Dependência Química Sílvia Leite Pacheco Psicóloga Clínica com atuação em Terapia Cognitivo Comportamental; Psicoterapeuta Cognitiva da Clínica Alamedas; Pesquisadora da UNIAD/UNIFESP; Docente de Prevenção ao Uso Indevido de Drogas; Conselheira em Dependência Química pela UNIFESP; Especialista em Dependência Química pela UNIFESP;.Mestranda em Ciências da Saúde pelo Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. CRP: 06/17417. sl-pacheco@uol.com.br
Dependência Química
O que é Dependência Química Doenc a (Bio,Psico-social) crônica e recorrente Fatores biológicos genética e resistência as uso da substância. Fatores sociais: baixa escolaridade, exclusão social, família desestruturada, ambientes permissivos, estímulo ao consumo. Fatores Psicológicos: doenças psiquiátricas associadas (comorbidades), abuso na infância, consumo como forma de resolução de conflitos, apreço pelos efeitos vivenciados.
O que leva o indivíduo a usar drogas? Pesquisas apontam que os principais motivos que levam um indivi duo a utilizar drogas sa o: Curiosidade Influe ncia de amigos Vontade Desejo de fuga (principalmente de problemas familiares) Coragem (para tomar uma atitude que sem o uso de tais substa ncias na o conseguiria)
Dificuldade em enfrentar e/ou agu entar situac o es difi ceis Busca por sensac o es de prazer Tornar -se calmo Servir de estimulantes Facilidades de acesso e obtenc a o
Diferenc a entre Uso, Abuso e Depende ncia Existe uma progressa o no uso de substa ncias: USO: geralmente se restringe ao consumo dito recreacional ; ABUSO: padra o mal-adaptativo de consumo, manifestado por conseque ncias em va rios a mbitos da vida do indivi duo; DEPENDE NCIA: o uso da substa ncia se torna prioridade na vida do indivi duo em detrimento do resto.
CRITE RIOS PARA DEPENDE NCIA DE SUBSTÂNCIA Forte desejo ou compulsa o Dificuldade na capacidade de controlar a ingesta o Tende ncia para aumentar doses tolera ncia Si ndrome de abstine ncia Uso de substa ncias psicoativas para atenuar sintomas de abstine ncia Estreitamento do reperto rio pessoal de consumo Persiste ncia no consumo, apesar da evide ncia de manifestac o es danosas Retorno ao uso das substa ncia leva rapidamente ao quadro anterior
Droga Droga é qualquer substa ncia capaz de modificar a func a o dos organismos vivos, resultando em mudanc as fisiolo gicas ou de comportamento. Classificação: Drogas estimulantes; Drogas depressoras (Depressores do Sistema Nervoso Central); Drogas perturbadoras (alucinógenas).
Depressoras ÁLCOOL E SOLVENTES: tintas, removedores, esmalte, cola, gasolina, vernizes, tíner, aromatizadores BENZODIAZEPÍNICOS: Diazepam, Valiun, Rohypnol, Sonebom, Lexotan, Dormonid, Frontal e Lorax DERIVADOS DO ÓPIO: morfina e codeína, heroína, dolantina e fentanil
Estimulantes Nicotina, Cocaína crack). Anfetaminas Ecstasy (MDMA) Perturbadoras ou alucinógenas Maconha, LSD, cogumelos, Ayahuasca (Santo Daime)
SKANK skank é uma espécie de maconha (cannabis sativa), cultivada em laboratório, com efeito concentrado. O que diferencia o skank da maconha comum é a capacidade entorpecente. Em ambos, o princípio psico-ativo é o tetra-hidro-canabinol (THC). Na maconha, a concentração percentual nas folhas, flores e frutos prensados fica em torno de 2,5%. No skank, estudos apontam que o índice de THC pode ser de até 17,5%.
HAXIXE O HAXIXE é a resina da maconha. Os brotos da maconha são protegidos do sol e do calor por uma camada oleosa. Esse óleo é rico em (THC). Para a produção do haxixe os brotos são colhidos e o óleo, isolado. Isso garante à apresentação uma concentração de até 30% de THC.
COCAÍNA REFINADA
E uma substa ncia preparada a base da mistura da pasta de cocai na com bicarbonato de so dio. Para obtenc a o das pedras de crack tambe m sa o misturadas a cocai na diversas substa ncias to xicas como gasolina, querosene e ate a gua de bateria. A pedra de crack na o e solu vel em a gua e na o pode ser injetada. Ela e fumada em cachimbo, tubo de PVC ou aquecida numa lata. Apo s ser aquecida em temperatura me dia de 95oC, passa do estado so lido ao de vapor. Quando queima, produz o rui do que lhe deu o nome. Pode ser misturada com maconha e fumada com ela.
A metilenodioximetanfetamina (MDMA), XTC, ADAM, MDM, pílula do amor mais conhecida por ecstasy, é uma droga moderna sintetizada (feita em laboratório),...
O tratamento da Dependência Química e as terapias cognitivo- comportamentais
A Dependência Química e o Modelo Cognitivo de Aaron Beck O modelo cognitivo proposto por Aaron Beck considera o uso de substâncias uma estratégia compensatória que tem a função de eliminar e neutralizar crenças disfuncionais básicas e centrais a respeito de si, do outro, do mundo e das relações entre estes.
O uso constante leva ao desenvolvimento de um grupo de crenças muito próprias a respeito das substâncias químicas. Essas crenças, compõem a subcultura do consumo e formam os fatores de risco para o uso.
Quando um indivíduo com crenças disfuncionais sobre si mesmo entra em contato com substâncias psicoativas, um segundo grupo de crenças mais específicas relacionadas ao uso pode se desenvolver, tais como só consigo aliviar a ansiedade bebendo um pouco ou usando cocai na, eu me torno mais socia vel. Essas crenças desencadeiam a busca e uso da substância.
A terapia cognitiva objetiva modificar e reestruturar as crenças disfuncionais, diminuindo o craving e interrompendo o uso ou a recaída.
Crenças do DQ Beck preconiza que as crenças do DQ giram em torno da busca de prazer, da solução de problemas e do alívio do desconforto e variam de pessoa para pessoa e com o tipo de droga preferida.
Crenças do DQ Crenças que facilitam o uso de drogas: Crenças antecipatórias: expectativa de que o uso da droga produzirá recompensa, gratificação ou prazer. Crenças de alívio: expectativa de que o uso da droga aliviará ou afastará algum desconforto ou sofrimento. Crenças permissivas ou facilitadoras: consideram o uso da droga aceitável, apesar das consequências.
Entre as crenças do DQ, podemos citar: a droga é necessária para manter o equilíbrio psicológico ou emocional; a droga melhorará o funcionamento social e intelectual; a droga trará prazer e excitação; a droga fornecerá força e poder; a droga terá efeito calmante; a droga trará alívio para a monotonia, ansiedade, tensão e depressão; sem o uso da droga, o craving - fissura - continuará, indefinidamente e cada vez mais forte.
Desafio Modificar crenças do DQ é tarefa bastante difícil, porque elas são profundas e extremamente resistentes à mudança.
Estrutura das sessões Primeira sessão: apresentar-se ao paciente e acolhê-lo. Iniciar a avaliação inicial (busca de dados relevantes fazendo com que o paciente fique à vontade para dizer o que mais necessita). A avaliação inicial pode durar até 3 sessões.
Estrutura das sessões Avaliação inicial queixa principal; quais são as substâncias utilizadas? qual é o padrão de uso? qual foi a última vez que ele usou? onde estava? que havia acontecido antes? você consegue lembrar-se o que estava pensando naquele momento? você se lembra das consequências positivas e negativas do uso da droga?
que está impedindo o paciente ser capaz de parar com o uso? quais foram as crenças que ele desenvolveu em relação as drogas? como o uso inicial causou abuso ou dependência? você já recebeu tratamento da dependência química? você já conseguiu ficar abstinente? como era a vida do paciente antes do consumo? quais são seus pontos fortes e as suas vulnerabilidades?
História do consumo da droga Idade, quantidade e droga de preferência em cada época de sua vida; Marcos na sua vida que possam ter interferido no inicio de uso ou de manutenção; Houve internação? Definir com o paciente as metas centrais do tratamento e estabelecer um contrato para que a terapia transcorra de forma adequada;
Enfatizar a necessidade do comparecimento às sessões no horário marcado, a importância das tarefas de casa e de avisar quando não puder comparecer a sessão
Considerações Importantes Antes de iniciar a TCC, o terapeuta deve: identificar as dificuldades e obstáculos a serem superados; qual é o estágio motivacional do paciente? ele reconhece a necessidade da terapia? É capaz de identificar os gatilhos que o levam para o uso? O paciente possui comorbidades psiquiátricas.
O terapeuta inicia a conceitualização cognitiva desde o primeiro contato com o paciente. A conceitualização cognitiva revela ao terapeuta como se constitui o sistema de crenças do paciente. De posse das informações relevantes e das hipóteses iniciais de conceitualização cognitiva, será definido um planejamento de intervenção, que consiste em um plano estratégico de tratamento:
Fase inicial do tratamento Estabelecer contrato e metas sobre o uso Encaminhamento ao médico psiquiatra Psicoeducação do modelo cognitivo Análise das vantagens e desvantagens de manter o uso Construir uma aliança terapêutica forte Monitorar o uso da substância (diário de auto monitoramento, identificação dos pensamentos automáticos, ensinar a monitorar os pensamentos sabotadores, treinamento de habilidades sociais para resolver problemas
Exame de urina Aplicar a entrevista motivacional a fim de que o paciente conscientize-se da importância do tratamento Escolher estratégias de fácil aplicação para resolução de problemas que desencadeiam situações de risco. Promover abstinência Cartões de enfrentamento Monitoramento e manejo da fissura
Promover a manutenção dos ganhos terapêuticos. Preparar para o término e prevenir recaídas Reforçar o que foi aprendido na terapia e como poderia ser útil em situações de emergência. Informar que sessões de reforço poderão ser agendadas.
Alguns instrumentos importantes para obter mais dados sobre o paciente Identificação da demanda Diário de pensamentos automáticos Questionamento socrático Questionário de Esquemas Questionário de crenças pessoais Inventários de Beck Roda da Vida Lista da verificação da Ansiedade de Leahy Questionário de estilos parentais
Técnicas da TCC para DQ As técnicas mais usadas na TCC do Dependente Químico são aquelas comumente utilizadas na Terapia Cognitivo-Comportamental
Técnicas da TCC para DQ Identificação de pensamentos automáticos (PA) Avaliação e questionamento de PA Registro diário de pensamentos automáticos disfuncionais (RPD) Identificação de crenças Avaliação e modificação de crenças Seta descendente Solução de problemas
Técnicas da TCC para DQ Exame das vantagens e desvantagens Distração Cartões de enfrentamento Relaxamento Exercício físico Dramatização Treinamento de assertividade
QUADRO DA ÚLTIMA RECAÍDA O que você estava SENTINDO, PENSANDO, FAZENDO: Antes Durante Depois
QUADRO DE VANTAGENS E DESVANTAGENS Usando a droga Gosto de mim Não gosto de mim SEM USAR Gosto de mim Não gosto de mim
UTILIZAR A BALANÇA DECISÓRIA PRÓS E CONTRAS DO COMPORTAMENTO PROBLEMA PRÓS E CONTRAS DA MUDANC A
OBRIGADA!