(milhares) 2012: Uma nova vaga de desempregados da Construção Durante a última década (2002-2012), o setor da Construção viveu a crise mais prolongada e intensa da sua história recente, com o ano de 2012 a revelar uma deterioração particularmente acentuada da situação do Setor. A destruição de postos de trabalho deste Setor é sinal claro dessa degradação. Evolução do emprego da Construção na última década 700,0 500,0 300,0 100,0-100,0-300,0-500,0-700,0 280,0 240,0 200,0 160,0 120,0 80,0 40,0 0,0-40,0-80,0-120,0-160,0-200,0-240,0-280,0 (milhares) 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 (*) 2009 2010 2011 (**) 2012 Nº trabalhadores da construção (escala esq.) Perda acumulada de emprego desde 2002 (escala dir.) (*) (**) Quebras de série Desde 2002, ano em que os 622,3 mil postos de trabalho da Construção representavam 12,2% do emprego total, que o Setor vem destruindo empregos, chegando a 2012 com um número de trabalhadores de apenas 357,2 mil, representando 7,7% do emprego total da economia. Só em 2012 e segundo o INE, mais de 83 mil pessoas perderam o emprego que exerciam no setor da Construção, sendo que mais de metade desta redução ocorreu no último trimestre do ano, período em que se verificou uma diminuição, face ao trimestre imediatamente anterior, de 45 mil pessoas a exercerem atividade no setor da Construção. 1
Caracterização (milhares) O Perfil dos novos desempregados da Construção em 2012 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 76 mil trabalhadores 91,8% do total 72 mil trabalhadores 86,2% do total 28 mil trabalhadores 33,3% do total Baixo nível de escolaridade Nacionalidade portuguesa Residente na região norte Tendo em conta a informação disponibilizada pelo INE através dos resultados do Inquérito ao Emprego, a destruição massiva de empregos que ocorreu durante o ano de 2012 levou à eliminação do posto de trabalho de: - 76 mil trabalhadores com baixo nível de qualificação A análise por nível de escolaridade dos trabalhadores do setor da Construção revela que o grupo mais afetado pela perda de postos de trabalho no Setor foi o que declara não ter completado qualquer ciclo escolar, tendo quase metade desses trabalhadores (44%) perdido o seu emprego durante o ano de 2012 (8,2 mil trabalhadores). Não obstante, em termos de volume, foi o grupo dos trabalhadores com apenas o 1º ciclo do ensino básico o que mais sofreu, ao terem sido eliminados 26,8 mil postos de trabalho, dos 130,8 mil existentes em 2011 (-20,5%). De notar que 92% do total de postos de trabalho eliminados durante o ano de 2012 afetaram trabalhadores com nível de escolaridade até ao 3º ciclo do ensino básico, inclusive, correspondendo o restante, apenas 8%, a trabalhadores com os níveis secundário ou superior completo. Nesta faixa mais elevada do nível de escolaridade foi a única em que se verificou haver capacidade por parte dos trabalhadores dispensados pelas empresas (trabalhadores por conta de outrem) criarem o seu próprio posto de trabalho (trabalhadores por conta própria). Na verdade, tendo sido eliminados 8,3 mil postos de trabalho nas empresas (relativos a trabalhadores com um nível mais elevado de escolaridade), foram criados 2 mil novos empregos por conta própria na atividade da Construção. 2
Por via desta distribuição não uniforme da destruição de empregos na Construção por níveis de escolaridade, os trabalhadores com nível de escolaridade mais elevada passaram a representar 20,8% do total, face a 18,5% no ano anterior. Habilitações dos trabalhadores excluídos da Construção em 2012 por nível de escolaridade completo 76,3 (91,8%) 3,1 (3,7%) 3,8 (4,5%) Nenhum + básico Secundário Superior Nota: Valores em milhares Fonte: INE, Inquérito ao emprego - 72 mil trabalhadores de nacionalidade portuguesa Em termos de nacionalidade, os trabalhadores estrangeiros da Construção foram os mais fortemente afectados em 2012 pela redução do número de postos de trabalho do Setor, verificando-se uma quebra de 47% no seu número (-11,5 mil trabalhadores). Com esta diminuição, o seu peso no total do emprego da Construção baixou para apenas 3,6%, permanecendo apenas 13 mil estrangeiros nesta atividade. Nacionalidade dos trabalhadores do setor da Construção 2011 6% Portuguesa Estrangeira Nacionalidade dos trabalhadores do setor da Construção 2012 4% Portuguesa Estrangeira 94% 96% 3
- 28 mil trabalhadores residentes na região norte A análise por regiões, da destruição em 2012 de postos de trabalho do setor da Construção, revela que a região Norte do País foi a mais afetada, com a eliminação de 27,7 mil empregos (33,3% do total), imediatamente seguida pela região Centro, onde 23,1 mil trabalhadores perderam o seu posto de trabalho (28% do total). Distribuição regional da perda de empregos na Construção em 2012 9% 7% 5% 3% 33% Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve R. A. Açores 15% R. A. Madeira 28% Não obstante, pela análise dos dados disponibilizados pelo IEFP e relativos ao número de desempregados oriundos da Construção inscritos nos centros de emprego, foi na região do Alentejo que este número mais subiu durante o ano de 2012 (+34,1%). Já em termos de peso relativo do desemprego oriundo da Construção no total de desempregados da região, foram as Regiões Autónomas que mais se destacaram (28%), seguidas pela região do Algarve, onde esse peso atingia, no final de dezembro de 2012, 19,6% do total. 4
(%) 30,0 28,7% Peso do desempego da Construção no total (%) (dezembro de cada ano) 25,0 20,0 15,0 19,6% 16,6% 16,2% 14,5% 14,2% 14,1% 10,0 5,0 0,0 Regiões Autónomas Algarve Norte Portugal Centro Alentejo Lisboa e Vale do 2010 2011 2012 Tejo Nota: % em dezembro de 2012 Fonte: IEFP - 68 mil trabalhadores por conta de outrem A grande maioria dos novos desempregados de 2012 exercia atividade por conta de outrem (68,4 mil, correspondendo a 82% do total), mas também um número significativo de trabalhadores por conta própria (14,5 mil) se viram obrigados a abdicar da sua atividade durante o ano de 2012. Situação anterior ao desemprego 82% Trabalhador por conta de outrem Trabalhador por conta própria 18% 5
- 47 mil trabalhadores com um contrato sem termo A maioria dos trabalhadores por conta de outrem dispensados pelas empresas de construção em 2012 detinham um contrato de trabalho sem termo (46,7 mil trabalhadores, correspondendo a 68,3% do total de eliminação de postos de trabalho nesse ano). Tipo de contrato de trabalho anterior à situação de desemprego Contrato sem termo 24% Contrato com termo 68% Outro tipo de contrato de trabalho 8% 6