ADSORÇÃO DE CROMO (VI) EM LEITO FIXO UTILIZANDO PARTÍCULAS DE AREIA RECOBERTAS COM QUITOSANA

Documentos relacionados
Universidade Estadual do Rio Grande, Escola de química e Alimentos

ADSORÇÃO DO CORANTE TÊXTIL PRETO REATIVO N 5 UTILIZANDO FILMES DE QUITOSANA MODIFICADOS COM TERRA ATIVADA EM DIFERENTES PROPORÇÕES

ADSORÇÃO DO CORANTE AMARELO CREPÚSCULO EM LEITO FIXO POR ESFERAS RECOBERTAS COM QUITOSANA DE DIFERENTES GRAUS DE DESACETILAÇÃO

INFLUÊNCIA DO ph NA ADSORÇÃO DE ÍONS Cr (VI) UTILIZANDO ESPONJA DE QUITOSANA

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

ADSORÇÃO DE CORANTE REATIVO PRETO 5 EM COLUNA DE LEITO FIXO UTILIZANDO ESFERAS REVESTIDAS COM QUITOSANA EM LEITO FLUIDIZADO.

UTILIZAÇÃO DE QUITOSANA DE DIFERENTES GRAUS DE DESACETILAÇÃO PARA A REMOÇÃO DE CROMO DE SOLUÇÕES AQUOSAS

PREPARAÇÃO DE NANOFIBRAS DE QUITOSANA E NYLON VIA FORCESPINNING PARA A ADSORÇÃO DE CORANTES ANIÔNICOS

EFEITO DO PH NA ADSORÇÃO DO CORANTE AMARELO TARTRAZINA POR QUITOSANA E QUITOSANA MODIFICADA COM CIANOGUANIDINA

ISOTERMAS DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DA ADSORÇÃO DO CORANTE TARTRAZINA UTILIZANDO ESFERAS RECOBERTAS COM QUITOSANA

ESTUDO DA ADSORÇÃO DE CHUMBO UTILIZANDO COMO ADSORVENTE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR ATIVADO

BIOADSORÇÃO E DESSORÇÃO DOS ÍONS Cd 2+ E Zn 2+ PELO RESÍDUO DA EXTRAÇÃO DO ALGINATO DA ALGA MARINHA Sargassum filipendula

USO DE QUITOSANA NO TRATAMENTO DE ÁGUAS CONTAMINADAS COM CORANTE ALIMENTÍCIO 1. INTRODUÇÃO

Uso de vermiculita revestida com quitosana como agente adsorvente dos íons sintéticos de chumbo (Pb ++ )

CINÉTICA DA ADSORÇÃO DE OURO CONTIDO EM SOLUÇÕES LIXIVIADAS DE MICROPROCESSADORES UTILIZANDO QUITINA COMO ADSORVENTE

ELABORAÇÃO DE MICROESTRUTURAS POROSAS A BASE DE QUITOSANA E QUITINA PARA A ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL BRILHANTE RESUMO

BRANQUEAMENTO DE ÓLEO DE FARELO DE ARROZ COM TERRA ATIVADA E QUITOSANA

REMOÇÃO DE CÁTIONS METÁLICOS UTILIZANDO ZEÓLITA HBEA

OBTENÇÃO DE QUITOSANA A PARTIR DE CARAPAÇAS DE SIRI OBTAINMENT OF CHITOSAN FROM CRAB SHELLS

ADSORÇÃO DE CORANTE ALIMENTÍCIO EM COLUNA DE LEITO FIXO EMPACOTADA COM ESFERAS RECOBERTAS COM QUITOSANA E QUITOSANA RETICULADA COM CIANOGUANIDINA.

RESUMO AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE PROCESSO NA ADSORÇÃO DO CORANTE AMARANTO POR FILMES DE QUITOSANA

AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE ADSORÇÃO DE ÍONS CROMO (VI) EM NANOFIBRAS DE QUITOSANA/NYLON 6

BIOSSORÇÃO DO ÍON CU 2+ EM LEITO FLUIDIZADO PELA LEVEDURA SACCHAROMYCES CEREVISIAE IMOBILIZADA EM QUITOSANA

FELIPE TEIXEIRA PALMA HOMERO OLIVEIRA GAETA JOÃO VICTOR FERRAZ LOPES RAMOS LUCAS MATEUS SOARES SABRINA LEMOS SOARES

4. Materiais e métodos

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

BIOSSORÇÃO DE IÓNS NÍQUEL EM ALGA MARINHA SARGASSUM SP. LIVRE E IMOBILIZADA EM ALGINATO

Resumo. Luciana de Jesus Barros; Layne Sousa dos Santos. Orientadores: Elba Gomes dos Santos, Luiz Antônio Magalhães Pontes

Remoção de Cr(VI) de soluções aquosas pelo filme de óxido de ferro/nanotubo de carbono/quitosana reticulada

CINÉTICA DE ADSORÇÃO DE CORANTES ALIMENTÍCIOS EM SISTEMA BINÁRIO POR QUITOSANA COM E SEM MODIFICAÇÃO RESUMO

Eixo Temático ET Tratamento de Efluentes Sanitários e Industriais

HIDROMETALURGIA E ELETROMETALURGIA

DESENVOLVIMENTO DE BIOADSORVENTE A PARTIR DA VAGEM SECA DO FEIJÃO

Utilização de lama vermelha tratada com peróxido de BLUE 19

UTILIZAÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA NATURAL PARA TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL

ESTUDO AVALIATIVO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DO METAL PESADO CHUMBO (II) EM VERMICULITA REVESTIDA COM QUITOSANA

Remediação de solo e água subterrânea contaminados com cromo hexavalente usando nanopartículas de ferro zero-valente estabilizadas

VIABILIDADE DO USO DA CASCA DE BANANA COMO ADSORVENTE DE ÍONS DE URÂNIO

EFEITO DA TEMPERATURA DE GASEIFICAÇÃO DE BIOMASSA NA ADSORÇÃO DE CORANTE REATIVO

INFLUÊNCIA DO ph NA SORÇÃO DE ÍONS METÁLICOS EM SÍLICA GEL

AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DE CROMO UTLIZANDO RESINA MISTA

NANOCOMPÓSITO BIOSSORVENTE DE QUITOSANA E NANOCRISTAIS DE CELULOSE BACTERIANA PARA A REMOÇÃO DE CONTAMINANTES DE EFLUENTES INDUSTRIAIS

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1Comprimento de onda do corante Telon Violet

DESSULFURIZAÇÃO ADSORTIVA DO CONDENSADO ORIUNDO DA PIRÓLISE DE PNEUS INSERVÍVEIS

UTILIZAÇÃO DE BIOMASSA NO TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS CONTENDO ZINCO EM MÚLTIPLOS CICLOS DE ADSORÇÃO-DESSORÇÃO

CORANTE REATIVO VERMELHO REMAZOL RGB EM CARVÃO ATIVADO COMERCIAL E LODO GASEIFICADO PROVENIENTE DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL

4. MATERIAIS E MÉTODOS

peneira abertura Peneiramento Pó A Pó B # μm Intervalos % % #

CINÉTICA DE ADSORÇÃO DO CORANTE AMARELO TARTRAZINA POR UMA ESPONJA MEGAPOROSA DE QUITOSANA

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

4 Materiais e Métodos

TÍTULO: CASCA DE BANANA UTILIZADA NA REMOÇÃO DE FERRO EM SOLUÇÃO AQUOSA ATRAVÉS DE COLUNA DE LEITO FIXO

PROJETO DE SEDIMENTADOR CONTÍNUO A PARTIR DE ENSAIOS DE PROVETA COM SUSPENSÃO DE CARBONATO DE CÁLCIO UTILIZANDO O MÉTODO DE TALMADGE E FITCH

DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS CINÉTICOS DE ADSORÇÃO DE ÍONS DOS METAIS DE TRANSIÇÃO UTILIZANDO O MODELO DE AVRAMI

APLICAÇÃO DE BIOADSORVENTE DE CASCA DE COCO VERDE PARA O TRATAMENTO DE EFLUENTES OLEOSOS

COMPARAÇÃO DO PROCESSO DE ADSORÇÃO DO CORANTE REATIVO PRETO 5 UTILIZANDO CARVÃO COMERCIAL DE CASCA DE COCO E LODO ATIVADO GASEIFICADO

PRODUÇÃO DE ETANOL ENRIQUECIDO UTILIZANDO ADSORÇÃO EM FASE LÍQUIDA COM MULTIESTÁGIOS OPERANDO EM BATELADA E ALTA EFICIÊNCIA DE ENERGIA

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO DE INDÚSTRIA DE CUIA COMO UM ADSORVENTE PARA A REMOÇÃO DE CORANTE ORGÂNICO EM SOLUÇÃO AQUOSA

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A DIATOMITA E VERMICULITA NO PROCESSO DE ADSORÇÃO VISANDO APLICAÇÃO NO TRATAMENTO DE ÁGUAS PRODUZIDAS

INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE SAIS NA ADSORÇÃO DO CORANTE VERMELHO PROCION UTILIZANDO ALUMINA ATIVADA

INFLUÊNCIA DA CARGA ORGÂNICA NO DESEMPENHO DE REATORES DE LEITO MÓVEL COM BIOFILME PREENCHIDOS COM DIFERENTES MATERIAIS SUPORTE

PARAMETRIZAÇÃO DA ADSORÇÃO DE ANTOCIANINAS EM PARTICULAS RECOBERTAS COM QUITOSANA NO PROCESSO EM BATELADA.

Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC 2016

UTILIZAÇÃO DA FULIGEM DE BAGAÇO DE CANA-DE- AÇÚCAR COMO ADSORVENTE DE POLUENTES ORGÂNICOS

UTILIZAÇÃO DE ADSORVENTE ALTERNATIVO DE BAIXO CUSTO PARA REMOÇÃO DO CORANTE TARTRAZINA

ESTUDO DA REMOÇÃO DE CORANTES REATIVOS PELO PROCESSO DE ADSORÇÃO USANDO ARGILA CHOCOBOFE IN NATURA

REMOÇÃO DE METAIS PESADOS EM ÁGUA ATRAVÉS DE BIOPOLÍMEROS MODIFICADOS 1 INTRODUÇÃO

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE REVESTIMENTO Ni METÁLICO EM MEMBRANAS DE QUITOSANA POR ELETRODEPOSIÇÃO

REMOÇÃO DO ÍON CÁDMIO POR PROCESSO DE BIOSSORÇÃO EM COLUNA DE LEITO FIXO USANDO LEVEDURA IMOBILIZADA EM QUITOSANA

EXTRAÇÃO DE CLORETOS EM CASCALHO DE PETRÓLEO UTILIZANDO MICROEMULSÕES

Produção de carvão ativado a partir de madeira tratada com arseniato de cobre cromatado (CCA) para adsorção de CO 2

Uso de Vermiculita Revestida com Quitosana como Agente Adsorvente dos Íons Sintéticos de Chumbo (Pb ++ )

AVALIAÇÃO DA ADSORÇÃO DE ÍONS COBRE EM ESFERAS POROSAS DE QUITOSANA CONTENDO LÍQUIDOS IÔNICOS.

1. INTRODUÇÃO. (um espaço)

CINÉTICA, EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DA ADSORÇÃO DE COBALTO UTILIZANDO QUITINA

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO ph NA ADSORÇÃO DE CROMO (VI) EM CARVÃO ATIVADO GRANULAR

AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DE COR EM EFLUENTES DE LAVANDERIAS INDUSTRIAIS DE JEANS, UTILIZANDO O PROCESSO DE ADSORÇÃO EM ARGILAS ESMECTITAS EM LEITO FIXO.

Mistura: material formado por duas ou mais substâncias, sendo cada uma destas denominada componente.

REMOÇÃO DE DICLOFENACO DE POTÁSSIO USANDO CARVÃO ATIVADO COMERCIAL COM ALTA ÁREA DE SUPERFÍCIE

USO DA CASCA DE COCO VERDE COMO ADSORBENTE NA REMOÇÃO DE METAIS TÓXICOS

ESTUDO DA CORROSÃO DO Al RECICLADO DA INDÚSTRIA DE BEBIDAS

Adsorção em interfaces sólido/solução

O EFEITO DA ADIÇÃO DE CLORETO DE SÓDIO NO COMPORTAMENTO DAS ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE CORANTE AZUL REATIVO BF-5G EM CARVÃO ATIVADO DE OSSO

UTILIZAÇÃO DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR COMO MATERIAL ADSORVENTE DO METAL NÍQUEL

AVALIAÇÃO DO EFEITO DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS DENSIDADE DE CORRENTE E ph DO BANHO SOBRE AS PROPRIEDADES DA LIGA Mo-Co-Fe

ESTUDO TERMODINÂMICO DA REMOÇÃO DO CORANTE AZUL 5G POR ARGILA BENTONITA SÓDICA NATURAL

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA ACIDEZ E DA TEMPERATURA DO SISTEMA SOBRE REMOÇÃO DE CROMO TOTAL UTILIZANDO RESINA MISTA.

ESTUDO COMPARATIVO DE ADSORÇÃO DO Cr(VI) PELAS FIBRAS DE QUITOSANA E QUITOSANA MAGNÉTICA

CONSTRUÇÃO DE MÓDULO DE ELUTRIAÇÃO COMO FERRAMENTA DE CONTEXTUALIZAÇÃO PARA O ENSINO DE OPERAÇÕES UNITÁRIAS

Estudo cinético para adsorção das parafinas C 11, C 12 e C 13 em zeólita 5A.

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA OBTENÇÃO DE HIDROXIAPATITA PARA FINS BIOMÉDICOS

ADSORÇÃO DE CROMO (VI) EM LEITO FIXO UTILIZANDO PARTÍCULAS DE AREIA RECOBERTAS COM QUITOSANA

Degradação do Fármaco Cloridrato de Tetraciclina utilizando o processo Fenton.

SÍNTESE DE ESPUMAS DE POLIURETANO/QUITOSANA PARA ADSORÇÃO DO CORANTE VERMELHO N 40

Temperaturas de adsorção de um leito poroso de sílica gel

ADSORÇÃO DE ÓLEOS E GRAXAS E METAIS PESADOS UTILIZANDO MESOCARPO DO COCO E BAGAÇO DE CANA

4 MATERIAIS E MÉTODOS

BIOTECNOLOGIA AMBIENTAL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA CAPTACAO DE ESPECIES METÁLICAS CONTIDAS EM MEIOS AQUOSOS UTILIZANDO BIOSSORVENTES HIDROFOBICOS

ESTUDO DA ADSORÇÃO DO CORANTE BÁSICO AZUL DE METILENO POR CASCAS DE Eucalyptus grandis LIXIVIADAS

Transcrição:

ADSORÇÃO DE CROMO (VI) EM LEITO FIXO UTILIZANDO PARTÍCULAS DE AREIA RECOBERTAS COM QUITOSANA A. S. CAMARA 1, W. P. DESORDI 1, A. P. RODRIGUES 1, M. A. LOPES 1 e L. A. A. PINTO 1 1 Universidade Federal do Rio Grande, Escola de Química e Alimentos E-mail para contato: alisson_camara@hotmail.com RESUMO O objetivo desse trabalho foi avaliar o desempenho de partículas de areia recobertas com quitosana pelo método de recobrimento por imersão (dip-coating), como recheio de leito fixo, na adsorção de cromo (VI) de solução aquosa. Foram estudados os efeitos da vazão de alimentação (2,5; 5,0 e 10 ml/min) e do tamanho das partículas de areia recobertas com quitosana (0,4; 0,7 e 1 mm) no processo de adsorção no leito fixo. O estudo mostrou que a diminuição da vazão melhorou o desempenho no processo de adsorção no leito, aumentando a capacidade total de adsorção (q t ) de 6,02 para 15,6 mg/g e aumentando a quantidade de cromo (VI) retida no leito até sua ruptura (q u ) de 3,8 para 14,8 mg/g. O diâmetro das partículas de areia recobertas com quitosana não teve influência significativa (p<0,05) na adsorção de cromo (VI) dentro da faixa estudada. 1. INTRODUÇÃO Os metais surgem nas águas naturais devido ao lançamento de efluentes provenientes de atividades industriais, tais como, mineração, galvanoplastia, indústrias de ferro, lavanderias, indústrias de petróleo entre outras. Os compostos de cromo destacam-se na indústria mundial, e estima-se que a sua produção é na ordem de 107 toneladas por ano e desse total, 60 a 70% vem da produção de ligas e em torno de 15% em processos químicos (Albadarin et al., 2012). Diversos métodos incluindo precipitação química, eletrodeposição, trocas iônicas, separações por membranas e adsorção tem sido usados no tratamento de efluentes contendo metais, incluído o cromo. Os métodos convencionais são economicamente desfavoráveis e/ou tecnicamente complicados no tratamento de efluentes contendo baixas concentrações de metais. Nessa situação, os métodos tradicionais já não são vantajosos e a adsorção apresenta grande potencial, por ser um método eficiente e relativamente fácil de ser aplicado (Guibal, 2004). Os efluentes contendo cromo são muito difíceis de tratar, uma vez que os íons são altamente solúveis, dificultando o tratamento de efluentes em baixas concentrações de cromo (Albadarin et al., 2012). Comercialmente o carvão ativado é o adsorvente mais utilizado na remoção de contaminantes, mas existem diversos estudos com adsorventes alternativos e nesse cenário a quitosana ganha destaque, sendo utilizada na adsorção de diversos metais, tais como, cobre (Osifo et al., 2008), platina e paládio (Wang et al., 2011) e cromo (Aydin e Aksoy, 2009). A utilização da quitosana em sistemas operando em batelada é amplamente estudada na Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 1

literatura em ensaios de adsorção, pois são simples de serem aplicados em laboratório e fornecem informações importantes sobre o adsorvente frente ao adsorbato. Entretanto, em operações industriais a maior parte dos processos de adsorção é em leito fixo (Gerente et al., 2007). Porém, a utilização de quitosana diretamente em coluna de leito fixo não é aconselhável devido às características da partícula, e a imobilização da quitosana em uma superfície é uma alternativa para contornar esse problema (Guibal, 2004; Futalan et at., 2010). Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do tamanho das partículas de areia recobertas com quitosana pelo método de recobrimento por imersão (dip-coating), como recheio de leito fixo na adsorção de cromo (VI) de solução aquosa, e a influência da vazão de alimentação no desempenho do leito fixo. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Recobrimento das Partículas de Areia (dip-coating) A quitosana foi obtida a partir de resíduos de camarão (Penaeus brasiliensis) fornecidos por uma indústria pesqueira da cidade do Rio Grande/RS. Os resíduos foram desmineralizados, desproteinizados e desodorizados para a obtenção da quitina. A quitina foi desacetilada utilizando solução alcalina concentrada (Weska et al., 2007), e a quitosana obtida foi purificada e seca em leito de jorro (Dotto et al., 2011). A quitosana foi caracterizada quanto ao grau de desacetilação (GD), massa molar e diâmetro de partícula, sendo GD determinado pelo método de titulação potenciométrica (Jiang et al., 2003), a massa molar determinada pelo método viscosimétrico (Moura et al., 2011) e o diâmetro de partícula pela definição de Sauter (Foust et al., 1980). A areia da classe quartzítica foi obtida no comércio de Rio Grande RS e foi submetida a moagem para homogeneização e após, submetida ao processo de peneiramento, utilizado um sistema de peneiras padronizados da série Tyler, obtendo-se frações com diâmetro médio equivalente a média entre a fração passante e a fração retida. Foram separadas as frações com diâmetro médio (1,0; 0,7 e 0,4 mm) para o processo de recobrimento pela técnica dip-coating. As partículas de areia foram recobertas utilizando a técnica dip-coating (Vijaya et al., 2008). O processo de recobrimento geralmente é composto por três etapas: (a) limpeza; (b) recobrimento; (c) cura. As partículas de areia passaram pela etapa de limpeza, sendo imersas em solução de ácido acético 3% (v/v) por 6 h à 25 ± 2 ºC, e na sequência passaram pela etapa de recobrimento, ficando imersas por 12 h em solução de quitosana 0,5% (p/v) à 25 ± 2 ºC. Após, foi realizada a etapa de cura física para a fixação do recobrimento, submetendo as partículas à temperatura de 45 C por 24 h (Laporte et al., 1997). 2.2. Caracterização das Partículas Recobertas com Quitosana A quantidade de quitosana aderida à superfície das partículas foi determinada pela concentração de quitosana remanescente na solução de recobrimento, através do método Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 2

colorimétrico (Muzzarelli, 1998), utilizando um espectrômetro na região do visível (Quimis, Q108 DRM, Brasil). A análise da superfície das partículas antes e após o recobrimento foi realizada através de microscopia eletrônica de varredura (MEV), com um microscópio eletrônico (Jeol, JSM 6060, Japão). As amostras foram metalizadas com carbono e foram utilizadas acelerações de voltagem de 10 kv e faixas de magnificação variando de 50 a 1000 vezes. 2.3. Ensaio Dinâmico de Adsorção Nos ensaios de adsorção em leito fixo, foi utilizada uma coluna cilíndrica de acrílico com diâmetro interno de 3,4 cm, altura de 30 cm, acoplada a uma bomba peristáltica (MasterFlex, 07553-75, Canadá). O efeito do tamanho da partícula de areia (0,4; 0,7 e 1,0 mm) e da vazão (2,5; 5,0 e 10,0 ml/mim) da solução aquosa de cromo (VI) foi avaliado nos experimentos a temperatura ambiente (25 ± 2 ºC). A solução estoque (1,0 g/l) de cromo (VI) foi preparada com dicromato de potássio ((K 2 Cr 2 O 7 ) e o ph da solução foi ajustado em 3,0 com solução tampão (fosfato de sódio dibásico /ácido cítrico) 0,1 mol/l. A solução aquosa de cromo (VI) foi bombeada no sentido ascendente e amostras foram coletas no topo da coluna em intervalos de tempo regulares até a saturação do leito. A concentração remanescente na solução foi determinada por espectrofotometria (Quimis Q108 DRM, Brasil) a 540 nm utilizando o método da difenilcarbazida. Todos os experimentos foram realizados em réplica (n=3). Para a avaliação da influência do tamanho da partícula, trabalhou-se com a vazão de 5 ml/mim, ph 3,0 e a concentração inicial da solução de cromo (VI) em 100 mg/l. A massa de areia recoberta com quitosana foi de 350 g para todos os tamanhos de partícula, sendo a proporção de quitosana aderida na superfície da areia de 1,4 mg de quitosana por grama de areia. No estudo do efeito da vazão no desempenho do leito fixo, fixou-se a massa de areia no leito em 350 g, diâmetro de partícula 1,0 mm, ph 3,0 e a concentração inicial da solução em 100 mg/l. A quantidade de íon metálico retida no leito (q t ) até a saturação foi obtida por balanço de massa na coluna, usando os dados de saturação da mesma, a partir das curvas de ruptura, sendo que a área abaixo da curva (1-C/C 0 ) é proporcional à quantidade de íon metálico retido, essa quantidade foi calculada pela Equação 1. A quantidade de íon retida no leito até o ponto de ruptura, que corresponde à capacidade útil da coluna (q u ), foi calculada pela Equação 2. (1) (2) sendo q t a capacidade total de adsorção do íon metálico (mg/g), q u a capacidade de adsorção do íon metálico até a ruptura do leito (mg/g), m a massa seca de quitosana (g), V a vazão Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 3

volumétrica da solução (cm 3 /min), C Z=L a concentração do íon metálico na saída da coluna (mg/l), C 0 a concentração inicial do íon metálico (mg/l), t b o tempo até o ponto de ruptura (min) e t o tempo (min). Para o cálculo da do comprimento da zona de transferência de massa (ZTM) (Geankoplis, 1993) apresenta um método simplificado. Este pode ser obtida pela Equação 3, onde H é a altura da coluna de adsorção. (3) 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A quitosana utilizada nos experimentos apresentou massa molar de 150 ± 3 kda, grau de desacetilação de 85 ± 1% e diâmetro de partícula de 72 ± 3 µm. 3.1. Imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura da Quitosana (a) (b) Figura 1 - Imagem de MEV de (a) partícula sem recobrimento e (b) partícula recoberta. Na Figura 1, pode-se observar as partículas de areia não recobertas (Figura 1a) e as partículas recobertas por quitosana (Figura 1b). A partir destas figuras, nota-se que houve mudança na superfície das partículas após o recobrimento, com a formação de uma película na superfície, mostrando que o recobrimento foi homogêneo em toda a extensão da superfície. 3.2. Avaliação do Recheio do Leito Frente ao Diâmetro da Partícula A Figura 2 apresenta os resultados para os ensaios de adsorção com diferentes tamanhos Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 4

de partículas, onde observa-se que não houve diferença no comportamento dinâmico dos leitos. As curvas de ruptura para ambos os diâmetros foram muito semelhantes na faixa de estudo (0,4 a 1,0 mm de diâmetro). Nessa faixa de estudo, os leitos mostraram-se muito permeáveis, assim o efeito do tamanho na partícula no leito não foi observado nessa faixa de estudo. 1,0 0,9 0,8 0,7 C/C 0 0,6 0,5 0,4 0,3 1 mm 0,7 mm 0,4 mm 0,2 0,1 0 4 8 12 16 20 24 28 35 45 55 70 90 110 130 150 Tempo (min) Figura 2 - Avaliação do desempenho na adsorção do cromo (VI) em leito fixo por partículas de areia de diferentes diâmetros recobertas com quitosana. Tabela 1 - Parâmetros experimentais do leito na avaliação da influência do diâmetro de partícula. Diâmetro (mm) q t (mg) qu (mg/g) ZMT (cm) 0,4 8,59 ± 0,25 a 1,63 ± 0,11 a 23,5 ± 0,5 a 0,7 8,54 ± 0,30 a 1,59 ± 0,17 a 24,5 ± 0,9 ab 1,0 8,38 ± 0,20 a 1,62 ± 0, 09 a 24,8 ± 0,3 b *média ± desvio padrão (n=3). qt: capacidade total de adsorção; qu: capacidade útil;, ZTM: zona de transferência de massa. Letras iguais não apresentam diferença significativa (p>0,05). Na Tabela 1 pode-se observar os parâmetros obtidos para o leito fixo com diferentes diâmetros de partículas. Para os três diâmetros de partícula (0,4; 0,7 e 1.0 mm), os valores de capacidade total de adsorção (q t ), capacidade útil (q u ) não apresentaram diferenças significativas (p<0,05). Ao analisar a zona de transferência de massa (ZTM), existiu diferença significativa (p<0,05) nas partículas de diâmetro de 1 mm quando comparadas com as de 0,4 mm. Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 5

3.3. Influência da Vazão no Desempenho do Leito 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 C/C 0 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 2,5 ml min -1 5,0 ml min -1 10 ml min -1 0 6 12 18 24 30 45 60 90 120 150 Tempo (min) Figura 3 - Influência da vazão da solução na adsorção do cromo (VI) em leito fixo por partículas de areia recobertas com quitosana. A Figura 3 mostra que na condição de menor vazão, o leito apresentou o melhor desempenho de operação, onde a concentração de saída do efluente foi próxima de zero ou muito baixa. Na condição de maior vazão, o comportamento do leito fixo foi o oposto, sendo a concentração na saída em t = 0 de 40% em relação a inicial. Diferente de quando o leito operou em baixa vazão, onde o efluente na saída em t = 0 estava muito próximo à zero. Hasan et al. (2008) em estudos conduzidos em leito fixo na adsorção de metais obteve comportamento semelhante. Estudos para a adsorção de cromo (VI) utilizando quitosana na forma de pó demonstraram é necessário no mínimo 50 min para se atingir 80% da saturação (Cadaval et al.,2013). Na Figura 3 observa-se que na melhor condição de operação (2,5 ml/min), o leito apresentou um TRH de 42 min, fazendo com que o leito apresentasse desempenho satisfatório na remoção de cromo (VI) por um curto período. Os resultados sugerem que para a remoção de cromo (VI) para esse sistema de leito fixo proposto, é necessário um tempo de resistência hidráulico (TRH) maior que o observado para a remoção em sistema operando em batelada, devido ao menor tempo de contato entre o adsorvente e adsorbato (Costa e França, 1996). Na Tabela 2 observa-se que, a redução da vazão em quatro vezes causou um aumento de aproximadamente 150% na capacidade total do leito e um aumento de aproximadamente 300% na capacidade útil do leito fixo. Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 6

Tabela 2 - Parâmetros experimentais do leito na avaliação da influência da vazão de alimentação. Vazão (ml/min) q t (mg) qu (mg/g) ZMT (cm) 10,0 6,02 3,77 19,05 5,0 8,38 7,14 16,01 2,5 15,60 14,85 14,67 qt: capacidade total de adsorção; qu: capacidade útil;, ZTM: zona de transferência de massa. 4. CONCLUSÃO Nos ensaios de adsorção no leito fixo, o efeito do tamanho das partículas de areia recobertas com quitosana não mostrou diferença significativa, ao nível de 95% (p>0,05), no desempenho na adsorção de cromo (IV) em solução aquosa. Na avaliação do efeito da vazão no desempenho do leito na adsorção de cromo (VI), a diminuição da vazão melhorou o desempenho do leito, sendo que as vazões de 5 e 10 ml/min não se mostraram adequadas para a operação. A redução da vazão em quatro vezes causou um aumento de aproximadamente 150% na capacidade total do leito (q t ) e um aumento de aproximadamente 300% na capacidade útil do leito fixo (q u ). 5. REFERÊNCIAS ALBADARIN, A. B.; MANGWANDI, C.; AL-MUHTASEB, A. H.; WALKER, G. M.; ALLEN, S. J.; AHMAD M.M. Kinetic and thermodynamics of chromium ions adsorption onto low-cost dolomite adsorbent. Chem. Eng. J., v.179, p.193-202, 2012. AYDIN Y.A.; AKSOY N. D., Adsorption of chromium on chitosan: Optimization, kinetics and thermodynamics. Chem. Eng. J., v.151 p.188 194 2009. CADAVAL, T. R. S.; CAMARA, A. S.; DOTTO, G. L.; PINTO, L. A. A. Adsorption of Cr (VI) by chitosan with different deacetylation degrees. Desalin. Water Treat. v.51, p.7690 7699, 2013. COSTA, A. C. A. Y.; FRANÇA, F. P. Biosorption of zinc, cadmium and copper by a brown seaweed (Sargassumsp) in a continuous fixed-bed laboratory reactor. Bioseparation. v.6, p.35-341, 1996. DOTTO, G. L.; SOUZA, V. C.; PINTO, L. A. A. Drying of chitosan in a spouted bed: The influences of temperature and equipment geometry in powder quality. LWT- Food Sci. Technol., v. 44, p.1786 1792, 2011. FOUST, A. S.; WENZEL, L. A.; CLUMP, C. W.; MAUS, L.; ANDERSEN, L. B. Principles of Unit Operations. 2ª ed. New York: John Wiley & Sons, 1980. FUTALAN C.M.; KAN C.C.; DALIDA M.L.; HSIEN K.J.; PASCUA C.; WAN M.-W., Comparative and competitive adsorption of copper, lead, and nickel using chitosan immobilized on bentonite, Carbohyd. Polym., v.83, p.528 536. 2010. Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 7

GEANKOPLIS, C. J. Transport processes and unit operations. 4ª ed. New York: PTR Prentice Hall, 1993. GERENTE, C.; LEE, V. K. C.; CLOIREC, P.P. & MCKAY, G. Application of chitosan for the removal of metals from wastewaters by adsorption mechanisms and models review. Crit. Rev. Env. Sci. Tec, v.37, n.1, p.41-127, 2007. GUIBAL E. Interactions of metal ions with chitosan-based sorbents: a review. Sep. Purif. Technol., v.38, p.43 74, 2004. HASAN S.; GHOSHA, T. K.; VISWANATH, D. S.; BODDUB, V. M. Dispersion of chitosan on perlite for enhancement of copper (II) adsorption capacity. J. Hazard. Mater., v.152, p.826 837, 2008. JIANG, X.; CHEN, L.; ZHONG, W.I. A new linear potentiometric titration method for the determination of deacetylation degree of chitosan. Carbohyd. Polym., v.54 p.457-463, 2003. LAPORTE, R. J. Hidrophilic polymer coatins for medical devices, Structure/Properties, Development, Manufacture and Applications. 4ª ed., Technomic Publishing Company, Inc, Lancaster Pensylvania, p.169, 1997. MOURA C. M.; MOURA J. M.; SOARES N. M.; PINTO L. A.A., Evaluation of molar weight and deacetylation degree of chitosan during chitin deacetylation reaction: used to produce biofilm, Chem. Eng. Prog., v.50, p.351 355, 2011. MUZZARELLI, R. A. A. Colorimetric determination of chitosan. Anal. Biochem., v.260, p.255 257, 1998. OSIFO, P. O.; WEBSTER, A.; VAN DER MERWE, H.; NEOMAGUS, H.W.J.P., VAN DER GUN, M. A.; GRANT, D. M., The influence of the degree of cross-linking on the adsorption properties of chitosan beads. Bioresour. Technol., v.99 p.7377 7382, 2008 VIJAYA, Y.; POPURI, S. R.; BODDU, V. M.; KRISHNAIAH, A. Modified chitosan and calcium alginate biopolymer sorbents for removal of nickel(ii) through adsorption. Carbohyd. Polym., v.72, n. 2, p.261-271, 2008. WANG, H.; LI, C.; BAO, C.; LIU, L.; LIU X., Adsorption and determination of Pd(II) and Pt(IV) onto 30-Nitro-4-amino azobenzene modified chitosan. J. Chem. Eng. Data, v.56, p.4203 4207, 2011. WESKA, R. F.; MOURA, J. M.; BATISTA, L. M.; RIZZI, J.; PINTO, L. A. A. Optimization of deacetylation in the production of chitosan from shrimp wastes: use of response surface methodology. J. Food Eng., v.80, p.749-753, 2007. Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 8