Propostas Arquitetônicas e Urbanísticas para Cooperativas Populares na Cidade de Juiz de Fora e Região

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Transcrição:

Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária Belo Horizonte 12 a 15 de setembro de 2004 Propostas Arquitetônicas e Urbanísticas para Cooperativas Populares na Cidade de Juiz de Fora e Região Área Temática de Tecnologia Resumo O projeto de extensão envolve a continuidade de trabalhos já realizados desde 1999, através da prestação de serviços gratuitos para as várias cooperativas populares incubadas pela INTECOOP -UFJF, por meio da realização de propostas arquitetônicas e urbanísticas, incluindo a programação visual para adequação e identificação de cada uma delas. O trabalho desenvolvido com o apoio do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Engenharia da UFJF é voltado para o atendimento a cooperativas que já estejam na fase final de constituição e legalização, considerando-se a importância da arquitetura e da programação visual na identificação e adequação de cada cooperativa incubada. Esta iniciativa contribui para fixar a imagem junto ao consumidor, atraindo clientes e, deste modo, favorecer o melhor desempenho da cooperativa e gerar maior renda para os cooperativados. O trabalho envolve a discussão com os cooperativados, bem como o desenvolvimento de estudos e propostas que atendam as suas necessidades. Autores Fabio Jose Martins de Lima, Doutor em Arquitetura e Urbanismo/FAUUSP, professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Engenharia Aline Eiterer de Souza, aluna bolsista Elaine Cordeiro da Silva, aluna bolsista João Paulo Cesar de Figueiredo, aluno bolsista Livia Ribeiro de Abreu Muchinelli, aluna bolsista Instituição Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF Palavras-chave: arquitetura; urbanismo; patrimônio cultural Introdução e objetivo O projeto de extensão envolve a continuidade de trabalhos já realizados desde 1999, através da prestação de serviços gratuitos para as várias cooperativas populares incubadas pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares-INTECOOP, junto a UFJF, por meio da realização de propostas arquitetônicas, incluindo a programação visual para adequação e identificação de cada uma delas. O trabalho, desenvolvido com o apoio do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Engenharia da UFJF, é voltado para o atendimento a cooperativas que já estejam na fase final de constituição e legalização, considerando-se a importância da arquitetura e da programação visual na identificação e adequação de cada cooperativa incubada. Esta iniciativa contribui para fixar a imagem junto ao consumidor, atraindo clientes e, deste modo, favorecer o melhor desempenho da cooperativa e gerar maior renda para os cooperativados. O trabalho envolve a discussão com os cooperativados, bem como o desenvolvimento de estudos e propostas que atendam as suas necessidades. A proposta aqui apresentada busca atender as demandas da comunidade, tendo em vista a sua melhor organização coletiva e uma maior adequação do espaço de trabalho. Estas demandas

envolvem o agenciamento de espaços preexistentes ou mesmo construções novas, tanto no que se refere a sua inserção na cidade quanto ao que diz respeito a sua arquitetura de interiores. Através do olhar do arquiteto e do urbanista o projeto volta-se para a possibilidade de proporcionar os meios para uma maior identidade cultural do grupo em questão, no caso, cooperativas populares. Estas cooperativas procuram o apoio da Universidade através da INTECOOP-UFJF a busca de uma presença no mercado por meio de uma marca, que envolve estudos globais sobre a sua estruturação espacial. Esta presença visa também a abertura de novos caminhos e perspectivas de trabalho. O que está em jogo são propostas de conservação e restauro do patrimônio cultural sobre edificações envolvendo o novo agenciamento para as atividades das cooperativas, bem como a sua programação em uma nova edificação. O objetivo deste projeto é a realização de projetos de arquitetura e urbanismo, bem como a programação visual para a identificação das várias cooperativas populares incubadas pela INTECOOP-UFJF. O trabalho envolve estudos e desenvolvimento de propostas com a participaçao dos interessados, além de seminários de discussão com a comunidade. O projeto envolve também exposições periódicas dos trabalhos no âmbito da Universidade e nas próprias sedes das cooperativas. No processo de desenvolvimento dos projetos serão promovidas reuniões setoriais para discussão e apresentação das etapas do trabalho. Ainda coloca-se como objetivo a sistematização das informações de forma que possam ser divulgadas e a sua discussão no âmbito de seminários de difusão local e nacional. Metodologia A aproximação do objeto de estudo parte do geral, em termos de intervenções relacionadas com o novo agenciamento de edificações preexistentes, na perspectiva da conservação e do restauro do patrimônio cultural, para o particular, com ênfase para as necessidades das cooperativas em questão. Pretendemos compor um quadro conceitual para o desenvolvimento das propostas, desenvolvendo pesquisas em arquivos e em campo. Como base para a implantação da pesquisa já foi realizado um levantamento bibliográfico sobre temas afins, bem como já foram identificados os principais acervos documentais, as principais publicações periódicas locais e os primeiros nomes para a realização de entrevistas. A metodologia perpassa coleta de dados com pesquisa conceitual sobre o tema que deve incluir estudos de casos similares e visitas a locais significativos para ampliação do repertório específico. Em seguida a análise dos dados e confrontação com as solicitações e expectativas da comunidade envolvida. No processo de desenvolvimento do trabalho serão apresentadas soluções gráficas e conceituais aos dirigentes e a comunidade, bem como aos representantes do poder público. O método de abordagem envolve propostas a serem criticadas pelos interessados para que possa ser feita a adequação das respostas técnicas definitivas com a configuração arquitetônica e urbanística pretendidas. Serão desenvolvidos levantamentos que irão compor banco de dados no acervo da associação de moradores do bairro, bem como exposições dos trabalhos desencadeados. O projeto envolve a realização de levantamentos de dados históricos em arquivos e no local, contemplando documentação gráfica e fotográfica. A realização de pesquisa conceitual e discussões com a comunidade também se coloca dentro dos objetivos e da metodologia, com observação e participação comunitária. Ainda destacamos que a metodologia envolve levantamento de dados e discussão dos problemas e soluções urbanísticas. Serão realizados cursos de educação urbana, voltados para a memória e o patrimônio cultural, seminários de discussão das propostas com a comunidade e exposições periódicas dos trabalhos em campo, além de reuniões setoriais com o poder público, líderes

comunitários, comerciantes. Os acervos levantados para a complementação e estudo dos dados bibliográficos foram os seguintes, em Belo Horizonte, o Arquivo Público Mineiro, a Escola de Engenharia da UFMG (incluindo a Associação dos Ex-alunos da EEUFMG), a Escola de Arquitetura da UFMG, a Fundação João Pinheiro e o CEDEPLAR, além da Biblioteca Pública Municipal Luiz de Bessa. No Rio de Janeiro, a biblioteca da FAUUFRJ e o Arquivo Nacional. Em São Paulo, as bibliotecas da FAUUSP. Em Juiz de Fora, a Prefeitura de Juiz de Fora, o Museu Mariano Procópio, a Biblioteca Municipal, a Biblioteca Central da UFJF, e o Centro de Estudos Murilo Mendes. As diferentes etapas de trabalho, a primeira delas através de reunião com os cooperativados para a definição das bases do projeto. A seguir a realização de croquis e estudos que serão utilizados para o desenvolvimento das propostas, com vistas ao projeto final. Com isto, serão promovidas reuniões com os cooperativados para a apresentação e escolha das propostas. Feita a escolha, o preparo do projeto definitivo. Vale ressaltar que a escolha da melhor solução fica a cargo dos cooperados, o que confere ao projeto um enfoque participativo. Por fim, a apresentação deste projeto e entrega, disponibilizando o mesmo para a sua aplicação imediata. A execução da proposta consiste em uma etapa complementar com o acompanhamento por parte do grupo de trabalho da realização do que foi idealizado. O processo envolve estudos diversos compostos por desenhos, maquetes, colagens, levantamentos fotográficos, mapeamentos, etc. O registro das informações será feito por meio de fichamentos e o cadastramento de imagens, com auxílio da computação, com a finalidade de compor banco de dados eletrônico. Neste sentido, vale ressaltar ainda a importância dos modelos espaciais, com as possibilidades que se abrem com a computação gráfica, para se visualizarem as possíveis soluções. O estado atual de uma determinada edificação pode ser modelado e sobreposto, ou mesmo comparado, às suas configurações passadas. Isso permitiria reflexões quantitativas e qualitativas que muito contribuiriam para as ações a serem encaminhadas. Entretanto, qualquer solução proposta, deve considerar, além dos aspectos espaciais, outros aspectos, não espaciais propriamente ditos. Estes aspectos, tanto os espaciais quanto os não espaciais estão ligados a condicionantes normativas ou culturais, organizativas funcionais e físicas. Por condicionantes normativas ou culturais, comparecem os valores sociais, os modelos culturais, as leis, o ambiente institucional, a tecnologia, e sua relação com o ambiente e a população da cidade. Por condicionantes organizativas funcionais, podem ser citadas a divisão e a distribuição das funções urbanas, sistemas de atividade e subsistemas, no sentido funcional, relacionadas com a cidade. Por último as condicionantes físicas, compostas pelos objetos físicos, pelo ambiente geofísico, pelas novas possibilidades materiais, as pessoas e a sua inserção no espaço, inclusive o modelo espacial que resulta disso. A metodologia para as intervenções passa basicamente pela consideração destes fatores e por um aprender olhando e sentindo o passado-presente com vistas a uma projeção futura. Resultados e discussão Os primeiros resultados podem ser constatados pelo atendimento das demandas das cooperativas que buscam através do projeto uma melhor inserção no mercado de trabalho. O projeto compreende o agenciamento global do espaço de trabalho, envolvendo a adequação deste espaço em termos ergonométricos, arquitetônicos e urbanísticos. Este agenciamento consiste em estudos de implantação urbanística, do partido arquitetônico, lay-out de mobiliários e equipamentos, além de engenhos publicitários e programação visual das cooperativas. A divulgação da imagem das cooperativas e a estruturação do seu espaço de trabalho tem um rebatimento direto na dinâmica das tarefas dos cooperados. Esta imagem representada em projeto tem possibilitado a identificação cultural das cooperativas no âmbito

da comunidade. Assim constatamos nas propostas desenvolvidas junto a INTECOOP-UFJF, desde 1999. O que se pretende com esta iniciativa é amenizar os impactos atuais da exclusão de trabalhadores do mercado formal. O momento do projeto consiste em uma revisão de tudo o que já foi encaminhado e uma reestruturação dos métodos de abordagem para a continuação das propostas em andamento. As transformações urbanísticas da cidade intercalam diversas intervenções, as quais envolvem, muitas vezes, renovações e reabilitações do seu ambiente construído. Aos poucos a cidade muda a sua paisagem. Superposições e ajuntamentos edificados, velhas e novas edificações passam a referenciar o dia-a-dia em que vivemos, evocando recordações ou mesmo provocando o seu esquecimento. Dada a rapidez das mudanças, provocam mais esquecimentos do que lembranças. Por isso, a importância de saber compreender a memória e o patrimônio cultural inseridos no meio ambiente da cidade e, nesse sentido, o que deve ser preservado e reabilitado. Esses suportes edificados referenciam e auxiliam na satisfação das pessoas além de contribuir para a melhoria da sua qualidade de vida. Essa conscientização sobre a preservação, uma preservação 'viva' diga-se, é apenas o começo de um outro processo, que pode levar a uma compreensão mais apurada dos problemas diversos da vida no meio urbano e das melhores estratégias para resolvê-los. E aqui, a educação, uma educação urbana pode-se dizer, é o que pode melhor alicerçar essa visão, desde os seus aspectos mais simples ligados à higiene urbana até os seus aspectos mais complexos e difíceis, no que se refere à irreparável e inconseqüente destruição deste patrimônio, seja por que meio for, desde a poluição pelas indústrias até as ações agressivas diretamente sobre os bens patrimoniais (demolições de toda ordem), ou mesmo pela falta de ação no sentido da sua conservação (o desleixo e a ruína em seguida). Não é de hoje que o sacrifício constante de áreas verdes, somadas a outros condicionantes naturais, rios, córregos e montanhas, assim como a destruição de conjuntos edificados ou mesmo edificações isoladas, tem sido uma prática muito difundida no processo de expansão ou consolidação dos aglomerados urbanos. Poderes públicos, poderes privados e as próprias populações envolvidas nas articulações destes poderes (podres poderes muitas vezes) são os responsáveis por esta educação. E o que resta para as outras gerações está, e sempre esteve, diretamente ligado a isso. Em Mathias Barbosa, distrito localizado na região de Juiz de Fora-MG, foram iniciados os estudos para a adequação espacial da sede de uma cooperativa. Na perspectiva da memória e do patrimônio cultural a oportunidade se mostra muito favorável a um planejamento global por se tratar de uma cooperativa em fase de organização inicial. A discussão que se coloca é como promover a participação efetiva dos cooperados em todas as fases do projeto. As dificuldades que envolvem a projetação dizem respeito a diversos fatores, dentre os quais tornar a linguagem técnica e acadêmica acessível aos cooperados. Além disso, o atendimento das demandas empregando tecnologias alternativas de baixo custo, recuperando, assim, sistemas tradicionais e de fácil domínio. Ainda se coloca a questão de se possibilitar de maneira efetiva a materialização das discussões teóricas no âmbito acadêmico. Conclusões O processo de elaboração que envolve uma concepção arquitetônica e urbanística não é nada fácil e exige muita disposição, criatividade e sensibilidade, acima de tudo, para o que interessa ao público, à vida na coletividade propriamente dita. Se projetar fosse simples, a cidade que nos comove e surpreende seria linda e admirável, nas suas partes e no seu todo, que envolve o nosso cotidiano. Ao contrário, a mediocridade da paisagem urbana fragmentada e cheia de prédios, por assim dizer feios desenhada muito mais para atender aos interesses mercadológicos está aí para comprovar que não é bem assim. A concepção do

espaço urbano que envolve a cidade como um todo e inclui a concepção arquitetônica e urbanística na sua particularidade pressupõe o atendimento de muitas necessidades, como dotação de infra-estruturas e muitas outras estruturas mais, cujo objetivo comum resume-se na própria existência humana. Definir muitas vezes, entretanto, é limitar. Mais do que a definição importa compreender que a cidade mais humana está longe de ser alcançada com o que se desenha e redesenha ao redor nos dias de hoje. Recuos sobre a história realmente nos parecem fundamentais, não com o sentido de repetição do que já foi experimentado e esgotado no seu próprio tempo, mas com a intenção de melhor situar os problemas no presente, neste tempo recente, no qual as coisas mudam com muita rapidez e virtualidade. Buscar referências para os problemas de hoje, é isso, muito mais do que colecionar os problemas de ontem. Problemas que envolvem em última instância, diretrizes de projeto, ou seja, diretrizes de intervenção urbanística, por assim dizer, com o objetivo de atender programas muito mais complexos e temas diferenciados. Na verdade, problemas que não dependem apenas do desenho do arquiteto e do urbanista, ao contrário, dentro da perspectiva democrática que sonhamos, depende muito mais da participação de outros técnicos e da comunidade, tendo o arquiteto e o urbanista como participantes. Ou seja, diretrizes de projeto que não servem apenas para resolver a temática colocada pela cidade e que, antes de serem traduzidas por meio de um desenho foram discutidas previamente. Ao se traduzirem em desenhos, estas diretrizes vão gerar partidos arquitetônicos e urbanísticos que compreendem programas específicos, com plantas de situação, implantação adequada, sistemas construtivos diferenciados, materiais convenientes, enfim soluções urbanísticas e arquitetônicas que não devem privilegiar apenas aspectos tecnológicos ou motivações estritamente econômicas. Desenhos que vão gerar o cenário urbano que percorremos dia-após-dia com áreas livres e construídas, cheios e vazios, espaços verdes abertos e fechados, transparências e opacidades, texturas e coloridos variados, volumes horizontais e verticais estendidos ou fragmentados com uma linguagem arquitetural que nos possibilite referenciais para o ir-e-vir No final, as possibilidades de soluções diversificadas para esta temática, que depende da articulação e conjugação dos partidos urbanísticos, e o uso que os cidadãos farão dos espaços projetados é que vão fazer com que cada cidade tenha a sua identidade e particularidade. A luz do sol do meio dia sobre os beirais e platibandas com marquises vai projetar sombras que irão causar efeitos e sensações diferenciados. E o percorrer da luz ao longo do dia sobre os edifícios, praças, verde e ruas vai provocar reflexos de luzes e coloridos de matizes vários. Por isso a importância da concepção arquitetônica e urbanística da cidade, pensada no seu todo e nas suas partes, este é o diferencial que vai permitir a surpresa ou o espaço indizível, na visão de Lúcio Costa. E conceber o projeto é desenvolver uma idéia inicial, ou seja, enfrentar a problemática que envolve o tema, através de ensaios de idealizações. Ensaios que, num determinado momento, na sua discussão mais ampla possível, pensando a inserção do novo na cidade, se revelarão como mais ou menos adequados para aquele determinado contexto ou lugar específico. Tempo e espaço e específicos com o objetivo de atender as necessidades de pequenos usuários ou mesmo grandes populações. Entretanto, independente de necessidades todos perceberão a nova concepção quando esta se materializar em termos construtivos. Por isso é importante ressaltar, que no processo de elaboração do projeto, qualquer que seja a escala de intervenção, a concepção envolve também romper preconceitos que temos e carregamos conosco, ou seja, é um desarmar os espíritos e um sem número de desenhos, como exercícios variados de croquis, que têm a finalidade de experimentar e abrir o leque de possibilidades de soluções em jogo. Os partidos arquitetônicos e urbanísticos na sua complexidade materializam propostas a partir de idéias em estado de suspensão que compõem os problemas da cidade. E cada um

vai resolver espacialmente, no sentido de trabalhar e amadurecer, esta mesma idéia, de modo diferenciado, por mais que possam ocorrer coincidências. Coincidências há e muitas, e infelizmente também existem muitas reproduções ou cópias. Conceber pressupõe também originalidade, por mais que possamos fazer vinculações e estabelecer relações tipológicas. O começo, depois de muitas conversas, já inclui desenhos, um papel aberto sobre a mesa e um lápis e mais desenhos para além das soluções convencionais o que buscamos é surpreender e provocar o expectador, para além das expectativas. O projeto voltado para as comunidades permite, assim, que as pesquisas no âmbito acadêmico tenham um rebatimento concreto sobre a realidade. O trabalho com cooperativas populares, como um verdadeiro laboratório para as práticas sociais, permite um retorno efetivo do investimento público para a cidade. As demandas das cooperativas atendidas têmse mostrado bastante útil para a educação dos cooperados no tocante ao ofício do arquiteto e do urbanista. Realizar os desejos e anseios da comunidade através das cooperativas populares se coloca como um dos passos para a melhoria das condições da vida urbana. E cada caso, cada terreno ou contexto de cidade tem uma história distinta e sugere uma solução diferenciada, no sentido da sua maior adequação e conveniência afinal, a cor do dia no meio-do-dia não é igual em todos os lugares, nem mesmo de manhã e de tarde temos as mesmas cores e tons Referências bibliográficas CHOAY, F.. O urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 1979. CONTINENTINO, L.. Saneamento e Urbanismo. Belo Horizonte: s.e., 1958. HALL, P.. Cidades do Amanhã: uma história intelectual do planejamento e do projeto urbanos no século XX. São Paulo: Editora Perspectiva, 1995. HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, 220 p., 1a edição 1936. LEFEBVRE, H.. O direito à cidade. São Paulo: Editora Documentos, 1969, título original Le droit à la ville, 1968, tradução de T. C. Netto, 133 p. LEME, M. C. da S. (org.). Urbanismo no Brasil: 1895-1965. São Paulo: Studio Nobel; FAUUSP; FUPAM, 1999, 600 p. LIMA, F. J. M. de. Bello Horizonte: um passo de modernidade. Salvador: 1994, Dissertação de Mestrado - FAUFBa.. Por uma cidade moderna: Ideários de urbanismo em jogo no concurso para Monlevade e nos projetos destacados da trajetória dos técnicos concorrentes (1931-1943). São Paulo: 2003, Tese de Doutorado - FAUUSP. VILLAÇA, F.. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel/FAPESP/Lincoln Institute, 1998, 373 p. VEYNE, P.. Como se escreve a história; Foucault revoluciona a história. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1995, 198 p., título original Comment on écrit l histoire, 1971, Foucault révolutionne l histoire, 1978, tradução de Alda Baltar e Maria Auxiliadora Kneipp.