PREVALÊNCIA DO CONSUMO DE CIGARRO: QUAIS SÃO OS FATORES ASSOCIADOS AO USO? 4 Jorge Lucas Salvi LOPES 1* ; William Nunes de CARVALHO 1 ; Luis Fernando DE FARIAS 2 ; Adriana Matheus de Costa SORATO 3. 1 Graduandos do curso de Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Alta Floresta (UNEMAT/AF). 2 Licenciado em Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Alta Floresta (UNEMAT/AF). 3 Docente do curso de Licenciatura e Bacharelado de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Alta Floresta (UNEMAT/AF). 4 Projeto ADD Saúde: Promoção e prevenção à saúde nas escolas da rede pública de Alta Floresta MT. *Email: gordinho_afl@hotmail.com RESUMO O cigarro ao ser queimado libera a nicotina (causadora da dependência), o monóxido de carbono e o alcatrão, e metais pesados como o níquel e chumbo, essa droga pode ocasionar doenças como problemas pulmonares e cardiovasculares, e até o câncer. O objetivo deste estudo é verificar a prevalência do cigarro na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT/AF) entre jovens universitários dos cursos de Bacharelado em Agronomia e Bacharelado em Engenharia Florestal. Foram aplicados 95 questionários anônimos e auto preenchíveis, analisou-se ainda as estatísticas descritivas (desvio padrão, frequência relativa, media), por meio do software R, utilizando o teste de Qui-quadrado, onde valores de p abaixo de 0,05 são considerados significativos. Constatou-se que a maioria dos entrevistados, 61,05% são do sexo masculino com idade entre 17 e 22 anos (81,72%), renda familiar de 1 até 4 salários mínimos (60,22%), e o estado civil solteiro (95,40%). O público apresenta idade média de 20,69 ± 2,70 anos. Os entrevistados afirmaram que os amigos são as pessoas mais próximas que fumam, e que o fator chave para o início à vida tabágica foi a curiosidade. Notou-se ainda que todos os entrevistados reconhecem que o cigarro faz mal à saúde, e que a maioria dos entrevistados disseram que sentem-se incomodados perto de pessoas que fumam. Palavras-Chave: Tabagismo, Saúde Coletiva, Dependência Química. CIGARETTE CONSUMPTION PREVALENCE: WHAT ARE THE ASSOCIATED FACTORS TO USE? 4 ABSTRACT The cigarette when burned releases nicotine (causing the addiction), the carbon monoxide and the tar, and heavy metals such as nickel and lead, this drug may cause diseases such as pulmonary and cardiovascular problems, and even cancer. The aim of this study is verify cigarette prevalence in University of the State of Mato Grosso (UNEMAT/AF) between university youngs of course of bachelor s degree in Agronomy and Forest Engineering. They were applied 95 questionaires anonymous and auto fill, yet analyzed the descriptive statistics (standard deviation, relative frequency, mean) through R software, using the chi-square test, where p values below 0.05 are considered significant.
It was found that the majority of respondents, 61.05% are males aged between 17 and 22 years (81.72%), family income from 1 to 4 minimum wages (60.22 %), marital status as single (95.40%). It has an mean age of 20.69 ± 2.70 years. The respondents said the friends are the closest people who smoke, and that the key factor to start the smoking life was curiosity. It was noted still that all respondents recognize that cigarette is harmful to health, and that the majority of respondents said they fell uncomfortable around people who smoke. Keywords: Smoking, Public Health, Substance Addiction. INTRODUÇÃO O tabagismo está inserido no código internacional de doenças (CID 10), sendo classificado como uma doença crônica, causada pela dependência da nicotina (ANVISA, 2009); está também inserida no grupo de transtornos mentais e de comportamento provenientes do uso de substancias psicoativas (BARROS & LIMA, 2011) com mais de 4.720 substâncias tóxicas (ROSEMBERG, 1999). Na atualidade é muito comum o hábito tabágico em todos os sexos e idades, considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a principal causa evitável de mortes no mundo, isso ocorre por causa da dependência causada pela nicotina presente no tabaco e suas consequências ao corpo humano. A utilização do cigarro e de produtos derivados do tabaco é considerada uma pandemia silenciosa (BARROS & LIMA, 2011). Os jovens de hoje estão à procura de prazer e da sensação de liberdade, e muitas vezes fazem o uso para esquecer os medos, os problemas financeiros ou problemas relacionados ao âmbito familiar, onde declaram que o cigarro auxilia no esquecimento dos mesmos. Não se pode deixar de perceber que este fato também está ligado intimamente às relações sociais (CABRERIZO & IOCCA, 2014). Este trabalho teve como objetivo verificar o uso e a dependência do cigarro na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT/AF) por acadêmicos dos cursos de Bacharelado em Agronomia e Bacharelado em Engenharia Florestal. MATERIAL E MÉTODOS Este estudo foi realizado em 2015 com discentes de dois cursos (Agronomia e Engenharia Florestal) da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) no Campus de Alta Floresta, localizado na Avenida Perimetral Rogério Silva, nº 4930, Jardim Flamboyant. A pesquisa possui abordagem quantitativa, descritivo-exploratório, composta de uma amostra de 95 estudantes. Utilizou-se um questionário estruturado, anônimo, autopreenchível de caráter direcionado (questões destinadas a diferentes grupos: fumantes, não fumantes, ex-fumantes e os que experimentaram cigarro), aplicado de forma coletiva e voluntária. Após a sua aplicação foram calculadas estatísticas descritivas (media, desvio padrão e frequência relativa). Os dados foram analisados utilizando software livre R, sendo as respostas comparadas pelo teste Qui-Quadrado de Pearson, onde os valores de p menores que 0,05 foram considerados significativos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES Dos 95 entrevistados, a maioria dos estudantes são do gênero masculino (61,05%), entre 17 e 22 anos (81,72%), renda familiar de 1 a 4 salários mínimos (60,22%), e solteiros (95,40%) (Tabela 1). Possuem idade média de 20,69 ± 2,70 anos. Observou-se a predominância de não fumantes (70,53%; p valor<0,01) (Figura 1). Todos os estudantes afirmam que o cigarro é prejudicial à saúde e que acarreta diversas doenças ao organismo como problemas respiratórios e câncer (p valor<0,01). Diversos trabalhos relataram que esta droga traz malefícios à saúde humana como doenças cardiovasculares e pulmonares (SILVA et al., 2008; FERREIRA et al., 2011; RAMIS et al., 2012). Tabela 1 - Distribuição das variáveis sociodemograficas dos estudantes da Universidade do Estado de Mato Grosso de Alta Floresta (UNEMAT/AF). Variáveis Frequência (%) p valor* Gênero <0,01 Feminino 38,95% Masculino 61,05% Faixa Etária <0,01 17 -- 19 46,24% 20 -- 22 35,48% 23 -- 25 10,75% 26 -- 28 6,45% 29 -- 31 1,08% Renda Familiar <0,01 Até 1 8,60% 1 e 2 32,26% 3 e 4 27,96% 5 e 6 12,90% Maior que 6 15,05% Estado Civil <0,01 Solteiro 95,40% Casado 4,30% Divorciado 1,08% Amasiado 3,23% Viúvo 0% *Teste Qui-Quadrado de Pearson (p<0,05 são significativos) Os entrevistados que não são fumantes, afirmam que, dentre as pessoas próximas que fumam, a maioria são os amigos (p valor<0,01). No entanto, a maioria dos acadêmicos não fumantes que ficam perto de pessoas que fazem uso do hábito, sente-se incomodada e acaba mudando de lugar (p valor<0,01). Há diversos estudos que relatam que os amigos são influenciadores do uso tabágico, o que é um resultado preocupante, pois, pode incentivar os entrevistados que não possuem este hábito a adquiri-lo (HALTY et al., 2002; SILVA et al., 2008; BARROS & LIMA, 2011). Este trabalho está de acordo com Stramari et al. (2009), onde relata que os estudantes de sua pesquisa que não
praticavam o hábito tabágico de cigarro evitavam ficar em locais onde os fumantes praticavam o hábito tabágico. Em relação aos que experimentaram, todos afirmaram que o cigarro faz mal à saúde, e que os amigos são a maioria das pessoas próximas que fumam (p valor<0,01). Na maioria dos casos, o fator chave que levou os estudantes a experimentar o cigarro foi a curiosidade (p valor<0,01). O estudo de Falcão & Costa (2008), também afirma que os amigos são as pessoas próximas que fazem uso deste hábito em maior proporção. O presente trabalho corrobora com o estudo de Bourguignon et al. (2011), no qual observou que a curiosidade é fator influenciador do uso, pois foi o motivo principal para os fumantes desenvolverem tal hábito (75%). Figura 1 Frequência relativa do hábito tabágico de cigarro entre os estudantes da Universidade do Estado de Mato Grosso de Alta Floresta (UNEMAT/AF). Nos estudantes classificados na categoria de ex-fumantes, todos afirmam ter parado com o habito tabágico por iniciativa própria e medo de doenças que o cigarro pode trazer. De acordo com Ferreira et al. (2011), os estudantes cessaram o hábito tabágico de cigarro principalmente por apresentarem problemas relacionados ao uso (16,9%), por aprenderem que cessar o hábito é benéfico (13%), determinação e vontade de interromper a utilização (11,7%), solicitação de indivíduos próximas (11,7%) e devido trabalhar na área da saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS Há maior proporção de estudantes não fumantes nos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal, no entanto, a influência dos amigos que praticam o hábito pode levá-los ao uso. Desse modo, devido à rápida dependência do usuário causada pela nicotina, são necessárias campanhas de conscientização a respeito dos prejuízos que o tabaco causa no organismo, também é importante ressaltar que a interrupção precoce do habito tabágico, proporciona uma vida de qualidade no contexto social e no âmbito familiar.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). A Anvisa na Redução da Exposição Involuntária à Fumaça do Tabaco. Brasília: ANVISA, 2009. 24p. BARROS, E. R.; LIMA, R. M. Prevalência e Características do Tabagismo de Universitários de Instituições Públicas e Privadas na Cidade de Campos dos Goytacazes, RJ. VÉRTICES, Campo dos Goytacazes, v.13, n.3, p.93-116, 2011. BOURGUIGNON, L.N.; SILVA, B.P.; COELHO, M.P.; SIQUEIRA, M.M. O uso do tabaco entre os estudantes de enfermagem do Centro Universitário do Espírito Santo (Ceunes). Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde, v.13, n.4, p.35-40, 2011. CABRERIZO, T.B.; IOCCA, F.A.S. Drogas no contexto escolar: Processo de prevenção e sensibilização. Revista Eventos Pedagógicos, v.5, n.2, p.311-320, 2014. FALCÃO, T.J.O.; COSTA, I.C.C. O tabagismo em um município de pequeno porte: um estudo etnográfico como base para geração de um programa de saúde pública. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.34, n.2, p.91-97, 2008. FERREIRA, S.A.L.; TEIXEIRA, C.C.; CORRÊA, A.P.A.; LUCENA, A.F.; ECHER, I.C. Motivos que contribuem para indivíduos de uma escola de nível superior tornarem-se ou não tabagistas. Revista Gaúcha de Enfermagem, v.32, n.2, p.287-293, 2011. HALTY, L.S.; HÜTTNER, M.D.; NETTO, I.O.; FENKER, T.; PASQUALINI, T.; LEMPEK, P.; SANTOS, A.; MUNIZ, A. Pesquisa Sobre Tabagismo entre Médicos de Rio Grande, RS: Prevalência e Perfil do Fumante. Jornal de Pneumologia, v.28, n.2, p.77-83, 2002. RAMIS, T. R.; MIELKE, G. I.; HABEYCHE, E. C.; OLIZ, M. M.; AZEVEDO, M. R.; HALLAL, P. C. Tabagismo e Consumo do Álcool em Estudantes Universitários: Prevalência e Fatores Associados. Revista Brasileira de Epidemiologia, v.15, n.2, p.376-385, 2012. ROSEMBERG, J. Poluição Ambiental e Repercussões de Fumo Sobre o Pulmão da Criança e do Adolescente. In: ROZOV, T. Doenças Pulmonares em Pediatria: Diagnóstico e Tratamento. 1ed. São Paulo: Atheneu, 1999. P.337-345. SILVA, M.P.; SILVA, R.M.V.G.; BOTELHO, C. Fatores Associados à Experimentação de Cigarro em Adolescentes. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.34, n.11, p.927-935, 2008. STRAMARI, L.M.; KURTZ, M.; SILVA, L.C.C. Prevalência e Fatores Associados ao Tabagismo em Estudantes de Medicina de uma Universidade em Passo Fundo (RS). Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.35, n.5, p.442-448, 2009.