ANÁLISE COMPARATIVA DE MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO DE RESERVATÓRIO DE APROVEITAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA

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Transcrição:

ANÁLISE COMPARATIVA DE MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO DE RESERVATÓRIO DE APROVEITAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA COMPARATIVE ANALYSIS OF SIZING METHODS OF RESERVOIR THE HARVEST SYSTEMS RAINWATER Margolaine Giacchini 1 ; Alceu G.Andrade Filho 2 ; Daniel C. Santos 3 1 Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE - Curso de Tecnologia em Construção de Edifícios - Ponta Grossa - PR - Brasil margolaine@yahoo.com.br 2 Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG Curso Engenharia Civil - Ponta Grossa - PR - Brasil agafilho@uepg.br 3 Universidade Federal do Paraná - UFPR Curso Engenharia Civil - Curitiba - PR - Brasil dcsantos.dhs@gmail.com Resumo: O dimensionamento de reservatórios de sistemas de aproveitamento da água de chuva envolve diferentes aspectos como, o atendimento ao consumo, a segurança sanitária, e a sustentabilidade hídrica da bacia hidrográfica. Neste contexto, este trabalho tem por objetivo analisar comparativamente alguns métodos de dimensionamento de reservatório. Compreende a análise comparativa entre os métodos de dimensionamento dos reservatórios recomendados no anexo A, da Norma Brasileira de Água de chuva - Aproveitamento de Coberturas em Áreas Urbanas para Fins Não Potáveis - NBR 15527 (ABNT, 2007), o Método do Coeficiente de Permeabilidade Artificial do Solo proposto por FENDRICH, 2002, e ainda o método proposto na Lei 10.785 do Município de Curitiba. A análise comparativa foi estabelecida, através de estudos de simulação da aplicação dos métodos de dimensionamento, para uma situação referencial padrão. Os resultados obtidos podem subsidiar o processo de dimensionamento dos reservatórios em relação aos aspectos analisados. Palavras-chave: Dimensionamento, Reservatório, Água de Chuva. Abstract: The design of reservoir systems for utilization of rainwater involves different aspects such as care consumption, health security, and sustainability of the water basin. In this context, this paper aims to analyze comparatively few methods for sizing of the reservoir. Includes a comparative analysis between the methods of sizing the tanks recommended in Annex A of the Brazilian Standard Rainwater - Advantage Coverage in Urban Areas for Purposes Not Potable - NBR 15527 (ABNT, 2007), Method of Coefficient of Permeability Artificial Land proposed by Fendrich, 2002, and also the method proposed by Law 10,785 of the city of Curitiba. The comparative analysis was established through simulation studies the methods of scaling to a 52

standard reference situation. The results may help guide the design process tanks for the points discussed. Key-Words: Sizing tanks, Water Sustainability, Rainwater 1 INTRODUÇÃO O armazenamento das águas pluviais nas edificações, em reservatórios dimensionados de forma a atender exclusivamente o consumo, pode se constituir em fator de interferência no processo natural do ciclo hidrológico. Por sua vez, é fundamental dimensionar reservatórios de forma a minimizar os possíveis efeitos, do sistema de aproveitamento da água da chuva, nas bacias hidrográficas, a fim de restabelecer o ciclo da água nas áreas urbanas. Da mesma forma, a preocupação com a qualidade sanitária da água da chuva armazenada, constitui um fator importante para segurança do usuário e manutenção dos equipamentos, em função do tempo de armazenamento desta água. Assim sendo, este trabalho tem por objetivo analisar comparativamente alguns métodos de dimensionamento de reservatório, contextualizado nos aspectos sanitários e da sustentabilidade hídrica. 2 REVISÃO DE LITERATURA As diretrizes de projeto e dimensionamento de um sistema de aproveitamento da água de chuva são prescritas pela Norma Brasileira NBR, número 15527 - Água da Chuva Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis, publicada em vinte e quatro de outubro de 2007 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT. Tal norma técnica apresenta os requisitos para o aproveitamento da água de chuva de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis. Portanto, a sua aplicação procede para usos não nobres em que a água de chuva pode ser utilizada após tratamento adequado. 53

A NBR 15527/07 apresenta ainda, em caráter informativo, o ANEXO A - Métodos de cálculos para dimensionamento de reservatórios, entretanto fica a critério do projetista a opção pelo método a ser utilizado desde que devidamente justificado. Os métodos apresentados no ANEXO A são o método de Rippl, método da Simulação, método de Azevedo Neto, método prático Alemão, método prático Inglês e o método prático Australiano. Ainda quanto ao dimensionamento do reservatório determina que o volume dos reservatórios seja fundamentado nas boas práticas da engenharia e baseado em critérios técnicos, econômicos e ambientais (ABNT, 2007). 2.1 Método da Lei Municipal 10785/03 - Curitiba A Lei 10785/03 do Município de Curitiba - PR estabelece que nas edificações habitacionais o dimensionamento do volume necessário para a cisterna ou reservatório deverá ser calculado mediante a aplicação da seguinte equação (CURITIBA, 2007): V = N x C x d x 0,25 onde: V = Volume em litros N = Número de unidades habitacionais C = Consumo diário em litros/dia (para três Quartos = 800 L/d) d = Número de dias de reserva = 2 2.2 Método de Fendrich Fendrich (2002) desenvolveu estudo sobre a aplicabilidade da coleta e utilização e detenção das águas pluviais na Bacia Hidrográfica Urbana do Rio Belém localizada no Município de Curitiba PR. O trabalho foi contextualizado no princípio da detenção distribuída das águas pluviais objetivando o controle de enchentes urbanas. 54

Fundamentou-se na observação de vinte e cinco eventos pluvio-fluviométricos críticos, no período de 1987 a 2001, correspondente a uma série histórica de 25 anos e teve como objetivo o retardamento do escoamento superficial, associado à redução dos níveis máximos de enchentes na respectiva bacia hidrográfica. O estudo culminou com a determinação, para a Bacia Hidrográfica do Rio Belém, do coeficiente de escoamento superficial regional de Curitiba para reservatórios de detenção distribuída. O valor obtido corresponde a 20,5 litros por metro quadrado de telhado, ou seja, C r = 20,5 litros/m². Não obstante, destaca-se que detenção distribuída constitui um componente importante no processo de conservação dos recursos hídricos em uma bacia hidrográfica. Segundo Fendrich (2009) a determinação do volume dos reservatórios de detenção distribuída das águas pluviais, em Curitiba PR é calculada através da equação: V = C r x A c onde: V = capacidade do reservatório de detenção ; C r = coeficiente de escoamento superficial regional de Curitiba; A c = área de coleta das águas pluviais (m²). 2.3 Método de Azevedo Neto Conforme descreve Azevedo Netto (1991), o dimensionamento dos sistemas de abastecimento de água de chuva envolve os seguintes dados: a) Precipitação anual mínima; b) Número máximo de dias sem chuvas significativas; c) Consumo de água mensal Segundo a NBR 15527 (ABNT, 2007), o volume do reservatório de água pluvial é obtido por meio da equação: onde: V = volume do reservatório (litros) V = 0,042 x P x A x T 55

P = precipitação média anual (mm) A = área de coleta em projeção (m²) T = número de meses de pouca chuva ou seca O Método de Azevedo Neto, também é chamado de Método prático Brasileiro e sugere o aproveitamento máximo de 50% da precipitação anual, em função do escoamento superficial assim como de perdas inerentes ao sistema. Assim sendo, o coeficiente de segurança corresponde a: 50% x P anual / 12 meses = 0, 042 P anual Por sua vez, Azevedo Netto (1991) através do estudo de dados estatísticos relativos ao período crítico, ou seja, período sem chuva ou de pouca chuva, concluiu que tal período geralmente é superior a trinta dias podendo ultrapassar os sessenta dias em regiões de baixas e irregulares precipitações. 2.4 Método Prático Inglês Conforme a NBR 15527 (ABNT, 2007), o volume do reservatório de água pluvial é obtido por meio da equação: onde: P = precipitação média anual (mm) A = área de coleta em projeção (m²) V = volume de água da cisterna (litros) V = 0,05 x P x A O método prático Inglês, caracteriza-se por sua origem empírica, não considera na sua formulação o período de seca. O coeficiente de segurança corresponde à fração mensal referente ao aproveitamento de 60% da precipitação anual, ou seja: 60% x P anual / 12 meses = 0, 05 P anual 56

2.5 Método Prático Alemão Método prático Alemão caracteriza-se por adotar um percentual de 6% do menor valor entre o volume anual aproveitável de chuva e a demanda anual de água não potável. Trata-se de um método empírico, cujo dimensionamento do reservatório procede embasado na relação (ABNT, 2007): V adotado = min (V; D) x 0,06 onde: V = volume aproveitável de água de chuva anual (litros) D = Demanda anual de água não potável (litros) V adotado = Volume de água do reservatório (litros) 3 MATERIAL E MÉTODOS O estudo quantitativo compreende em sua primeira etapa, a realização das estimativas de demanda de água não potável nos aparelhos sanitários servidos pela água da chuva. Para a obtenção da parametrização do consumo adotou-se como referência uma residência unifamiliar com área coleta (Ac) igual a 100m², correspondente a cobertura da edificação composta por três quartos e habitada por uma população de quatro pessoas. Considerou-se que água da chuva abasteceria somente um aparelho sanitário, do tipo bacia sanitária com caixa acoplada de 6L. Estimou-se ainda que cada habitante efetue cinco acionamentos, da caixa acoplada de 6L, por dia, perfazendo uma demanda diária de 120 L de água e totalizando uma demanda de 3,6m³ de água da chuva em um mês. Ainda foram identificados e levantados os dados hidrológicos da região em estudo, Curitiba PR, obtidos através da estação meteorológica do SIMEPAR localizada no centro politécnico da Universidade Federal do Paraná - UFPR. A série histórica estudada corresponde ao período de 1998 à 2008. 57

A segunda etapa do estudo consiste em simular a aplicação de métodos de dimensionamento de reservatório, registrados na literatura, e ainda realizar a análise comparativa entre estes métodos. Foi simulado o dimensionamento de reservatórios através de alguns dos métodos propostos no anexo A da Norma Brasileira de Água de chuva - Aproveitamento de Coberturas em Áreas Urbanas para Fins Não Potáveis - NBR 15527 (ABNT, 2007). Também foi aplicado o método de FENDRICH, 2002 e o método proposto na Lei Nº 10785/03 regulamentada através do Decreto 293/06, do Município de Curitiba-Pr.. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A simulação da aplicação do Método da Lei Municipal, Nº 10785/03 da cidade de Curitiba PR, para a situação referencial estudada apresentou os resultados mostrados na Tabela 01. Destaca-se que a coluna 1, corresponde ao número de unidades, N=1,refere-se a residência unifamiliar. A coluna 2, C= 800 litros/dia, conforme estabelecido pela Lei 10785/03 para três quartos. Quanto a coluna 3, referese ao número de dias de reserva estabelecido na referida legislação. 1 2 3 4 5 C d V= N.C.d.0,25 V N mínimo (l/d) (dias) 1 800 2 0,40 0,50 TABELA 11 RESULTADOS DO MÉTODO DA LEI MUNICIPAL Nº10785/O3 - CURITIBA FONTE: O AUTOR (2010) Observa-se que na aplicação do método, para a situação referencial estudada, o resultado encontrado apresentou-se inferior ao volume mínimo de quinhentos litros estabelecido na legislação. Entretanto, cabe ressaltar que em situações, nas quais, o número de quartos ou o número de unidades ultrapassar os valores da situação referencial estudada, os resultados poderão apresentar-se superiores ao obtido. 58

Por sua vez, os resultados obtidos na aplicação do Método de Fendrich são apresentados na Tabela 02. 1 2 A c (m²) V= A c.20,5 100,0 2,05 TABELA 22 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO MÉTODOD DE FENDRICH FONTE: O AUTOR (2010) Observa-se que o resultado obtido na simulação da aplicação do método indica um volume de 2,05 m³, corresponde à parcela de água da chuva que não infiltraria no solo e, portanto, poderia ser armazenada sem prejuízo para a bacia hidrográfica. O Método de Fendrich, não objetiva dimensionar o reservatório para o uso da água da chuva, tal uso aconteceria em decorrência da detenção temporária da água de chuva. A aplicação do Método de Azevedo Neto fundamentou-se em dados estatísticos referente ao período sem chuva ou de pouca chuva da região estudada. Assim sendo, através do número máximo de dias sem chuva registrados no período amostral estudado, concluiu-se que neste caso, o período de seca não representa um mês completo e, sim uma parcela do mês. Tal parcela corresponde à média de dias sem chuva, MDS = 12,81dias e representa 42,7% de um mês, ou seja, o número de meses de pouca chuva corresponde a T= 0,427. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 03. 1 2 3 4 P anual (mm) A c T (mês) V= 0,042.P.A.T 1356,50 100,0 0,427 2,43 TABELA 3 RESULTADOS DO MÉTODO AZEVEDO NETO FONTE: O AUTOR (2010) A simulação da aplicação do Método Prático Inglês consiste na aplicação direta dos dados na equação característica do método. Assim sendo, os resultados obtidos são apresentados na Tabela 4. 59

1 2 3 P anual (mm) A c V= 0,05.P.A 1356,50 100,0 6,78 TABELA 04 RESULTADOS DO MÉTODO PRÁTICO INGLÊS FONTE: O AUTOR (2010) Observa-se que, os dados utilizados para o dimensionamento se restringem à área de coleta e a precipitação pluviométrica anual. O período seco não é considerado uma incógnita a ser identificada, assim como ocorre no Método Azevedo Neto. Porém, subentende-se que o período seco considerado, corresponde a um mês. Assim sendo, verifica-se que o volume obtido apresenta-se relativamente elevado. O método apresenta como característica principal a facilidade de sua aplicação e, ainda o emprego de poucos dados e de fácil interpretação. Destaca-se ainda o valor expressivo do volume obtido para a situação estudada. A simulação da aplicação do Método Prático Alemão foi desenvolvida por meio da relação entre a demanda anual e o volume aproveitável de chuva, ou seja, o 6% do menor valor entre estes dois fatores. Assim sendo, os resultados obtidos são apresentados na Tabela 05. 1 2 3 4 5 P anual (mm) A (m²) D anual V chuva V = min(v; D).0,06 1356,50 100 43,2 108,51 2,59 TABELA 05 RESULTADOS DO MÉTODO PRÁTICO ALEMÃO FONTE: O AUTOR (2010) Na análise do método para a situação estudada, observa-se que o volume foi obtido em função da demanda anual, devido ao fato do valor de tal demanda apresentar-se inferior ao valor referente ao volume aproveitável de chuva. Destaca-se ainda que o 60

valor obtido para o volume do reservatório não se apresentou excessivamente elevado. Cabe ressaltar, que a aplicação do método para a situação contrária a estudada, ou seja, quando o valor da demanda é muitas vezes superior ao volume captável de chuva, poderá induzir a resultados insatisfatórios do ponto de vista do atendimento ao consumo. Sendo assim, observa-se que tal situação poderia exemplificar as condições de uma habitação vertical coletiva, onde a área de captação pode ser proporcionalmente reduzida em relação à demanda. Entretanto, analisando a aplicação do método sob a ótica da sustentabilidade da bacia hidrográfica, esta se torna interessante uma vez que induz a sempre ao menor valor obtido para o volume do reservatório. As características principais do método são a facilidade de sua aplicação e, ainda o emprego de poucos dados e de fácil interpretação e, ainda o volume reduzido obtido para a situação estudada. Os resultados obtidos através da análise comparativa dos métodos de dimensionamento de reservatórios são apresentados no Quadro 01. 61

Método Lei 10785/03 - Curitiba Volume 0,50 Fendrich 2,05 Características Fácil aplicação, valor reduzido do volume do reservatório para a situação estudada, não observância de aspectos relativos à precipitação pluviométrica e as possíveis interferências na bacia hidrográfica. Fácil aplicação, valor relativamente reduzido do volume do reservatório para a situação estudada, visão holística da bacia hidrográfica. Azevedo Neto Prático Inglês 2,43 6,78 Fácil aplicação, valor relativamente reduzido do volume do reservatório para a situação estudada, possibilidade de subjetividade na identificação dos meses de pouca chuva, não observância de aspectos relativos às possíveis interferências na bacia hidrográfica. Fácil aplicação, valor relativamente elevado do volume do reservatório para a situação estudada, não são observados aspectos relativos à sustentabilidade da bacia hidrográfica. Prático Alemão 2,59 Fácil aplicação, valor relativamente reduzido do volume do reservatório para a situação estudada, não observância de aspectos relativos às possíveis interferências na bacia hidrográfica. QUADRO 01 RESULTADOS E CARACTERÍSTICAS DOS MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO. FONTE: O autor (2010) A análise comparativa entre os métodos de dimensionamento investigados aponta a existência de divergência entre os resultados obtidos. Tal fato, por sua vez, era esperado e justifica-se em virtude das diferentes concepções de cada método. Através da análise comparativa entre os métodos de dimensionamento evidencia-se a necessidade de avaliação da relação entre os objetivos propostos e a identificação do método a ser utilizado. Destaca-se ainda que, a escolha equivocada do método de dimensionamento do reservatório pode induzir a resultados insatisfatórios do ponto de vista técnico, econômico, sanitário e ainda da sustentabilidade hídrica da bacia hidrográfica. 5 CONCLUSÕES A análise comparativa entre alguns dos métodos de dimensionamento propostos no Anexo A da NBR 15527, o método da Lei Municipal 10785/03 do Município de Curitiba 62

e o método de Fendrich (2002), indica divergência entre os resultados obtidos. Em face às diferentes naturezas de cada método, enfatiza-se a necessidade da análise holística dos aspectos que envolvem o dimensionamento de reservatórios de água de chuva. Ressalta-se a importância, quando da escolha do método de dimensionamento, da simulação dos diferentes métodos, da análise da relação entre a concepção do método e a situação estudada e da observância aos aspectos relativos à sustentabilidade da bacia hidrográfica. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15527: Água da Chuva Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis Requisitos. Rio de Janeiro, 2007. AZEVEDO NETTO, J. M. Aproveitamento de águas de chuvas para abastecimento. Rio de Janeiro: 1991. Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente Revista Bio. Rio de Janeiro, ano III, número 2, abr/jun. CURITIBA. Decreto nº. 212, de 29 de março de 2007: Aprova o Regulamento de Edificações do Município de Curitiba. Curitiba, 29 mar. 2007. FENDRICH, R.. Aplicabilidade do armazenamento, utilização e infiltração das águas pluviais na drenagem urbana. Curitiba, 2002. 504f. Tese (Doutorado em Geologia Ambiental) Setor Ciências da Terra, Universidade Federal do Paraná. FENDRICH, R. Manual de Utilização das águas Pluviais (100 Maneiras Práticas). Curitiba, Chain Editora. 2ª Ed ampliada.190p. 2009. 63