A decisão Revisão do Código do Procedimento Administrativo

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(Texto relevante para efeitos do EEE)

Transcrição:

A decisão Revisão do Código do Procedimento Administrativo João Tiago Silveira XV Seminário de Justiça Administrativa 6 de julho de 2013

Estrutura da exposição 1.Prazo para a decisão; 2.Incumprimento do prazo; 3.Forma da decisão; 4. Comunicação prévia e mera comunicação prévia ; 5.Decisões em conferência procedimental; 6.Prazo para notificação da decisão.

Prazo para a decisão Prazo para decidir mantém-se em 90 dias úteis (artigo 126.º-1 do anteprojeto de revisão do CPA); Pode ser mais extenso em caso de prorrogação/necessidade de formalidades especiais (artigo 126.º-1 e 3 do anteprojeto de revisão do CPA); Prazo geral deve ser hoje mais curto (30 ou 60 dias), como sucede em procedimentos especiais. Ex1: Licença para atividade de mediação imobiliária é emitida no de 20 dias (artigo 8.º da Lei n.º 15/2003, de 8/2); prazo Ex2: Licenças para a transferência/importação/exportação de produtos militares são emitidas em 45 dias (artigo 26.º da Lei n.º 37/2011, de 22/6, alterada pelo DL 56/2013, de 19/4)

Prazo para a decisão Contagem dos prazos em dias, incluindo prazo para decidir, continua a fazer-se em dias úteis (artigo 84.º-c) do anteprojeto de revisão do CPA); Contagem em dias úteis não é a mais clara para o cidadão e não é seguida nos processos judiciais e e nos prazos substantivos; Prazos do procedimento administrativo devem contar-se de forma corrida, exceto quando a lei disponha de forma diferente.

Incumprimento do prazo Regra geral: possibilidade de reação contenciosa ou administrativa. Reclamação administrativa contra a omissão (artigo 127.º e 189.º-1 do anteprojeto de revisão do CPA); Recurso hierárquico contra a omissão, podendo órgão competente ordenar prática do ato ou substituir-se ao órgão omisso (artigo 127.º, 191.º-b) e 195.º-4 do anteprojeto de revisão do CPA); Ação administrativa especial/pedido de condenação à prática de ato devido junto dos tribunais administrativos (artigos 67.º e 46.º-2-b) CPTA). Artigo 109.º CPA é revogado expressamente na parte em que previa o indeferimento tácito. Norma já se encontra tacitamente revogada pelos artigos 67.º e 46.º-2-b) CPTA.

Incumprimento do prazo Regra especial: deferimento tácito (artigo 128.º do anteprojeto de revisão do CPA). Prazo para a formação de deferimento tácito só se deveria interromper com uma decisão final notificada (artigo 128.º-1 do anteprojeto de revisão do CPA). Deixa de existir elenco de situações em que se forma deferimento tácito (artigo 108.º-3 CPA). Muitas situações do artigo 108.º-3 CPA já não se encontram hoje em vigor. Mas atenção ao artigo 108.º-3-g) CPA (acumulação de funções públicas e privadas), que deve ser mantido. Deveria poder adotar-se o deferimento tácito por regulamento administrativo e não apenas por lei especial (artigo 128.º-1 do anteprojeto de revisão do CPA). Mantém-se regra do deferimento tácito quando a prática de um ato necessite de autorização prévia/aprovação de outro órgão administrativo (artigo 128.º-3 do anteprojeto de revisão do CPA). Solução adequada, mas podem existir entidades que não sejam órgãos administrativos a emitir estes atos.

Forma da decisão Prevê-se que forma escrita possa ser substituída pela forma eletrónica (artigo 148.º-3 do anteprojeto de revisão do CPA). Referência não é correta. Forma eletrónica não se opõe à forma escrita. No caso de utilização da forma eletrónica é necessário assegurar uma assinatura eletrónica legalmente reconhecida, mediante regulamento (artigo 148.º-3 do anteprojetode revisão do CPA) ou a identificação do órgão competente com assinatura eletrónica avançada certificada (artigo 91.º-2 do anteprojeto de revisão do CPA): Disposições incompatíveis: referem diferentes tipos de assinaturas eletrónicas para a mesma situação; Inviabilizam outros tipos de decisões eletrónicas mais simples e que podem fazer sentido em certas situações (ex: mail enviado a particular em situação circunscrita e de confiança); Fazer depender a possibilidade de utilização de meios eletrónicos de um regulamento é de evitar.

Comunicação prévia e mera comunicação prévia Comunicação prévia e mera comunicação prévia deveriam ser definidas no CPA: Desempenham função semelhante à decisão para o particular: permitem o exercício de direitos/pretensões; Já estão acolhidas nos regimes do Licenciamento ZERO (DL n.º 48/2011, de 1/4, alterado pelo DL 141/2012, de 11/7) e transposição da Diretiva Serviços (DL 92/2010, de 26/7); Tornaram-se figuras importantes do Direito Procedimental Administrativo e da atividade administrativa; Anteprojeto do CPA já trata de matérias que transcendem o que diretamente respeita ao procedimento administrativo. Ex: matéria de contencioso administrativo no artigo 162.º

Decisões em conferências procedimentais Regula-se a adoção de decisões administrativas através de conferências procedimentais (artigo 69.º do anteprojeto de revisão do CPA). Poderiam ser reguladas outras formas de decisão que permitam soluções ainda mais ágeis. Ex: dispensa de pedido pareceres em áreas de investimento prioritárias definidas por regulamento.

Decisões em conferências procedimentais Emissão de ato único de conteúdo complexo relativamente a todos os órgãos intervenientes/competentes é solução adequada (artigo 69.º-1 do anteprojeto de revisão do CPA). Artigo 69.º-2 do anteprojeto de revisão do CPA parece não ser necessário. Emissão de pareceres por via normal quando exista conferência procedimental é solução pouco ambiciosa (artigo 69.º-4 do anteprojeto de revisão do CPA). Pareceres deveriam ser emitidos oralmente no âmbito da conferência e constar da ata.

Prazo para notificação da decisão Prazo para realização de notificações (incluindo a notificação da decisão) são mantidos: 8 dias úteis (artigo 101.º do anteprojeto de revisão do CPA). Prazo é excessivo e deveria ser reduzido.

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