos para se chegar até ao patamar em que agora nos situamos: a implementação da Reforma do Arrendamento Urbano e da Regeneração Urbana. Mas quero também dizer-vos que a intervenção da CIP no domínio da Regeneração Urbana é vasta e de visão alargada. Tenho repetido que, para FAZER ACONTECER A REGENERAÇÃO URBANA, é necessário que haja vontade dos privados e vontade dos políticos. De vontade dos privados, não preciso de a detalhar. Ela existe, é do conhecimento de todos: senhorios e proprietários de imóveis querem investir na recuperação de imóveis degradados, querem trazer nova vida para os centros urbanos, querem trazer atratividade para zonas históricas. Mas é também necessário que haja vontade política, alterando a legislação que exige na regeneração urbana mais do que na construção nova, facilitando o licenciamento e simplificando os procedimentos. Enquanto tal não acontecer, enquanto se quiser reabilitar edifícios do século XX de acordo com regras impostas aos edifícios do século XXI, estaremos a tornar a regeneração dos centros urbanos cada vez mais distante e, acima de tudo, cada vez mais cara e inacessível. 2
É por estas razões que, em termos globais, as propostas da CIP tiveram 5 grandes objetivos: 1º. A alteração da fiscalidade aplicável ao património imobiliário; 2º. A criação de estímulos à poupança para a Regeneração Urbana; 3º. A dinamização do mercado de arrendamento; 4º. A valorização do património e do investimento imobiliário; 5º e último. O estabelecimento de um regime de incentivos que constitua uma alavanca para a dinamização do mercado da regeneração urbana e do arrendamento. De facto, a CIP fez crer aos Governos que este é um projeto essencial para o País, ao mesmo tempo que promovemos a alteração da legislação, incentivámos a simplificação dos processos de licenciamento municipal e apoiámos a criação de fundos que permitam o financiamento. É sem falso orgulho e com muita honra que hoje vos digo que temos feito acontecer a Regeneração Urbana. Na verdade, toda a temática envolvente da Regeneração Urbana é hoje abordada, discutida, pensada e projetada como antes nunca foi em Portugal. 3
Podemos agora afirmar que a Regeneração Urbana é já encarada pelos diversos quadrantes da sociedade portuguesa como uma forma de gerar riqueza, de viabilizar investimentos, de gerar negócios e criar emprego. No entanto, e apesar de tudo o que já foi feito, temos perfeita noção de que muito há ainda para realizar e, assim, decidimos manter a Regeneração Urbana como uma das iniciativas estratégicas do Plano de Atividades que a CIP desenvolverá em 2013 e prosseguir o trabalho que nesta área temos vindo a desenvolver. É compromisso da CIP prosseguir com determinação na defesa das medidas, quer de política geral, quer de financiamento, destinadas a Fazer Acontecer a Regeneração Urbana. É também nosso compromisso continuar a chamar a atenção para os entraves que ainda se levantam e apontar as soluções que nos parecem as mais adequadas para os ultrapassar. Em suma, a CIP compromete-se a participar ativamente na construção do que acreditamos, seja, a partir de agora, uma nova realidade para o País no que se refere ao Mercado da Regeneração Urbana e do Arrendamento. Minhas Senhoras e Meus Senhores, 4
As alterações legislativas mais relevantes para o enquadramento legal desta reforma já se encontram em vigor e a CIP, oportunamente, pronunciou-se sobre elas declarando que vão no sentido certo. No entanto, ainda que o processo legislativo assuma aqui a maior importância, não nos podemos ficar pela sua conclusão. Para que estas reformas sejam verdadeiramente implementadas é ainda necessário ultrapassar um vasto conjunto de constrangimentos económicos, fiscais, legais e administrativos. Ao nível da fiscalidade, continuamos a pugnar pelo estabelecimento de um enquadramento fiscal mais favorável ao robustecimento do mercado do Arrendamento e da Regeneração Urbana. Neste âmbito, a CIP defende medidas tão simples como: A isenção de IMT (Imposto Municipal sobre a Transmissão Onerosa de Imóveis) na primeira transmissão de um prédio reabilitado; A isenção de IMI (imposto Municipal sobre Imóveis) durante um período de 10 anos a contar da data da reabilitação; A generalização da taxa reduzida de IVA (6%) para as obras de requalificação; A taxa intermédia de IVA (13%) para os equipamentos de energias renováveis. No que se refere à dinamização do mercado de arrendamento e da regeneração urbana, entendemos ainda que é essencial: 5
1º. Criar incentivos para os proprietários e investidores, e instrumentos de financiamento articulados com os apoios à Reabilitação Urbana. 2º. Criar um Fundo de Garantia ao Arrendamento, a adotar pelas companhias de seguros, que garanta o pagamento das rendas em falta, até que as ações de despejo funcionem de forma expedita; 3º Estabelecer um sistema de apoio social a inquilinos com rendimentos inferiores aos exigidos para suportarem o novo valor da renda relativamente ao processo de atualização das rendas mais antigas; 4º Ativar o Plano de Emergência Social Habitacional, para que o Estado assuma as suas responsabilidades no âmbito da política social de habitação; 5º Criar um Programa Especial de Reabilitação Urbana que estabeleça, para os inquilinos de baixos recursos do mercado privado, condições semelhantes aos Programas de Habitação Social; 6º Ponderar o estímulo ao arrendamento para os jovens e a reforma do regime de renda apoiada. 7º Implementar um sistema de garantias mútuas para compra de imóveis reabilitados; 8º e último. Promover uma política de cidades assente em novos paradigmas, que contemple uma adequada manutenção e valorização do património imobiliário das cidades e do próprio Estado. Por fim, deixo um forte apelo para que se trabalhe no sentido de ultrapassar os constrangimentos que ainda envolvem o licenciamento e todos os procedimentos que lhe são inerentes. 6
Neste âmbito, a CIP congratula-se pelas medidas constantes do Compromisso para a Competitividade Sustentável do Setor da Construção e Imobiliário assumido este mês pelo Governo, e muito especificamente pelo facto de nele terem sido acolhidas muitas das sugestões originais da CIP. Minhas Senhoras e Meus Senhores, Tenho a certeza de que já foram dados os primeiros passos de uma ampla reforma. Mas gostaria de, para finalizar, deixar um apelo para que novos passos sejam dados, também por cada um de nós, na sua área profissional, de atuação e influência, no sentido de contribuir com coragem e determinação, para uma verdadeira implementação desta reforma. Esses passos devem ser dados com a moderação e a ponderação que gerem os consensos que façam desta reforma uma realidade que de há muito Portugal precisa. António Saraiva Presidente da CIP 7