Comentários às questões de Direito Constitucional Prova: Professor: Jonathas de Oliveira 1 de 5
Comentário às questões de Direito Constitucional Técnico do INSS Caderno Beta 1 No cômputo do limite remuneratório (chamado teto constitucional), devem ser consideradas todas as parcelas percebidas pelo agente público, incluídas as de caráter indenizatório. Resolução: Correto. O art. 37, XI, da CF/88, assim dispõe: XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; Temos aqui o seguinte esquema, portanto: LIMITE GERAL LIMITES ESPECÍFICOS Poder Executivo (exceto Procuradores e Defensores Públicos) Poder Legislativo SUBSÍDIO DOS MINISTROS DO STF (X) Estados + DF: Subsídio do Governador Municípios: Subsídio do Prefeito Estados + DF: Subsídio dos Deputados Estaduais ou Distritais Poder Judiciário Teto Estados + DF: Subsídio dos constitucional Desembargadores dos TJ (0,9025X) Outros (Ministério Público, Procuradores e Defensores Públicos) Subsídio dos Desembargadores dos TJ (0,9025X) Por sua vez, o 11, do mesmo artigo, estatui que: 2 de 5
11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. É o caso, por exemplo, do famigerado auxílio moradia, concedido a magistrados, membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contas. Basta ter a característica legal de indenizatória (embora não o seja na prática), que este tipo de parcela pode ser incorporada à remuneração, ainda que, no final das contas, os vencimentos ultrapassem o teto constitucional. 2 Em decorrência do princípio da impessoalidade, as realizações administrativo-governamentais são imputadas ao ente público e não ao agente político. Resolução: Correto! Seguindo a lição de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, destacamos que tal princípio pode ser tratado sob dois aspectos: a) como determinante da finalidade de toda a atuação administrativa, trazendo a ideia de que toda atuação da Administração deve visar ao interesse público, deve ter como finalidade a satisfação do interesse público; b) como vedação a que o agente público ou político se promova às custas das realizações da Administração Pública (vedação à promoção pessoal do administrador público/político pelos serviços, obras e outras realizações efetuadas pela Administração Pública). É este último prisma que nos foi apresentado pelo enunciado. Desta feita, por exemplo, as obras de uma determinada Prefeitura ou do Governo Federal, devem ser tratadas como realizações do Estado, do ente público, e não de políticos ou pessoas específicas. 3 A garantia constitucional de acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo está relacionada ao princípio da eficiência. Resolução: Errado. O acesso a registros administrativos e a informações sobre atos de governo está diretamente relacionado ao princípio da publicidade e só (MUITO) indiretamente ao princípio da eficiência. Novamente nos pautando pela lição de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, podemos afirmar que o princípio da publicidade pode ser encarado sob dois prismas: 3 de 5
a) como exigência de publicação em órgão oficial como requisito de eficácia dos atos administrativos que devam produzir efeitos externos e dos atos que impliquem ônus para o patrimônio público; b) como exigência de transparência da atuação administrativa. Essa acepção, derivada do princípio da indisponibilidade do interesse público, diz respeito à exigência de que seja possibilitado, da forma mais ampla possível, o controle da Administração Pública pelos administrados. Este é o nosso caso concreto. 4 Em decorrência do princípio da igualdade, é vedado ao legislador elaborar norma que dê tratamento distinto a pessoas diversas. Resolução: Errado. Assim assevera o caput do art. 5.º, da CF/88: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: O princípio da isonomia aqui insculpido implica em tratar de forma desigual os desiguais, na medida de sua desigualdade. Grosso modo, é a chamada igualdade material e não a igualdade meramente formal. Nesse sentido, por exemplo, já dispôs o STF que a lei pode distinguir situações a fim de conferir a uma situação tratamento diverso do que atribui a outra, desde que a discriminação seja compatível com o conteúdo do princípio em que se sustenta (ADI 2.716/RO). Ainda sob esse aspecto, ações afirmativas são mecanismos que visam a uma isonomia material em detrimento de uma isonomia formal por meio do incremento de oportunidades para determinados segmentos, tradicionalmente desfavorecidos. 5 Basta que a pessoa nasça no território brasileiro para que seja considerada brasileiro nato, independentemente da nacionalidade dos seus pais, a não ser que algum deles, ou ambos, esteja(m) no Brasil a serviço de seu país. Resolução: Correto. Vejamos o que nos traz o art. 12.º, da CF/88: 4 de 5
São brasileiros (art. 12) NATOS NATURALIZADOS Nascidos na República Federativa do Brasil [critério jus soli] Nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro OU mãe brasileira 3 1 ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país 2 desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil [critério jus sanguini] desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral [naturalização ordinária] Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira [naturalização quinzenária] 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. [português equiparado cláusula ut des] No caso da questão, temos, portanto, a aplicação direta do critério territorial, jus soli (art. 12, I, a, da CF/88) 6 O direito à vida desdobra-se na obrigação do Estado de garantir à pessoa do direito de continuar viva e de proporcionar-lhe condições de vida digna. Resolução: Correto. Como salienta Pedro Lenza (2012, p. 970), o direito à vida abrange tanto o direito de não ser morto [quanto] o direito de ter uma vida digna. A dignidade da pessoa humana inclusive é um dos fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1.º, III, da CF/88). Da primeira compreensão decorrem diversas disposições constitucionais, sendo uma das mais evidentes a proibição de pena de morte, salvo em caso de guerra declarada (art. 5º, XVLII, a ). A segunda concepção, por sua vez, está espraiada ao longo do texto constitucional, por exemplo, nos dispositivos que concedem ao indivíduo direitos e garantias fundamentais que lhe promovam uma existência pautada em critérios mínimos de dignidade. 5 de 5