ANÁLISE GEOAMBIENTAL DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CONTENDAS MASSAPÊ-CE

Documentos relacionados
Modelo espaço-temporal para estudos climatológicos integrados às perspectivas geoecológicas e geoeconômicas (Monteiro, 2000).

ESTUDO DA MORFODINÂMICA DA MICROBACIA DO CÓRREGO DO CHAFARIZ NA ÁREA URBANA DE ALFENAS- MG: PROPOSTA DE RECUPERAÇÃO

UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO SALOBRA - SUDOESTE DE MATO GROSSO

Geomorfologia Fluvial; Ação Antrópica; Planejamento Ambiental. KEYWORDS: Fluvial Geomorphology; Anthropogenic Action; Environmental Planning

Rozely Ferreira dos Santos

AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NA LAGOA DO ACARACUZINHO, MARACANAÚ-CE

Relevo da Bacia do Rio das Antas (GO): Revisão Bibliográfica

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA GEOMORFOLOGIA BÁSICA E ESTRUTURAL - GB 128 TEMA 1

UNIDADES ECODINÂMICAS DA PAISAGEM DO MUNICÍPIO DE JEREMOABO- BA.

GEOGRAFIA - 1 o ANO MÓDULO 07 ESTRUTURA GEOLÓGICA BRASILEIRA

ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA DO MUNICÍPIO DE JARDIM OLINDA - PR

MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO COMO SUBSÍDIO AO PLANEJAMENTO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ/CE.

FUNCIONAL DO MUNICÍPIO DE SÃO VICENTE-SP

DINÂMICAS GEOAMBIENTAIS: DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Associação Portuguesa de Geomorfólogos Departamento de Geografia - FLUP, Via Panorâmica, S/N Porto

ANÁLISE GEOAMBIENTAL INTEGRADA DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIACHO SANTANA, COMO SUBSIDIO AO PLANEJAMENTO AMBIENTAL.

AVALIAÇÃO AMBIENTAL A PARTIR DO USO DO SOLO NOS BAIRROS ROQUE E MATO GROSSO EM PORTO VELHO RO

II Encontro de Recursos Hídricos em Sergipe

Análise da Susceptibilidade a Processos Erosivos, de Inundação e Assoreamento em Itajobi-SP a Partir do Mapeamento Geológico- Geotécnico

Ana Carla Alves Gomes * (IC), Danielle Lopes de Sousa Lima² (IC), Lizabeth Silva Oliveira³ (PQ)

USO DE GEOTECNOLOGIAS NA ESTRUTURAÇÃO DA BASE CARTOGRÁFICA DO PARQUE ESTADUAL DO BACANGA, SÃO LUÍS-MA RESUMO

ELEMENTOS GEOMORFOLÓGICOS E ANTRÓPICOS NA AVALIAÇÃO DA FRAGILIDADE DA REGIÃO NORDESTE DA SEDE DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA-RS

GEOMORFOLOGIA X PLANEJAMENTO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE GRANJA - CEARÁ.

PAISAGENS NO SEMIÁRIDO CEARENSE: UMA BREVE APRESENTAÇÃO DOS ASPECTOS NATURAIS

Caracterização da Ecorregião do Planalto Central

DELIMITAÇÃO DE MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS COM BASE EM MODELO DIGITAL DE ELEVAÇÃO

GEOMORFOLOGIA NO PLANEJAMENTO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO PARA O MUNICÍPIO DE IPUEIRAS CEARÁ.

(Figura 01) 1.1- Uso da Bacia Hidrográfica como unidade de estudo

HIDROGRÁFICA DO MAUAZINHO, MANAUS-AM.

ESTUDO DAS ANOMALIAS DE DRENAGEM COMO INDICADOR DE NEOTECTÔNICA NA BACIA DO RIO DOURADINHO, MUNICÍPIO DE LAGOA DA CONFUSÃO TO.

Geografia. Relevo. Professor Thomás Teixeira.

INFLUÊNCIA DOS AGENTES GEOAMBIENTAIS NA ESCULTURAÇÃO DO RELEVO DO MUNICÍPIO DE DEMERVAL LOBÃO - PI

Formas de relevo. Professora: Jordana Costa

ANÁLISE DA FRAGILIDADE AMBIENTAL NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO PORECATU NO MUNICÍPIO DE MANDAGUAÇU-PR

CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO RIO SAPÊ A PARTIR DE ÍNDICES MORFOMÉTRICOS: SUBSÍDIOS GEOMORFOLÓGICOS PARA COMPREENDER A OCORRÊNCIA DE ENCHENTES.

Análise de Uso e ocupação do solo no Distrito São Félix na cidade de Marabá-Pará INTRODUÇÃO

Compartimentação Geomorfológica

Planos de Manejo INSTITUTO FLORESTAL. Estação Ecológica de Itapeva

ANÁLISE GEOAMBIENTAL COMO SUBSIDIO AO PLANEJAMENTO AMBIENTAL NA APA DA SERRA DA MERUOCA/CE.

UNIDADES DE RELEVO DA BACIA DO RIO PEQUENO, ANTONINA/PR: MAPEAMENTO PRELIMINAR

Geoprocessamento aplicado à análise do uso da terra na bacia do Rio Melo, Faxinal do Soturno, RS

CLASSIFICAÇÃO DE CANAIS SEMIÁRIDOS PELO SEMIÁRIDO, BACIA DO RIACHO DO SACO, PERNAMBUCO. CLASSIFICAÇÃO DE CANAIS SEMIÁRIDOS PELO SEMIÁRIDO, BACIA DO

1. (UEL) De acordo com a classificação do relevo brasileiro proposta por Jurandyr Ross, o estado do Paraná apresenta, grosso modo, três unidades de

FORMULÁRIO PARA CRIAÇÃO DE DISCIPLINAS

ÁREAS DE RISCO AO USO/OCUPAÇÃO DO SOLO NA SUB-BACIA DO CÓRREGO DO SEMINÁRIO, MUNICÍPIO DE MARIANA MG. COSTA, R. F. 1 PAULO J. R. 2

ZONEAMENTO DE UNIDADES MORFOLITOLÓGICAS PARA O MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS, RS

DISCIPLINA: GEOMORFOLOGIA ESCULTURAL E APLICADA - GB 060. PROF. DR. LEONARDO JOSÉ CORDEIRO SANTOS

CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO BRASILEIRO. Prof.º Elves Alves

MAPEAMENTO GEOAMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ARROIO SARANDI, SANTA MARIA, RIO GRANDE DO SUL

ZONEAMENTO GEOAMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MUNDAÚ-CE, UTILIZANDO TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO

MAPEAMENTO DE UNIDADES GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ARROIO CURUÇU-RS 1

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DE PESQUISA. Prof.ª Larissa da Silva Ferreira Alves TCC II

CARACTERIZAÇÃO DE PERFIS TRANSVERSAIS NO SEGMENTO ENTRE A VOLTA DO ANGICAL À CONFLUÊNCIA COM O SEPOTUBA, NO RIO PARAGUAI MATO GROSSO

Mapa de unidades litológicas e identificação dos lineamentos

ÁGUA E RECURSOS HÍDRICOS NO VALE DO JAGUARIBE, CEARÁ: DILEMAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO FIGUIEREDO.

Proposta de Diretrizes de Engenharia para o Planejamento da Ocupação de Área dentro da Bacia do Córrego Floresta (zona norte de Belo Horizonte)

UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE MORFOMÉTRICA COMO INSTRUMENTO PARA AVALIAR A VULNERABILIDADE AMBIENTAL EM SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS NO MUNICÍPIO DE RIO POMBA/MG

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DA SERRA DE BATURITÉ CEARÁ. CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DA SERRA DE BATURITÉ CEARÁ. Freire, L.M. 1 ; Lima, J.S.

ANÁLISE DA FRAGILIDADE AMBIENTAL E SUSCETIBILIDADE AOS RISCOS NOS BAIRROS BARROSO, CAJAZEIRAS E JANGURUSSU: CIDADE DE FORTALEZA CEARÁ

ESTRUTURA GEOLÓGICA,RELEVO E HIDROGRAFIA

Sales, L.B. 1 ; Santos, J.O. 2 ; CEARÁ 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

A IMPORTÂNCIA DO ESTADO AMBIENTAL PARA O PLANEJAMENTO AMBIENTAL O CASO DO LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL

ANÁLISE ECODINÂMICA DA PAISAGEM DO MUNICÍPIO DE RODELAS - BAHIA ANÁLISE ECODINÂMICA DA PAISAGEM DO MUNICÍPIO DE RODELAS - BAHIA

DIAGNÓSTICO E MONITORAMENTO DO ASSOREAMENTO NO RIO SÃO FRANCISCO ENTRE PETROLINA-PE E JUAZEIRO-BA.

ECO GEOGRAFIA. Prof. Felipe Tahan BIOMAS

COMPARTIMENTAÇÃO MORFOLÓGICA DA BACIA DO RIO SÃO THOMÉ, MUNICÍPIOS DE ALFENAS, SERRANIA E MACHADO (MG)

Geomorphological mapping to the basin of the Upper Course of the Paraíba River de according with the Geomorphological Manual of IBGE

FFFRANCISCA SINHÁ MOREIRA EVANGELISTA ANÁLISE GEOAMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MUCAMBINHO-CE

ANÁLISE AMBIENTAL COMO BASE AO ZONEAMENTO ECOLÓGICO- ECONÔMICO NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO FIGUEIREDO, CEARÁ, BRASIL

GEOMORFOLOGIA E ADEQUABILIDADE DO USO AGRÍCOLA DAS TERRAS NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ

DIAGNÓSTICO DOS CONFLITOS AMBIENTAIS E DO USO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO SEMIÁRIDO PARAIBANO

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO PORTO ORGANIZADO DE ÓBIDOS

RESUMO. Rafael Carvalho Santos

GEOMORFOLOGIA ANTRÓPICA E RISCOS GEOMORFOLÓGICOS NA MICROBACIA DO CÓRREGO ÁGUA FRIA, ANÁPOLIS (GO) Andrelisa Santos de Jesus 1 ; Homero Lacerda 2

ANÁLISE DO RELEVO DA MICROBACIA

RELAÇÃO SOLO / COBERTURA VEGETAL NATIVA NA BACIA DO RIBEIRÃO SANTO ANTÔNIO MUNICIPIO DE IPORÁ. RESUMO

Fragilidade Ambiental Potencial e Emergente da Região Administrativa Nordeste da Sede do Município de Santa Maria RS - Brasil

MANEJO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS PARA PRODUÇÃO DE ÁGUA. Profª Celme Torres F da Costa

Diagnóstico de Bacia Hidrográfica - CBH Rio Formoso/TO

MAPEAMENTO DIGITAL: ESTUDO NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DE MINAS (MG) E DO BAIRRO COLÔNIA - SÃO JOÃO DEL REI MG

7ºs anos Professor Daniel Fonseca

LINHA DE PESQUISA: DINÂMICAS DA NATUREZA

Legislação Florestal e pressão antrópica na sub-bacia hidrográfica do riacho Jacaré, baixo São Francisco sergipano

BRASIL: RELEVO, HIDROGRAFIA E LITORAL

A influência do crescimento urbano nos canais fluviais da bacia hidrográfica do rio Mataruna em Araruama (RJ)

MAPEAMENTO DAS UNIDADES DE RELEVO EM MUNICÍPIOS DA QUARTA COLÔNIA: AGUDO, DONA FRANCISCA, FAXINAL DO SOTURNO, NOVA PALMA, PINHAL GRANDE - RS

Avaliação de perigos e riscos de inundação em Campos do Jordão (SP) aplicada à gestão local de risco de desastres

Paloma Costa da SILVA Estudante do curso de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ

ANÁLISE MORFOMÉTRICA DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ESPINHARAS-PB

MAPEAMENTO GEOAMBIENTAL COMO SUBSÍDIO À GESTÃO DE FUTURA RPPN (RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL) EM ITAARA/RS

Planejamento Ambiental

MAPEAMENTO DIGITAL DA BACIA DO CORREGO DO LENHEIRO - SÃO JOÃO DEL-REI - MG COMO SUBSÍDIO A ANÁLISE AMBIENTAL

AAVA. Associação dos Amigos do Vale do Aracatu

CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO SÃO PEDRO, JEQUITINHONHA/MG Aline J. Freire 1, Cristiano Christofaro 2

Palavras-chave: Compartimentos morfopedológicos, uso da terra, planejamento territorial.

TIM-1. Proposta de Diretrizes de Engenharia para o Planejamento da Ocupação da Área de Montante da Bacia do Córrego Leitão

EIXO CAPACIDADES CONTEÚDOS / CONCEITOS CICLO COMPLEMENTAR

ANÁLISE, SUBSIADA NAS GEOTECNOLOGIAS, DOS COMPARTIMENTOS MORFOPEDOLÓGICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIRAPUTANGA/MT, BRASIL

ASSOREAMENTO E FORMAÇÃO DE BANCOS DE AREIA NO LEITO DO RIO PARNAÍBA, NA ZONA URBANA DE TERESINA-PIAUÍ

SOBRINHO, J. Falcão ; ROSS, J. L. S.. O Processo de Erosão em Ambiente de Superfície Sertaneja - Varjota (CE). Geousp, v. 21, p.

Transcrição:

ANÁLISE GEOAMBIENTAL DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CONTENDAS MASSAPÊ-CE CLECIANE RODRIGUES MARTINS 1 ERNANE CORTEZ LIMA 2 Resumo: A presente pesquisa consiste em uma análise geoambiental da sub bacia hidrográfica do rio Contendas no município de Massapê, localizada na região noroeste do estado do Ceará, ocupando uma área de 111 km². A sub-bacia em estudo está inserida em dois domínios: dos escudos e maciços antigos representados por duas unidades geomorfológicas: a depressão sertaneja, o maciço residual da Meruoca, e o domínio dos depósitos sedimentares Cenozóicos, representados pela planície fluvial do rio Contendas. Faz-se necessário a aplicação das categorias inferiores de Bertrand (1969) como: geossistema, geofacies e geótopo complementando com a dinâmica de Tricart (1977) em ambientes estáveis, instáveis ou integrados. Além de um levantamento das condições econômicas e sociais. Para delimitação cartográfica da sub bacia foi propício uma representação em uma escala de 1:70.000 (Carta Sobral Folha S.A.24-X-D-IV Escala: 1:100.000. Fonte DSG 1984). Palavras-chave: Sub-Bacia; rio Contendas; Geossistema. Abstract: This research consists of a geoenvironmental analysis of the sub - basin of the river in the town of Contention Massapê, located in the northwestern region of the state of Ceara, occupying 1 - Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual Vale do Acaraú. E-mail de contato: cleycianerodrigues@hotmail.com 2 - Docente do programa de pós-graduação da Universidade Estadual Vale do Acaraú. E-mail de contato: ernanecortez@hotmail.com 11261

an area of 111 km². The sub-basin under study is inserted in two areas: the old massive shields and represented by two geomorphological units: the backwoods depression, residual mass of Meruoca, and the field of Cenozoic sedimentary deposits, represented by fluvial plain of the river Contendas. It is necessary the application of the lower categories of Bertrand (1969) as: geosystem, geofacies and geótopo complementing the dynamics of Tricart (1977) on stable, unstable or integrated environments. In addition to a survey of economic and social conditions. For cartographic delineation of the sub - basin was conducive representation on a scale of 1: 70,000 (Letter Sobral - SA24-XD-IV Sheet Scale: 1: 100,000 Source DSG - 1984.). Key-words: Sub-Basin; Rio Contendas; Geosystem. 1 Introdução Esta pesquisa visa um estudo geoambiental da sub- bacia hidrográfica do rio Contendas enfocando o estado de conservação em que se encontra, assim como as nascentes e reservatórios indicando formas inadequadas de uso e ocupação ao longo do rio. Atualmente o rio Contendas é alvo de condições sanitárias e ambientais precárias, processos erosivos, devastação da mata ciliar, poluição e outros. Muitos desses impactos se justificam devido o rio ter passagem no perímetro urbano da cidade de Massapê. Nesse contexto um estudo que leve em conta todos os impactos listados acima com enfoque cultural da área, a fim de propor medidas mitigadoras para beneficiar área de estudo é bastante significativo. Os impactos decorrentes da urbanização devem ser ressaltados visto que a impermeabilização do solo em áreas urbanas resulta no mau dimensionamento e entupimento das galerias que resultam em alagamentos e erosão das margens dos rios. 11262

O entendimento das drenagens dos rios permite uma visão hipotética da área em épocas de seca ou chuvas, melhor utilização dessas bacias para fins de barragem e açudes que contribuam para população. Feito uma análise cartográfica da cidade de Massapê e seus componentes ambientais nas cartas do RADAM BRASIL (1981) Constata se: (VER QUADRO 01) Quadro 1: Caracterização geoambiental da área de estudo Componentes ambientais Características Pertencente ao grupo jaibaras e formação aprazível constituído de conglomerados e brechas, que varia de Geológico local para local ora seixos, calhaus e matações vulcânicas, granitos, arenitos e calcários. No planalto residual da Serra da Meruoca áreas com formas aguçadas em diferentes ordens de grandeza e de aprofundamento da drenagem, Geomorfologia separados por vales em V, na depressão diferentes níveis altimétricos de superfície pedimentadas, decorrentes do processo de pediplanação. Presença de planossolo solódico com solos litólicos eutróficos e solos Bruno Solos não cálcico. 11263

Fitogeográfico Cobertura vegetal antrópica, região de floresta ambrófila aberta (agricultura), região de estepe, arbórea aberta com palmeira. Hidrografia Pertencente à bacia do Acaraú. Fonte: RADAM-BRASIL,1981 As bacias hidrográficas são unidades naturais onde os componentes da natureza estão em inteira interação como: Relevo, solos, subsolo, flora e fauna, bem como a ação antrópica e suas formas de estruturação do espaço e anseios. A bacia hidrográfica seria a compreensão dos processos ecológicos e as influências exercidas pelas atividades socioeconômicas cujo elemento de integração de ambos os fatores é a água. Para o estudo da sub - bacia hidrográfica do Rio Contendas utilizou se Bertrand (2002) foi um dos primeiros geógrafos a indicar a integração dos componentes ambientas na década de 60, através do sistema GTP (Geossistema/Território/Paisagem). Para ele o geossistema possui valor ecológico estável que resulta de fatores geomorfológicos, hidrológicos e exploração biológica. Ele considera o estudo paisagístico fundamental na discussão geográfica, o geossistema é visto como fonte natural que permite a compreensão e funcionamento biofísico de um espaço geográfico. Para um estudo setorizado é necessário um conjunto de ideias para melhor compreensão e é nessa visão que surge a teoria geral dos sistemas em 1930 por Von Bertalanffy. Para ele o modelo sistêmico busca compreender o conjunto de 11264

elementos mais do que suas partes, que o todo é maior que a somatória das propriedades e relações de suas partes. Como pressupõe Christofoletti: O sistema é um conjunto estruturado de objetos e/ou atributos, esses objetos e atributos, consistem de componentes variáveis (isto é, fenômenos que são passíveis de assumir magnitudes variáveis) que existem relações discerníveis um com os outros e operam conjuntamente como um todo complexo, de acordo com um determinado padrão. (CHORLEY e KENNEDY. 1971 apud CHRISTOFOETTI. 1999. A abordagem sistêmica tem sua inclusão na ciência geográfica na década de 1950 com o surgimento da nova geografia, onde surgem idéias voltadas para métodos quantitativos que buscam a explicação dos fenômenos. Introduzido primeiramente na Geomorfologia por Chorley (1962), e considerados por Christofoletti (1979), Strahler (1980), Hugget (1985) e Scheidegger (1991). Atualmente vem sendo utilizado por pesquisadores de estudos geográficos na área ambiental. Ao estudar a paisagem levando em conta seu lado ecológico, deve-se ter em mente a finalidade do estudo, pois segundo Bertrand (1968, p. 144) A delimitação não deve nunca ser considerada como um fim em si, mas somente como um meio de aproximação em relação com a realidade geográfica. Em lugar de impor categorias pré-estabelecidas, trata-se de pesquisar as descontinuidades objetivas da paisagem. É por meio das delimitações das paisagens que poderemos analisar a realidade ambiental e ecológica da área em questão. 1.1 Caracterização da área de estudo Apresenta uma área geográfica de 111Km². Parte da sub bacia hidrográfica do rio contendas encontra se na serra da Meruoca correspondendo ao alto curso 11265

e médio e baixo curso situam se na depressão sertaneja. Apresenta uma altitude que varia de 200 à 1000m onde as maiores altitudes corresponde ao maciço residual da Serra da Meruoca e as menores à áreas de depressão. A população do município de massapê é de 35.191 habitantes em 2010 (IBGE, 2010). (VER FIGURA 01) Figura 01 Mapa de localização da área de estudo Fonte: Soares, 2015 2 Materiais e métodos Foi realizado um levantamento em mapas dos componentes ambientais como: Geologia, geomorfologia, solos, vegetação e hidrografia entre outros para identificar os aspectos físicos da sub bacia do rio contendas. Após todos os dados 11266

obtidos fez se necessário uma pesquisa conceitual de todos os dados obtidos para melhor compreensão dos resultados. O método utilizado é o geossistema formulado com a finalidade de aplicar a Teoria Geral de Sistemas ao estudo das paisagens naturais, modificadas ou não pela ação humana, essa teoria foi elaborada por Viktor Borisovich Sochava, segundo ele um geossistema é uma dimensão do espaço terrestre onde os mais diversos componentes naturais encontram-se em conexões sistêmicas uns com os outros. A abordagem geossistêmica nada mais é que entendimento das variações paisagísticas como produto histórico dos fluxos de matéria e energia, incluindo a antrópica, mesmo sendo um fenômeno natural, todos os fatores econômicos e socias influenciam na sua estrutura. O geossistema de Bertrand é subdividido em unidades de paisagem, conforme a escala espaciotemporal, de Cailleux e Tricart, da seguinte forma: zona, domínio, região natural, geossistema, geofácies e geótopo, sendo as três unidades iniciais chamadas de superiores e as três restantes denominadas de inferiores (BERTRAND, 1972). 11267

Fluxograma 1: Geossistemas de Bertrand (1972) Para delimitação cartográfica da sub bacia foi propício uma representação em uma escala de 1:70.000, para um estudo detalhado das nascentes e hierarquia dos canais. (VER FIGURA 02) 11268

Figura 02 Mapa de drenagem da área de estudo Fonte: Soares, 2015 3- Resultados e discussões Como a pesquisa está em fase inicial o diagnóstico dá-se de forma preliminar. Percebe-se que são necessárias medidas mitigadoras para sub bacia, principalmente referente ao recorte do rio no perímetro urbano da cidade de Massapê. A sub- bacia faz parte da bacia hidrográfica do rio Acaraú segunda maior do estado, e é de grande importância para região norte do estado do Ceará. A sub-bacia do rio Contendas está inserida em dois domínios dos escudos e maciços antigos representados por duas unidades geomorfológicas: a depressão 11269

sertaneja, o maciço residual da Meruoca, e o domínio dos depósitos sedimentares Cenozóicos representados pela planície fluvial do rio Contendas. A depressão sertaneja esta situadas em níveis altimétricos inferiores a 400m, marcadas de topografias planas e levemente onduladas, compõem se de superfície de aplainamento com vales estreitos e vertentes dissecadas. O maciço residual da Meruoca: A dissecação configurou formas de topos convexos e aguçados. Essa morfologia decorrente da ação dos processos areolares se completa pela presença de vales em V. Pequenos níveis embutidos de planícies alveolares são colmatadas por depósitos aluviais e coluviais. A Planície fluvial do rio Contendas constituídas por áreas amplas resultantes da acumulação fluvial e sujeitas a inundação periódicas, encontra se situadas nas bordas dos rios e com presença de solos aluviais profundos e drenagem deficiente. É necessário compreender as dinâmicas naturais e sociais ligadas ao rio Contendas, o mesmo dispõe de uma distância de 35 Km desde sua nascente (Serra da Meruoca) até a sua foz (Açude Acaráu Mirim). No perímetro urbano na cidade de Massapê corta os bairros: Alto da Boa Vista, Baixa Bandeira Branca, Vila São João, Cartucha, Marambaia e Nossa Senhora de Fátima. O rio é utilizado para diversas atividades: Banho, lavagem de roupas, lançamento de esgotos, pesca, plantações e extração de areia e argila. O rio é barrado pelo açude Acaraú Mirim que possui uma capacidade de 52,768m³ de armazenamento, atualmente segundo o DNOCS esta com 28,502m³ de água que representa 54% de sua capacidade total. 4 Considerações finais A pesquisa proporcionou a geração de dados e informações sobre a área da sub-bacia hidrográfica do Rio Contendas. Trata-se de uma área pouco explorada, suscetível de estudos ambientais mais setorizados que facilitem na compreensão da 11270

interação entre os componentes geoambientais através de análises e estudos fisiógrafos para uma correta utilização de seus recursos naturais e planejamento ambiental. A aplicação de estudos setoriais e integrados deve ser entendida como um estudo unificado no qual há uma percepção individualizada onde vive o homem. Esse tipo de estudo é capaz de confrontar e integrar dados analíticos que constituam objetos formais de estudo das diferentes geociências. Desta forma, desenvolveu-se uma análise local no âmbito da geografia física que colabora para o conhecimento da dinâmica natural e ambiental na sub-bacia hidrográfica do Rio Contendas, assim como para os conhecimentos das características do espaço geográfico do semiárido nordestino. Necessita se de um olhar mais aprofundado nos agentes modificadores da paisagem da sub-bacia, uma mudança no que consta a forma de pensar e agir, ou seja, uma conscientização ambiental. 5 - Referências Bibliográficas AB`SABER. A.N. Províncias Geológicas e Domínios Morfoclimáticos no Brasil. Inst. Geogr., USP, Geomorfologia, São Paulo 20: 1-26, 1970. BERTALANFFY, L. Von. Teoria geral dos sistemas. Petrópoles: Vozes, 1973. BERTRAND, Georges. Paysage et Géographie Physique Global. Esquisse Méthodologique. Revue Géographique dês Pyrenées et du Sud Ouest. Toulouse, france. 39(3). 1968. p. 249-272. BERTRAND, G. E BERTRAND, C. Uma geografia transversal e de travessias: o meio ambiente através dos territórios e das temporalidades. Maringá : Massoni, 2002. 11271

BRASIL. MME - PROJETO RADAMBRASIL. Folha SA. 24 Fortaleza - Levantamento de Recursos Naturais. Rio de Janeiro, 1981. CHISTOFOLETTI, Antônio. Geomorfologia. Edgard Blueher. São Paulo: ed. da Univ. São Paulo, 1971 p. 144. DNPM. Mapa Geológico do Estado do Ceará - Escala 1: 500.000, Recife, 1973. LIMA, Ernane C. Análise e manejo geoambiental das nascentes do alto rio Acaraú: Serra das Matas Ceará. Fortaleza:UECE. (Dissertação de Mestrado) 2004. 187p. LIMA, Luiz Cruz (org). Compartimentação Territorial e Gestão Regional do Ceará. / LIMA, Luiz Cruz; SOUZA, Marcos José Nogueira de; MORAIS, Jader Onofre, Fortaleza, FUNECE, 2000. MONTEIRO, Carlos, de F. Geossistemas: a história de uma procura. São Paulo: Contexto, 2000. 127p. 11272