Pelos Caminhos de Santiago POR REVISTA BUSINESS PORTUGAL 1 MAIO, 2014 António José Coutinho Presidente do Município António José Coutinho Presidente do Município
Conjuntamente com Vouzela, Tondela, Oliveira de Frades, Albergaria e a Turismo Centro de Portugal, Sever do Vouga assinou, no passado dia 8 de janeiro, um protocolo de colaboração para a implementação do traçado para o Caminho Português para Santiago, dentro da área abrangida por estes cinco concelhos. Um novo incentivo ao turismo de uma região que se destaca pelos seus atributos naturais, agora completado por uma vertente religiosa, com base nas suas referências históricas. Com base na noção de que a peregrinação até Santiago de Compostela também foi feita, ao longo dos séculos, por caminhos que se desviam da rota principal, abrangendo as áreas do interior, esta iniciativa tem vindo a desenvolverse de forma a estimular o turismo na região. De acordo com António José Coutinho, atual presidente da câmara de Sever do Vouga, foi feita uma pesquisa rigorosa sobre a ligação do concelho à capital galega, que se veio a confirmar pela toponímia e por outras referências alusivas ao próprio Santiago e aos romeiros que se deslocam em peregrinação. Na freguesia de Talhadas, por exemplo, por onde irá passar a rota, pode encontrar-se, junto às pedras que lhe dão o nome, uma placa referente aos caminhos de Santiago. Sentimos que o turismo religioso é hoje uma grande força no turismo nacional, justifica o autarca. Deve, portanto, ser entendido como uma aposta que impera na valorização dos produtos turísticos já existentes, atuando, desta forma, em complementaridade. Este novo percurso, será benéfico não só para as terras por onde passa diretamente o percurso, mas também para os concelhos, impulsionado a economia das áreas circundantes desta nova rota, conclui. Para além de se apresentar como uma alternativa aos caminhantes lusitanos, é pretendido que esta possibilidade seja também aliciante a visitantes provenientes de Espanha. Na apresentação do projeto e na assinatura do protocolo, Pedro Machado, presidente da Região de Turismo Centro, falou exatamente desta situação, relata António José Coutinho. O objetivo passa precisamente por fazer com que este não seja apenas um percurso de ida para Santiago,
mas também que promova a vinda de espanhóis e de franceses para que aproveitem para conhecer Portugal, através deste percurso. Sendo que atualmente estes caminhos se fazem muito apenas pelo gosto de caminhar, remetendo a componente religiosa para segundo plano, crê-se que o impacto poderá ser potenciado, de forma a conquistar também outras vertentes turísticas. Um processo vantajoso que o presidente crê, no entanto, que se desenvolva um pouco mais lentamente. O protocolo assinado pressupõe que se apresente um traçado definitivo até ao fim de novembro, que já se encontra alinhavado. Compreende outras potencialidades a nível de turismo, no aproveitamento da proximidade de alguns espaços de visitação, nomeadamente patrimónios biológicos e históricos. Talhadas, como refere o nosso entrevistado, é detentora de uma imensa riqueza, no que concerne a património megalítico. Há zonas onde o caminho contempla percursos pedonais desenvolvidos em torno do megalítico, valorizando de igual modo, a jusante, a proximidade ao Rio Vouga e aos trilhos da antiga linha de caminho-de-ferro do Vale do Vouga, onde fizemos uma ecopista, que atravessa todo concelho. Desta forma, pretende-se uma valorização da rota, numa integração do Vougapark. Para esta área de acolhimento empresarial está pensada uma zona de alojamento, caso o fluxo de passagem o justifique. Se o solo acidentado da região dificulta a criação de plataformas onde se possam criar grandes empresas, por outro lado apresenta-se como uma mais-valia turística em estreita ligação com a natureza. Sendo o verde e a água duas das principais marcas do concelho, uma enorme rede de percursos pedestres, rios, cascatas, zonas de lazer e desportos na natureza e na montanha, funcionam como atrativos que solidificam o ímpeto turístico de Sever do Vouga. António José Coutinho convida portugueses e galegos a comprovarem as riquezas do Vouga e a usufruírem dos produtos de excelência da região. As pessoas ficam surpreendidas quando cá vêm pela primeira vez, enaltece.
Capital do Mirtilo E como nem só de turismo vive o homem, também Sever do Vouga não vive exclusivamente do turismo, e o seu desenvolvimento passa também por outros níveis, criando e atraindo outros investimentos, nomeadamente a nível industrial. Para além do acolhimento direto das empresas, o parque tecnológico tem também uma área dedicada à investigação, relacionada com o setor agroalimentar, e uma destinada à incubação de empresas, com o apoio de outras entidades, de que são exemplo a Universidade de Aveiro e o Sanjotec. Queremos que este ano seja o ano do arranque em força do Vougapark. Temos alguns objetivos concretos para este ano: o ideal seria ocuparmos 20 espaços de acolhimento, o que acho que vamos conseguir facilmente, revela António José Coutinho, com entusiasmo. A nível da agricultura e do setor agroalimentar, Sever do Vouga, a capital do mirtilo, destaca-se na produção de pequenos frutos. Temos desenvolvido muitos projectos agrícolas neste tipo de cultura e foi-nos aprovada uma candidatura para a criação do cluster dos pequenos frutos. Graças à Bolsa de Terras, que resulta de um contrato de parceria entre a AGIM, a Fundação Bernardo Barbosa de Quadros e a empresa Espaço Visual Consultores de Engenharia Agronómica, Lda., os agricultores que pretendam iniciar ou expandir a produção de mirtilos vão ter à sua disposição 40 hectares de terrenos semi abandonados que poderão cultivar. Esta iniciativa permite fixar a população local e atrair novos moradores, potenciando um aumento demográfico.
Fonte: http://revistabusinessportugal.pt/pelos-caminhos-de-santiago/ (pesquisa efetuada em 12.02.2015)